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→Trata-se de procedimento previsto para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida (e conexos a eles), sendo dividido em duas fases: instrução preliminar e julgamento pelo Tribunal do Júri.

2. Conceito

O júri é um órgão especial do Poder Judiciário de 1ª instância, pertencente à Justiça Comum (Estadual ou Federal), colegiado e heterogêneo (formado pelo juiz presidente e por 25 jurados), que tem competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida, temporário (porque constituído para sessões periódicas, sendo depois dissolvido), dotado de soberania quanto às suas decisões, tomadas de maneira sigilosa e inspiradas pela íntima convicção, sem fundamentação, de seus integrantes leigos.

Obs.1: Apesar de não constar do rol do art. 92 da Constituição Federal, o Tribunal do Júri é órgão do Poder Judiciário. Obs.2: Inobstante não ser mencionado ao teor do art. 92, a instituição do júri é reconhecida no art. 5º, da Constituição Federal, senão vejamos.

Art. 5º. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Segundo o Professor Nucci, o júri foi inserido ao teor do art. 5º para que lhe fosse dado a garantia de ser cláusula pétrea, se assim não fosse, provavelmente já teria sido extinto do Ordenamento Jurídico Brasileiro.

O procedimento do júri é um instituto democrático, pois assegura a participação do povo no Poder Judiciário. Obs.3: O Tribunal do Júri pode funcionar na Justiça Estadual ou Federal.

Obs.4: Não existe Tribunal do Júri na Justiça Militar e na Justiça Eleitoral.

Obs.5: Cuidado! Ministério Público não faz parte do Tribunal do Júri, quem integra é o juiz presidente e os jurados. Obs.6: O procedimento do tribunal do júri é temporário, isto porque a sua constituição é feita para sessões periódicas, sendo ao final dissolvido.

73 3. Princípios Constitucionais do Júri

Os princípios constitucionais do Júri estão previstos ao teor do Art. 5º. XXXVIII, Constituição Federal. a) Plenitude de Defesa

Obs.: Candidato, faça a distinção entre a plenitude de defesa da ampla defesa.

A Constituição Federal ao tratar da plenitude de defesa e da ampla defesa o fez em dispositivos constitucionais distintos, o que deixa nítido a intenção por parte do constituinte em apontar como institutos diversos, ainda que não contrapostos, é claro.

- Ampla Defesa

Nesse sentido, o art. 5º, LV da Constituição Federal, “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. *Aos acusados em geral: inclusive no Júri.

Segundo Renato Brasileiro, a distinção recairia no seguinte aspecto:

- No âmbito do Júri, a defesa técnica e a autodefesa não precisam se restringir a utilização de argumentos jurídico, podendo se valer de argumentação extrajurídica, invocando razões de ordem social, emocional e de política criminal. Corroborando ao exposto, preleciona Nestor Távora (Curso de Direito Processual Penal, 2016), assinale-se que a ampla defesa não se confunde com a “plenitude de defesa”, estabelecida como garantia própria do Tribunal do Júri no art. 5º, XXXVIII, “a”, CF. É que o exercício da ampla defesa está adstrito aos argumentos jurídicos (normativos) a serem invocados pela parte no intuito de rebater as imputações formuladas, enquanto que plenitude de defesa autoriza a utilização não só de argumentos técnicos, mas também de natureza sentimental, social e até mesmo de política criminal, no intuito de convencer o corpo de jurados.

Esquematizando

Distinção

Ampla Defesa Plenitude de Defesa

Está adstrito aos argumentos jurídicos Autoriza a utilização não só de argumentos técnicos (jurídicos), mas também argumentação extrajurídica.

Jurisprudência STF: “(...) Quanto mais grave o crime, deve-se observar, com rigor, as franquias constitucionais e legais, viabilizando-se o direito de defesa em plenitude. PROCESSO PENAL - JÚRI - DEFESA. Constatado que a defesa do acusado não se mostrou efetiva, impõe-se a declaração de nulidade dos atos praticados no processo, proclamando-

74 se insubsistente o veredicto dos jurados. JÚRI - CRIMES CO-NEXOS. Uma vez afastada a valia do júri realizado, a alcançar os crimes conexos, cumpre a realização de novo julgamento com a abrangência do primeiro”. (STF, 1ª Turma, HC 85.969/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 04/09/2007, Dje 18 31/01/2008).

Ao Juiz-Presidente, cabe fiscalizar o exercício da plenitude de defesa. Assim, caso o magistrado perceba que a defesa foi ineficiente (acusado indefeso), deverá dissolver o Conselho de Sentença e designar novo julgamento.

b) Sigilo das Votações

Significa sigilo dos votos dos jurados.

A ninguém é dado conhecer o sentido do voto dos jurados, nem mesmo ao juiz-presidente.

O sigilo das votações envolve o voto e o local do voto. Assim, na hora da votação, os jurados serão encaminhados para a sala especial, também denominada de sala secreta.

Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação.

- Pessoas que vão para a sala especial: 1. Juiz presidente

2. Jurados

3. Ministério Público

4. Assistente (Advogado do Assistente) 5. Querelante (Advogado do Querelante) 6. Defensor do Acusado

7. Escrivão

8. Oficial de Justiça

- Quem não podem se dirigir a sala especial 1. Acusado

2. Público

Obs.: Na eventual hipótese do acusado possuir capacidade postulatória, e ele mesmo realizar sua defesa técnica no Tribunal do Júri, não lhe será ainda assim concedido o direito de dirigir-se a sala especial aonde ocorrerá a votação.

75 Obs.: A sala especial é compatível com o princípio da publicidade (art. 93, IX da CF). Em regra, a publicidade é geral/ampla. Assim, todos os atos processuais podem ser assistidos pelo público, assegurando a fiscalização dos atos do Poder Judiciário pela população. Inobstante a regra da publicação, a Constituição também autoriza hipóteses de restrição dessa publicação.

- Ausência de sala especial

§ 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará que o público se retire, permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput deste artigo.

§ 2º O juiz presidente advertirá as partes de que não será permitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre manifestação do Conselho e fará retirar da sala quem se portar inconvenientemente.

- Incomunicabilidade dos Jurados

A incomunicabilidade dos jurados é uma regra necessária decorrente do sigilo das votações, isso porque se não é permitido conhecer do voto alheio, não é plausível admitir a troca de informações que poderá levar o outro a tomar conhecimento da posição do jurado sobre o caso.

Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código.

§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 deste Código.

§ 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça. Obs.1: Revelação do voto após a votação

A incomunicabilidade vigora após o sorteio e até a conclusão da sessão de julgamento. Uma vez concluída, não há mais que se falar em incomunicabilidade e sigilo do voto.

Obs.2: É possível o jurado utilizar o celular após o sorteio?

Os Tribunais tem entendido ser possível para fins de comunicação de que ficará incomunicável (por exemplo, comunicar aos parentes que participará do Júri), não para conversas pertinentes ao processo.

STF: “(...) Não se constitui em quebra da incomunicabilidade dos jurados o fato de que, logo após terem sido escolhidos para o Conselho de Sentença, eles puderam usar telefone celular, na presença de todos, para o fim de

76 comunicar a terceiros que haviam sido sorteados, sem qualquer alusão a dados do processo. Certidão de incomunicabilidade de jurados firmada por oficial de justiça, que goza de presunção de veracidade. Desnecessidade da incomunicabilidade absoluta. Precedentes. Nulidade inexistente. (...)”.

Obs.3: Votação Unânime

Antes da Lei 11.689/2008: todos os votos eram computados pelo juiz-presidente. Logo, nas hipóteses de votação unanime, era possível saber qual teria sido o sentido do voto de cada um dos jurados.

Depois da Lei 11.689/2008: os votos devem ser contados até que se atinja a maioria (4). Dessa forma, eventual votação unanime não terá o condão de violar o sigilo das votações.

Corroborando ao exposto, preleciona Nestor Távora “para assegurar o sigilo – e cumprir a Constituição –, é adequado que o juiz se acautele para suspender a divulgação dos demais votos assim que se definir a votação de cada quesito, evitando que seja o sigilo violado por uma eventual votação unânime”.

Art. 483. §1º. A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado.

c) Soberania dos veredictos

Um Tribunal formado por juízes togados não pode modificar, no mérito, a decisão proferida pelos jurados, sob pena de violação à soberania dos veredictos.

→O voto do jurado é soberano!

Na medida em que representa a vontade popular, a decisão coletiva dos jurados, chamada de veredicto, é soberana (CF, art. 5º, XXXVIII, “c”).

Obs.1: Cabimento de apelação contra decisões do Júri?

Ensina Renato Brasileiro, se é verdade que, por força da soberania dos veredictos, as decisões do Tribunal do Júri não podem ser alteradas, quanto ao mérito, pelo juízo ad quem, isso não significa dizer que suas decisões sejam irrecorríveis e definitivas. Na verdade, aos desembargadores não é dado substituir os jurados na apreciação do mérito da causa já decidida pelo Tribunal do Júri. Essa impossibilidade de revisão do mérito das decisões do Júri, todavia, não afasta a recorribilidade de suas decisões, sendo plenamente possível que o Tribunal determine a cassação de tal decisum, para que o acusado seja submetido a novo julgamento perante o Tribunal do Júri (CPP, art. 593, III, “d”, e § 3º).

Nesse sentido, o art. 593, III do CPP, contempla as hipóteses em que caberá apelação das decisões do Tribunal do Júri.

77 CPP, art. 593 (...) III - Das decisões do Tribunal do Júri, quando:

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Diante do exposto, contemplamos ser possível apelação contra decisões do júri, porém refere-se a um recurso de fundamentação vinculada.

Súmula 713 do STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.

→É recurso de fundamentação vinculada!

Obs.2: Quando o Tribunal julga a apelação, é possível fazer o juiz rescindente? Pode fazer também o juízo rescisório? Quais são os limites?

Juízo Rescindente (de cassação) Juízo Rescisório (de reforma)

A decisão impugnada será desconstituída. Juízo de Reforma – o Tribunal profere nova decisão para substituir a que foi desconstituída. Trata-se do

efeito substitutivo dos recursos.

Obs.1: Na hipótese da fundamentação da apelação ser baseada na nulidade posterior à pronúncia será necessária nova sessão de julgamento (Letra a).

Obs.2: Na hipótese da fundamentação da apelação ser baseada no fato de que a decisão do juiz presidente ter sido contrária a lei expressa (Letra b), o Tribunal de Justiça poderá fazer tanto o juízo rescindente quanto o juízo rescisório.

Obs.3: Na hipótese da fundamentação da apelação ser baseada no erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena (Letra c), o Tribunal de Justiça poderá fazer tanto o juízo rescindente quanto o juízo rescisório.

Obs.4: Na hipótese da fundamentação da apelação ser baseada na decisão dos jurados ser manifestamente contrária à prova dos autos, o Tribunal somente poderá fazer juízo rescindente.

78 § 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.

§ 2º Interposta a apelação com fundamento no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.

§ 3º Se a apelação se fundar no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.

STF: “(...) A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, não sendo absoluta, está sujeita a controle do juízo ad quem, nos termos do que prevê o artigo 593, inciso III, alínea d, do Código de Processo Penal. Resulta daí que o Tribunal de Justiça do Paraná não violou o disposto no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea c, da Constituição do Brasil ao anular a decisão do Júri sob o fundamento de ter contrariado as provas coligidas nos autos. Precedentes. O Tribunal local proferiu juízo de cassação, não de reforma, reservando ao Tribunal do Júri, juízo natural da causa, novo julgamento. (...) Ordem denegada”. (STF, 2ª Turma, HC 94.052/PR, Rel. Min. Eros Grau, j. 14/04/2009, DJe 152 13/08/2009).

A soberania dos veredictos está relacionado a figura dos jurados. Obs.5: Quesitos dos Jurados

Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: I – a materialidade do fato; II – a autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.

Obs.6: Cabe revisão criminal contra decisão do Júri?

- Não há incompatibilidade entre a revisão criminal e a soberania dos veredictos. Afinal, ambas funcionam como garantias da liberdade de locomoção do acusado.

1ª C: o Tribunal só pode fazer o juízo rescindente.

2ª C: o Tribunal poderá fazer não somente o juízo rescindente, mas também o juízo rescisório. STJ. Resp 964.978

d) Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida

79 Nesse sentido, Nestor Távora “a fim de evitar a extinção do instituto, o constituinte protegeu assim sua competência mínima, em cláusula pétrea gizada no capítulo dos direitos fundamentais”.

Por outro lado, cumpre ressalvar que esta competência pode ser ampliada. É o que ocorre com crimes conexos e/ou continentes, que são atraídos para o Tribunal do Júri, por força do art. 78, I, do CPP, salvo se militares ou eleitorais. Desse modo, contemplamos que além do núcleo básico constitucional, vão também a júri as infrações comuns conexas aos crimes dolosos contra a vida, com EXCEÇÃO dos crimes militares e eleitorais, esses últimos não serão atraídos para o Júri.

Por fim, cumpre ressalvar ainda que mesmo que a infração conexa seja de menor potencial ofensivo, será atraída ao procedimento escalonado do tribunal popular, assegurando-se, para estas últimas, os institutos despenalizadores da Lei nº 9.099/95.

Advirta-se que o genocídio, por ser crime contra a humanidade, não irá a júri, da mesma forma que o latrocínio, que é crime contra o patrimônio (súmula nº 603, STF), sendo da competência do juiz singular.

Súmula 603, STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri.

Atenção!

Infrações penais envolvendo mortes dolosas que não são julgadas pelo Júri a) Latrocínio;

b) Ato infracional; c) Genocídio;

O genocídio, de regra, não será julgado perante o Tribunal do Júri, se o genocídio for praticado matando pessoas daquele grupo, responderá pelo delito de genocídio em concurso com o delito de homicídio.

Nesse sentido, explica Renato Brasileiro “não se trata o genocídio de crime doloso contra a vida. bem jurídico tutelado é a existência de grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Portanto, a competência para o julgamento do crime de genocídio é de um juiz singular. Todavia, se o genocídio for praticado mediante morte de membros do grupo, o agente deverá responder pelos homicídios, perante um Tribunal do Júri, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de genocídio”.

Com esse entendimento: STF, Pleno, RE 351.487/RR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 10/11/2006:

Todavia, esse mesmo delito de genocídio contra índios pode ser praticado mediante morte de membros do grupo. Nesse caso, se o agente resolver matar vários índios, em circunstâncias semelhantes de tempo e de lugar, e com o

80 mesmo modus operandi, deverá responder pelos diversos homicídios (em continuidade delitiva) e pelo crime de genocídio, em concurso formal impróprio, não sendo possível a aplicação do princípio da consunção. Nesse caso, como os crimes dolosos contra a vida de índios envolvem a disputa sobre direitos indígenas, a série de continuidade delitiva dos homicídios deverá ser processada e julgada perante um Tribunal do Júri Federal, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de genocídio, tal qual dispõe o art. 78, inciso I, do Código de Processo Penal. d) Militar da ativa das forças armadas que mata militar da ativa das forças armadas

É considerado crime militar.

c) Civil que comete homicídio doloso contra militar na ativa das Forças Armadas em serviço em lugar sujeito à administração militar (STF, HC 91.003).

O Supremo entendeu que é crime militar, e como tal, deverá ser julgado perante a Justiça Militar.

f) Crime político de matar o Presidente da República, do Senado, da Câmara ou do STF; (Crime previsto na Lei de Segurança Nacional, art. 29 – Lei 7.170/83: o crime deve ser praticado com motivação política).

*Crime político: Competência da J. Federal

g) Foro por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal

Súmula Vinculante nº 45. A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.

Sugestão de Estudo Complementar | Súmula Vinculante 45 - Comentada. Dizer o Direito | Anexo. h) Tiro de Abate: CPM, art. 9º, parágrafo único, com redação dada pela Lei nº 12.432/11.

81 DIREITO PROCESSUAL PENAL

Conteúdo 05: Procedimento Especial do Tribunal do Júri

1. Procedimento bifásico do Tribunal do Júri

O procedimento do júri é bifásico, também denominado de escalonado.

Segundo Renato Brasileiro esse procedimento bifásico é decorrente da necessidade de um juízo prévio de admissibilidade, posto que a segunda fase é marcada pela imprevisibilidade da decisão do corpo de jurados. 1ª Fase: sumário da culpa (“iudicium accusationis”):

Na fase do sumário da culpa, há apenas a intervenção do juiz togado, aqui denominado de juiz sumariante. O iudicium accusationis é a fase em que se reconhece ao Estado o direito de submeter o acusado a julgamento perante o Tribunal do Júri.

Em comarcas de vara única, é possível que o juiz sumariante e o juiz presidente sejam a mesma pessoa, acumulando as funções.

Cumpre destacar que, na visão dos tribunais essa primeira fase pode ser atribuída a outros juízes, sem que haja violação ao tribunal do Júri.

Assim, poderá por exemplo, a 1ª fase ser da competência dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher (HC 102.150 STF).

A 1ª fase inicia-se com oferecimento da denúncia (com exceção, queixa-crime: na hipótese de ação penal privada subsidiária da pública ou na hipótese de conexão com crime de ação penal privada).

A 1ª fase do Tribunal do Júri encerra-se com a possibilidade de 4 decisões distintas, quais sejam: a. Impronúncia;

b. Desclassificação; c. Absolvição sumário; d. Pronúncia

82 Por fim, e não menos importante, cumpre destacar que a 1ª fase do Júri se assemelha ao procedimento comum ordinário, contemplando apenas algumas distinções.

Obs.: Diferenças da 1ª Fase do Júri em relação ao procedimento comum ordinário.

a) Ao contrário do procedimento comum ordinário, em que não há a previsão legal expressa de oitiva da acusação após a aposentação da resposta à acusação, consta do procedimento do júri (art. 409) a obrigatoriedade de manifestação do Ministério Público ou do querelante;

b) No âmbito do procedimento comum ordinário, é possível que o acusado seja absolvido sumariamente logo após a apresentação da resposta à acusação (art. 397, CPP). No âmbito do júri, o ideal é concluir que a absolvição sumária só pode ocorrer ao final da 1ª fase, ou seja, após a realização da audiência de instrução; c) No procedimento comum ordinário, há previsão legal de requerimento de diligências ao final da audiência

de instrução. Na 1ª fase do Júri, não há semelhante previsão.

Segundo explica o professor Renato Brasileiro, inobstante não tenha previsão legal, seria possível, sob o argumento da busca da verdade real pleitear-se a realização de diligencias imprescindíveis.

d) No procedimento comum ordinário, há previsão legal de substituição das alegações orais por memoriais. Na 1ª fase do Júri, por sua vez, não há semelhante previsão.

e) No procedimento comum ordinário, a não apresentação de memoriais pela defesa é causa de nulidade absoluta por violação à ampla defesa. No iudicium accusationis, desde que evidenciado que não houve

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