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A Proposta Curricular do estado de São Paulo é composta por um conjunto de medidas adotadas pelo governo estadual com relação à Educação Básica, que alterou o cotidiano das escolas públicas estaduais a partir de 2008, com o lançamento do “Programa São Paulo faz

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escola”. Como parte da política educacional assumida pelo governo estadual, a reforma curricular integra o Programa de Qualidade na Escola (PQE). Tal Programa estabelece diretrizes para a organização curricular do Ensino Fundamental e Médio nas escolas estaduais, com vistas à reorganização curricular da Educação Básica como uma das ações que pretendiam atingir as metas de melhoria do processo educacional paulista.

A Proposta Curricular do estado de São Paulo está fundamentada na Resolução SE nº 76, de 07 de novembro de 2008, que dispõe a respeito de sua implantação. O texto legal explicita, para justificar as medidas ali constantes, que as mesmas foram tomadas:

[...] à vista da necessidade de:

estabelecer referenciais comuns que atendam ao princípio de garantia de padrão de qualidade previsto pelo inciso IX do artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96;

subsidiar as equipes escolares com diretrizes e orientações curriculares comuns que garantam ao aluno acesso aos conteúdos básicos, saberes e competências essenciais e específicas a cada etapa do segmento ou nível de ensino oferecido (SÃO PAULO, 2008a, p. 165).

A mencionada Resolução passou a deliberar que a Proposta seria destinada ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, e que se constituiria em referencial para que as escolas elaborassem suas propostas pedagógicas, além de afirmar que a Proposta Curricular tem a finalidade de complementar e ampliar as Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como incorporar as propostas didáticas vigentes pelos professores em suas práticas docentes e visar ao efetivo funcionamento das escolas estaduais em uma rede de ensino.

O texto legal, acompanhando as diretrizes pré-estabelecidas em nível federal, determinava que os componentes curriculares contemplados seriam: Língua Portuguesa, Artes, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna - Inglês, Matemática, Ciência, Física, Química, Biologia, História, Geografia, Filosofia e Sociologia.

A SEE/SP, no texto da referida Resolução, informava que a Proposta Curricular seria complementada com um conjunto de documentos que serão encaminhados às escolas.

É importante observar que a nova Proposta Curricular do estado de São Paulo não teve o seu início a partir da promulgação da lei que lhe regulamentou (Resolução SE nº 76, de 07 de novembro de 2008). Na verdade, desde o final do ano de 2007, já estavam sendo encaminhadas para toda a rede, pela Secretaria da Educação, pesquisas que foram respondidas por gestores e professores, a respeito das condições de aprendizagem, e, mais especificamente, pelos gestores, a respeito das condições físicas das escolas.

No período compreendido entre os dias 18 de fevereiro e 30 de março de 2008, foi encaminhado às escolas um material intitulado “Jornal do Aluno”, organizado por diferentes

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áreas, de modo a facilitar a compreensão do aluno, e uma “Revista do Professor”, com o propósito de subsidiar a aplicação das atividades propostas no referido Jornal. A Revista do Professor colocava literalmente que:

[...] as habilidades que foram previstas para recuperar/consolidar; o modo de o professor se preparar para aplicar a aula; os recursos necessários; o modo de direcionar e motivar os alunos; o tempo previsto; o modo de organizar a classe para as tarefas; o modo de avaliar e corrigir os produtos da atividade (SÃO PAULO, 2008e, p. 13).

O Jornal do Aluno e a Revista do Professor foram subsidiados com orientações e vídeos tutoriais que apresentaram os princípios da organização do material. Esses momentos foram compartilhados pelos professores das diferentes disciplinas, professores coordenadores, diretor da escola e supervisores de ensino.

Após esse período, que se estendeu por 45 dias, chamado pela SEE/SP de recuperação inicial, os alunos passaram por uma avaliação, a qual não teve os seus resultados discutidos pelas escolas, pois eles não foram divulgados pela Secretaria.

Posteriormente a isso é que passou a ser enviado, para os professores, para a equipe gestora e para a Diretoria de Ensino, um material contendo a Proposta Curricular das 13 disciplinas do currículo.

O primeiro material enviado às escolas foi um caderno intitulado “Proposta Curricular do Estado de São Paulo”. Os temas que notadamente nos remetem às discussões a respeito da escola para um novo século foram subdivididos em:

Apresentação

1. Uma educação à altura dos desafios contemporâneos.

2. Princípios com um currículo comprometido com o seu tempo. I. Uma escola que também aprende.

II. O currículo como espaço de cultura. III. As competências como referencia.

IV. Prioridade para a competência da leitura e da escrita. V. Articulação das competências para aprender.

VI. Articulação com o mundo do trabalho. A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

1. A presença das Ciências da Natureza na sociedade contemporânea. 2. A aprendizagem na área das Ciências da Natureza na Educação Básica. 3. O que ensinar em Ciências, Biologia, Física e Química.

A Matemática e as áreas do conhecimento Por que uma área específica para Matemática? A área de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias

A área de Ciências Humanas e suas Tecnologias (SÃO PAULO, 2008d, p. 2, grifos originais).

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O objetivo da Proposta Curricular é que todas as escolas do estado devem funcionar, de fato, como uma rede. Nesse sentido, a Secretaria da Educação passou a produzir e encaminhar às escolas subsídios que incidem diretamente não só em sua organização, como também na sala de aula. O propósito apresentado pela SEE/SP é de garantir uma base comum de conhecimentos e de competências para todos os alunos.

O primeiro documento básico encaminhado às escolas apresentava princípios orientadores que, segundo os mentores da Proposta, iriam desencadear “[...] uma escola capaz de promover as competências indispensáveis ao enfrentamento dos desafios sociais, culturais e profissionais do mundo contemporâneo” (SÃO PAULO, 2008d, p. 3). O documento situava a escola na sociedade do conhecimento e apontava os principais problemas enfrentados pelos jovens na atualidade, propondo orientações para a prática educativa, no sentido de que as escolas devem preparar os jovens para esse novo tempo, priorizando a competência de leitura e de escrita. A escola proposta e desejada pela Secretaria da Educação é definida como: “[...] um espaço de cultura e de articulação de competências e conteúdos disciplinares” (SÃO PAULO, 2008d, p. 3). Observa-se que esse pensamento vem ao encontro das discussões realizadas entre estudiosos da área (CANÁRIO, 2006; IMBERNÓN, 2000; RIGAL, 2000).

O segundo documento integrante da Proposta Curricular denominava-se “Gestão do Currículo na Escola”. Essa publicação foi composta por dois volumes: Caderno do Gestor 1 e Caderno do Gestor 2. No ano de 2008, esse material foi dirigido às unidades escolares, sendo voltado aos dirigentes, diretores, professores coordenadores, assistentes técnico-pedagógicos e supervisores, com a finalidade de “[...] apoiar o gestor para que seja um líder e animador da implementação desta proposta curricular nas escolas públicas estaduais de São Paulo” (SÃO PAULO, 2008d, p. 4).

O volume 1 foi especialmente produzido para o professor coordenador, com orientações expressas relacionando suas competências e responsabilidades. Nesse volume, a Secretaria da Educação assumiu que: “[...] a coordenação pedagógica constitui-se em um dos pilares estruturais da sua atual política de melhoria da qualidade de ensino e que os Professores Coordenadores devem atuar como gestores implementadores dessas políticas” (FINI, 2008, p. 6). A função do professor coordenador foi colocada, pela Secretaria da Educação, como centrada na gestão de qualidade do ensino oferecido pela escola, gestão de qualidade essa explicitada como: “[...] o esforço consciente dos sujeitos responsáveis pela escola para gerar mudanças, a partir da tomada de decisões sobre o planejamento, sua aplicação e avaliação” (SÃO PAULO, 2008d, p. 7). Nesse sentido, o papel do professor coordenador passa pela competência técnica, pela participação responsável e pelo

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compromisso com os resultados educacionais efetivos e significativos, segundo as expectativas dos mentores da Proposta.

O volume 2 continha os princípios básicos para a construção coletiva da proposta pedagógica da escola. Foram apresentados textos que tratam sobre o currículo, o planejamento e a avaliação. Os textos tinham a função de subsidiar o professor coordenador em sua prática para construir a proposta pedagógica que representa a identidade da sua escola em particular.

Para os mentores da Proposta Curricular, o ano de 2008 foi de implementação. Após os ajustes necessários, demandados pelas avaliações realizadas junto a professores e gestores da rede, a Proposta seria consolidada no ano de 2009. Nesse ano, foram elaborados e encaminhados à rede mais dois volumes do Caderno do Gestor – o volume 1 tratava da avaliação implantada, o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP), e da organização da proposta pedagógica da escola, que deveria ser desenvolvida nos momentos de planejamento dos professores. O volume 2 era integralmente voltado ao SARESP 2008. No ano de 2010, uma edição especial do Caderno do Gestor tratou da violência na escola, tendo sido também encaminhado o Relatório do SARESP 2009.

A Proposta foi completada por um conjunto de publicações dirigidas aos professores e alunos. O Caderno do Professor foi organizado por semestre e por disciplina, contendo situações de aprendizagem no sentido de orientar o trabalho do professor no ensino dos conteúdos disciplinares específicos. Os conteúdos, habilidades e competências são organizados por séries, acompanhados de orientações para a gestão em sala de aula, para a avaliação e para a recuperação. Nos anos de 2011 e 2012, deu-se continuidade à Proposta, que passou a ser o Currículo Oficial do estado de São Paulo.