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3 A FORÇA TERRESTRE EM OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

3.9. PROGRAMA DE INSTRUÇÃO MILITAR

O COTER é o órgão responsável pelo emprego e pelo adestramento das tropas em Op GLO. Por meio de diretrizes e programas de instrução militar, esse órgão mantém o preparo e o adestramento das tropas da F Ter, buscando manter as tropas em condições de atuarem na Garantia da Lei e da Ordem em todo território nacional.

Anualmente, o COTER elabora o Programa de Instrução Militar (PIM) que regula, no âmbito nacional, a instrução e o adestramento das tropas, coordena os exercícios operacionais e estágios no âmbito da F Ter. Tem como premissa básica que o preparo da tropa para GLOé uma ação preventiva permanente, e que deverá abranger a Capacitação Técnica e Tática do Efetivo Profissional e o adestramento

antecipado do Efetivo variável (Ev). A tropa deve seradestrada para o emprego da força legalmente permitida. O adestramento intensivo criará os reflexos necessários para que a resposta à eventual agressão perpetrada pela força adversa seja legítima, eficaz, adequada e sem hesitações. Em qualquer situação, a tropa deve estar adestrada para o uso proporcional e suficiente da força.

Como condicionante da instrução militar no preparo da Força para ações de GLO, os Comandos Militares de Área (CMA) deverão atentar, na implementação da instrução relativa a GLO, para os seguintes aspectos: hipóteses de emprego em GLO, fundamentos legais do emprego da tropa, limites de ação da tropa, emprego dos sistemas operacionais, integração de meios e de órgãos destinados à GLO, segurança orgânica, segurança nas comunicações, operações psicológicas, comunicação social e procedimentos, técnicas e táticas em GLO, uso proporcional da força.

O Programa-Padrão (PP) de instrução de Garantia da Lei e da Ordem (experimental), documento expedido pelo COTER para nivelar e regular de maneira específica o adestramento das tropas, ressalta que: a execução dos tiros de combate, regulados nas Instruções Gerais de Tiro para os Armamentos do Exército (IGTAEx- IG 80-01), com suas respectivas adaptações para o emprego na GLO, incluindo o uso de munições não-letais, deve ser conduzida durante a Instrução Preliminar do agrupamento ou, eventualmente, durante o próprio exercício de

campanha programado. Da mesma forma, a orientação sobre a execução da

instrução e do adestramento básico das unidades de polícia do exército destaca a intensificação da instrução da tropa com munição não-letal (química e de borracha) e com a espingarda calibre 12, utilizando munição letal e não-letal (química e de borracha).

3.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo procurou-se demonstrar a concepção da missão do Exército Brasileiro, dentro da missão constitucional que define o emprego das Forças Armadas, com base no artigo 142 da Carta Magna, nas leis Complementares Nr 97/99 e Nr 117/04, que, integradas ao Decreto Nr 3867/2001, respaldam o emprego das FA em missões de Garantia da Lei e da Ordem.

Apesar da proteção jurídica das Leis e Decreto já elencados, no entendimento do Ministro da Defesa Nelson Jobim há a necessidade de se criar um estatuto jurídico especial para o emprego das FA em GLO em situações de crise, como declarou ao jornal O Estado de São Paulo em 09 de maio de 2009:

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem no Rio que deverá apresentar até julho uma proposta para a criação de um estatuto jurídico especial para o emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em situações de crise. Na prática, a legislação regularia o uso de tropas federais em ações urbanas de segurança pública. O ministro quer evitar que militares sejam processados pelo resultado de ações em áreas conflagradas diante do vácuo jurídico sobre o tema. "Precisamos ter um estatuto jurídico próprio para não reproduzir os problemas jurídicos que surgiram contra soldados e sargentos que atuaram na operação em favelas do Rio entre 1994 e 1995", disse o ministro, em entrevista após a cerimônia militar do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. Jobim se referiu à Operação Rio, que levou homens do Exército a favelas diante de uma escalada de violência. A operação, que terminou sem resultados significativos, foi autorizada pelo então presidente Itamar Franco, mas gerou processos individuais na Justiça comum movidos por supostos prejudicados pela ação de soldados, sargentos e oficiais de baixa patente.

Jobim informou que trabalha na redação para o estatuto especial e pretende discuti-lo no governo até o fim do semestre para levar o tema a debate nas comissões de Defesa e Relações Exteriores do Senado e da Câmara dos Deputados. Ele não informou, no entanto, se a regulamentação poderá ser feita por projeto de lei ou emenda constitucional. "Espero ter um desenho inicial para fazer um debate com a sociedade em julho", disse o ministro. "Seria retirar a disciplina jurídica do direito comum para uma regra especial." O ministro é contra o emprego prolongado das Forças Armadas sem um respaldo jurídico além da Lei Complementar 117, de 2004, que regula as condições de emprego das Forças Armadas mas é vaga sobre as atribuições nas ações. O estatuto especial seria uma forma de dar mais tranquilidade aos militares nesse tipo de ação, como a convocada para dar segurança à campanha eleitoral no Rio no ano passado

(O Estado de São Paulo-09 de maio de 2009)

No Sistema de Planejamento do Exército, regulado pela Estratégia Militar de Defesa e pela Doutrina Militar de Defesa, foi visto como o Exército está articulado para cumprir essa missão, definindo-se a hipótese de emprego e a doutrina de emprego, baseada nas estratégias da presença e da dissuasão.

A Diretriz de Planejamento Operacional (DPOM) norteia o emprego da Força Terrestre em Op GLO, dando ênfase no emprego prioritário das OM PE, por utilizarem armamento não-letal, objeto de estudo desse trabalho, nas operações de controle de distúrbio. A DPOM ressalta, ainda, a importância em se manter adestrada e preparada uma F Con por C Mil A para cumprir missões de GLO.

O COTER, no programa de instrução militar e no programa-padrão de instrução de GLO (experimental), destaca a preparação dos efetivos profissionais e

da antecipação da instrução do efetivo variável, buscando preparar, rapidamente, a tropa para emprego em Op GLO. Ressalta, também, importância na execução do tiro com armas não-letais e o emprego de artefatos não-letais pelas tropas de PE.

Pode-se inferir que o emprego das tropas do Exército em Op de GLO está aumentando, em função das conjunturas nacionais de greve de Polícias Militares, Movimentos Sociais de luta pela terra, segurança de autoridades estrangeiras, dentre outras, como demonstra o gráfico abaixo:

Gráfico 01- Número de Operações realizadas no período de Janeiro a Maio 2009 Fonte: COTER

De acordo com o COTER há, ainda, 13 operações em andamento, totalizando 67 Organizações Militares e mais de 2800 militares empregados em Operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Os dados acima, acrescidos das ordens e diretrizes de emprego, reforçam cada vez mais a necessidade de adestramento das tropas do Exército, principalmente as que utilizam armamento e munição não-letal, pois o treinamento incompleto ou com restrições de uso podem trazer conseqüências graves para as operações, como efeitos colaterais de lesão corporal grave ou até mesmo a morte de integrantes das FAdv. Não se pode esquecer que a FAdv é composta de brasileiros que, por motivos relevantes ou não, estão descontentes e resolvem expor esses sentimentos de forma agressiva às normas legais. Cabe à F Ter convencê-los, pela dissuasão, a desistir voluntariamente ou, pelo uso da força controlada, forçá-los a desistir de lutar.

Nr Operações Realizadas em 2009

1 0 0 9 1 1 4 CM A CM NE CM O CM P CM L CM SE CM S

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