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Procedimentos: Trabalho Desenvolvido

Teste I: Forças interiores na estrutura do assento e costas (280e

CAP 5 5 Metodologia e Procedimentos

5.2 Procedimentos: Trabalho Desenvolvido

A temática em estudo, “Reutilização de Produtos de Apoio: Serviços e Segurança”, impõe a necessidade de estudar e explorar duas áreas, que mesmo inseparáveis, devem ser bem clarificadas e conceptualizadas. Tendo como principais objetivos identificar IQ de serviços de reutilização de PA e procedimentos que garantam a segurança e qualidade aos PA disponibilizados, surgiu a divisão: (1) serviços de reutilização dos PA e (2) segurança na reutilização de PA. Esta dedução inicial ao tema central da dissertação foi fulcral para orientar todo o processo de recolha e pesquisa de informação, seleção e agrupamento por categorias/informações. Resultando numa exploração e descrição ao tema mais conciso e organizado.

A Figura 53 esquematiza de forma simplificada as principais etapas e trabalho desenvolvido. Ao repartir o tema em serviços e segurança dos PA reutilizados, permitiu uma abordagem mais completa e aprofundada a ambos. Na tentativa de responder a perguntas básicas como, “o que é?”, “como funciona?”, “como pode ser melhorado?”, “o que já existe sobre a temática?”, entre outras questões pertinentes, que fundamentaram e enriqueceram a pesquisa teórica, convergindo para os indicadores e diretrizes orientadoras a ambas as partes.

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5.2.1 BETA (Banco de Empréstimo de Tecnologias de Apoio de Vila Real)

O Banco de Empréstimo de Tecnologias de Apoio, designado de BETA15, é uma das recentes

valências do serviço mais vasto de PA que o CERTIC (Centro de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade), da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), presta à comunidade do distrito de Vila Real.

O CERTIC oferece assistência à comunidade desde 2001, que inclui também informação, demonstração, aconselhamento, avaliação, adaptação e criação de PA, entre outras atividades de natureza mais pontual. Desenvolve a sua atividade orientada para a aplicação da ciência e da tecnologia na melhoria da qualidade de vida de populações com necessidades especiais, nomeadamente pessoas com deficiência, idosos e acamados em áreas como o acesso a tecnologias de informação, comunicação e mobilidade. Desde 2007, este Centro amplia uma nova função no apoio à Licenciatura em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, e mais recentemente ao Mestrado da mesma área. (GODINHO, 2010)

O BETA é um serviço de empréstimo de PA destinado à comunidade do distrito de Vila Real, a funcionar oficialmente desde 13 de março de 2013. Ao qual se podem candidatar: (a) Cidadãos com deficiência ou incapacidade, de natureza permanente ou temporária, a residir no distrito de Vila Real; (b) Instituições e organizações do distrito de Vila Real que prestem diretamente apoio aos cidadãos mencionados na alínea anterior e que tenham estabelecido uma parceria com este serviço; (c) Estudantes com deficiência ou incapacidade, de natureza permanente ou temporária, da UTAD; e (d) Serviços, Escolas e Departamentos da UTAD. Este serviço de empréstimo tem como objetivo responder em tempo útil às necessidades imediatas de PA de cidadãos e instituições para os quais o tempo de prescrição e financiamento das mesmas ou de outras respostas sociais se apresente demasiado longo ou inadequado. Sendo também propósito deste serviço facultar o empréstimo temporário de PA a instituições e organizações parceiras deste serviço para efeitos de avaliação e demonstração aos seus clientes. Os interessados podem consultar os produtos disponíveis e o regulamento do serviço no endereço Web, devendo depois preencher um formulário do pedido de empréstimo. O empréstimo será efetuado após uma apreciação do pedido, que tem como principais critérios: a importância do PA para autonomia e qualidade de vida do requerente, avaliação das necessidades e dos produtos mais adequados

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Endereço de internet do BETA: w w w.beta-vilareal.netA criação da plataforma online permite aos interessados consultar os produtos disponíveis e o regulamento do serviço, e a gestão de pedidos por parte do serviço.

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Os PA disponibilizados pelo BETA enquadram-se na sua maioria nas áreas da mobilidade, habitação, cuidados pessoais, comunicação e informação, recreação e lazer, terapia e treino. São produtos comerciais usados ou concebidos e adaptados na UTAD. Os PA doados foram recolhidos pela Fundação AGAPE16 em Centros de Tecnologias de Apoio da costa Oeste da Suécia. Estes produtos, apesar de usados, podem na generalidade ser reutilizados ou aproveitados em peças para reparação de outros PA. As maiorias dos produtos destinam -se à mobilidade pessoal (cadeiras de rodas, acessórios para cadeiras de rodas, elevadores de transferência elétricos, andarilhos, equipamentos para treino de marcha, canadianas, bengalas) e à higiene pessoal (cadeiras sanitárias, assentos elevados de sanita). No total, são cerca de 360 PA e 230 acessórios ou peças de equipamentos, que passam a ser objeto de inspeção e manutenção técnica, de testes de segurança e catalogação informatizada. O serviço é apoiado por voluntários em trabalhos de inspeção, recuperação, adaptação e limpeza de PA, sendo os alunos da Licenciatura e Mestrado em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas fundamentais na execução destas tarefas.

O material recebido para a criação BETA (como serviço de empréstimo), é também útil e alvo a (1) atividades de formação, investigação e desenvolvimento de projetos de Engenharia de Reabilitação; e (2) aumento e melhoria das condições de acolhimento de estudantes com deficiência na UTAD, sobretudo ao nível das residências universitárias;

A preparação e criação do BETA, exigiu algumas etapas iniciais, nomeadamente: 1. Descarregamento do camião da AGAPE com material (26 de dezembro de 2012); 2. Inventariação e organização do equipamento;

3. Criação de plataforma online para informação e gestão de pedidos; 4. Estudo de linhas de orientação de serviços;

5. Criação de oficina de reparação;

6. Apetrechamento de ferramentas para manutenção/reparação e equipamentos de limpeza e desinfeção;

7. Inspeção, reparação e limpeza de material inicial; 8. Criação de regulamento e formulários;

9. Reunião com instituições do distrito para futuras colaborações; 10. Planeamento de inauguração e divulgação;

16 A Fundação AGAPE é uma organização de apoio a pessoas em desvantagem social, independente, neutra ao nível político e religioso, com sede e armazém na zona industrial do noroeste de Falkenberg - Suécia. Desenvolve a sua atividade desde 1984 e até à data tem feito suas próprias operações de apoio em cerca de 30 países, algumas vezes em colaboração com outras organizações. Os PA usados que a AGAPE distribui são recolhidos em Centros de Apoio da costa oeste da Suécia, onde se encontra sedeada a fundação. Este equipamento, embora usado, está em muitos casos em boas condições ou quase novo. É cedido na condição de ser encaminhado para usufruto ou benefício de pessoas com deficiência ou incapacidade, sendo proibida a sua comercialização. [Consultado em http://fundacaoagape-portugal.w ebnode.pt/sobre-agape-/]

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As etapas de criação do BETA foram fundamentais para consolidar e afirmar o serviço. Com inicio em 26 de dezembro de 2012, no descarregamento do camião com PA usados, 13 toneladas de material, doados pela Fundação AGAPE prevenientes da Suécia, originou uma serie de etapas e medidas sucessivas. Após a descarga do material, foi fundamental proceder ao inventário e organização do mesmo, de modo, a separar, organizar e agrupar os diferentes tipos de PA e partes extras (como apoio de pés, apoios de braços, entre outros), para facilitar o seu rastreamento e posterior manutenção e reparação dos mesmos. Sucedendo a criação da oficina de reparação, equipada com ferramentas e equipamentos para permitir a manutenção, reparação e limpeza dos PA. Estas tarefas começaram desde logo a ser executadas e até atual momento (Março de 2014), funcionam ao encargo de voluntários. A reunião com as várias instituições de apoio a pessoas com deficiência e idosos e representantes do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Centro Distrital de Segurança Social de Vila Real, deu-se no sentido do esclarecimento sobre os objetivos do BETA, com intuito de incentivar a criação de uma rede de Bancos de PA a nível distrital e de avaliar formas de colaboração e parceria.

A Tabela 16 apresenta alguns pontos fortes e fracos do BETA. Importante salientar nos pontos fortes, a quantidade e diversidade de PA, o espaço (dimensão e organização/disposição do PA) e a colaboração de profissionais e estudantes em Engenharia de Reabilitação. Essencialmente, a coligação destes três permite um serviço com mais oferta e qualidade. Quanto aos pontos fracos, realça-se os recursos humanos e financeiros, e horário de funcionamento, que restringem o serviço.

Tabela 16- Pontos Fortes e Pontos fracos do BETA

BETA

Pontos fortes: Pontos fracos:

- Quantidade e diversidade de Produtos de Apoio; - Espaço;

- Portal de Informação na Internet; - Serviços de Aconselhamento, Demonstração,

Reparação e Engenharia de Reabilitação; - Experiência e Conhecimento.

- Recursos humanos; - Recursos Financeiros; - Horário de funcionamento; - Articulação com outros serviços; - Capacidade de avaliar condições económico-

sociais.

A colaboração e participação como voluntária no serviço BETA, permitiu o contacto direto com um serviço do tipo reutilização de PA, e foi fundamental para perceber a dinâmica, funcionamento e necessidade do mesmo. Com a cooperação e observação no BETA em paralelo com pesquisa bibliográfica, referente aos IQ para reutilização de PA e manutenção dos PA, concedeu conhecimentos, curiosidades e perspetivas mais realistas, executáveis e viáveis aos mesmos.

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Esta experiência prática e direta, foi fulcral para perceber na experiência alguns conceitos teóricos, e enriquecedora pois permitiu um melhor encadeamento de ideais, coesão e agrupamento de conceitos e dados, para a conceção e desenvolvimento das diretrizes/ linhas orientadoras de IQ aos serviços e inspeção dos PA.

As figuras seguintes, Figura 54, Figura 55 e Figura 56, ilustram, respetivamente, o descarregamento do camião com material, oficina do BETA com exemplos de algumas reparações a PA, e a organização e disposição do material pertencente ao banco de empréstimo

Figura 54- Descarregamento do camião com material

Figura 55- Oficina do BETA e Exemplos de algumas reparações a PA

Descarregamento do camião com material

Exemplos de reparações a PA Oficina

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Figura 56 - Organização e Disposição do material

PA para higiene e banho Andarilhos, canadianas e bengalas Cadeiras de rodas e andarilhos com rodas

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5.2.1.1 Centro de Tecnologias de Apoio: “Pensar o Futuro”

O Centro de Tecnologias de Apoio “Pensar o Futuro”, Figura 57, foi uma iniciativa temporária, que aconteceu durante os dias 12, 13 e 14 de dezembro de 2013, organizada pelo CERTIC/UTAD. Consistiu numa demonstração temporária à população e interessados, correspondendo ao funcionamento de Centro que o CERTIC ambiciona e projeta para o futuro, em parceria com várias instituições locais, com a finalidade de disponibilizar centenas de PA vocacionados para a autonomia de pessoas com deficiência, idosos e acamados, em contextos de habitação, educação, recreação e atividades da vida diária.

Figura 57- Folheto e mapa do Centro de Tecnologias de Apoio

Com esta iniciativa, procurou-se mostrar o funcionamento de um centro com serviços de informação e aconselhamento, avaliação e demonstração, formação, exposição empresarial, e ainda o banco de empréstimo de tecnologias de apoio, com serviços de reparação e manutenção, bem como engenharia de reabilitação, para personalizar, adaptar ou conceber algum equipamento

A demonstração realizada nos dias 12, 13 e 14 de dezembro de 2013, apresentou cinco salas temáticas: quarto e casa de banho adaptada (Figura 58), cozinha adaptada (Figura 59), produtos para mobilidade (Figura 60), produtos para a comunicação e informação (Figura 61), recreação e lazer (Figura 62). Juntamente com os espaços reservados ao BETA (como se

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pode observar na Figura 56 e Figura 55); espaço destinado a formação; espaço para a exposição de empresas de PA; e espaço reservado ao serviço de informação, prescrição e financiamento de PA.

Figura 58- Quarto e casa de banho adaptada

Figura 59- Cozinha Adaptada

Quarto e casa de banho adaptada

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Figura 60- Produtos para a Mobilidade

Figura 61- Sala com os PA para a comunicação e informação

Figura 62- Sala com os PA para Recreação e Lazer

Produtos para a Mobilidade

PA para a comunicação e informação

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A iniciativa incluiu ainda, no dia 12, o colóquio "Serviços de Tecnologias de Apoio no Distrito de Vila Real", que teve como objetivos principais: (1) Ponto de situação dos serviços SPS de Vila Real; (2) Partilhar experiências; e (3) Futuro de SPS de PA. Ao longo do colóquio, foram várias as exposições e partilha de experiências relativa à reutilização de PA, por parte dos profissionais presentes das mais diversificadas áreas e representantes de serviços ligados aos PA. Dos desafios e discussão gerados, importante realçar, (1) o enfâse à necessidade de serviços da natureza do BETA e do Centro; (2) a relevância em criar estratégias de parcerias e articulação das instituições, convergindo para um desafio maior de funcionamento em rede; e (3) reunir e partilhar técnicas, recursos, serviços e PA.

Novamente, a colaboração e participação como voluntária na simulação do Centro, permitiu o contacto direto com um serviço maximizado e completo, numa escala de maior grandeza e potencialidades. Com a cooperação e observação no Centro em paralelo com pesquisa bibliográfica relativa a programas da mesma dimensão em outros países , concedeu conhecimentos, curiosidades e perspetivas mais realistas, executáveis e viáveis aos mesmos. Esta experiência prática e direta foi enriquecedora para perceber o dinamismo de outros programas com PA, em maior escala e oferta de serviço. Perceber a dinâmica, funcionamento e necessidade do mesmo na primeira pessoa, relevou e destacou o papel de um Engenheiro de Reabilitação num programa desta tipologia.

5.2.1.2 Papel do Engenheiro de Reabilitação num serviço de reutilização de PA

O BETA privilegia do contacto e participação direta dos estudantes de Engenharia de Reabilitação, sendo uma das mais-valia do serviço. E a sua articulação com CERTIC/UTAD, para além de permitir aos alunos testar e aplicar conhecimentos adquiridos teoricamente na prática, corresponde a uma rampa de lançamento, na medida que impulsiona e alicia a futuros projetos e investigações pelos mesmos.

Por definição, considera-se Engenharia de Reabilitação, como a profissão ou atividade orientada para a aplicação da ciência e da tecnologia na m elhoria da qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais, nomeadamente pessoas com deficiência e idosos. Envolve a Funcionalidade Humana, a Acessibilidade e a aplicação de qualquer tipo de tecnologia. Esta definição inclui parcialmente algumas atividades de engenharia (projetar, desenvolver, adaptar, testar, avaliar, aplicar e distribuir soluções tecnológicas) e apresenta o tradicional entendimento da atuação da Engenharia de Reabilitação com a finalidade de resolver problemas relacionados com a funcionalidade humana em duas vertentes: (1) funções do corpo (mobilidade, comunicação, audição, visão e cognição); (2) atividades e

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participação (emprego, vida independente, educação e integração na comunidade). (GODINHO, 2010)

Do perfil traçado e objetivos à formação em Engenharia de Reabilitação, e considerando os serviços de reutilização de PA, salienta-se a capacidade e sensibilidade do profissional em avaliar, selecionar, aconselhar, personalizar, adaptar, integrar, instalar e instruir o uso de PA disponíveis comercialmente de forma adequada às necessidades específicas de cada cliente; e a aptidão e habilidade para reparar, fazer manutenção, adaptar e criar PA, sempre com a finalidade de proporcionar maior autonomia, integração, participação e qualidade de vida às pessoas com algum tipo de necessidade ou incapacidade.

Um serviço de reutilização de PA que possua um Engenheiro de Reabilitação na sua equipa, oferece e apresenta maiores potencialidades e competências, dispondo de capacidades com maior grau de flexibilidade, adaptação e criação, convergindo para resultados com mais oferta, diversificados e com carácter de maior qualidade.

5.2.2 Diretrizes para PA reutilizados e IQ para serviços de reutilização

As diretrizes para PA reutilizados (Manutenção, Reparação e Limpeza: Passo-a-Passo) e IQ para serviços de reutilização (Linhas orientadoras) têm como objetivo ser um meio de maximizar e otimizar os serviços nacionais de empréstimo de PA. Pretende-se que, os serviços e programas de reutilização de PA portugueses adotem e adaptem as orientações e indicações ao seu caso, tendo em consideração a seu perfil de programa, dimensão e tipologia. Mas sempre com finalidade de proporcionar, um serviço e PA, com maior qualidade e que apresentem condições que não comprometam a segurança e bem-estar do utilizador.

Tabela 17- Localização das diretrizes ao longo da dissertação

Diretrizes

IQ dos serviços de reutilização Inspeção PA reutilizados

Capítulo 3 Serviços de Reutilização dos PA