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PROPRIEDADE INDUSTRIAL E A BIOTECNOLOGIA

A PROPRIEDADE INTELECTUAL E AS PESQUISAS EM BIOTECNOLOGIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

4. PROPRIEDADE INDUSTRIAL E A BIOTECNOLOGIA

Ao analisar estratégias para a dinamização da inovação no Brasil e sua articulação com setores diretamente ligados à biotecnologia, como por exemplo, a saúde, vários autores têm destacado a relevância do tema propriedade intelectual e como o seu manejo é determinante para a pro- moção da inovação no âmbito do complexo econômico industrial e, ao mesmo tempo, para evitar que funcione como elemento de bloqueio ao interesse público de acesso à bens essenciais ou de cerceamento de rotas de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos e processos (MO- REL et. al., 2007; GADELHA, 2003; HLP, 2016).

No Brasil ocorreu um significativo avanço na área do ensino da biotec- nologia nos últimos anos. Atualmente o país conta com 115 programas de pós-graduação strictu sensu em funcionamento na área, segundo dados da plataforma sucupira (https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/ - consul- ta feita em 21/10/2016). Além disso, este avanço foi acompanhado de maior desconcentração regional e hoje 29 desses programas estão locali- zados na região nordeste, 27 na região norte e 15 na região centro-oeste. O ensino da propriedade intelectual no campo da biotecnologia também avançou substancialmente e hoje, diferentemente do cenário existente há 15 anos, grande parte dos programas de pós-graduação da área conta com disciplinas sobre o tema. Os avanços das pesquisas na área de biotec- nológica na UFPI são visíveis quando se busca esses resultados em termos de patenteamento (Figura 3) e registro de programa de computador.

Figura 3. Evolução do número de registro de patentes biotecnológicas da UFPI depositadas no

INPI.

A maioria das patentes na área de biotecnologia que foram solicita- das ao Núcleo de Inovação e depositadas no INPI, encontram-se quan- to à fase de desenvolvimento com o status “Parcialmente desenvolvido (poderá ser levado ao mercado com um investimento razoável)” ou “De- senvolvido (pode ser levado ao mercado com investimento mínimo)”. No entanto, apenas uma tecnologia foi elaborada o contrato de transferência de tecnologia, sendo esta um programa de computador (RS 11982-5) que foi desenvolvido por um aluno do curso de doutorado em biotecnologia.

Dos 34 registros de software, demonstrados na Figura 2, foram conce- didos pelo INPI 26 programas de computador. Para a área de biotecnologia obteve-se nove pedidos de registro de software com início em 2011 até 2016 e, todas as nove solicitações de registros de software estão concedidos.

Os setores econômicos que tiveram maior índice de aplicação estão relacionados à atividade terapêutica específica de compostos químicos ou preparações medicinais (A61P) indicando que grande parte das invenções estão concentradas no grupo de fármacos para o tratamento de doen- ças do sistema nervoso. A segunda subclasse representa as preparações para finalidades médicas, Odontológicas ou Higiênicas, que corresponde às preparações medicinais contendo ingredientes ativos orgânicos (A61K 31). O amplo predomínio de patentes A61P destaca a importância das tecnologias relacionadas às plantas medicinais no direito de proteção in- dustrial na área da biotecnologia, com campo de pesquisa bastante de- senvolvido na Universidade Federal do Piauí com fortes grupos e linhas de pesquisa. Conforme demonstrado no Portfólio de Patentes de acordo com a Classificação Internacional (Figura 4).

Figura 4. Portfólio de Patentes de acordo com a Classificação Internacional

Legenda: A61P-Atividade terapêutica específica de compostos quími- cos ou preparações medicinais; A61K-Preparações para finalidades médi- cas, odontológicas ou higiênicas; C07C- Compostos acíclicos ou carbocí- clicos; A23L-Alimentos, produtos alimentícios ou bebidas não alcoólicas; A01N- Conservação de corpos de seres humanos ou animais ou plantas ou partes dos mesmos, biocidas; C07D- Composições de revestimento; G01N- Investigação ou análise dos materiais pela determinação de suas propriedades químicas ou físicas; A61Q- Uso específico de cosméticos ou preparações similares para higiene pessoal; A01K- Pecuária; tratamento de aves, peixes, insetos; piscicultura; criação ou reprodução de animais, não incluídos em outro local; novas criações de animais; C11B- Produção, p. ex. por compressão de matérias-primas ou por extração a partir de substancias de rejeitos, refinação ou preservação de óleos, substancias graxas, p. ex. lanolina, óleos graxos ou ceras; óleos essenciais; perfumes; C08B- Polissa- carídeos; seus derivados; A23C- Produtos de laticínio, p. ex. leite, manteiga, queijo; substitutos do leite ou do queijo; produção dos mesmos.

Há algumas publicações (FIGUEIREDO et al; 2006; FORTE e LAGE, 2006; PARK, 2012) que trazem as subclasses C12N (microorganismos ou enzimas e composições contendo os mesmos) a A61K (preparações me- dicinais) e a A01N contemplando grande parte das invenções biotecnoló- gicas, no entanto, ressaltam que a C12N refere-se a engenharia genética e os processos e produtos envolvendo mutações, o que não abrange as pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal do Piauí.

Por outro lado, é possível que nos anos mais recentes (2015 a 2016), tenha alguma patente biotecnológica com a subclasse C12N que não foi contabilizado, porque existem documentos que não se encontram dispo- níveis no site do INPI, devido aos trâmites dos depósitos, principalmente o período de sigilo. É importante destacar que a legislação do Brasil, Lei nº 9.279/1996 (BRASIL, 1996), trás no artigo 10, inciso IX que não são consi- derados invenção “IX- o todo ou parte dos seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais”.

CONSIDERAÇÕES

Os resultados do presente trabalho permitiram identificar alguns indicadores de gestão de forma condensada do desenvolvimento da

propriedade intelectual na área da Biotecnologia da Universidade Fe- deral do Piauí.

Pode-se caracterizar o desenvolvimento da Propriedade Industrial em Biotecnologia na UFPI como fruto de um trabalho intenso e planeja- do, com estabelecimento e acompanhamento de metas fixadas que veem deste a criação do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da instituição.

As ações voltadas na disseminação da cultura sobre a importância da proteção da propriedade intelectual na comunidade universitária foram intensas e decisivas como, por exemplo, as reuniões com pesquisadores, palestras, cursos de curta duração, aulas para os alunos, tem produzido um efeito multiplicador, resultando no número crescente de pedido de proteção do conhecimento gerado e desenvolvido no âmbito da UFPI.

Finalmente, cabe destacar o grande número de publicações sobre prospecção tecnológicas nas revistas especializadas depois das disciplinas específicas desenvolvidas na graduação e pós-graduação.

Agradecimento: CNPq e FAPEPI

REFERÊNCIAS

BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula os direitos e as obrigações relativos à propriedade industrial. Brasília. 1996.

Catálogo de Propriedade Industrial e Software 2008/2013 do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFPI.

FORTES, M.H.P; LAGE, C.L.S. Depósitos nacionais de patentes em biotecnologia, subclasse C12N, no Brasil de 1998 a 2000. Biotemas, 19 (1): 7-12, 2006.

FIGUEIREDO, L.H.M; PENTEADO, M.I.O; MEDEIROS, P. T. Patentes em Biotecnologia. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento. Ano IX, nº 36, 2006.

SANTOS, M.E.R.; TOLEDO, P.T.M.; LOTUFO, R.A.(orgs.). Transferência de Tecnologia: estratégias para a estruturação e gestão de Núcleos de Inovação Tecnológica. Campinas, SP, 2009.

SANTOS, M.E.R.; CUNHA, K.C.T.; XAVIER, S.O.; Impacto da Implantação Da Política Institucional de Propriedade Intelectual na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). X Seminario Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica. Rio Grande do Sul: ALTEC 2003.

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Disponível:<www.inpi.gov.br>. Acesso em: 2 jan. 2017.

NINTEC-UFPI- Relatório Anual de Gestão da Universidade Federal do Piauí. Exercícios 2007/2008.

NINTEC-UFPI- Relatório Anual de Gestão da Universidade Federal do Piauí. Exercícios 2009/2010.

NINTEC-UFPI- Relatório Anual de Gestão da Universidade Federal do Piauí. Exercícios 2011/2012.

NINTEC-UFPI- Relatório Anual de Gestão/Parcial da Universidade Federal do Piauí. Exercícios 2013/2014.

PARK, Hyun-Seok, Preliminary Study of Bioinformatics Patents and Their Classifications Registered in the KIPRIS Database. Genomics & Informatics, 10 (4):271-274, 2012. Relatório FORMICT 2014. Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 2014.

TEORIAS E CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS SOCIAIS