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1.1 Conceito

Para o Código de Processo Penal, sentença é tão somente a decisão que julga o mérito principal, ou seja, a decisão judicial que condena ou absolve o acusado.

Ao contrario sensu, as decisões que extinguem o processo sem julgamento de mérito, segundo o CPP, são tratadas como decisões interlocutórias mistas.

1.2 Classificação diversas

a. Decisões subjetivamente simples: são aquelas proferidas por apenas uma pessoa, ou seja, um juízo monocrático ou singular.

b. Decisões subjetivamente plúrimas: são aquelas proferidas por órgão colegiado homogêneo, como câmaras, turmas ou seções dos Tribunais. Nesse caso, o voto de cada um possui o mesmo valor.

c. Decisões subjetivamente complexas: são aquelas proferidas por órgão colegiado HETEROGÊNEO, a exemplo do Tribunal do Júri.

d. Decisão suicida: é aquela cujo dispositivo, contraria sua fundamentação, sendo portanto, considerada nula. Assim, por exemplo, o magistrado aduz que não há provas nos autos, porém condena o acusado. É patente a contrariedade, posto que nessa hipótese já que não há provas, não seria cabível a condenação.

e. Decisão vazia: é aquela passível de anulação por falta de fundamentação.

No tocante a decisão vazia, importante se mostra a análise do art. 489§1º do Novo CPC, o qual expõe em quais situações a decisão não estará fundamentada.

Art. 489. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

136 V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

f. Decisão/Sentença autofágica: é aquela em que há o reconhecimento da imputação, mas o juiz acaba por declarar extinta a punibilidade do agente, a exemplo do que ocorre com o perdão judicial.

Desse modo, no âmbito do processo penal, entende-se por sentença AUTOFÁGICA aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga extinta a punibilidade concreta.

Ex.: sentença que concede o perdão judicial.

É considerada autofágica porque mesmo reconhecendo o crime, não produz nenhum efeito penal, não serve para reincidência, maus antecedentes etc., a própria sentença se auto anula, "come a si própria", não gerando efeitos penais para o condenado.

Cumpre recordarmos que, conforme dispõe a Súmula 18 do STJ, a decisão que concede o perdão judicial tem natureza declaratória da extinção da punibilidade.

Súmula 18, STJ. A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

Obs.: Absolvição anômala – é a decisão na qual se concede o perdão judicial.

Atenção! Referida classificação foi tema cobrado na prova do Ministério Público-GO.

✓ Já caiu: A sentença autofágica ou de efeito autofágico, como podemos observar em uma das Súmulas do STJ é: c) Aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga extinta a punibilidade concreta.

1.3 Estrutura e requisitos da sentença

Nos termos do art. 381 do CPP, a sentença conterá:

I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;

III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;

137 VI - a data e a assinatura do juiz.

- Requisitos intrínsecos 1.3.1 Relatório

Deve ser compreendido como resumo da demanda processual.

No relatório, deve o juiz indicar os nomes das partes ou, quando não for possível, as indicações necessárias para sua identificação, fazer uma exposição sucinta da acusação formulada e das teses apresentadas pela defesa, apontando, ademais, os principais atos praticados no curso da persecução penal (art. 381, I e II, CPP).

Segundo Brasileiro, o objetivo do relatório é demonstrar que o juiz tomou conhecimento do conteúdo dos autos. Obs.: Existência de erro material

Segundo Brasileiro, a existência de eventual erro material quanto ao nome do acusado não é substancial, desde que sua identidade física seja certa, não sendo incomum que acusados sejam processados com nomes falsos sem que isso acarrete a nulidade da sentença.

Desse modo, nos moldes do art. 259, do CPP, a impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.

Obs.: Ausência do Relatório

O entendimento da doutrina majoritária, é que a ausência do relatório é causa da nulidade absoluta.

Por outro lado, Brasileiro argumenta que não merece tamanha importância, razão pela qual seria hipótese de nulidade relativa. Corroborando com seu entendimento, aduz que a própria lei dos juizados especiais criminais, ao teor de seu art. 81, §3º dispensa a sua elaboração.

Art. 81. §3º. A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz. 1.3.2 Fundamentação

De acordo com a Constituição Federal, todas as decisões judiciais deverão ser fundamentadas, sob pena de nulidade absoluta.

Art. 93. IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,

138 ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

A garantia constitucional inserida no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, segundo a qual todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, é exigência inerente ao Estado Democrático de Direito.

Obs.: Função da fundamentação

a. Função endoprocessual: proporciona-se as partes por meio da fundamentação o conhecimento necessário para que possam impugnar a decisão, permitindo, ademais, que o juízo ad quem examine a legalidade e a justiça da decisão.

b. Função extraprocessual: os destinatários da fundamentação não são apenas as partes e o juízo ad quem, mas também a coletividade, que tem condições de aferir se o magistrado decidiu com imparcialidade a demanda. Obs.: Fundamentação per relationem

Também denominada de aliunde. Ocorre quando o juiz adota como sua, a fundamentação de uma outra parte. Por exemplo: “utilizo como fundamentação o requerimento do Ministério Público”.

Nessa esteira, segundo Renato Brasileiro, Fundamentação per relationem ou aliunde é aquela em que a autoridade judiciária adota como fundamento de sua decisão as alegações contidas na representação da autoridade policial ou no requerimento do órgão do Ministério Público, do querelante ou do assistente.

A doutrina é contrária a essa espécie de fundamentação, isso porque o dever de fundamentação é da autoridade judiciária, e se admitindo a fundamentação aliunde seria aceitar a delegação dessa incumbência.

No entanto, na visão dos Tribunais (STF e STJ), tem-se admitido a possibilidade de o juiz adotar como fundamento de sua decisão as alegações da autoridade policial, do Ministério Público ou do querelante.

Exemplo: STJ, EResp 1.021/851. 1.3.3 Dispositivo

Trata-se da conclusão decisória da sentença.

Em se tratando de sentença absolutória, deve o juiz declinar um dos fundamentos a que faz menção o art. 386 do CPP.

Por outro lado, em se tratando de sentença condenatória, o magistrado deverá indicar o tipo penal incriminador e a aplicação da pena.

139 A ausência de dispositivo é vício de natureza tão grave que possui como consequência jurídica o reconhecimento da inexistência do ato.

Nessa linha, corroborando ensina Brasileiro, a ausência de dispositivo é vício gravíssimo, até mesmo pela conclusão lógica de que uma decisão sem dispositivo não é propriamente uma decisão, já que nada decide. Por isso, é tratada pela doutrina como hipótese de inexistência jurídica do provimento judicial, que deve ser tratado como um não ato. Além dos requisitos intrínsecos acima apontados, a doutrina ainda exige a autenticação (considerada requisito extrínseco da sentença).

1.3.4 Autenticação

a) data e assinatura (CPP, art. 381, VI);

b) rubrica do juiz em todas as páginas, se a sentença for digitada (CPP, art. 388). Atualmente, a autenticação poderá ser feita através da assinatura digital.

1.4 Detração na sentença condenatória para fins de determinação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (Lei nº 12.736/12)

Nos termos do art. 387, § 2º do CPP, o tempo de prisão provisória ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.

No momento de elaborar a sentença condenatória, o magistrado realizará a detração. A detração encontra previsão legal ao teor do art. 42 do Código Penal.

Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.

Assim, a detração consiste no desconto no tempo da prisão pena do tempo da prisão provisória que fora anteriormente cumprida.

Obs.: Juízo competente para a Detração

Antes da Lei nº 12.736/2012 a detração era feita apenas pelo juízo da execução penal (LEP, art. 66,III, c). Posteriormente, com o advento das alterações trazidas pela Lei nº 12.736/2012, pode ser:

a. Do juiz do processo de conhecimento; ou b. Do juízo da execução.

140 Antes da Lei nº 12.736/12 Após o advento da Lei nº 12.736/12

Antes da Lei nº 12.736/12, a detração era realizada apenas no momento da execução da pena, recaindo a competência sobre o juízo das execuções penais.

A detração deverá ser considerada pelo juiz que proferir a sentença condenatória, pelo menos em regra.

Com a realização da detração já nesse momento, torna-se possível a diminuição da população carcerária, posto que será determinante para fixação do regime inicial de cumprimento de pena.

Embora a lei não faça ressalva quanto a obrigatoriedade da detração no momento de ser proferida a sentença condenatória, Brasileiro defende que a detração em determinados casos, pode se mostrar inviável. Vejamos:

“Se a regra, doravante, é que a detração seja feita na própria sentença condenatória (CPP, art. 387, § 2º), não se pode olvidar que, em certas situações, é praticamente inviável exigir-se do juiz sentenciante tamanho grau de aprofundamento em relação à situação prisional do condenado. Basta supor hipótese de acusado que tenha contra si diversas prisões cautelares decretadas por juízos diversos, além de inúmeras execuções penais resultantes de sentenças condenatórias com trânsito em julgado. Nesse caso, até mesmo como forma de não se transformar o juiz do processo de conhecimento em verdadeiro juízo da execução, o que poderia vir de encontro ao princípio da celeridade e à própria garantia da razoável duração do processo (CF, art. 5º, LXXVIII), haja vista a evidente demora que a análise da detração causaria para a prolação da sentença condenatória na audiência una de instrução e julgamento, é possível que o juiz sentenciante se abstenha de fazer a detração naquele momento, o que, evidentemente, não causará maiores prejuízos ao acusado, já que tal benefício será, posteriormente, analisado pelo juízo da execução. Para tanto, deverá o juiz do processo de conhecimento apontar, fundamentadamente, os motivos que inviabilizam a realização da detração na sentença condenatória.

1.5 Pedido absolutório formulado pela acusação e (im)possibilidade de condenação

Nos termos do art. 385 do CPP, nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

Em se tratando de ação penal exclusivamente privada ou privada personalíssima, o pedido de absolvição é causa de perempção e consequente extinção da punibilidade (art. 60, III, in fine).

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais.

141 Há argumentos na doutrina que o dispositivo em comento violaria o verdadeiro caráter do sistema acusatório, posto que o órgão acusador requereu a absolvição. Não obstante a posição, o entendimento que prevalece inclusive nos Tribunais Superiores é que o art. 385 é plenamente válido.

Dos Informativos: Sentença e Outras Decisões 2016

É possível que o juiz fixe valor mínimo para indenização de danos morais sofridos pela vítima de crime O juiz, ao proferir sentença penal condenatória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto diante de um caso concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido pela vítima, desde que fundamente essa opção. Isso porque o art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação penal deve sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os prejuízos sofridos. STJ. 6ª Turma. REsp 1.585.684-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 9/8/2016 (Info 588).

Nulidade da intimação por edital de réu preso

Preso o réu durante o curso do prazo da intimação por edital da sentença condenatória, essa intimação fica prejudicada e deve ser efetuada pessoalmente. Se o réu está preso durante o prazo do edital, ele deverá ser intimado pessoalmente da sentença condenatória, na forma do art. 392, I, CPP, restando prejudicada a intimação editalícia. STJ. 6ª Turma. RHC 45.584/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/5/2016 (Info 583).

Inexigibilidade de termo de recurso ou de renúncia na intimação pessoal do acusado

No momento da intimação pessoal do acusado acerca de sentença condenatória ou de pronúncia, a não apresentação do termo de recurso ou de renúncia não gera nulidade do ato. Essa exigência não está prescrita em lei, de modo que a sua ausência não pode ser invocada como hábil a anular o ato de intimação. Dessa forma, a ausência desse documento não é causa de nulidade, especialmente quando há advogado constituído que, embora regularmente cientificado, não interpôs o recurso voluntário. STJ. 5ª Turma. RHC 61.365-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 3/3/2016 (Info 579).

Momento processual em que deve ser realizada a emendatio libelli

O órgão jurisdicional (juiz ou Tribunal) não tem competência para substituir-se ao Ministério Público, titular da ação penal pública, e retificar (consertar) a classificação jurídica proposta na denúncia. Por esse motivo, o entendimento dominante é o de que, em regra, o momento adequado para a emendatio libelli é na prolação da sentença e não no recebimento da denúncia. Isso se justifica, ainda, pela posição topográfica do art. 383 no CPP (que está no título que trata sobre sentença) e pelo fato de que o acusado se defende dos fatos imputados, e não da classificação que lhes atribuem. De forma excepcional, jurisprudência e doutrina afirmam que é possível antecipar o momento da emendatio libelli nas hipóteses em que a inadequada subsunção típica (tipificação): • macular a competência absoluta; • o adequado procedimento; ou • restringir benefícios penais por excesso de acusação. STJ. 6ª Turma. HC 241.206-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/11/2014 (Info 553). STJ. 5ª Turma. HC 258.581/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2016.

142 2015

Dois roubos praticados no mesmo contexto fático e nova denúncia: coisa julgada

O agente que, numa primeira ação penal, tenha sido condenado pela prática de crime de roubo contra uma instituição bancária não poderá ser, numa segunda ação penal, condenado por crime de roubo supostamente cometido contra o gerente do banco no mesmo contexto fático considerado na primeira ação penal, ainda que a conduta referente a este suposto roubo contra o gerente não tenha sido sequer levada ao conhecimento do juízo da primeira ação penal, vindo à tona somente no segundo processo. STJ. 5ª Turma. HC 285.589-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 4/8/2015 (Info 569).

Réu denunciado por crime doloso e posteriormente condenado por delito culposo

O réu foi denunciado pelo crime “X”, na forma dolosa, tendo o MP reafirmado essa tipificação nos memoriais (“alegações finais”). Vale ressaltar que nem na denúncia nem em qualquer outra peça processual, o MP falou em negligência, imprudência ou imperícia. O juiz poderá condenar o acusado pelo crime “X”, na forma culposa, mesmo que não haja aditamento da denúncia na forma do art. 384 do CPP? Quando na denúncia não houver descrição sequer implícita de circunstância elementar da modalidade culposa do tipo penal, o magistrado, ao proferir a sentença, não pode desclassificar a conduta dolosa do agente (assim descrita na denúncia) para a forma culposa do crime, sem a observância do regramento previsto no art. 384, caput, do CPP. A prova a ser produzida pela defesa, no decorrer da instrução criminal, para comprovar a ausência do elemento subjetivo do injusto culposo ou doloso, é diversa. Em outras palavras, a prova que o réu tem que produzir para provar que não agiu com negligência, imprudência ou imperícia é diferente da prova que deverá produzir para demonstrar que não agiu com dolo (vontade livre e consciente). Assim, se a denúncia não descreve sequer implicitamente o tipo culposo, a desclassificação da conduta dolosa para a culposa, ainda que represente aparente benefício à defesa, em razão de imposição de pena mais branda, deve observar a regra inserta no art. 384, caput, do CPP a fim de possibilitar a ampla defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.388.440-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 5/3/2015 (Info 557).

Réu denunciado por delito na forma consumada e condenado na forma tentada

O réu foi denunciado por estupro consumado, tendo o MP reafirmado essa tipificação nos memoriais (“alegações finais”). O juiz poderá condenar o acusado por estupro tentado mesmo que não haja aditamento da denúncia na forma do art. 384 do CPP? O réu denunciado por crime na forma consumada pode ser condenado em sua forma tentada, mesmo que não tenha havido aditamento à denúncia. A tentativa não é uma figura autônoma, pois a vontade contrária ao direito existente na tentativa é igual à do delito consumado. O delito pleno (consumado) e a tentativa não são duas diferentes modalidades de crime, mas somente uma diferente manifestação de um único delito. STJ. 6ª Turma. HC 297.551-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/3/2015 (Info 557).

O condenado não pode impugnar o valor fixado na forma do art. 387, IV do CPP por meio de habeas corpus A via processual do habeas corpus não é adequada para impugnar a reparação civil fixada na sentença penal condenatória, com base no art. 387, IV do CPP, tendo em vista que a sua imposição não acarreta ameaça, sequer indireta ou reflexa, à liberdade de locomoção. STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg no REsp 1519523/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 01/10/2015.

143 Para que seja fixado, na sentença, o valor mínimo para reparação dos danos causados à vítima (art. 387, IV, do CP), é necessário que haja pedido expresso e formal, feito pelo parquet ou pelo ofendido, a fim de que seja oportunizado ao réu o contraditório e sob pena de violação ao princípio da ampla defesa. STJ. 5ª Turma. HC 321.279/PE, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Des. Conv. do TJ/PE), julgado em 23/06/2015.

2014

A regra do art. 387, IV, do CPP não pode ser aplicado para fatos ocorridos antes da Lei 11.719/2008

A previsão da indenização contida no inciso IV do art. 387 surgiu com a Lei nº 11.719/2008. Se o crime ocorreu antes da Lei e foi sentenciado após a sua vigência, pode ser aplicado o dispositivo e fixado o valor mínimo de reparação dos danos? NÃO. A regra do art. 387, inciso IV, do CPP, que dispõe sobre a fixação, na sentença condenatória, de valor mínimo para reparação civil dos danos causados ao ofendido, é norma híbrida, de direito processual e material, razão pela que não se aplica a delitos praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 11.719/2008, que deu nova redação ao dispositivo. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.206.643/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/02/2015. STF. Plenário. RvC 5437/RO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/12/2014 (Info 772).

Princípio da correlação (congruência), causa de aumento e emendatio libelli

Para que a causa de aumento de pena seja reconhecida pelo julgador, é necessário que ela tenha sido narrada na denúncia ou queixa. Se na peça acusatória estiver narrada a circunstância que configura a causa de aumento de pena,

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