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Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (Procel-Edifica)

3.5 TIPOS DE CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS UTILIZADAS NO BRASIL NA ÁREA

3.5.4 Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (Procel-Edifica)

O Procel-Edifica é um Plano de Ação para promover a Eficiência Energética em Edificações, visando construir as bases necessárias para racionalizar o consumo de energia nas edificações no Brasil. Foi instituído em 2003 pela ELETROBRÁS/PROCEL e atua de forma conjunta com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, 24 universidades, centros de pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor da construção civil. A metodologia desenvolvida pelo PROCEL foi obtida após cinco anos de pesquisa de uma comissão composta pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da UFSC (LabEEE). A metodologia distingue dois tipos de classificação de edificação, quais sejam, Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (publicada em 2009 e revisada em 2010) e residenciais (publicada em 2010) (PROCEL INFO, s.d.).

Para que uma edificação comercial, de serviço e pública receba a etiqueta do Procel- Edifica precisa ser analisada segundo o desempenho de três sistemas: envoltória, iluminação e

condicionamento de ar e eventuais bonificações. Para as edificações residenciais se avaliam o desempenho dos sistemas de envoltória, de aquecimento de água e eventuais bonificações (PROCEL INFO, s.d.).

Cada um dos dois tipos de classificação de edificação têm os requisitos para ser elegível a certificação, pré-requisitos gerais da edificação e pré-requisitos específicos para cada sistema avaliado. Para obter a classificação geral do edifício, as classificações por sistemas individuais devem ser avaliadas, resultando em uma classificação final e a classificação do nível de desempenho da edificação pode ficar entre “A” (mais eficiente) até “E” (menos eficiente) (INMETRO, 2010a).

Além dos pré-requisitos apresentados, que são avaliados nos dois tipos de edificação, é possível obter bonificações por meio de iniciativas que promovam a melhoria da eficiência da edificação, no entanto, para que sejam aceitas precisam ser justificadas e a economia gerada deve ser comprovada (INMETRO, 2010b).

A classificação do nível de desempenho energético do edifício pode ser obtida via método prescritivo ou via simulação computacional. O método prescritivo visa a classificação das edificações segundo equações e tabelas fornecidas nos regulamentos, já no método de simulação, o edifício proposto é certificado ao apresentar consumo energético inferior ao apresentado pelo edifício de referência correspondente à etiqueta pretendida (INMETRO, 2010a).

Após a classificação geral do nível alcançado é emitida a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) que pode ser concedida em três fases: para o projeto do edifício, para o edifício pronto (após a obtenção do alvará de conclusão de obra) e para o edifício existente, após reforma (PROCELINFO, s.d.).

3.5.4.1 Nível de desempenho energético de edifícios comerciais, de serviços e públicos Os requisitos técnicos e os métodos para classificação para esses edifícios são feitos utilizando-se o Regulamento Técnico de Qualidade para edifícios comerciais, de serviços e públicos (RTQ-C). Para ser elegível a aplicação dos requisitos técnicos e os métodos para classificação do RTQ-C os edifícios devem ser condicionados, parcialmente condicionados ou não-condicionados, podem ser edifícios de uso misto, tanto de uso residencial e comercial, como de uso residencial e de serviços ou de uso residencial e público, porém, devem ter suas parcelas não residenciais avaliadas separadamente (INMETRO, 2010a).

Após atendido o requisito de elegível a aplicação dos requisitos técnicos e os métodos para classificação do RTQ-C, verifica-se os pré-requisitos gerais e após os pré- requisitos específicos de cada sistema (envoltória, iluminação e condicionamento de ar). Os pré-requisitos gerais e específicos serão apresentados de maneira resumida, não é necessário que todos os pré-requisitos sejam cumpridos para obter-se a certificação, sendo que quando não são atendidos o nível de classificação da edificação será menor (INMETRO, 2010a, p.18).

a) Pré-requisitos gerais da edificação:

- Possuir circuito elétrico para medição centralizada por uso final. (Exceto hotéis com desligamento automático para quartos, edificações com múltiplas unidades autônomas, construção anterior a jun/2009);

- Aquecimento de água (= ou > 10% do consumo de energia): Comprovar que 100% da demanda de água quente é atendida por sistema de aquecimento solar, aquecedor a gás instantâneo, bombas de calor ou caldeira a gás, atendendo aos requisitos estabelecidos para cada um;

- Elevadores: para edifícios existentes é necessário o acionamento com inversor de frequência, para os edifícios construídos após o RTQ-C o acionamento deve ser microprocessado com inversor de frequência e frenagem regenerativa, e máquinas sem engrenagem.

b) Pré-requisitos específicos do sistema de envoltória:

- Transmitância térmica: são estabelecidos os limites máximos da transmitância térmica da cobertura e das paredes externas, de acordo com a Zona Bioclimática em que se encontra o empreendimento;

- Cores e absortância das superfícies: são estabelecidos os valores máximos de absortância solar para os materiais de revestimentos externo das paredes e para a cobertura, de acordo com a Zona Bioclimática do empreendimento;

- Iluminação zenital: é estabelecido o valor máximo do fator solar dos vidros, de acordo com a percentagem de abertura zenital das coberturas.

c) Pré-requisitos específicos do sistema de iluminação:

- Divisão dos circuitos: define que cada ambiente fechado por paredes ou divisórias até o teto deve possuir pelo menos um dispositivo de controle manual para o acionamento independente da iluminação interna do ambiente e a disposição dos controles manuais de acionamento da iluminação dos ambientes;

- Contribuição da luz natural: define que deve haver um controle independente, manual ou automático, para o acionamento da fileira de luminárias mais próximas à janela, no caso de haver mais de uma. Assim, este pré-requisito prevê o aproveitamento da luz natural nos ambientes;

- Desligamento automático do sistema de iluminação: define que sistemas de iluminação de ambientes com uma determinada metragem devem possuir um dispositivo automático para o desligamento da iluminação, o qual pode ser programado, por exemplo, em função do horário ou de sensores de ocupação. d) Pré-requisitos específicos do sistema de condicionamento de ar:

- Sistemas de condicionamento de ar regulamentados pelo INMETRO: encontram-se em tabelas atualizadas com classes de eficiência energética com os requisitos mínimos de eficiência para as categorias de condicionadores de ar tipo Janela e condicionadores de ar tipo Split;

- Sistemas de condicionamento de ar não regulamentados pelo INMETRO: os sistemas e aparelhos que não se enquadram no item acima deverão atender requisitos mínimos estabelecidos para cada nível de classificação a ser obtido. Nos pré-requisitos gerais a classificação do nível depende do atendimento aos parâmetros técnicos estabelecidos do RTQ-C, já nos pré-requisitos específicos dos sistemas, o nível de classificação depende da ponderação do atendimento dos pré-requisitos com o nível de classificação técnico estabelecido no RTQ-C para cada sistema. Para avaliar cada sistema individualmente utilizam-se equivalentes numéricos (EqNum), valor numérico de pontos correspondente à determinada eficiência, que variam de 1 a 5, onde o nível E=1 e nível A=5.

Os sistemas, envoltória, iluminação e condicionamento de ar, são avaliados separadamente e em cada um os níveis de classificação variam de “A” até “E” e para a classificação geral as avaliações parciais recebem pesos, distribuídos da seguinte forma:

a) Envoltória = 30%

b) Sistema de Iluminação = 30%

c) Sistema de Condicionamento de Ar = 40%

O nível de classificação geral da edificação será obtido de acordo com valor do equivalente numérico dos três sistemas, sendo o nível A o mais eficiente, conforme a tabela 2. Após a obtenção da classificação do edifício, é concedida a Etiqueta Nacional de Conservação

de Energia (ENCE) que pode ser geral com avaliação de toda a edificação dos três sistemas e as bonificações, ou pode ser parcial de três tipos, somente do sistema de envoltória, ou envoltória e iluminação, ou envoltória e condicionamento de ar, cujo formato é apresentado na figura 6.

Tabela 2 - Níveis de eficiência da ENCE em função da pontuação alcançada

Fonte: INMETRO, 2010b, p. 18.

Figura 6 - Exemplo de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE)