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Capítulo 3 Opções metodológicas

3.6 Procedimentos metodológicos específicos

Relativamente aos procedimentos que utilizamos para levar adiante o estudo, a informação foi organizada com base nas técnicas usadas, seguindo uma estrutura temporal. Assim, utilizamos os seguintes procedimentos:

3.6.1 Definição e seleção dos participantes no estudo.

A seleção dos participantes no estudo teve em conta principalmente à ligação de cada um ao contexto do ISCED-Benguela e ao processo de formação inicial de professores que o mesmo desenvolve. Assim, na intensão de recolher opiniões que representassem experiências de diferentes posicionamentos, nesse processo de formação, e procurando ter a maior abrangência

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possível para o contexto de estudo, achamos mais razoável (porque não produtivo?) constituir uma amostra intencional mista para a realização das entrevistas. Essa amostra inclui professores dos diferentes cursos do ISCED de Benguela (15) e professores de escolas dos outros ciclos de ensino que foram formados no ISCED Benguela (20).

Sendo a inclusão de professores do ISCED-Benguela uma escolha trivial, dado o seu envolvimento natural no processo de formação inicial dos estudantes, já a inclusão de professores de escolas dos outros ciclos de ensino que foram formados no ISCED Benguela, portanto, antigos alunos do ISCED que se encontram no ativo da profissão docente, pareceu-nos importante por constituir um bom indicador do impacto efetivo da preparação que receberam na instituição que os formou (Costa, 2004).

Constituem uma valiosa fonte de informação, pois, possuem perceções e representações relevantes sobre o processo uma vez que tiveram o conhecimento direto das medidas assumidas nesta área de formação.

O quadro a seguir (Quadro 3) sintetiza o número de participantes selecionados por cada grupo.

Quadro 3 – Participantes no estudo

3.6.2 Entrevistas

Para a recolha de dados realizamos dois tipos de entrevistas: 15 Entrevistas individuais e uma entrevista em grupo. A entrevista em grupo foi realizada aos vinte professores de escolas de outros ciclos de ensino, ou seja, aos antigos alunos formados pelo ISCED. As entrevistas, com ligeiras variações de uma para outra em função do grupo a que o participante pertencia, tiveram uma base estrutural comum, foram do tipo semiestruturado, contendo cinco blocos a saber:

Bolco I - Conceções pedagógicas dos entrevistados.

Objetivo: identificar os diferentes atores quanto ao seu posicionamento pedagógico. Conhecer o seu posicionamento relativo a determinados paradigmas e modelos pedagógicos, a escola e o seu papel na sociedade.

Entrevistados Número

Docentes do ISCED-Benguela 15

Ex alunos formados 20

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Bloco II - Conceções sobre o uso das TIC na escola.

Objetivo: conhecer as conceções e a posição dos atores sobre o uso das tecnologias e sua integração na escola. Saber o seu posicionamento quanto ao uso das TIC pelo professor e na formação de professores.

Bloco III - Domínio das TIC (Práticas de uso, experiência e conceções pessoais). Objetivo: conhecer o nível (estado) dos diferentes atores em relação às tecnologias (competências para a sua utilização), suas práticas e uso (modo de uso, frequência e tipo de uso), bem como as suas conceções pessoais sobre o mesmo.

Bloco IV - Perspetivas de inclusão das TIC na preparação dos professores no ISCED- Benguela.

Objetivo: conhecer as perspetivas/expectativas dos atores (professores, estudantes, gestores e demais atores sociais) sobre a inclusão/integração das TIC na formação dos professores e na sua prática profissional.

Bloco V - Problemas e dificuldades, potencialidades das TIC.

Objetivo: identificar os principais problemas e dificuldades que, na conceção dos atores, existem no uso das TIC na formação de professores. Identificar as principais potencialidades e vantagens do TIC na sua utilização para a formação dos professores e seu consequente uso nas escolas.

3.6.3 Observação

A observação foi utilizada principalmente para completar a informação recolhida a partir das entrevistas, de forma a perceber melhor aqueles aspetos, fatos ou caraterísticas que, a partir das entrevistas, não se puderam esclarecer devidamente. A utilização desta técnica permitiu proceder à triangulação dos dados, funcionando também esse processo de triangulação como uma forma de garantir a fiabilidade do estudo e dos seus resultados. O procedimento de observar foi previamente informado e solicitado o respetivo consentimento aos participantes no estudo.

Foram objeto de observação, atividades de rotina dos gestores, professores, funcionários e estudantes, sem perder o foco na integração das TIC na escola e sua utilização pedagógica, mas também, algumas atividades letivas e extra- letivas, utilizando para isso um guião derivado das análises previas das entrevistas realizadas aos participantes.

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3.6.4 Análise dos dados

A análise de dados constitui, segundo Flick (2005), um processo de busca e organização sistemática da transcrição da informação observada, dita ou escrita, acumulada ao longo da pesquisa, e a respetiva interpretação, de acordo com as questões formulados e os objetivos estabelecidos. Essa análise, envolve, segundo Bogdan & Bilken (1994), trabalho com os dados, a sua organização, estruturação e síntese, no sentido de os tornar compreensíveis.

O principal procedimento utilizado na análise de dados foi a análise de conteúdo, uma técnica usada na investigação empírica (Vala, 2005), para análise de material escrito. Esta, possibilita a descrição objetiva e sistemática do conteúdo expresso nas comunicações, bem como o seu comportamento simbólico, visando a sua interpretação. A utilização desta técnica de análise permite também ao investigador verificar as condições contextuais associadas ao assunto estudado, compreender e construir significados, facilitando a passagem da descrição à interpretação dos dados.

De forma a assegurar a validade deste procedimento, deverá ter-se o cuidado de dissociar os dados das fontes e das condições gerais em que são produzidos. A descrição dos conteúdos resultantes, deve adquirir significado para o problema e reproduzir fielmente as condições e a realidade observadas (Carmo & Ferreira, 1998).

Para assegurar a fiabilidade, dever-se-á garantir, por um lado, que codificadores distintos cheguem a resultados idênticos (fiabilidade inter codificadores), e por outro, que sejam aplicados os mesmos critérios de codificação ao longo de todo o trabalho (fiabilidade intra codificadores) (Carmo & Ferreira, 1998).