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4.3 Como se processou a instalação do Projeto Piloto — 1998/2001

4.3.1 Projeto de implantação

Por uma questão metodológica, na seqüência estaremos apresentando os itens conforme previstos no original: 1) Justificativa; 2) Objetivos; 3) População alvo; 4) Operacionalização; 5) Metodologia; 6) Cronograma; 7) Vagas; 8) Custos; 9) Etapas de implementação do processo.

Estaremos em alguns momentos fazendo uma síntese, remetendo ao contexto da dissertação onde estes aspectos já foram ou serão abordados, por vezes tecendo comentários. Alguns itens são apresentados na íntegra no Anexo K.

Na Justificativa uma síntese histórica enfoca que o vestibular é introduzido na legislação brasileira em 1911 como instrumento que regula o acesso ao ensino superior. Pelos conhecimentos exigidos, muitas vezes chega a adaptar o 2º grau às suas exigências, entre as quais está a habilidade dos candidatos em vencer a grande competitividade por uma vaga no ensino superior (NEIVA, 1998).

O redator do Projeto faz referência ao Documento do Conselho Estadual de Educação que aborda esta questão salientando que

o Vestibular assumiu, nessa perspectiva, posição mais relevante do que a de um mero procedimento regulador de vagas disponíveis para o efetivo de candidatos. A possibilidade de influenciar diretamente o 2ºgrau, definindo padrões e níveis ajustados às exigências de qualidade, veio contrapor-se a uma visão particular, segundo a qual o candidato deveria ser dotado de conhecimentos e habilidades considerados indispensáveis à continuidade dos estudos superiores. Em um e outro caso, a medida prevalecente decorria dos padrões de exigências do ensino superior, tornando-se o curso secundário nada mais que um reflexo das suas aparentes necessidades (NEIVA, 1998, p.1).

Salienta que a atual legislação possibilita às instituições de educação superior implantar “novas alternativas ao Vestibular” até então conhecido. Alerta que “impactos” indesejáveis “poderão ocorrer”, principalmente sobre o ensino médio, caso não sejam tomadas medidas70 para garantir “um mínimo de organicidade aos processos de seleção e de admissão” (NEIVA, 1998, p.2) e que o princípio da garantia de igualdade de oportunidades deve ser preservado no acesso ao ensino superior.

O documento se refere, ainda, à atenção despertada por iniciativas que privilegiam o “acompanhamento e avaliação do desempenho dos alunos ao longo de todo o período de estudos no ensino médio”, sendo o aproveitamento destes resultados “um dos critérios de acesso ao ensino superior”, critérios estes já adotados pelos projetos SAPIENS, PAS e PEIES.

70 O Parecer nº 98/99, emitido pelo Conselho Pleno do Conselho Estadual de Educação, tem por objetivo suprir

Na justificativa do projeto, o relator argumenta a respeito da análise dos dados coletados sobre o desempenho dos candidatos nos exames vestibulares que a ACAFE realiza, e sobre os quais promove estudos visando:

I. aprimorar o processo de admissão e de acompanhamento do desempenho dos candidatos aprovados ao longo dos seus cursos de graduação; II. gerar subsídios capazes de aprimorar procedimentos de planejamento e formulação de políticas públicas para a melhoria da qualidade do ensino médio, especialmente no campo da formação de professores (NEIVA, 1998, p. 3).

A par da experiência e infra-estrutura acumuladas com a realização do “Vestibular Unificado para o acesso às instituições de ensino superior do Sistema de Ensino do Estado de Santa Catarina” (NEIVA, 1998, p. 4), o Sistema ACAFE justifica que reúne as condições necessárias para propor um “trabalho conjunto” com a Secretaria de Estado da Educação e do Desporto, tendo como objetivos criar condições para:

I. Melhoria da qualidade do ensino médio, ajustamento de desempenho à proposta pedagógica do Estado, correção de problemas ao longo do processo;

II. Democratização das oportunidades de acesso ao ensino superior;

III. Aprimoramento do processo de formação de profissionais da educação para o ensino médio.

No entendimento do relator do projeto e da Assembléia que o aprovou, a ACAFE granjeou alguns requisitos que a credenciam para efetivar tais objetivos, ou seja:

I. Larga experiência no campo das atividades de planejamento e execução de processos seletivos para acesso ao ensino superior;

II. Capacidade de mobilização periódica de equipes técnicas altamente especializadas em atividades de preparação de provas, planejamento logístico de realização de provas, processamento de dados e análise e interpretação de resultados;

III. Infra-estrutura de ação capaz de assegurar cobertura homogênea sobre amplos espaços territoriais; credibilidade pública no seu campo de atividades (NEIVA, 1998, p. 3).

Quanto à “População-alvo” a ser atingida pelo projeto em questão, a Tabela 10, apresentada no início deste capítulo, oferece os dados do universo de alunos matriculados no ensino médio em Santa Catarina, no ano de 1998. A Tabela 12 a seguir, extraída do próprio texto em pauta, oferece subsídios para o melhor dimensionamento dessa população quando da implantação do empreendimento que viria a ser denominado SAEM.

Tabela 12 - Estado de Santa Catarina — 1998 — Matrícula na 1ª série do Ensino Médio

Sistemas Número de Estabelecimentos % Número de

Alunos % Federais 8 1% 1.080 1 Estaduais 509 71% 75.209 84 Municipais 16 2% 542 1 Particulares 187 26% 13.231 14 Total 720 100% 90.262 100 Fonte: (NEIVA, 1998).

Chama a atenção, neste universo, a concentração de estabelecimentos de ensino médio na rede pública estadual, abrangendo 71% das escolas e 84% dos alunos matriculados na primeira série desse nível de ensino. Esses índices tornam pertinente a preocupação com a qualidade do ensino ministrado nas escolas da rede pública, principalmente da esfera estadual, por abrangerem o maior contingente de alunos.

O Sistema ACAFE, ao propor um mecanismo de “acompanhamento e [...] avaliação de desempenho dos alunos e dos estabelecimentos escolares” do Estado de Santa Catarina, enfatiza o aspecto “de políticas mais abrangentes de melhoria da qualidade do ensino, inclusive como instrumento de apoio a processos de planejamento e de tomada de decisões” (NEIVA, 1998, p. 5) que possam interessar aos “Poderes Públicos”, ficando aqui a expectativa de compor com a Secretaria de Estado da Educação e Desporto, para que este empreendimento possa se efetivar em toda a sua inteireza.

a) Estimativa da clientela: Levando em conta tratar-se de um projeto piloto, a adesão é um aspecto relativo. A estimativa é contar com a participação de pelo menos 10% do contingente de alunos matriculados na 1ª série do ensino médio, algo em torno de 9 mil, grande parte dos quais estudam em escolas vinculadas às próprias fundações educacionais, o que dá uma certa garantia de adesão. b) Identificação dos estabelecimentos participantes: Ações de “sensibilização”

tendo como alvo escolas e alunos de ensino médio visando à adesão ao empreendimento a partir da divulgação dos “termos do projeto”. O envolvimento de escolas vinculadas ao Sistema Fundacional ocorreu na fase de preparação do projeto. O objetivo agora é ampliar este universo. O representante da Diretoria do Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação, no “Grupo de Trabalho [para] elaboração do projeto [...] manifestou interesse em participar de sua implementação” (NEIVA, 1998, p. 6).

c) Credenciamento de estabelecimentos de ensino : A idéia inicial era buscar o credenciamento das escolas, enviando informações sobre o projeto e formulário para que elas pudessem se credenciar. Uma vez credenciadas ou estabelecida a parceria, a ACAFE estaria remetendo “relatórios contendo os dados referentes à avaliação objeto do presente projeto” a que as escolas estariam se submetendo, “bem como todos os formulários e orientações para a inscrição de seus alunos”.

d) Inscrições: Neste aspecto prevalece uma prática comum aos exames vestibulares promovidos pela ACAFE. Aos alunos interessados cabe realizar a inscrição em formulário próprio, em qualquer agência do Banco do Estado de Santa Catarina. Pode ser “admitida a possibilidade de credenciamento dos

estabelecimentos de ensino médio que desejarem promover a inscrição de todos os seus alunos” (NEIVA, 1998, p. 6).

e) Divulgação: Por meio de folders e cartazes encaminhados às IES e aos estabelecimentos de ensino médio do Estado71.