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CAPÍTULO 2: METODOLOGIA DA PESQUISA

2.7 Procedimentos de análise dos dados

Creswell (2014) lembra que existem procedimentos a serem seguidos antes de se analisar os dados propriamente ditos. Esses procedimentos estão interconectados e formam uma espiral de atividade dos dados, como, por exemplo, “a organização dos dados, a realização de uma leitura preliminar da base de dados, a codificação50 e organização dos temas, a representação dos dados e a formulação de uma interpretação deles” (CRESWELL, 2014, p. 146).

Nessa direção, a sistematização dos dados de minha pesquisa seguirá como viés metodológico a análise de conteúdo (AC) de Bardin (2011). Para essa pesquisadora, a análise de conteúdo deriva de um conjunto de instrumentos metodológicos (polimorfo e polifuncional), baseado na inferência (dedução lógica) de conhecimentos dos conteúdos. Por essa razão, a análise de conteúdo “absolve e cauciona o investigador [...] pelo escondido, o latente, o não aparente, o potencial de inédito (do não dito), retido por qualquer mensagem” (BARDIN, 2011, p. 15).

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Bardin (2011) salienta também que o foco desse tipo de análise está na palavra e em sua significação (conteúdo) aplicados a todas as formas de comunicação, ou seja, conforme Bardin (2011) e Franco (2012), a mensagem é o ponto de partida na análise de conteúdo, que pode ser o texto (escrito ou falado), o gestual, o figurativo, o documental ou uma mensagem diretamente provocada.

Tendo em vista esses pressupostos, Bardin (2011) apresenta duas funções complementares para a análise de conteúdo de mensagens:

● uma função heurística: a análise de conteúdo enriquece a tentativa exploratória, aumenta a propensão para a descoberta. É a análise de conteúdo “para ver o que dá”;

● uma função de “administração de prova”: hipóteses sob a forma de questões ou de afirmações provisórias, servindo de diretrizes, apelarão para o método de análise sistemática para serem verificadas no sentido de confirmação ou de uma informação. É a análise de conteúdo “para servir de prova.” (BARDIN, 2011, p.35-36, grifos da autora).

Outro aspecto mencionado por Bardin (2011) em sua proposta da análise de conteúdo é o método das categorias, sendo esse de taxonomia para classificar de maneira sistemática e criteriosa a mensagem, na tentativa de “fazer surgir um sentido capaz de introduzir alguma ordem na confusão inicial” (BARDIN, 2011, p. 43). Complementando as ideias de Bardin (2011), Franco (2012) salienta que o critério de categorização de análise de dados se constitui de duas maneiras distintas, a saber: categorias criadas a priori e categorias criadas a posteriori.

A primeira categoria refere-se aos indicadores predeterminados em que o pesquisador investiga uma resposta específica. Por sua vez, a segunda categoria caracteriza-se por um sistema mais aberto, ou seja, as categorias não são definidas a priori, pois essas “emergem da ‘fala’, do discurso, do conteúdo das respostas” (FRANCO, 2012, p.65). Nessa direção, Bardin (2011) e Franco (2012) afirmam que as categorias são os elementos centrais em uma análise de conteúdo, apesar de suas formulações caracterizarem-se como um “processo longo, difícil e desafiante” (FRANCO, 2012, p. 63).

Com base no que vem sendo discutido até o momento nesta subseção, reafirmo que a análise de conteúdo proposta por Bardin (2011) se torna uma relevante técnica de interrogação metodológica e linguística, com característica descritiva, sistemática e (não)quantitativa do conteúdo das mensagens. Nessa perspectiva, concordo com a pesquisadora quando apresenta a seguinte definição para análise de conteúdo:

um conjunto de técnicas das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens. (BARDIN, 2011, p. 48).

Sendo assim, a análise de conteúdo se constitui de várias técnicas de comunicação, proporcionando o levantamento de indicadores (quantitativos ou não), realizando, de forma sistemática, a inferência de significações (explícitas ou não) na descrição e na interpretação dos dados coletados.

Na tentativa de sistematizar os dados e responder minhas perguntas de pesquisa (mencionadas na seção 2.1 desse capítulo), segui a orientação inicial proposta por Creswell (2014), ou seja, organizar primeiramente os dados. Nesse sentido, os dados coletados, por meio de os instrumentos de pesquisa mencionados na seção 2.6 deste capítulo foram organizados em arquivos individuais em meu computador, no programa Word, exceto as notas de campo. A razão que me levou a não deixar essas notas em arquivo no meu computador foi que as minhas reflexões seriam analisadas, separadamente, no próprio diário utilizado para tal. Considero, assim, que esses registros são pertinentes para me auxiliar na análise de meus dados.

Em seguida, realizei uma leitura integral por várias vezes das transcrições realizadas dos questionários, da entrevista, da autoavaliação, das atividades do Facebook e do relato reflexivo de cada participante, além de minhas anotações em meu diário, para ter uma visão geral de toda a base de dados e identificar mais de perto as mensagens dos participantes (CRESWELL, 2014), na tentativa de identificar minhas deduções lógicas e conhecer melhor o texto, deixando-me invadir por impressões e orientações (BARDIN, 2011).

Segundo Bardin (2011), essa é a fase da leitura flutuante, na qual mantive contato com o meu material que seria analisado na tentativa de conhecer melhor seu conteúdo, a saber: uma “leitura intuitiva, muito aberta a todas as ideias, reflexões, hipóteses, numa espécie de brainstorming individual – quer seja parcialmente organizada, sistematizada, com o auxílio de procedimentos de descoberta” (BARDIN, 2011, p. 75, grifo da autora).

Isso posto, o próximo passo está relacionado à exploração de meu material para a definição de categorias dos dados. De acordo com Bardin (2011), as categorias possibilitam classificar as mensagens de conteúdo dos participantes em agrupamentos comuns a partir de critérios preliminares organizados, ou seja, complementando a visão desta pesquisadora,

Franco (2012) ressalta que a parte comum da mensagem possibilitará o seu agrupamento, baseado em analogias, a partir de critérios definidos.

Dessa forma, Bardin (2011, p. 147) salienta que “as categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos [...] sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes elementos”.

Portanto, os dados foram categorizados a partir dos três objetivos de minha pesquisa, que conduziram as perguntas: São eles:

verificar a aprendizagem e a prática pedagógica com o uso das TDIC na percepção do aluno-professor da pesquisa;

investigar a percepção dos alunos-professores da pesquisa em relação à inclusão das TDIC no ensino-aprendizagem, e

investigar o fomento do letramento digital dos alunos-professores de inglês em formação.

As quatro palavras-chave em negrito dos objetivos apresentados anteriormente foram o fio condutor para a classificação das categorias a priori, nas quais as palavras plenas aprendizagem, prática pedagógica, inclusão das TDIC no ensino-aprendizagem e letramento digital, portadoras de sentido (BARDIN, 2011), serviram de base para as categorias de minha pesquisa.

Assim sendo, analisei e interpretei os conteúdos de cada resposta fornecida por cada participante a partir dos instrumentos de geração dos dados, na busca dos sentidos explícitos ou ocultos, apoiado em meu referencial teórico. Para Bardin (2011), esse é o momento das interpretações inferenciais, da análise reflexiva, para o tratamento gerado pelos resultados dos dados.

Com essas reflexões, anuncio, assim, o final deste capítulo, que teve como propósito central apresentar a metodologia que conduziu a presente pesquisa. Passo, a seguir, para o próximo capítulo, no qual apresento os resultados, inferências e interpretação da análise dos dados, ou seja, no qual procurarei dar sentido aos dados, às lições aprendidas (CRESWELL, 2014), correlacionando-os com meu referencial teórico desenhado no capítulo 1 deste estudo.