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Como explicitado anteriormente sobre o caráter multimetodológico da abordagem de pesquisa qualitativa, segundo Alves Mazzotti e Gewandsznajder (2004); Flick (2009); Denzin e Lincoln (2006) e Kruger (2010), e no que diz respeito aos procedimentos de análise das informações coletadas neste estudo, houve a apreciação das informações e dos dados colhidos por meio da triangulação dos diferentes procedimentos ou instrumentos aqui citados. Nesse sentido,

[...] a triangulação de diferentes procedimentos de coleta de dados é vista como uma estratégia de validação de resultados de pesquisa ou como uma forma de melhorar a abrangência e complexidade de um determinado objeto de investigação (WELLER e PFAFF, 2010, p.21).

Segundo Kruger (2010), o processo de triangulação combina os diferentes tipos de procedimentos para chegar a uma análise mais profunda e complexa sobre o objeto estudado, ampliando as perspectivas de análise do referido objeto. Dessa forma, o pesquisador atua como um bricoleur interpretativo que busca compreender as várias influências que atuam de forma direta ou indireta no objeto de pesquisa (DENZIN; LINCOLN, 2006).

No estudo em pauta, os procedimentos/instrumentos de coleta de informações ou dados foram a observação participante, o grupo focal, a entrevista semiestruturada e a análise documental que proporcionaram ao pesquisador, por meio da triangulação, organizar as categorias ou eixos temáticos de análise que compõem este relatório da pesquisa.

Desse modo, compreendi que o processo de triangulação propicia ao pesquisador o conhecimento interpretativo da realidade na qual está imerso, fazendo emergir os vários ângulos para a compreensão do objeto analisado. Pode-se entender a triangulação de métodos,

[...] como expressão de uma dinâmica de investigação e de trabalho que integra a análise das estruturas, dos processos e dos resultados, a compreensão das relações envolvidas na implementação das ações e a visão que os autores diferenciados constroem sobre todo o projeto: seu desenvolvimento, as relações hierárquicas e técnicas, fazendo dele um constructo específico (SCHUTZ, 1982 apud MINAYO; ASSIS; SOUZA, 2005, p.29).

Portanto, ao estabelecer a análise das informações coletadas por meio da triangulação dos procedimentos/instrumentos de pesquisa aqui mencionados, espero ratificar e respaldar

qualitativamente os resultados da pesquisa desenvolvida, ―levando em conta a compreensão, a inteligibilidade dos fenômenos sociais, o significado e a intencionalidade que lhe atribuem os atores‖ (MINAYO; ASSIS; SOUZA, 2005, p.82).

Vale ressaltar ainda que, no que diz respeito aos dados coletados e no tratamento destes, com o intuito de estabelecer melhor compreensão sobre os mesmos, responder às questões formuladas, ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado e articulá-lo ao contexto cultural ao qual faz parte, procedi à apreciação com base na análise de conteúdo, pois esta ―utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos (sic) de descrição do conteúdo das mensagens‖ (BARDIN, 2009, p.40).

A partir desse entendimento sobre a utilização da análise de conteúdo e com base em Bardin (2009), Franco (2005), Oliveira (2007b) e Gomes (2001) foi necessário estabelecer também as unidades de análise, considerando as suas influências. Neste sentido, como a unidade de registro escolhida foi a frase ou a oração, estas foram transcritas dos depoimentos dos interlocutores articulados ao contexto do qual faz parte a mensagem.

A seguir, de forma esquemática, traço esse percurso pelas rotas e caminhos escolhidos, com a finalidade de apresentar melhor visualização. Após a síntese da pesquisa, e com base nos eixos teóricos que me deram sustentação para melhor compreender e interpretar a realidade pesquisada e a sua dinâmica, apresento o que foi desvelado por meio das informações colhidas.

Para isto, elenco os eixos de análise que foram organizados da seguinte forma: a jornada pedagógica: os olhares iniciais, a avaliação das aprendizagens na Educação de Jovens e Adultos no contexto dos documentos, as práticas avaliativas nas turmas de Educação de Jovens e Adultos investigadas, o portfólio na Educação de Jovens e Adultos: razões para o uso e o processo de construção, as percepções das professoras e dos estudantes sobre a avaliação das aprendizagens e a sua relação com o portfólio e o trabalho com o portfólio nas turmas de Educação de Jovens e Adultos: limites e possibilidades.

QUESTÃO GERAL E ESPECÍFICAS OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS

EIXOS TEÓRICOS

TRILHA METODOLOGICA

ABORDAGEM METODOLÓGICA

INSTRUMENTOS DE COLETA DAS INFORMAÇÕES Quais as contribuições que o portfólio pode oferecer

ao trabalho pedagógico e ao processo avaliativo em turmas da Educação de Jovens e Adultos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental?

Educação de Jovens e Adultos (espaço da prática pedagógica)

Avaliação das Aprendizagens O Trabalho com o portfólio

Predominantemente a Abordagem Qualitativa

Estudo de Caso

Análise documental

Grupo focal Observação participante

Entrevista semiestruturada

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

RELATÓRIO DE PESQUISA - TESE

Compreender as contribuições que o portfólio pode oferecer ao trabalho pedagógico e ao processo avaliativo em turmas da Educação de Jovens e Adultos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Quais os documentos orientadores do trabalho

pedagógico e do processo avaliativo das turmas da Educação de Jovens e Adultos?

Como acontecem as práticas avaliativas em turmas da Educação de Jovens e Adultos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental que utilizam o portfólio?

Quais as razões pelas quais os professores das turmas mencionadas usam o portfólio?

Como acontece o processo de construção dos portfólios nas turmas pesquisadas?

Quais as percepções de professores e dos estudantes sobre a avaliação das aprendizagens e o trabalho com o portfólio?

Quais as possibilidades, os limites e os aspectos facilitadores e dificultadores do trabalho com o portfólio em turmas da Educação de Jovens e Adultos dos anos iniciais do Ensino Fundamental?

Analisar os documentos orientadores do trabalho pedagógico e do processo avaliativo das turmas da Educação de Jovens e Adultos.

Analisar as práticas avaliativas em turmas da Educação de Jovens e Adultos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental que utilizam o portfólio.

Analisar as razões pelas quais os professores das turmas mencionadas usam o portfólio.

Acompanhar e analisar o processo de construção dos portfólios nas turmas.

Analisar as percepções de professores e dos estudantes sobre a avaliação das aprendizagens e o trabalho com o portfólio.

Analisar as possibilidades, os limites e os aspectos facilitadores e dificultadores do trabalho com o portfólio em turmas da Educação de Jovens e Adultos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

PPP, Proposta Curricular, Portfólios, Regimento Escolar Estudantes da Educação de Jovens e Adultos

Sala de aula das professoras Professoras, Coordenadora e Diretora Triangulação Análise de Conteúdo Com características da etnografia realizada.

4. DESVELANDO A REALIDADE: a avaliação das aprendizagens, a Educação de

Jovens e Adultos e o trabalho com o portfólio

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar Que tinha sido há tanto tempo atrás... A minha escola não tem personagem, A minha escola tem gente de verdade... Vamos começar de novo: Um por todos, todos por um O sistema é mau, mas minha turma é legal

(LEGIÃO URBANA, 2010).

Após a definição do caminho percorrido metodologicamente e do embasamento teórico dos passos utilizados, cabe agora apresentar os dados e as informações do que foi desvelado por meio da pesquisa de campo. Neste item, trago as diversas constribuições dos interlocutores, dos documentos analisados e das observaçoes feitas com o intuito de responder às questões elencadas e, assim, atingir os objetivos propostos.

Convém ressaltar que desvelar a realidade exige o máximo de respeito aos seus atores sociais e ao seu cotidiano, gente de verdade, pois são pessoas, como diz a epígrafe, que apresentam configurações próprias dentro do universo no qual o pesquisador é a figura externa. Não tive a pretensão de julgar ou tecer comentários sobre algum interlocutor de forma específica. Tive, sim, a intenção de olhar criticamente para a realidade investigada, por meio de um processo comunicativo com os atores sociais envolvidos na pesquisa.

Assim, ao imergir no contexto da pesquisa, a fim de perceber as relações, o todo, o individual, as influências do sistema e demais aspectos, busquei a construção do olhar interpretativo do objeto, fundamentando-o de forma teórica e metodológica. Logo, este olhar quis ver, quis saber, quis entender e compreender as configurações cotidianas que são tecidas pelos atores sociais no que diz respeito às práticas avaliativas na Educação de Jovens e Adultos, por meio do portfólio.

Desse modo, começo trazendo o que foi vivenciado pelas professoras interlocutoras na jornada pedagógica; em seguida, apresento as contribuições dos documentos orientadores do trabalho pedagógico e do processo avaliativo; prossigo, elencando as práticas avaliativas investigadas nas turmas de Educação de Jovens e Adultos para, em seguida, trazer à tona as razões para o uso e o processo de construção do portfólio; dou continuidade, discorrendo

sobre as percepções das professoras e dos estudantes quanto à avaliação das aprendizagens e à sua relação com o portfólio e, para finalizar, apresento os limites e as possibilidades do trabalho com o portfólio nas turmas de Educação de Jovens e Adultos investigadas.