• Nenhum resultado encontrado

4 PESQUISA APLICADA COM RESULTADOS E SUAS ANÁLISES

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2.3 Processos comunicacionais

4.2.3.3 Proposições

Os participantes da pesquisa indicaram, a partir de uma solicitação na entrevista, possíveis ações para aperfeiçoar os processos comunicacionais do Sistema Regional de Inovação de Curitiba e Região Metropolitana, na sequência apresentam-se alguns.

O caminho para a definição de um modelo de comunicação que atenda os anseios dos agentes passa por encontros mais frequentes entre os que demandam e aqueles que têm a possibilidade de buscar soluções (TAYLOR; ROBICHAUD, 2004; TAYLOR, 1993, 2007). Hoje as falhas de comunicação no SRI causam situações como mostra a fala a seguir.

(2.2.3.7) “Eu precisava que alguma universidade fizesse uma pesquisa no sentido de nos ajudar a melhorar esse processo.” Duas universidades presentes na reunião disseram “Nós temos a solução pronta!” Estava pronto, mas só que estava dentro de uma tese, de uma dissertação de mestrado, numa prateleira guardado. E o empresário precisava daquela ferramenta, mas se não estivesse naquele momento ali não iria ficar sabendo nunca (G3).

Mas é necessário que ações que promovam as interações sejam de fato estabelecidas, oficializadas a partir de um planejamento, de uma coordenação. (2.1.1.1) Hoje contato maior é na participação de alguns eventos esporádicos que a gente apresenta [a empresa] e integra com esse povo, é assim. Mas a gente não tem nada formalizado, eu acho que falta esse processo (E2).

Considerando o desejo de interação entre os atores, as sugestões recorrentes tratavam de eventos para reunir os atores. Entre as ações os respondentes citaram a criação de um calendário único para eventos e de um (1.2.1.6) “tutorial para fazer conexões com o ecossistema de inovação (antes/durante/depois)” (I2). Atualmente cada ator desenvolve suas próprias soluções, ainda que não sejam as ideais.

(1.2.2.2) Existe muita comunicação, o pessoal se fala, está sempre junto é... mas talvez poderia melhorar em termos de formalidade, não de burocracia, mas de ter contatos assim, talvez mais periódicos, de ter agendas já pré-definidas para as instituições se falarem, para conversarem sobre isso e de agendas comum. O que acontece hoje são alguns fóruns, alguns grupos que a gente participa e que a gente acaba discutindo as agendas daqueles fóruns de quem está controlando essas ações (F2).

A coordenação das ações comunicacionais, entre outras iniciativas, pode ser efetivada por conselhos formados por representantes de todos os atores (BALDISSERA, 2008), mas com poder de decisão (1.2.6.1-F3), uma “rede blindada de questões políticas” (1.2.3.4-C4).

Para essa formação o agente que representa o ator institucional mais atuante no sistema, indica a necessidade de se estabelecer uma organização formal na figura de um “Ente Gestor” ou uma “Entidade Gestora”. Apesar do fato de que a organização em sua essência já esteja estabelecida pela comunicação dos agentes do SRI, segundo Taylor (1993).

(1.2.1.2) E o acordo setorial, ele prevê a necessidade de um ente chamado Entidade Gestora. Essa Entidade Gestora, normalmente, ela é um ator independente, mas construído por todos os atores envolvidos “né”! Conceitualmente seria como se a gente elegesse, criasse um ente que fosse o coordenador do sistema de inovação, do ecossistema de inovação, coordenador geral, que é independente das entidades que o compõe, em comum acordo, e que vai fazer esse processo. É um modelo de governança que talvez pudesse se criar (I3).

(1.2.1.7) ... comissão que tivesse um representante do Governo, um representante da iniciativa privada, um representante da universidade, um representante dos parques tecnológicos, e aí com isso movimentasse essa rede. Eu acho que deixar só o Governo

não teriam força “pra” continuar com isso, teria que ter esses representantes aí também para fazer esse... (C3).

É possível que uma organização com mais de um representante por ator poderia evitar a sobrecarga e ampliar as possibilidades de entendimento, como indica um agente de fomento: (2.3.1.12) “a gente pode não estar se entendendo suficientemente, mas o ambiente vai provocar isso, a gente vai sair desse ambiente dialogando bem, afinando as linguagens, os códigos de discurso para que haja esse consenso” (F1).

Porém alguns entrevistados demonstram receios de que disputas internas ou políticas interfiram na atuação de uma instituição gestora, causando dissenções. Disso a preocupação em organizar uma instituição com perfil igualitário e funções ocupadas por representantes de todos os atores. Uma organização isenta de influências do poder político, mas com poder decisório. A seguir constam transcrições de algumas citações demonstrando a hesitação.

(1.2.6.2) todo mundo tem essas parcerias entre si e o que falta muito... é mais uma questão de mercado, uma questão assim, que todo mundo meio que quer ser meio que o líder ou chamar “pra” si mais a... tanto, vamos dizer assim, a responsabilidade, mas também o bônus daquilo que foi feito, interesse (F3).

(1.2.3.6)... tirar um núcleo de inovação de dentro da universidade que é praticamente impossível, é difícil porque a lei já permite que isso aconteça, então não vai ter nenhum ato do Governo, a não ser que o Governo realmente queira fazer isso, para que uma situação dessas aconteça. Porque a resposta que o Ministério do Planejamento me deu, quando fui lá conversar com eles sobre isso, “Ah você já pode fazer na Lei, é só vocês realizarem”. Aí não é em sã consciência que a Universidade vai abrir mão do seu NIT, do poder que tem sobre seu NIT “pra” fazer uma ação não vai (C4).

(1.2.6.4) Então eu acho que tem um pouquinho isso ainda, apesar do bom relacionamento das instituições, fica essa coisa de lideranças em determinadas ações (C4).

O presente item tratou dos processos de comunicação no SRI, suas variáveis e as indicações para seu aprimoramento. Nos itens a seguir são discutidos os resultados da pesquisa de campo, considerando de maneira geral os direcionamentos das comunicações no sistema e em seguida trata-se das interações a partir de cada ator do sistema pesquisado.