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Psicologia, Educação e Assistência Estudantil

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REVISÃO DE LITERATURA

3. Psicologia, Educação e Assistência Estudantil

A assistência estudantil, entendida no âmbito da educação como direito em compromisso com a formação integral do sujeito, configura-se como um Programa que objetiva o acesso, a permanência e o êxito dos estudantes, estabelecendo um conjunto de ações que buscam reduzir as desigualdades socioeconômicas e promover a justiça social no percurso formativo.

Na finalidade de gerir o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), como condição sine qua non, há a necessidade de constituição de equipe multiprofissional básica em cada campus, com a presença dos seguintes profissionais: assistente social, psicólogo e pedagogo, em uma perspectiva de trabalho integrado, considerando-se as atribuições regulamentadas por cada categoria. Podendo sempre que necessário, a participação e inclusão de outros profissionais como nutricionistas, enfermeiros, médicos, odontólogos, professores, entre outros.

Se, “trabalho em equipe”, define-se como um grupo de pessoas com diversidades de conhecimentos e habilidades complementares, comprometidas umas com as outras pela missão comum, objetivos comuns e um plano de trabalho definido que, em conjunto, contribuem para melhorar a efetividade do trabalho e elevar a satisfação do trabalhador; fragmentar os profissionais que atuam na área de assistência em diversos setores, ao invés destes constituírem a equipe de assistência estudantil do câmpus, vai de encontro à proposta norteada pelas Diretrizes Nacionais para a Política de Assistência Estudantil e pelo Decreto Presidencial 7.234/2010.

METODOLOGIA

Para a elaboração do relato de experiência foi utilizada a técnica de observação estruturada, por meio da observação contínua das atividades e da conduta dos profissionais de psicologia, bem como sua interação com as equipes interdisciplinares e comunidade escolar, o que possibilitou o acompanhamento do processo de implementação da Política de Assistência Estudantil desde julho de 2010, com a inserção dos institutos federais no PNAES.

A relevância de um relato de experiência está na pertinência e importância dos problemas que nele se expõem, assim como o nível de generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados da intervenção em outras situações similares, ou seja, serve como uma colaboração à práxis metodológica da área à qual pertence. (PePSIC, 2013)

RESULTADOS

Contexto institucional: Psicologia e Assistência Estudantil no Instituto Federal Sul-rio- grandense

No Instituto Federal Sul-rio-grandense foi criada em 2010 a Diretoria de Gestão de Assistência Estudantil (DIGAE), diretamente ligada ao reitor, constituída por uma equipe multidisciplinar – psicologia, serviço social, pedagogia, nutrição e administração. Em 2013, com a mudança de gestão, a Diretoria tornou-se um Departamento de Gestão de Assistência Estudantil, inserido na Pró-reitoria de Ensino. Sendo assim, o psicólogo atua tanto na gestão sistêmica, como

PROFISSIONAL E TECCOLÓGICA

na assistência estudantil dos câmpus.

Atualmente, há sete psicólogas trabalhando no IFSul, distribuídas na reitoria e nos câmpus Charqueadas, Passo Fundo, Pelotas, Pelotas-Visconde da Graça, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires. Os câmpus Bagé, Camaquã e Santana do Livramento ainda não possuem psicólogo e os câmpus Gravataí, Lajeado e Sapiranga estão em fase de implantação, mas há uma projeção para que se tenha o profissional no quadro de servidores. Em seguida serão nomeados mais dois profissionais, para os câmpus Camaquã e Pelotas, visto que foi realizado concurso em setembro de 2013.

As psicólogas reúnem-se bimestralmente para planejar o desenvolvimento de suas ações, traçar parâmetros de atuação profissional na instituição e discutir propostas de trabalho no âmbito da Assistência Estudantil (AE) em cada exercício. No momento, está em fase de planejamento de uma pesquisa sobre saúde do estudante – com foco em saúde mental, que sirva de base para se traçar estratégias de intervenção de acordo com as demandas.

Nesse sentido, ao psicólogo integrado à equipe de Assistência Estudantil, compete:

I. cumprir as orientações, princípios e diretrizes previstos no Regulamento da Política de Assistência Estudantil do seu Instituto Federal e na Normatização dos Benefícios Oferecidos;

II. trabalhar na perspectiva de uma equipe interdisciplinar;

III. realizar estudo da demanda por assistência estudantil do campus;

IV. divulgar e monitorar a aplicação de pesquisa na finalidade de conhecer o perfil do estudante;

V. elaborar projetos na área de assistência estudantil;

VI. divulgar amplamente os benefícios sociais disponíveis;

VII. realizar periodicamente relatórios referentes ao acompanhamento dos estudantes; VIII. organizar um banco de dados referente às ações de assistência estudantil desenvolvidas no campus;

IX. acompanhar estudantes contemplados nas ações de assistência estudantil; X. realizar atendimento, individual ou em grupo;

XI. realizar avaliação psicológica;

XII. encaminhar estudantes para atendimento nas áreas de saúde e assistência social na Instituição ou na rede de saúde, assistência social e rede de proteção do município;

XIII. elaborar laudos e pareceres técnicos;

XIV. realizar visita domiciliar, conforme a necessidade; XV. promover atividades de socialização;

XVI. estimular a participação discente;

XVII. atuar junto ao corpo docente e/ou outras áreas da Escola em benefício do estudante; XVIII. promover espaços de orientação, discussão e integração na comunidade escolar, entre alunos, pais, professores e funcionários;

XIX. participar de fóruns e seminários referentes às ações de assistência estudantil.

XX. participar da Câmara de Assistência Estudantil do IFSul, que acontece bimestralmente, reunindo representantes da assistência estudantil de todos os câmpus e a equipe sistêmica da reitoria.

Além disso, cabe evidenciar na conclusão do exposto, que o trabalho do psicólogo, relacionado a essas atribuições listadas, encontra interfaces em algumas ações previstas pelo PNAES, no que se refere aos itens IV - atenção à saúde e X - acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação (Art. 3º, §1º).

No IFSul a psicologia está inserida no “Acompanhamento Biopsicossocial-pedagógico” previsto como uma das ações prioritárias de assistência estudantil no Regulamento da Política de Assistência Estudantil. Por fim, salienta-se que a assistência estudantil configura-se como uma possibilidade de atuação nova para o psicólogo no Brasil que vem se ampliando nas universidades e institutos federais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluindo-se, a inserção do psicólogo na escola torna-se cada vez mais indispensável a fim de que o profissional trabalhe nos projetos pedagógicos, pela melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, na mediação das relações sociais e institucionais e na implementação de programas do governo, como a assistência estudantil.

No início de 2014, tendo completado em 2013 três anos de implementação da Política de Assistência Estudantil no IFSul, será realizada uma pesquisa de impacto com a comunidade escolar a fim de analisar se as ações de assistência estudantil estão contribuindo para permanência e êxito dos estudantes. Sendo assim, uma das ações analisadas será o acompanhamento biopsicossocial- pedagógico, onde está contemplado o serviço de psicologia.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos colegas da equipe sistêmica e demais profissionais dos câmpus, envolvidos com assistência estudantil, pelo trabalho desenvolvido no IFSul.

REFERÊNCIAS

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