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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO

2.3 Propriedades Rurais

Chiavenato (1997), descreve que as organizações podem ser muito diversificadas e diferenciadas, onde a tarefe de administrar é fundamental, independente do tipo de empresa. Como qualquer outro empreendimento, uma empresa rural tem seus desafios a enfrentar e para tanto necessita de uma boa administração.

Sabendo da importância do agronegócio para a economia brasileira, percebe-se que um dos propulsores que mantém os sistemas agroindustriais em funcionamento, sendo um dos elementos desta rede, são os empreendimentos agrícolas, que são abordados por Ferreira (2009) como unidades de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais que possuem como finalidade a obtenção de lucro.

Sendo a finalidade das empresas a obtenção de lucro, é de suma importância como em qualquer outra empresa, os cuidados e preocupações com os custos de produção, aumento da produtividade, planejamento, controle do lucro e retorno do capital investido. Nas propriedades rurais o controle deve ser ainda mais minucioso, já que a renda provinda das empresas rurais é fonte de sobrevivência dos produtores que investes seu capital nestes empreendimentos.

Levando em consideração as regras e legislações nacionais, temos uma atividade rural descrita pelo intuito da Lei n. 8.023/90 em seu Artigo 2º, onde consta:

I - a agricultura; II - a pecuária;

III - a extração e a exploração vegetal e animal;

IV - a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais;

V - a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento industrial feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matéria- prima produzida na área rural explorada. (LEGISLAÇÃO NACIONAL)

Todo e qualquer empreendimento rural necessita usufruir da terra, de sua fertilidade na maioria das vezes para ter algum sucesso de produtividade. Levando em consideração esta ideia, Marion (2005), localiza as empresas rurais como aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo, por meio do cultivo agrícola deste solo, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas.

Batalha(2001), descreve também aqueles empreendimentos considerados tradicionais e que segundo o autor, são as propriedades rurais que utilizam de equipamentos rudimentares, possuindo ainda uma estrutura organizacional familiar, onde as decisões são tomadas sem nenhuma certeza de acerto. A produção é com baixa tecnologia e portanto com baixo índice de produtividade, fazendo este tipo de propriedade rural perder espaço perante ao mercado globalizado. Segundo o mesmo autor, estes empreendimentos tradicionais estão trancados a novos tipos de tecnologias devido a alguns fatores que neles é predominante: Produtores rurais com resistência a aderirem as inovações tecnológicas; nenhum ou desatualizado suporte técnico para a região em que tais empresas rurais se encontram; economia e mecanismos de financiamento deficientes ou não acessíveis a tais empreendimentos.

O agribusiness moderno faz com que todo empreendimento rural esteja adaptado as exigências impostas por seu mercado consumidor, mas ao mesmo tempo esteja preparada flexivelmente para ajustar-se a novas mudanças na demanda. Assim segundo Batalha (2001), um empreendimento agrícola não deve mais ser visto como uma unidade de produção independente, mas como parte de um sistema produtivo, estando adequado e em sintonia com os demais elementos do sistema.

2.3.1 Planejamento na propriedade rural

Dentro da empresa agrícola, os empresários os proprietários dos empreendimentos, que durante anos sempre se preocupavam exclusivamente nas relações de como produzir e cultivar os produtos agrícolas. Atualmente, necessariamente, buscam se preocupar também com outros detalhes que somaram-se importantes para o sucesso da empresa, desde um planejamento das atividades, de quanto e o que produzir, como colocar no mercado o produto e outros fatores.

Para Reis (2007) o Brasil vem de anos de desenvolvimento agrícola que empolgaram o país como um todo, mas ao mesmo tempo esta cada vez mais exigida e pressionada no âmbito de melhorar a sua atuação e aumentar os seus níveis de desempenho produtivo. E isto se

consegue com uma boa administração e planejamento dentro dos limites de uma propriedade agrícola e ambiente em que se situa.

A administração agrícola pode ser entendida, segundo os estudos de Crepaldi (2005) como o conjunto de atividades que facilita aos produtores rurais a tomada de decisões ao nível de sua entidade de produção, com o objetivo obter o melhor resultado econômico, mantendo a terra produtiva.

Santos, Marion, Segatti (2002), destacam que o produtor rural deve estar atento aos fatores externos e internos referentes ao seu empreendimento. Isto porque, quanto maior for o conhecimento do administrador sobre a estrutura, funcionamento da entidade e os fatores de produção, maiores serão as possibilidade e tangentes de melhorar seus resultados produtivos e econômicos consequentemente.

Muito das decisões praticadas dentro de uma propriedade rural levam em considerações as condições do ambiente natural que se situam, isso porque a produção e oferta de produtos agrícolas no mercado é ditada pela natureza e suas variações. Segundo Batalha (2001), em parte estas restrições são revertidas com o aumento do capital investido no setor agrícola e consequentemente em avanços tecnológicos que venham a driblar as condições climáticas. Dentro da produção agrícola é necessário analisar o momento de fazer investimentos, pois não é possível realizar investimentos a qualquer momento do ano, tendo em vista as condições de clima, ou condições biológicas dos produtos, sejam animais ou plantas. Assim, a atividade agrícola ainda esta muito longe de ser como uma linha de produção industrial, já que não é possível ter o controle absoluto do tempo, da quantidade e qualidade da produção desejada, como acontece na indústria.

Seguindo a mesma ideia do autor, Hoffmann et al (1992, p. 1) também descreve a relação existente entre os fatores de tempo com os de planejamento da propriedade com : “a sucessão das estações assinala épocas mais ou menos precisas nas quais o produtor deve realizar quase todos os trabalhos. Esse fato deve ser lembrado ao se planejar o uso da mão-de- obra e da maquinaria e tem grande importância no financiamento da produção agrícola”.

Visando blindar da melhor maneira possível os fatores que interferem na produção agrícola, é necessário um novo posicionamento das propriedades rurais perante o mercado. Para Batalha (2001), ainda existem no mercado propriedades muito distintas, algumas apenas para subsistência e outros empreendimentos com alto potencial produtivo e sustentável. Necessita assim, que as propriedades rurais tenham um planejamento de se posicionarem em um mercado mais moderno e intimamente ligado a agroindústria e distribuição, visando um novo modelo de gestão operacional, que tem como definidor de padrão de qualidade o

consumidor final, e ao mesmo tempo uma gestão gerencial que tenha por objetivo a busca por redução de custo de produção e aumento de faturamento.

Para completar, Reis (2007), adianta que os métodos tradicionais de tomar decisões nas propriedades rurais, vai dar lugar para um planejamento aprimorado das atividades, objetivando o encontro de soluções para questões existentes. Neste mesma perspectiva o autor destaca que os problemas a serem resolvidos no planejamento são os relacionados com o que e quanto produzir, onde e como colocar no mercado, como enfrentar as variações de preço do produto, e agravamento dos custos dos insumos, tentando por fim dimensionar a intensidade das atividades da empresa agrícola, visando a remuneração mais conveniente ao esforço e risco da atividade.

2.3.2 Gestão na propriedade rural

Gerir um empreendimento rural é atualmente tão complexo quanto gerir uma empresa da indústria. E para tanto pessoas e empresas precisam estar preparadas para tal complexidade. Segundo Marion, Segatti (2006) o desenvolvimento de novas tecnologias da informação e biotecnologias, mudanças no perfil do consumidor e ampliação do mercado concorrente, juntamente com a complexidade dos mercados atuais, afetam a gestão, decisões estratégicas de uma propriedade rural, levando ao remodelamento das rotinas e a busca por soluções para problemas ate então não solucionáveis pelos pequenos produtores, e em potencial produtores de leite.

A ideia dos autores é completada por Dallabrida e Buttenbender (2007) quando relatam em seus estudos que o agronegócio evoluiu para novos modelos de gestão rural devido a estarem inseridos em momentos de mudanças na ordem politica, exigência de competitividade do mercado e surgimentos de novos modelos tecnológicos. Pequenas empresas rurais também estão aderindo a novos modelos de gestão e técnicas rurais que venham a preencher lacunas administrativas existentes nesses empreendimentos. Tais técnicas são derivadas de aparatos tecnológicos, e ao mesmo tempo mais e melhores informações técnicas que auxiliam no gerenciamento competitivo da empresa.

Para Reis (2007) existe uma evolução no gerenciamento das propriedades rurais, muito por o próprio agricultor enxergar a necessidade de buscar a maior renda possível para o seu negocio, de forma a remunerar da melhor maneira o seu capital e trabalho empresarial. Esta evolução se deve muito pelo maior relacionamento entre produtor com o mercado, em virtude das vitrines abertas pelos meios de comunicação e outros afins. Para o autor, os agricultores necessitam de novas tecnologias de produção, e ao mesmo tempo também carece

de orientações e auxílios sobre como organizar, planejar e gerir de forma mais conveniente as suas atividades.

Dallabrida e Buttenbender (2007) visualizam que todo e qualquer empreendimento agrícola, independente do seu tamanho, necessita de um gerenciamento empresarial, e ao mesmo tempo depende do mesmo. Nesta relação, são os agricultores os empresários e através de informações, conhecimentos técnicos e tecnológicos que possui vai tentando ter sucesso nas suas atividades, que é representado pelos lucros finais adquiridos e passiveis de reinvestimento na propriedade, bem como aumento do nível de vida da família.

A busca pela competitividade dentro do mercado não é apenas um fator de sucesso, mas também um quesito de sobrevivência da atividade e de quem a desempenha. Para os mesmos autores, um dos fatores que explica as exclusões de produtores rurais das suas atividades é a forma como os empresários rurais gerenciam suas propriedades ou negócios rurais. Empresários rurais que não buscam estar atuando de forma eficiente na gestão das informações, sob um olhar de profissionalismo, buscando qualidade e produtividade, e ao mesmo tempo ser competitivo, estão sob risco constante de serem excluídos do processo produtivo que pertencem.

Portanto, o senário que compõe o mercado das propriedades agrícolas é muito oscilante e competitivo. Para isso, Batalha (2001) argumenta que empresas rurais necessitam estar preparadas gerencialmente, já que a atividade rural apresenta grandes riscos em razão das suas especificidades, descritas pela sazonalidade de produção, variações climáticas, tipos de solo, formas de manejo, tecnologias da informação e biotecnologias. Os preços dos produtos agrícolas podem variar muito em poucos espaços de tempo, devido a variações de oferta, ou mesmo demanda em alguns casos. Ao mesmo tempo os produtos de insumos para produção agrícola, estão com preços exorbitantes, e dali a importância do gerenciamento de redução de custos é muito importante.

Dentro de uma propriedade rural o empresário tem como objetivo a busca do sucesso da atividade, procurando ser competitivo no mercado em que atua. Para tanto necessita de um gerenciamento, que visa formular estratégias que levem ao sucesso desejado. Assim, Mintzberg apud Zaccarelli(2002) descreve estratégia como um diferencial, um guia, para auxiliar os exercícios de resolução de certos problemas. Já Zaccarelli (2002, p. 73) trás um conceito mais abrangente : “estratégia é um guia para decisões sobre interações com oponentes, de reações imprevisíveis, que compreende duas partes: a)ações e reações envolvendo aspectos do negocio; b)preparação para obter vantagens nas interações”.

Verificando a importância de uma estratégia gerencial para uma propriedade rural, Batalha(2001), entende que a formulação de uma estratégia gerencial por parte do produtor deve iniciar com a determinação do que a propriedade vai produzir. Esta definição deve ser muito bem pensada e depende do estudo de três fatores:

a) Recursos disponíveis : estes recursos dizem respeito exatamente ao fatores e elementos de produção, formados por solo, clima, água, equipamentos, benfeitorias e principalmente condições econômica e financeiras disponíveis;

b) Vocação dos produtores: esta diretamente ligada a satisfação dos produtores, que trabalhem em atividades que sejam do seu desejo e que gerem disposição por parte dos mesmos para trabalhar com alguns produtos específicos;

c) Condições de mercado: são representadas pelas atuais condições do mercado, potencial de crescimento, concorrentes, gargalos, mudanças de hábitos dos consumidores e clientes, entre outras condições;

Este último tornasse um dos principais fatores a serem analisados para determinar o que produzir, e tem sido este um dos problemas dos produtores rurais. Grande parte dos produtores, não levam em consideração as evoluções do mercado e as mudanças de habito por parte do consumidor final, observando apenas fatores internos da sua atividade, como se a sua atividade fosse estar totalmente desvinculada dos demais elementos e fatores formadores do sistema agroalimentar.

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