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5. Formação Profissional

6.1. Atividades Desenvolvidas pela Candidata no Âmbito dos Programas de

6.1.2. Programa de Erradicação da Brucelose Bovina

O programa abrange todas as explorações de bovinos de vocação reprodutiva, de recria com destino à reprodução e as consideradas de risco de todo o país, com exceção da região do Algarve, onde está implementado um Programa Plurianual de Vigilância da Brucelose Bovina, de 2012-2016, e das ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Santa Maria e Faial, uma vez que já estão todos reconhecidos como oficialmente indemnes da doença.

Nas restantes regiões de Portugal continental, pelo facto da percentagem de efectivos infetados ser inferior a 1% do total de efetivos, é efectuado apenas um controlo serológico anual a todos os animais com mais de 12 meses de idade de modo a que as explorações mantenham o seu estatuto de oficialmente indemnes. Nos efetivos não indemnes, todos os animais com idade superior a 6 meses são reinspecionados à brucelose, as vezes necessárias

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para que a exploração possa atingir de novo o estatuto de indemne ou oficialmente indemne de brucelose. Nas explorações exclusivamente de recria e acabamento não são feitos rastreios aos animais por terem como destino o abate.

As medidas previstas no Programa ao longo do tempo permitiram diminuir os níveis de infeção da doença em determinadas regiões conseguindo-se delimitar as zonas infectadas e respectivas áreas limítrofes, onde se incluiu já a vacinação com vacina RB51 há vários anos e que presentemente são zonas das áreas das Direções de Serviço do Norte (Unidade Epidemiológica (UE) de Montalegre e UE de Ribeira de Pena) e do Alentejo e ainda da região autónoma dos Açores, as ilhas de S. Miguel, S. Jorge e Terceira.

Todas as explorações de reprodução abrangidas pelo Programa têm um estatuto sanitário atribuído com base no Decreto-Lei n.º 244/2000 de 27 de setembro:

B4 – Oficialmente indemne

B4S – Oficialmente indemne suspenso B3 – Indemne

B3S – Indemne suspenso

B2 – Não indemne em saneamento B2.1 – Não indemne infetado

A classificação atribuída às explorações é da competência dos Serviços Veterinários Regionais (SVR), regulando assim a movimentação de animais entre as mesmas. Apenas é possível essa movimentação efetuar-se sem restrições entre explorações indemnes ou oficialmente indemnes de brucelose, sendo que nas explorações com classificação suspensa ou não indemne apenas poderão enviar animais com destino ao matadouro sob autorização e supervisão dos SVR.

O Programa de Erradicação da Brucelose baseia-se no diagnóstico da doença em vida, através das provas laboratoriais: teste de Rosa de Bengala (RB) e teste da Fixação do Complemento (FC) como prova de confirmação, no abate dos animais positivos, indemnização dos produtores e restrição do movimento dos animais existentes nas explorações afetadas. Nas explorações leiteiras é também reconhecida como prova de diagnóstico a prova de ELISA do leite, sendo efetuadas duas por ano com pelo menos três meses de intervalo entre elas. Na primeira são também analisados serologicamente os machos e as fêmeas que não estão em lactação.

O saneamento anual dos efetivos através da prova de RB permite manter o seu estatuto de indemnidade. Caso surjam resultados positivos, confirmados pela prova de FC, serão efetuados os controlos que estão previstos no fluxograma da figura 4:

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Figura 4 – Fluxograma dos estatutos sanitários da brucelose bovina (Fonte: adaptado de Anexo do Programa Nacional de Erradicação da Brucelose Bovina de 2015).

As medidas previstas no Plano de Erradicação da Brucelose Bovina compreendem o abate sanitário por parte dos Serviços Veterinários Oficiais (SVO) dos animais positivos à prova de FC, sendo os proprietários notificados do sequestro imposto à exploração e indemnizados do valor a que têm direito por lei pelo abate dos animais positivos. A esses mesmos animais, desde que não provenham de explorações já classificadas em B2.1 (infetadas), são colhidas amostras no matadouro que depois são enviadas ao INIAV para exame bacteriológico. No caso das explorações B2.1 consideram-se também positivos para abate sanitário os reagentes apenas ao RB, desde que haja pelo menos um animal positivo à FC e as fêmeas até aos 12 meses, filhas de mães positivas ou reagentes ao RB são também abatidas. É ainda efetuado um inquérito epidemiológico (IE) às explorações infetadas no prazo de 15 dias após a confirmação do isolamento bacteriológico.

São efetuadas ao restante efetivo as reinspeções à brucelose preconizadas no fluxograma anterior de modo a poder ser novamente reclassificado em indemne ou oficialmente indemne.

A brucelose bovina é uma doença de declaração obrigatória desde 1953 pelo Decreto-Lei n.º 39209 de 14 de maio, prevendo também o Decreto-Lei n.º 244/2000 de 27 de setembro a

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obrigatoriedade da notificação dos abortos, por parte do produtor ao médico veterinário da OPP, que enviará material ao laboratório para diagnóstico bacteriológico e comunicará aos serviços veterinários a situação para estes por sua vez procederem à realização de inquérito epidemiológico.

Sob determinadas condições como: a não melhoria da situação sanitária de uma exploração ao fim de um ano; a confirmação do isolamento de Brucella ou caso as condições epidemiológicas de uma determinada área geográfica assim o justifique, pode haver uma proposta de abate total do efetivo, sendo esta acompanhada do inquérito epidemiológico e do termo de compromisso do produtor em como cumprirá um período de vazio sanitário da exploração de 180 dias e as limpezas e desinfecções da mesma antes do repovoamento com novos animais.

Os objetivos, atribuições e responsabilidades deste programa são em tudo semelhantes aos já descritos para a tuberculose bovina, sendo de salientar que é o INIAV ou os laboratórios creditados para o efeito, que lançam os resultados das provas de RB e FC no PISA, sendo depois estes validados pelas DAV, ficando disponíveis para consulta pelas OPP.

Os diversos intervenientes neste programa têm que cumprir com as suas regras, sendo por isso alvo de avaliação e controlo pela DGAV. São por exemplo supervisionados os diversos prazos como: o conhecimento dos resultados, o abate dos positivos, o cumprimento das reinspeções, etc., tudo isso porque a melhoria da situação sanitária das explorações depende de uma otimação das regras do programa, que tem como objetivo alcançar a indemnidade dos efetivos, diminuindo também a infeção humana, o que traz incalculáveis benefícios sócio- económicos para o país.