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CAPÍTULO V Da Educação Especial

PROPOSTA DETRABALHO PARA O 1º SEMESTRE DO ANO DE

3.2.3 Professores da Classe Comum: Cultura Digital

Analisando as experiências citadas e os questionários respondidos por professores da escola, acreditamos que as possibilidades que se abrem no contexto educacional partindo do livro didático e do quadro de giz ao laboratório de informática (sala de aula?) ainda fazem com que alguns professores sintam certa insegurança mediante os desafios apresentados pelo computador e internet ao cotidiano escolar. Pois somos ainda quem sabe, os mesmo educadores, mas com certeza, nossos alunos já não são os mesmos.

Dessa forma, os diferentes ambientes de aprendizagem que estão surgindo dentro da escola, requerem do professor a “competência de saber trocar saberes, habilidades para construir e reconstruir com seus alunos conhecimentos significativos, para conhecer o erro como fator de construção e saber lidar com as incertezas, as transitoriedades, os problemas”. (LOPES, 2005, P.49).

Esses ambientes demandam também o exercício da humildade em aceitarmos que como migrantes do mundo virtual, não possuímos a mesma “competência” de nossos alunos nativos digitais55, e que por isso, transitam com

tranquilidade por espaços nunca antes imaginados. Daí o desafio de assumirmos nossa incompletude e buscarmos junto a eles, a troca de saberes, pois “aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.” (FREIRE, 1996, p. 42).

Neste item, apresentamos a análise de um questionário que aplicamos pessoalmente junto a nove professores do 1º ao 9º ano no exercício da docência na escola, objeto de nossa pesquisa. O que ocorreu nos intervalos das aulas, quais foram: os horários de recreio e o horário de módulo dos professores, o que nos garantiu 100% de devoluções dos mesmos. Verificamos também, a resistência de alguns professores em se permitir ousar em novas descobertas, em aceitar desafios, numa posição estática frente ao movimento.

3.2.3.1 Um dos instrumentos utilizados

O questionário foi construído de acordo com as categorias: caracterização do sujeito e objetivos do uso da tecnologia digital (computador e internet):

a) Caracterização do sujeito: para a identificação do perfil dos professores foram definidas perguntas a respeito dos dados pessoais, formação acadêmica e conhecimentos gerais sobre o computador e internet.

5555 Conceito criado por Mark Prensky, que nomeou todas as pessoas que nasceram na era da

internet e se aproveitam de todos os aparatos tecnológicos no seu cotidiano (http://www.marcprensky.com/writing/Prensky - Digital Natives, Digital Immigrants - Part1.pdf). Retirado do site: http://www.profdamasco.site.br.com/NativosDigitaisEnsinoSuperiorTexto.pdf Acessado em 03.11.2010.

A nossa amostra para as análises foi constituída por 09 professores que responderam ao questionário e neste documento serão identificados por P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8 e P9.

b) Objetivos do uso da tecnologia digital (computador e internet): as

perguntas foram elaboradas para entendermos a relação cotidiana do professor com o computador e internet.

3.2.3.2 Perfil dos Professores participantes da pesquisa

No quadro sete, é apresentado o perfil geral dos professores que responderam ao questionário.

Perfil Geral dos Professores que responderam ao questionário

Professor Ida

De Gênero Graduação Especializa-ção mento em Conheci- Informática

Ferramentas Labora- tório Infor.

P1 55 F Normal Sup. x insuficiente Jogos/aulas Às vezes

P2 35 F Ed. Física x bom Jogos/aulas sempre

P3 40 F Pedagogia x bom Software

educativo semana 01 vez

P4 40 F Artes x bom Software

educativo Às vezes

P5 42 F Artes x Muito bom Internet/

emails Sempre

P6 50 M História x regular word Às vezes

P7 45 F Geografia x bom AVA Sempre

P8 43 F Pedagogia - bom Jogos/aulas 02 vezes

semana

P9 50 F Pedagogia - bom Aulas CD sempre

Quadro 7 - Perfil Geral dos Professores que responderam ao questionário Fonte: Questionário aplicado aos participantes da pesquisa.

Pelo quadro apresentado, podemos observar que a faixa etária dos professores variou entre 35 e 55 anos. Observamos também que dos 09 participantes, apenas um é do gênero masculino.

Todos os professores possuem graduação e apenas os professores P8 e P9 ainda não fizeram especialização.

Quando questionados sobre o domínio do conhecimento em informática, observamos respostas variadas: um considerou ter conhecimento insuficiente, seis registraram ter um nível bom, um registrou como regular e apenas o P5 afirmou seu

conhecimento como muito bom. Essa variedade nas respostas nos chamou a atenção para o fato de que todos os pesquisados são professores em exercício na docência, e estão numa escola que possui laboratório de informática em pleno funcionamento, o que nos leva a considerar até que ponto os próprios professores estão incluídos digitalmente (se é que estão).

Observamos pelo relato de um dos professores que responderam ao questionário, que a classe comum ainda é considerada por ele, como único espaço de ensino e aprendizagem possível no contexto escolar. Inferimos também, pelo seu comentário, que as aulas expositivas têm na sua pessoa, o foco das atenções dos alunos.

“Olha, confesso que não sou de sair da sala com os alunos não, isso dá trabalho, exige muita disciplina. Minhas salas têm 34 alunos, na biblioteca não cabem todos, e aí? O que fazer com o restante? Sem contar que lá dentro não dá para controlar o que todos estão fazendo...” (P6).

Confirmamos pelo seu comentário que o computador e a internet ainda não fazem parte de seu planejamento, uma vez que ainda é somente na classe comum que suas aulas acontecem.

De acordo com o gráfico três, de nove professores entrevistados, seis relataram que em sua prática docente o predomínio das estratégias de ensino e aprendizagem, incide sobre a aula expositiva no espaço da classe comum.

O gráfico de setores de figura a seguir ilustra a porcentagem de professores que utilizam estratégias de ensino variadas ou não.

Figura 3 - Gráfico de setores categorizados / Predominância de Estratégia de Ensino e Aprendizagem Aula expositiva 06: 67% Dinâmicas de grupo 02 22% Leitura de textos pelos alunos 01 11%

Predominância de Estratégia de Ensino e Aprendizagem / 09 professores

Alguns destes professores apresentam resistências em levar os alunos para outro espaço que não seja o da sala de aula (mesmo considerando que esses espaços já são seus velhos conhecidos, pois fazem parte da escola desde a sua inauguração), talvez por não compreenderem que estes espaços também são de construção de conhecimento.

3.2.3.3 Objetivos do uso da tecnologia digital (computador e internet)

A segunda parte do questionário está relacionada às questões do dia-a-dia do professor e sua relação com o computador e internet no uso pedagógico do planejamento de suas aulas.

Foram questionadas qual ou quais ferramentas do computador e internet (e mails, chats, grupos de discussão, softwares educativos, AVA, outros), ele já usou pedagogicamente com seus alunos. Com essa pergunta, buscamos sondar se os professores conheciam e ou utilizavam ferramentas ou programas mais interativos com seus alunos, proporcionando maior autoria e autonomia no uso da tecnologia digital.

Dos nove professores que responderam a essa pergunta, 01 professor já utilizou e-mails e fez pesquisa na internet, 06 trabalham com softwares educativos, apenas 01 já utilizou o AVA e 01 utiliza apenas o editor de texto para digitar as provas.

“Uma vez por semana levo os alunos ao laboratório de informática para que eles possam “descansar” um pouco da sala de aula. Lá temos várias aulas que podemos substituir do nosso planejamento” (P 3).

“No horário agendado no laboratório, utilizo algumas aulas que já estão no computador com atividades de separação de sílabas, formar palavras ou frases, adição”... e só. (P9).

Por essa realidade, podemos dizer que os professores ainda não participaram de nenhum curso de formação continuada que contemplasse o uso do computador e internet na educação, ou sala de aula. Conforme afirma Porto (2000) a responsabilidade pela busca do conhecimento e pela atualização pedagógica, está nas mãos do sujeito.

Apesar de os professores já utilizarem da tecnologia digital disponibilizada pela e na escola em suas atividades pedagógicas, as suas atitudes revelam ainda uma concepção tradicional de educação que subutilizam em alguns casos (computador e internet) as possibilidades de tais recursos. O que demonstra a carência de uma política de formação continuada que contemple a inclusão daqueles professores no processo de informatização da escola.

Fato este, que denuncia uma arcaica relação sujeito objeto, por ora maquiada pelos recursos tecnológicos, uma vez que utilizam o computador para o desenvolvimento de atividades que antes eram apresentadas no quadro verde da classe comum. Podemos inferir assim que o sentido tradicional da sala de aula transcende as quatro paredes.

3.2.4 Da Sala de Aula para o Ciberespaço: Uma Experiência de Autoria e