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EUROPEIA DE INVESTIGAÇÃO (ENQUANTO AUTORIDADE JUDICIÁRIA DE EMISSÃO E DE EXECUÇÃO) ENQUADRAMENTO JURÍDICO, PRÁTICA E GESTÃO PROCESSUAL

I. Introdução I Objectivos

3. Gestão processual – principais conselhos para o preenchimento do formulário da DEI IV Hiperligações e referências bibliográficas

I. Introdução

“Mas uma vez que a Europa não é uma federação como os Estados Unidos da América, os intermediários responsáveis por dar vida à democracia são os governos nacionais”.

Jacques Delors

“Os criminosos e os terroristas não conhecem fronteiras. Dotar as autoridades judiciárias com a decisão europeia de investigação ajudá-las-á a cooperar eficazmente para combater a criminalidade organizada, o terrorismo, o tráfico de droga e a corrupção. As autoridades judiciárias passarão a ter um acesso rápido aos elementos de prova onde quer que estes se encontrem na UE. Convido todos os Estados-Membros a aplicarem esta decisão o mais rapidamente possível, a fim de intensificarmos a nossa luta comum contra a criminalidade e o terrorismo. Em Junho, vamos também debater soluções com os Estados-Membros para facilitar a recolha e o intercâmbio de elementos de prova electrónicos. É tempo de modernizar inteiramente os instrumentos de que as autoridades judiciárias dispõem para conduzir as investigações”, palavras proferidas pela Comissária responsável pela Justiça, Consumidores e

Igualdade de Género na Comissão Europeia, Vera Jourová, no dia 22 de Maio de 20171, data limite dada aos Estados Membros para transpor nos respectivos ordenamentos jurídicos, a Directiva 2014/41/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de Abril, relativa a Decisão Europeia de Investigação em matéria penal.

*Agradecimentos: "Um sonho que sonhes sozinho é apenas um sonho. Um sonho que sonhes em conjunto com outros é realidade". Por isso, um grande obrigado a todos os meus colegas (MP e MJ) do 33.º Curso, e aos que nos acompanharam nesta longa caminhada!... Um até já……

REGRAS APLICÁVEIS AO INTERROGATÓRIO DE ARGUIDOS NO ÂMBITO DA DECISÃO EUROPEIA DE INVESTIGAÇÃO – DEI (ENQUANTO AUTORIDADE JUDICIÁRIA DE EMISSÃO E EXECUÇÃO)

7. Enquadramento jurídico, prática e gestão processual

Com a nova Directiva, as instituições europeias visaram dotar os Estados Membros de um novo instrumento europeu em matéria de cooperação judiciária penal na obtenção de prova, substituindo um sistema complexo e fragmentado de obtenção de prova, ao dispor das autoridades judiciárias em casos de dimensão transnacional, num sistema simplificado e único. No seu plano quinquenal (2010-2014), delineado em 2010, o Conselho Europeu considerou que “devem ser prosseguidos os trabalhos com vista à criação de um sistema global de

obtenção de provas nos casos com dimensão transfronteiras, com base no princípio do reconhecimento mútuo. Os instrumentos existentes neste domínio constituem um regime fragmentário. É necessária uma nova abordagem, que seja baseada no princípio do reconhecimento mútuo e tenha em conta a flexibilidade do sistema tradicional de auxílio judiciário mútuo. Este novo modelo poderá ter um âmbito mais lato e deverá cobrir o maior número possível de tipos de prova, tendo em conta as medidas em questão”2, constituindo uma clara aposta no fortalecimento e na consolidação da segurança no espaço da União Europeia. Como resultado dos objectivos traçados pelo Conselho Europeu, surge a Directiva 2014/41/UE que consubstanciou o mais recente instrumento legislativo da União Europeia, bem como um marco importante na área da cooperação judiciária europeia em matéria penal, um instrumento jurídico europeu fundado e alicerçado no princípio do reconhecimento mútuo das decisões das autoridades judiciárias dos Estados-Membros da União Europeia.

Assim, em 21 de Agosto de 2017, foi publicada a Lei n.º 88/2017 que aprovou o regime jurídico da emissão, transmissão, reconhecimento e execução de decisões europeias de investigação em matéria penal, transpondo para o nosso ordenamento jurídico a Directiva 2014/41/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de Abril de 2014, e revogando, assim, a Lei n.º 25/2009, de 5 de Junho, que estabelecia regime jurídico da emissão e da execução de decisões de apreensão de bens ou elementos de prova na União Europeia, em cumprimento da Decisão Quadro n.º 2003/577/JAI, do Conselho, de 22 de Julho, entrando em vigor no dia seguinte à sua publicação, nos termos do artigo 50.º do mencionado diploma.

Decorreram quase dois anos desde a entrada em vigor do regime jurídico da Decisão Europeia de Investigação, doravante DEI, que balanço poderemos fazer do novo instrumento de cooperação, quais as dificuldades e obstáculos encontrados em Portugal, como autoridade de emissão e como autoridade de execução, quais os procedimentos e regras a ter em consideração, designadamente quanto à efectivação do interrogatório de arguidos, na fase de inquérito.

Dificilmente, poderemos dizer que os auditores do 33.º Curso, no decurso do 2.º ciclo de formação, não tiveram contacto com a realidade da DEI, seja como autoridade de emissão, seja como autoridade de execução, nas suas respectivas comarcas.

Pelo que, dúvidas não subsistem de que o tema deste Guia é de extrema actualidade, assim como de uma grande importância prática no mundo judiciário.

2 PROGRAMA DE ESTOCOLMO — UMA EUROPA ABERTA E SEGURA QUE SIRVA E PROTEJA OS CIDADÃOS (2010/C 115/01), 3.1.1., página 12- disponível in

https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:52010XG0504(01)&from=PT

REGRAS APLICÁVEIS AO INTERROGATÓRIO DE ARGUIDOS NO ÂMBITO DA DECISÃO EUROPEIA DE INVESTIGAÇÃO – DEI (ENQUANTO AUTORIDADE JUDICIÁRIA DE EMISSÃO E EXECUÇÃO)

7. Enquadramento jurídico, prática e gestão processual

Assim, procuraremos debater, numa perspectiva prática, as regras aplicáveis ao interrogatório do arguido, enquanto autoridade judiciária emissora de uma Decisão Europeia de Investigação e, enquanto autoridade judiciária executora de uma Decisão Europeia de Investigação emitida e remetida por uma Autoridade Judiciária de um Estado-Membro da União Europeia.

II. Objectivos

O presente Guia pretende proporcionar aos Magistrados do Ministério Público, seus principais destinatários, uma breve abordagem teórica e prática da Decisão Europeia de Investigação, bem como, uma abordagem prática sobre as regras a ter em conta quanto ao interrogatório de arguido, aquando da emissão de uma Decisão Europeia de Investigação para outro estado membro, bem como aquando da execução de uma Decisão Europeia de Investigação emitida por Autoridade Judiciária de um Estado- Membro para ser executada em território nacional, e subsequente gestão processual em ambas as situações.

Com a elaboração deste Guia pretendeu-se que o leitor, no final, fosse capaz de distinguir, na prática, por um lado, os procedimentos a ponderar na emissão da Decisão Europeia de Investigação, na fase de inquérito, para proceder ao interrogatório do arguido, acto processual legalmente obrigatório (vide acórdão STJ de Fixação de Jurisprudência n.º 1/2006, de 23-11-

2005, in DR, n.º 1, Série I A de 2-01-2006: A falta de interrogatório como arguido, no inquérito, de pessoa determinada contra quem o mesmo corre, sendo possível a notificação, constitui a nulidade prevista no artigo 120.º, n.º 2, alínea d), do Código de Processo Penal., sublinhado

nosso) e por outro lado, os procedimentos a ter em atenção no reconhecimento e execução de

uma Decisão Europeia de Investigação emitida por autoridade judiciária de outro estado- membro, designadamente quanto à possibilidade de recusa na execução da Decisão Europeia de Investigação emitida, nos termos do artigo 22º, n.º 1, da Lei n.º 88/2017 e artigo 11.º, n.º 1, da Directiva 2014/41/UE.

Na parte relativa à prática e gestão processual, propositadamente, indicaremos os requisitos e pressupostos exigíveis para a emissão da Decisão Europeia de Investigação e os passos a percorrer no preenchimento do anexo I para emissão de uma Decisão Europeia de Investigação, com a finalidade de se proceder ao interrogatório do arguido na fase de inquérito, como Autoridade Judiciária nacional com competência para ordenar o acto, os prazos para reconhecimento e execução de uma Decisão Europeia de Investigação emitida por outro Estado-Membro.

Espera-se, pois, que os objectivos traçados sejam alcançados e que o Guia cumpra a sua função.

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7. Enquadramento jurídico, prática e gestão processual

III. Resumo

O presente Guia divide-se em três partes: uma primeira mais dogmática e as duas últimas mais práticas.

Na primeira parte, por considerarmos que o enquadramento teórico e histórico do presente diploma revela-se de uma grande importância, iremos abordar os trabalhos preparatórios que presidiram a elaboração da Directiva, criador do novo instrumento de obtenção de prova na cooperação europeia, em matéria penal. Destacaremos numa primeira parte, a importância do papel do programa de Estocolmo e as razões que determinaram a elaboração da nova Directiva 2014/41/UE, expostas nos seus próprios considerandos. Assim, uma breve resenha histórica impõe-se quanto aos instrumentos europeus, anteriormente em vigor ao dispor das autoridades europeias, no quadro de obtenção e transmissão de meios de prova, no domínio da cooperação judiciária, em matéria penal, para entender a sua evolução e consolidação no espaço da União Europeia.

Feito este breve enquadramento jurídico e histórico da implementação da Decisão Europeia de Investigação no espaço Europeu, com excepção da Dinamarca e da Irlanda, procederemos a uma exposição sumária do âmbito geral de aplicação da Decisão Europeia de Investigação, as finalidades, as regras, os procedimentos e garantias de emissão e de execução, os intervenientes processuais. No tocante aos sujeitos processuais, e de acordo com o tema do presente guia, faremos uma abordagem sobre o conceito de autoridade judiciária de emissão, preconizado no espaço da União Europeia, e sobre o sujeito processual, objecto do presente guia, o arguido, direitos e garantias que lhe assiste no nosso ordenamento jurídico e o seu destaque na publicação da recente legislação europeia, com impacto na execução ou emissão de uma Decisão Europeia de Investigação, aquando do seu interrogatório.

Na segunda parte [Regras aplicáveis ao interrogatório de arguidos no âmbito da Decisão

Europeia de Investigação (enquanto autoridade judiciária de emissão e de execução)] é feita

uma análise teórico-prática, por um lado, sobre os requisitos e pressupostos que devem presidir para a emissão da Decisão Europeia de Investigação (artigos 4.º, 5.º e 11.º da Lei n.º 88/2017, e artigos 3.º, 4.º e 6.º da Directiva 2014/41/UE), e procedimentos a adoptar na emissão da Decisão Europeia de Investigação, no tocante ao conteúdo a indicar para a realização do interrogatório do arguido (artigo 6.º da Lei n.º 88/2017 e artigo 5.º, da mencionada Directiva), por outro lado, sobre os procedimentos de reconhecimento e execução, e a possibilidade de recusa de execução de uma Decisão Europeia de Investigação (artigos 18.º, 20º, 21º e 22º da Lei n.º 88/2017 e artigos 9.º, 10.º, 11.º da indicada Directiva), assim como, sobre os prazos de reconhecimento e de execução e motivos de adiamento (artigos 26.º e 24.º da Lei n.º 88/2017, artigos 12.º e 15.º da Directiva), e finalmente, a indicação dos meios de impugnação que assiste ao arguido, quanto à execução da Decisão Europeia de Investigação, e os seus efeitos (artigo 45.º da Lei n.º 88/2017 e artigo 14.º da Directiva)

A terceira e última parte (Prática e gestão processual) centra-se, essencialmente, na apresentação dos formulários a preencher, quer seja para a emissão de uma Decisão Europeia

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7. Enquadramento jurídico, prática e gestão processual

de Investigação (anexo I da Lei n.º 88/2017 e anexo A da Directiva), quer para confirmação da recepção de uma Decisão Europeia de Investigação (anexo II da Lei n.º 88/2017 e anexo B da Directiva), emitida por outro Estado-Membro.

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