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Capítulo II – Produção, qualidade e decomposição da serapilheira em um cerrado sentido

2.5. Análise estatística dos dados

3.1.2. Produção de serapilheira no período pós-fogo (2006/7 a 2007/8)

No primeiro ano pós-fogo (junho de 2006 a maio de 2007) as parcelas dos tratamentos NP e P apresentaram, respectivamente, maior e menor produção de serapilheira total e foliar em relação ao tratamento controle (Tabela 1; Figuras 5A e 5C). Já no segundo ano pós-fogo, (junho de 2007 a maio de 2008), não ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos para a produção de serapilheira total e foliar (Figuras 5B e 5D). A produção de serapilheira miscelânea foi significativamente superior nas parcelas do tratamento NP no primeiro ano (Figura 5E) e nas parcelas dos tratamentos P e NP no segundo ano pós-fogo (Figura 5F).

No primeiro ano pós-fogo, a produção de serapilheira nas parcelas do tratamento controle foi maior nos meses de setembro, novembro e abril (serapilheira total) (Figura 6) e em setembro, abril e maio (serapilheira foliar) (Figura 8). Maiores produções mensais de serapilheira total (Figura 6) e foliar (Figura 8) foram observadas em abril e maio nas parcelas dos tratamentos Ca e N, e em agosto, abril e maio nas parcelas do tratamento P (o tratamento NP apresentou diferença na produção de serapilheira total entre meses). A serapilheira miscelânea apresentou maior produção nos meses de abril nas parcelas dos tratamentos controle, Ca, N e P, entretanto, os tratamentos controle e P também produziram mais miscelânea em janeiro (controle) e maio (P). Não foi observada diferença na produção mensal de serapilheira fração miscelânea nas parcelas do tratamento NP (Figura 10).

No segundo ano pós-fogo ocorreu maior produção mensal de serapilheira total em agosto e setembro nas parcelas do tratamento controle, em agosto nas parcelas do tratamento N, e em agosto e novembro nas parcelas do tratamento P (Figura 7). Maiores produções de serapilheira foliar foram observadas nos meses junho e julho nas parcelas dos tratamentos N e NP, em julho, agosto e setembro nas parcelas do tratamento controle, em agosto no tratamento Ca, e em agosto e setembro no tratamento P (Figura 9). A produção mensal de serapilheira fração miscelânea foi superior no mês de novembro nas parcelas dos tratamentos controle, Ca, N e NP, sendo que as parcelas do tratamento NP também apresentaram maiores produções nos meses de janeiro e fevereiro (Figura 11).

A produção de serapilheira fração miscelânea mostrou alta variabilidade em alguns meses e tratamentos, o que refletiu em grande variabilidade nos valores de produção total. Os tratamentos P e NP, especialmente esse último, apresentaram um nítido incremento na produção de galhos e cascas. Na segunda coleta de novembro de 2006, um coletor instalado em uma parcela do tratamento controle apresentou grande massa de serapilheira miscelânea. Este fato também foi observado em janeiro de 2007 e janeiro / fevereiro de 2008 nos tratamentos Ca, P e NP. Entre os meses de novembro e fevereiro é comum a ocorrência de chuvas com altas intensidades, potencializando a queda de estruturas vegetais como pequenos galhos e fragmentos de ritidoma. No mês de janeiro de 2008 a precipitação média mensal registrada foi de 379, 7 mm, o que equivale a maior precipitação mensal do período analisado (Estação climatológica do IBGE).

Figura 5. Produção de serapilheira total (kg.ha-1) no primeiro (junho de 2006 a maio de 2007) (A) e no segundo ano pós-fogo (junho de 2007 a maio de 2008) (B); produção de serapilheira foliar (kg.ha-

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) no primeiro (C) e no segundo ano pós-fogo (D); produção de serapilheira miscelânea (kg.ha-1) no primeiro (E) e no segundo ano pós-fogo (F) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. * indica diferenças com o tratamento controle (Dunnett; p<0,05)

Figura 6. Produção mensal de serapilheira total (kg.ha-1) durante o primeiro ano pós-fogo (junho de 2006 a maio de 2007) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças na produção mensal (Bonferroni, p<0,05)

Figura 7. Produção mensal de serapilheira total (kg.ha-1) durante o segundo ano pós-fogo (junho de 2007 a maio de 2008), em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças na produção mensal (Bonferroni, p<0,05)

Figura 8. Produção mensal de serapilheira fração folhas (kg.ha-1) durante o primeiro ano pós-fogo (junho de 2006 a maio de 2007), em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças na produção mensal (Bonferroni, p<0,05)

Figura 9. Produção mensal de serapilheira fração folhas (kg.ha-1) durante o segundo ano pós-fogo (junho de 2007 a maio de 2008), em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças na produção mensal (Bonferroni, p<0,05).

Figura 10. Produção mensal de serapilheira fração miscelânea (kg.ha-1) durante o primeiro ano pós- fogo (junho de 2006 a maio de 2007), em um cerrado sentido restrito, submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças na produção mensal (Bonferroni, p<0,05)

Figura 11. Produção mensal de serapilheira fração miscelânea (kg.ha-1) durante o segundo ano pós- fogo (junho de 2007 a maio de 2008), em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam o desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças na produção mensal (Bonferroni, p<0,05).

Tabela 1. Produção de serapilheira fração folhas, miscelânea e gramínea (média ± dp; kg.ha.ano-1) e as respectivas porcentagens em relação à produção total (entre parênteses) nos anos 2005 (período pré-fogo), 2006/7 e 2007/8 (período pós-fogo) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. * representa diferenças significativas com o tratamento controle (Dunnet, p>0,05).

Trat.

C Folhas Miscelânea Gramínea Total

2005 1812,24 ± 368,80 (85,43%) 304,33 ± 25,01 (14,35%) 4,75 ± 2,52 (0,22%) 2121,32 ± 376,30 2006/7 599,93 ± 89,38 (54,42%) 483,63 ± 473,14 (43,87%) 18,94 ± 11,25 (1,72%) 1102,50 ± 241,97 2007/8 819,94 ± 128,33 (76,26%) 240,82 ± 137,65 (22,4%) 14,48 ± 9,16 (1,35%) 1075,22 ± 172,63 Ca 2005 1694,65 ± 279,92 (87,06%) 250,93 ± 133,67 (12,89%) 0,84 ± 0,59 (0,04%) 1946,42 ± 410,42 2006/7 635,67 ± 392,53 (67,18%) 299,63 ± 198,69 (31,67%) 10,92 ± 4,73 (1,15%) 946,22 ± 589,69 2007/8 814,24 ± 164,13 (64,47%) 424,13 ± 219,59 (33,58%) 24,68 ± 15,30 (1,95%) 1263,05 ± 58,89 N 2005 1172,64 ± 380,43 (73,07%) 408,45 ± 246,69 (25,61%) 13,49 ± 8,99 (0,85%) 1594,58 ± 442,73 2006/7 704,79 ± 392,54 (67,59%) 316,57 ± 124,07 (30,36%) 21,36 ± 1,29 (2,05%) 1042,72 ± 440,07 2007/8 784,10± 250,03 (73,07%) 267,44 ± 115,06 (24,92%) 21,56 ± 11,26 (2,01%) 1073,11 ± 305,84 P 2005 1400,90 ± 655,02 (86,30%) 218,59 ± 133,99 (13,47%) 3,79 ± 1,55 (0,23%) 1623,28 ± 770,16 2006/7 364,03 ± 128,36 (53,84%)* 287,41± 38,16 (42,51%) 24,67 ± 7,93 (3,65%) 676,11 ± 140,12* 2007/8 617,51 ± 246,57 (42,21%) 806,62 ± 376,49 (55,14%)* 38,82 ± 21,29 (2,65%) 1462,95 ± 420,22 NP 2005 1635,65 ± 261,22 (77,0%) 476,08 ± 417,02 (22,41%) 12,39 ± 15,04 (0,58%) 2124,12 ± 666,52 2006/7 850,55 ± 142,57 (29,90%)* 1967,04 ± 1065,91 (69,14%)* 27,26 ± 9,68 (0,96%) 2844,85 ± 884,71* 2007/8 614,34 ± 92,27 (46,74%) 663,07 ± 262,69 (50,45%)* 37,00 ± 41,60 (2,81%) 1314,41 ± 531,14

3.1.3. Produção de serapilheira nos 32 meses de análise (entre janeiro e agosto de 2005 e entre junho de 2006 e maio de 2008).

A produção de serapilheira para cada tratamento, e as respectivas diferenças na produção entre os períodos pré e pós-fogo (primeiro e segundo ano) foram apresentados na tabela 2. Analisando todo o período de coleta, observa-se acentuada redução na produção de serapilheira total e foliar no primeiro ano pós-fogo (Figuras 13 e 14). O tratamento NP apresentou redução menos acentuada na produção de serapilheira total neste período (Figura 13), devido principalmente a fração miscelânea, que apresentou visível aumento no primeiro ano pós-fogo (Figura 15). Foram observadas maiores produções durante os meses da estação seca nas parcelas de todos os tratamentos (Figuras 13, 14 e 15). A produção de serapilheira total entre janeiro de 2005 e julho de 2008 diferiu entre tratamentos e anos. As parcelas do tratamento NP apresentaram produção de serapilheira total significativamente superior ao observado nas parcelas do tratamento controle e nas parcelas dos demais tratamentos, que não se diferenciaram. (Tabela 2, Figura 12(A)). Comparando a produção de serapilheira total entre os anos em cada tratamento, a produção observada nas parcelas dos tratamentos controle, N e Ca foi maior no período pré-fogo e não diferiu entre os dois anos pós-fogo. Entretanto, as parcelas do tratamento P produziram mais serapilheira total no período pré-fogo, seguido do segundo e do primeiro ano pós-fogo. Já o tratamento NP produziu mais serapilheira total no primeiro ano pós-fogo, e não apresentou diferença significativa entre o período pré-fogo e o segundo ano pós-fogo (Tabela 2).

Para serapilheira foliar, as parcelas do tratamento P apresentaram menor produção em relação à produção observada nas parcelas dos tratamentos controle, N, Ca e NP, que não se diferenciaram (Tabela 2, Figura 12(B)). Maiores produções de serapilheira foliar foram observadas no período pré-fogo nas parcelas de todos os tratamentos. Não foram observadas diferenças na produção entre os anos no período pós-fogo, com exceção do tratamento P, que apresentou maior produção no segundo ano. Foram observadas reduções de 66,9% (controle), 62,4% (Ca), 39,9% (N), 74,% (P) e 47% (NP) na produção de serapilheira no primeiro ano pós-fogo em relação ao período pré-fogo (Tabelas 1 e 2).

As parcelas do tratamento NP apresentaram maior produção miscelânea que os demais tratamentos, que não diferiram significativamente entre si (Figura 12 (C)). A produção de serapilheira miscelânea não apresentou diferença entre os anos em todos tratamentos, com exceção do tratamento NP, que apresentou maior produção no primeiro ano pós-fogo (Tabela 2).

Tabela 2. Produção de serapilheira (média ± desvio padrão, kg.ha-1) em 32 meses (2,67 anos) e comparação entre os anos de produção de serapilheira total, fração folha, miscelânea e gramínea e suas respectivas porcentagens em relação a produção de serapilheira total (entre parênteses), em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização.* representa diferenças significativas com o tratamento controle (Dunnett, p>0,05).

Figura 12. Produção de serapilheira total (a) (kg.ha-1), serapilheira foliar (b) e serapilheira fração miscelânea (c) durante o período entre 2005-2008 (32 meses de coleta) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam os desvios padrão da média. * indica diferença de produção média com o tratamento controle (Dunnett; p<0,05).

Trat. Folhas Miscelânea Gramíneas Total

C 3232,7 ± 236,2 (75,18%) 1028,7 ± 564,8 (23,93%) 38,1± 21,4 (0,89%) 4299,0 ± 518,4 2005 > 2006/7 = 2007/8 2005 = 2006/7 = 2007/8 2005 > 2006/7 = 2007/8 Ca 3144,5 ± 606,0 (75,67%) 974,6 ± 379,8 (23,45%) 36,4 ± 11,9 (0,88%) 4155,7 ± 871,5 2005 > 2006/7 = 2007/8 2005 = 2006/7 = 2007/8 2005 > 2006/7 = 2007/8 N 2661,5 ± 926,8 (71,73%) 992,4 ± 302,2 (26,75%) 56,4 ± 18,6 (1,52%) 3710,4 ± 1029,4 2005 > 2006/7 = 2007/8 2005 = 2006/7 = 2007/8 2005 > 2006/7 = 2007/8 P 2382,4 ± 544,9 (63,32%)* 1312,6 ± 515,5 (34,89%) 67,2 ± 19,7 (1,79%) 3762,3 ± 851,5 2005 > 2006/7 < 2007/8 2005 = 2006/7 = 2007/8 2005 > 2006/7 < 2007/8 NP 3100,5 ± 622,6 (49,35%) 3106,1± 1031,9 (49,44%)* 76,6 ± 40,8 (1,22%) 6283,3 ± 1408,4* 2005 > 2006/7 = 2007/8 2005 < 2006/7 > 2007/8 2005 = 2006/7 > 2007/8

Figura 13.Produção mensal de serapilheira total (kg.ha-1) durante o período entre 2005 e 2008 (32 meses de coleta) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam os desvios padrão da média. As linhas sem conectividade entre agosto de 2005 e junho de 2006 representam a queimada ocorrida na área.

Figura 14. Produção mensal de serapilheira fração folha (kg.ha-1) durante o período entre 2005 e 2008 (32 meses de coleta) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam os desvios padrão da média. As linhas sem conectividade entre agosto de 2005 e junho de 2006 representam a queimada ocorrida na área.

Figura 15. Produção mensal de serapilheira fração miscelânea (kg.ha.mês-1) durante o período entre 2005 e 2008 (32 meses de coleta) em um cerrado sentido restrito submetido a tratamentos de fertilização. Barras representam os desvios padrão da média. As linhas sem conectividade entre agosto de 2005 e junho de 2006 representam a queimada ocorrida na área