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7 CONCLUSÃO

7.1 REFLEXOS PARA A CADEIA DE SUPRIMENTO

O Coronel da reserva do Exército dos Estados Unidos, John B. Alexander, proferiu uma palestra na Latin America Aerospace & Defense (LAAD), ou seja, Feira Internacional Latino-americana de Defesa & Aeroespacial, em 15 de abril de 2009, na qual enfatizou a necessidade de treinamento e de supervisão no emprego de armamento não-letal. Alexander destacou que: “os comandantes, em todos os níveis, devem orientar seus subordinados na utilização do armamento não-letal, estabelecendo regras de engajamento e revendo os locais de impacto para cada tipo de munição. Deve-se selecionar o homem mais adestrado para as armas de maior complexidade e risco”. Para o EB empregar esse tipo de armamento em Op GLO é necessário que as tropas, principalmente as de PE e de Gd, estejam muito bem adestradas, pois armamento não-letal não se pode apanhar na reserva de armamento ou no paiol e ser entregue a qualquer militar despreparado.

7.1.1 Aumento do consumo de munição não-letal

O primeiro reflexo para a cadeia logística de suprimento para o emprego de armamento não-letal em Op GLO é o aumento no consumo de munição. A Estratégia Nacional de Defesa prevê no capítulo referente à Garantia da Lei e da Ordem que o adestramento das Forças Armadas deverá prever a capacitação de tropa para o cumprimento das missões de Garantia da Lei e da Ordem, nos termos

da Constituição Federal. Desta forma, deve-se investir mais no adestramento da tropa. O maior adestramento implica em maiores gastos na aquisição do material não-letal, necessitando de mais recursos para esta atividade.

O aumento do uso de armas não-letais pelas Polícias Militares e Guardas Municipais dos estados brasileiros tem motivado positivamente a sociedade brasileira no emprego dessas armas para se conter uma rebelião, greves e outros tipos de manifestação. Com isso, a opinião pública passa a exigir a mesma postura das FA quando empregadas em Op GLO. O uso de armas de guerra para conter manifestações de cidadãos brasileiros não é a melhor opção e sim a última.

Os guardas municipais do Rio usarão a partir do início de junho armas não- letais para combater pequenos delitos. Na ação, serão utilizados sprays com gás de pimenta, armas com emissão de ondas elétricas e armamentos com bala de borracha. A utilização de armas não-letais será implantada inicialmente no Leme, na zona sul do Rio. (Folha On Line-25/05/09)

7.1.2 Óbices da Lei 8.666/93

Em praticamente em todas Op GLO realizadas pelo EB nos estados brasileiros, os recursos necessários para aquisição de armamento não-letal foram recebidos após o início das operações. Adiciona-se o prazo para realização do processo licitatório se não houver a dispensa de licitação para os casos previstos em lei, o empenho do crédito e o recebimento dos materiais e a distribuição. Nessas circunstâncias, a tropa empenhada na operação ocupa seus postos, utilizando somente as armas de guerra, enquanto o ideal seria estar portando os dois tipos, armas letais e não-letais, podendo o combatente optar em empregar um ou outro, de acordo com as regras de engajamento, a situação e o ambiente operacional.

A D Abst tem utilizado as modalidades de licitação previstas na lei 8.666/93, com destaque para a modalidade pregão eletrônico, para adquirir o armamento não- letal. Durante o processo licitatório, principalmente na confecção do edital, a diretoria tem encontrado dificuldade em especificar o tipo de material não-letal a ser adquirido, utilizando as referências dos artefatos não-letais fabricados pela CONDOR Tecnologias Não-letais. Esta empresa é a grande fabricante desse tipo de material no mercado brasileiro e ao se utilizar as referências da marca CONDOR, o pregão eletrônico é impugnado por não atender ao princípio da livre concorrência, ou seja, não se pode associar o objeto da licitação a uma marca ou fábrica. Desta forma

a compra de armamento não-letal segue o mesmo procedimento da compra de canetas esferográficas, por exemplo, já que a legislação imposta não faz diferença quanto à natureza do objeto. Isso se torna um óbice no momento em que não se pode optar pela compra do material não-letal mais adequado, com as especificações técnicas mais seguras para a tropa sem sofrer processo de impugnação por outros concorrentes que oferecem material de qualidade inferior.

Para solucionar esse problema, a própria Estratégia Nacional de Defesa, prevê modificações na legislação referente ao regime jurídico e econômico especial para compras de produtos de defesa junto às empresas nacionais, com propostas de modificação da Lei 8.666 de junho de 1993. Essa modificação da lei, dando prioridade às indústrias nacionais, vai facilitar a aquisição e a padronização de materiais para o EB.

7.1.3 Necessidade de órgão gerenciador de armamento não-letal

A atual cadeia Logística de Suprimento do EB tem atendido às necessidades da F Ter, pois as restrições orçamentárias não sobrecarregam o sistema de aquisição, armazenamento e distribuição de armamento não-letal. Porém, com o crescente emprego do EB em Op de GLO e com as implementações previstas na Estratégia Nacional de Defesa (END), em que a F Ter deverá atuar com maior amplitude no cenário interno, sem deixar de se preparar para a defesa externa, poderá acontecer uma sobrecarga no sistema logístico.

Deste modo, o EB poderia implantar o modelo norte-americano, que concentrou a supervisão, o desenvolvimento, a implantação e o gerenciamento de armas não-letais em uma diretoria, chamada de Diretoria Conjunta de Armas Não- Letais (Joint Non-Lethal Weapons Directorate – JNLWD).

Nos EUA, a JNLWD é responsável pelos avanços tecnológicos das armas não-letais, pesquisando os efeitos de seu emprego em diferentes cenários e os aperfeiçoamentos necessários para se atingir o efeito não-letal. Tem a capacidade, ainda, de gerenciar a aquisição e a distribuição dessas armas, colocando-as, com rapidez, à disposição da tropa americana designada para missões de Paz, e outras que se fizerem necessárias, em diversas partes do globo.

No EB a criação de um órgão semelhante poderia aumentar o nível de operacionalidade da F Ter, uma vez que todo processo de desenvolvimento, aquisição, armazenamento e distribuição ficaria a cargo de uma só estrutura. Para isso, deve ser incluída uma equipe do DCT, para conjuntamente com as empresas brasileiras como a CONDOR, desenvolverem novos materiais para emprego pelo EB nas Op de GLO.

Como sugestão, esse órgão poderia compor a Base de Apoio Logístico do Exército, recentemente criada no Rio de Janeiro, pois o DCMun, o BMA e o DCArmt estão subordinadas a essa base. O CTEx e a fábrica da CONDOR também se localizam no estado do Rio de Janeiro o que facilitaria o trabalho conjunto para o desenvolvimento de novos materiais não-letais. Outro fator é a facilidade de utilização dos meios de transportes civis e militares, nos modais aéreo, marítimo e rodoviário, permitindo distribuir o armamento não-letal em qualquer parte do território nacional com rapidez.

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