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Para a realização deste trabalho, foram definidas 5 (cinco) etapas, conforme especificado abaixo:

1ª Etapa – Levantamento e leitura de bibliografia específica e atualizada;

2ª Etapa – Aplicação de questionário online direcionado a professores de inglês; 3ª Etapa – Observação e análise de aulas dos professores participantes;

4ª Etapa – Condução de entrevista semiestruturada com os docentes participantes na fase anterior;

5ª Etapa – Análise dos dados.

É relevante destacar que, apesar de ter definido prazos específicos para cada etapa no projeto, eles não se configuram como limites rígidos, mas, sim, flexíveis, na medida em que precisei levar em consideração variáveis não previstas no planejamento inicial e que, certamente, fugiram do meu controle como pesquisadora. O levantamento bibliográfico, por exemplo, foi realizado basicamente nos dois primeiros semestres do curso, conforme o cronograma. Contudo, ele pôde ser ampliado posteriormente, na medida em que novos aspectos teóricos significativos à pesquisa foram encontrados.

Para a efetivação da segunda etapa da pesquisa, que diz respeito ao diagnóstico inicial, foi encaminhado um formulário online (Ver Apêndice 1) para 1 (uma) unidade de ensino da rede estadual de cada um dos municípios baianos, direcionado ao professor de inglês, o que totaliza 4166 (quatrocentos e dezesseis) docentes. Segundo dados da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), a rede estadual possui 5.221 professores de inglês do quadro permanente e 367 professores temporários7.

É importante destacar que, visando a preservar a identidade dos docentes, o formulário

6 O estado da Bahia conta com 417 (quatrocentos e dezessete) municípios, contudo, o município de Milagres não

mais possui unidade de ensino estadual devido ao processo de municipalização optado pela administração municipal.

foi direcionado à gestão da unidade escolar que deveria repassar o e-mail com o link para um professor de língua inglesa do quadro docente. Levando em conta que a rede estadual possui mais de mil unidades de ensino, a seleção das escolas foi feita mediante busca no site da SEC, através da CONSULTA ESCOLA8. Para a seleção das unidades de ensino (UEs), em caso de existência de mais de uma no município, optei por escolher a primeira da lista que estivesse localizada na zona urbana, devido à facilidade de acesso, caso o professor participante dessa escola viesse a ser selecionado para a etapa seguinte do trabalho investigativo que seria realizado in loco.

Selecionadas as escolas, o formulário estava previsto para ser encaminhado no primeiro semestre de 2015, entretanto só pôde ser enviado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) que ocorreu na sessão do dia 19 de maio de 2015, com parecer final nº 1.086.595, datado de 29 de maio do mesmo ano. É relevante destacar que o envio de todos os

e-mails foi realizado cuidadosamente, a fim de acompanhar, por exemplo, possíveis erros

provenientes de endereços errados ou, até mesmo, devido a caixas de entrada cheias dos destinatários. No caso de ocorrência de algum erro, foi feita a conferência do endereço de e-

mail e realizado contato com a unidade escolar quando necessário, a fim de efetivar o reenvio

da comunicação. Mais de um mês após o envio do formulário para as escolas, apenas 8 (oito) professores haviam respondido ao questionário online. Então, decidi reenviar às UEs, sendo que, desta vez, obtive o retorno de 14 (catorze) professores.

Considerando que a meta era alcançar um representante por município, em novembro de 2015, iniciei o contato por telefone com os diretores das escolas, a fim de apresentar pessoalmente a pesquisa e explicar a importância de conhecermos a nossa realidade, visando ao aprimoramento da nossa prática pedagógica. Ponderando o tempo e a dificuldade para entrar em contato com cada um dos diretores das mais de quatrocentas escolas, optei por entrar em contato, inicialmente, com a gestão das 27 (vinte e sete) UEs lotadas nos municípios que são sedes dos Núcleos Territoriais de Educação9 (NTEs), conforme pode ser observado no Anexo 1.

Devido ao processo eleitoral para a escolha dos novos gestores das escolas estaduais e,

8 Vale salientar que o portal passou por modificações em março/2016, sendo que o termo Consulta Escola foi

substituído por Transparência na escola. http://escolas.educacao.ba.gov.br/escolas

9 A Secretaria da Educação do Estado da Bahia possuía 33 (trinta e três) Diretorias Regionais de Educação

(DIRECs) que foram reduzidas e reorganizadas em 27 Núcleos Territoriais de Educação, através do Decreto nº 15.806 de 30 de dezembro de 2014, que dispõe sobre a organização territorial dos Núcleos Regionais de Educação, e dá outras providências. Como representantes da Secretaria, os NTEs acompanham as unidades escolares e desenvolvem programas que fortalecem a ação da Secretaria junto aos municípios do Estado. Os Núcleos acompanham os Territórios de Identidade da Bahia.

consequentemente, a nomeação dos candidatos eleitos, o contato ficou suspenso até março de 2016. É relevante destacar que, das 27 (vinte e sete) escolas, 4 (quatro) responderam logo após o primeiro e-mail encaminhado; 4 (quatro) responderam depois do contato via telefone; 15 (quinze) não responderam apesar do contato com a gestão da unidade; 3 (três) não foram contatadas através do telefone disponível no site da SEC; e em 1 (uma) foi feito o contato com a unidade, mas não com a gestão mesmo depois de algumas tentativas. Dessa maneira, 32 (trinta e dois) docentes preencheram o formulário, dentre os quais foram selecionados os professores participantes da terceira fase desta pesquisa.

O número reduzido de professores que preencheram o formulário ratifica a dificuldade em se realizar pesquisa nesse contexto específico, já citado por Telles (2002) e que também foi confirmado em Peixoto (2013). Nesse pormenor, Zeichner (1998, p. 208) destaca algumas razões para a desconfiança dos docentes em relação à pesquisa educacional, entre elas o “uso de uma linguagem especializada no meio dos acadêmicos”, que muitas vezes não lhes fazem sentido, e a “frequência com que eles se veem descritos de forma negativa”.

A ausência de retorno neste trabalho investigativo pode ser indicativo de variáveis diversas. Entretanto, eu gostaria de destacar algumas como, por exemplo, possível erro técnico no recebimento do e-mail; não visualização do e-mail pela gestão da UE; não direcionamento do e-mail para o docente, por esquecimento ou por não ter interesse em participar da pesquisa; e, por fim, o não preenchimento pelo professor, que também pode ter ocorrido por esquecimento, por sobrecarga de trabalho ou, até mesmo, por desinteresse em compartilhar suas experiências.

Após esse diagnóstico inicial, realizado a partir das respostas do formulário online, 7 (sete)10 professores e suas turmas foram selecionados para serem observados em seu contexto e fazerem parte das etapas seguintes deste trabalho investigativo. Dessa maneira, proporcionariam à pesquisadora a chance de “estar lá” (GEERTZ, 2002) e de conhecer e descrever o que ocorre dentro da sala de aula, realizando, assim, um estudo de cunho etnográfico. Cançado (1994), nesse pormenor, defende que a quantidade de informantes numa pesquisa qualitativa pode ser reduzida, visto que a quantidade de registros será ampla ao final da geração de dados

Mediante a análise das respostas iniciais, a seleção dos professores participantes para a terceira etapa buscou formar um corpus que representasse diferentes realidades de conceitos e

10A definição do quantitativo levou em consideração a subdivisão de mesorregião criada pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), que agrupa os municípios das unidades federativas conforme aspectos socioeconômicos e é utilizada para fins estatísticos e não constitui, portanto, uma entidade política ou administrativa.

de metodologias de ensino da língua inglesa a fim de que pudessem ser observados in loco. Para isso, foi fundamental encontrar professores que estivessem dispostos a abrir as portas de suas salas de aula para compartilhar a sua prática pedagógica. Como não há identificação nos formulários respondidos pelos docentes, o contato foi feito inicialmente com a gestão da UE, com o propósito de que fosse confirmado com o professor se havia interesse em participar das próximas etapas da pesquisa. Caso contrário, seria feito contato com outra UE da mesma mesorregião.

As observações ocorreram sem um roteiro pré-estabelecido e tiveram como finalidade captar da melhor maneira possível a essência do ambiente da sala de aula, considerando não apenas os atos explícitos na prática de ensino, mas, também, os discursos que não ficam evidentes nas “entrelinhas” dos enunciados. O quantitativo de aulas observadas ficou sujeito à disponibilidade de cada professor participante, sendo que o planejamento não ultrapassou o quantitativo de 10 (aulas), levando em conta a quantidade de registros ao final da geração de dados.

Concluída a fase de observação de aulas, a fase seguinte previu a realização de entrevista semiestruturada com os docentes participantes na etapa anterior, com o objetivo de ampliar a diversidade de dados e possibilitar a realização da triangulação dos dados, conforme orientam Bortoni-Ricardo (2008) e Cançado (1994). Para Cançado, devido à natureza subjetiva da análise dos dados obtidos nesse tipo de pesquisa, a triangulação amplia a confiabilidade nos dados obtidos nas três fases da coleta. Consoante Denzin e Lincoln (2006, p. 19), “o uso da triangulação reflete uma tentativa de assegurar uma compreensão em profundidade do fenômeno em questão”, sendo “uma alternativa para a validação” (FLICK, 1998, apud DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 19).

Na visão de Canagarajah (2013), a triangulação dos registros obtidos deve ser realizada com medidas apropriadas, a fim de que possamos apresentar evidências adequadas para nossos argumentos e adotar transparência suficiente tanto na pesquisa quanto na escrita com o propósito de permitir aos leitores que façam as suas próprias interpretações.

Por fim, foi realizada a análise dos registros gerados nas três fases da pesquisa de campo, levando em consideração os estudos teóricos sobre Inglês como língua franca, Pedagogia Crítica e empoderamento discutidos nos capítulos a seguir. A análise e discussão dos dados serão apresentadas no Capítulo 5.