• Nenhum resultado encontrado

Capítulo I – Estudo da cobertura vacinal das vacinas integradas e não integradas no

1.3 Programa Nacional de Vacinação

Portugal ladeou a evolução mundial da vacinação sendo a vacina contra a varíola, em 1812, a primeira recomendação para vacinação universal gratuita. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) inicia-se oficialmente em 1965, caraterizando-se por um conjunto de vacinas gratuitas, com disposição à totalidade da população, seguindo diretrizes técnicas e um calendário recomendado (2,3,11).

Já antes de 1965 algumas vacinas eram administradas à população portuguesa, no entanto, com coberturas muito inferiores às alcançadas pelo PNV. Seguidamente, em 1973 em regime de campanha, é lançada a vacinação anti sarampo (VAS), sendo que em 1977, devido à erradicação mundial, a vacina anti varíola deixa de ser obrigatória. Em 1987, a vacinação universal contra a parotidite e a rubéola é inserida no PNV sendo as vacinas administradas em combinação com a vacina do sarampo (VASPR) (3,11).

Para efeitos de registo das vacinações em 1965 é criado o Boletim Individual de Saúde e em 1999 as vacinas contra a hepatite B e o Haemophilus influenza tipo b são inseridas no PNV. O PNV tem sofrido atualizações ao longo dos anos adaptando-se ao desenvolvimento científico e tecnológico, às alterações epidemiológicas das doenças, às atitudes dos cidadãos em relação às medidas preventivas, ao desenvolvimento social e à evolução dos serviços de saúde, reconhecendo-se a redução da morbilidade e da mortalidade provocadas pelas doenças alvo de vacinação e reconhecendo-se também o grandioso benefício das vacinas (2,3,11,16).

Para um melhor controlo das doenças é necessário um sistema nacional de vigilância efetivo para recolher dados acerca da morbilidade e mortalidade provocado por certas doenças no sentido de detetar potenciais surtos e implementar medidas de controlo e erradicação. Assim, em 1998 a União Europeia (decisão nº2119/98/EC do Parlamento Europeu) criou uma “Rede para a vigilância epidemiológica e controlo das doenças transmissíveis na Comunidade” com o objetivo de uniformizar as medidas de vigilância das doenças infeciosas e em 1999 a OMS publicou normas e definições a usar nestes sistemas (17).

Infelizmente, algumas comunidades não aceitam a administração de vacinas formando bolsas com suscetibilidade aumentada às doenças por estas prevenidas, devendo ainda identificar-se discrepâncias geográficas nas coberturas vacinais. Uma possível forma de correção destas discrepâncias poderá ser através da intervenção de estruturas de saúde nestas comunidades (2). Relativamente ao PNV, este é da responsabilidade do Ministério da Saúde sendo praticado maioritariamente pelos serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e integra as vacinas consideradas mais importantes para defender a saúde da população portuguesa sendo dinâmico ou seja, sofrendo alterações nomeadamente atualizações de acordo com as necessidades da população, Integrando novas vacinas. Assim, os grandes objetivos do PNV são a manutenção da eliminação da poliomielite, a eliminação do sarampo e da rubéola e a vacinação dos adultos contra o tétano e a difteria (1,2,17).

A implementação do PNV obteve um grande sucesso e algumas das razões prendem-se com o modelo organizacional escolhido, a grande adesão e aplicabilidade por parte dos profissionais de saúde e a sua aceitabilidade por parte dos cidadãos. Outros fatores como a qualidade, eficácia e segurança das vacinas são fundamentais para o bom cumprimento do PNV. Salienta-se ainda a importância das condições de transporte, conservação, administração e interações da vacina com a pessoa vacinada (14).

Assim, a vacina pode ou não ser integrada no PNV consoante a ponderação das características da vacina, indicações, limitações/contraindicações, qualidade, eficácia/efetividade, segurança, impacto no ambiente, relação benefício/risco, capacidade de imunização em grupo, duração da imunidade induzida, compatibilidade com outras vacinas, custo/efetividade e epidemiologia da doença em Portugal (15,17).

No caso de adequação da vacina ao PNV é adaptado o melhor esquema cronológico de vacinação, considerando o intervalo e doses necessárias, a compatibilidade com outras vacinas e a idade de início e de limite da vacinação (2,17).

Os esquemas sugeridos são moldáveis dependendo das circunstâncias do utente, do local e da epidemiologia ou ainda motivos clínicos fundamentados (15).

O PNV a ser seguido atualmente foi aprovado em 2012 incluindo as vacinas a contra a tuberculose, a hepatite B, a difteria, o tétano, a tosse convulsa, a poliomielite, a doença invasiva por

Haemophilus influenzae do serotipo b, o sarampo, a parotidite epidémica, a rubéola, a doença

invasiva por Neisseria meningitidis do serogrupo C (MenC) e as infeções por vírus do Papiloma humano (anexo I). As principais alterações relativamente ao aprovado em 2006 dizem respeito à alteração do esquema vacinal da vacina conjugada contra a doença invasiva por MenC; antecipação da primeira dose da vacina contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola (VASPR) para os 12 meses de idade; atualização da estratégia de vacinação contra a hepatite B (VHB) e o termo da campanha de vacinação com a vacina contra infeções pelo vírus do Papiloma humano (HPV) à coorte dos 17 anos (2).

As vacinas devem ser administradas em posição sentada ou deitada de forma a prevenir quedas. As vacinas de administração intramuscular nunca devem ser no músculo nadegueiro/glúteo, sendo que antes dos 12 meses de idade, as vacinas devem ser inoculadas na coxa (exceto a BCG) e a partir dessa idade na parte superior do braço (anexo II). Após a injeção deve cumprir-se um tempo de vigilância de cerca de 30 minutos (2).

Embora muito raramente, a administração de vacinas pode provocar reações adversas graves, nomeadamente reações anafiláticas. Normalmente nos dias seguintes à administração das vacinas, regredindo em 24 a 48 horas, pode ocorrer vermelhidão, inchaço e dor no local da injeção. Alguns sintomas sistémicos frequentes são mal-estar, náuseas, tonturas, fadiga, cefaleias e mialgias por um curto período de tempo. Ainda menos frequentemente, as crianças podem desenvolver febre com duração de um ou dois dias (2,13).

Todas as reações adversas devem ser declaradas pelos profissionais de saúde ao Sistema Nacional de Farmacovigilância do INFARMED.