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Quadro 4.3 – Programa de C&T para o Desenvolvimento do Agronegócio/CNPq

Quadro 4.2 – Recursos Humanos para Áreas Estratégicas /RHAE-MCT

Vários fatores afastaram o RHAE de suas concepções originais. O programa limitou-se à aplicação de um instrumento particular – as bolsas de trabalho.

Instituíram-se categorias de bolsas destinadas a suprir a carência de profissionais nas instituições de pesquisa e desenvolvimento (em áreas estratégicas) sem observar a essencialidade das demais demandas para a pesquisa. Não se articulou a outros instrumentos de apoio ou a carências que dificultam o avanço da pesquisa no país. Apenas muito recentemente o RHAE passou a articular-se com outras formas de apoio à P&D, na qualidade de instrumento complementar a outros programas do MCT.

Quadro 4.3 – Programa de C&T para o Desenvolvimento do

Agronegócio/CNPq

É um programa piloto de caráter mobilizador, criado recentemente pelo CNPq para estimular não só a superação de graves problemas da área, como também para apoiar a inovação técnico-científica, promovendo a interação cooperativa interinstitucional. Destacam-se em sua concepção um forte processo participativo, a busca de atividades cooperativas, o objetivo de corrigir distorções da concentração regional e institucional da capacidade de C&T instalada, bem como a articulação setorial e entre níveis de governo.

I

NSTRUMENTOS DE PROMOÇÃO DAS ATIVIDADES DE

C&T

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

São cinco os grandes campos de atividades programáticas de C&T no tocante ao desenvolvimento sustentável:

• geração de conhecimentos científicos;

• inovação tecnológica;

• formação de competências;

• bens coletivos/políticas públicas;

• divulgação/vulgarização dos conhecimentos.

Embora esses campos estejam em profunda interação, possuem características, condições e objetivos específicos, os quais demandam instrumentos próprios ou de utilização diferenciada.

Assim, podemos observar que:

• há muita semelhança entre os instrumentos de promoção de ciência e tecnologia nos países com atuação expressiva neste campo;

• na maioria das vezes, a questão não subjaz em se encontrar novos instrumentos, mas em atualizar os preexistentes;

• instrumentos considerados adequados e ‘novos’ podem incluir alguns conhecidos internacionalmente, mas que ainda não foram incorporados à prática da política de C&T do país;

• dada a complexidade das interações entre as diversas atividades de ciência e tecnologia, alguns instrumentos podem aparecer em mais de um campo de atividade.

Os instrumentos podem e devem ser usados para promover atividades científicas e tecnológicas para o desenvolvimento sustentável, de modo a:

• estarem voltados para ações e atividades associadas a um processo decisório participativo interativo;

• refletirem e contribuírem com o avanço e a consolidação das abordagens interdisciplinar, interinstitucional e intersetorial;

• serem adequados às diferenciações regionais, buscando contribuir para a solução das graves disparidades.

Importa lembrar também que muitos instrumentos de C&T abrangem, simultaneamente, atividades de pesquisa, formação de recursos humanos, inovação e difusão.

Uma experiência brasileira pode ser tomada como modelo de participação e integração de políticas setoriais. Trata-se da Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde, realizada em 1995, por convocação conjunta do Ministério da Saúde, do Ministério de Ciência e Tecnologia e do Ministério da Educação. A estratégia adotada para a organização dessa conferência proporcionou a cada unidade da Federação promover conferências estaduais com ampla participação, delas derivando as sugestões e as representações para a Conferência Nacional.

Também foram preparados documentos, intensamente discutidos, resultando na aprovação de um documento básico da política, de C&T em saúde. Com base nessa política, o PPA/C&T definiu seus objetivos e metas para a saúde.

Dentre os instrumentos mais divulgados para a indução e o fortalecimento dos processos de participação social e de promoção da consciência pública destacam-se:

• uma estratégia decisória que implica um arranjo institucional adequado à ampla integração de atores sociais. Envolve organismos consultivos nacionais,

representação social nas estruturas decisórias, prática de consultas a segmentos e a grupos da sociedade, entre outros;

• Congresso Nacional, de modo especial por intermédio das Comissões de Ciência e Tecnologia e das de Meio Ambiente, promovendo consultas e outras formas de participação no tratamento das matérias correspondentes à C&T;

• planejamento participativo, sobretudo no que se refere à participação das comunidades na discussão de problemas, necessidades, oportunidades locais e prioridades ao equacionamento;

• instrumentos de aplicação por intermédio do sistema educativo: currículos escolares, revisão e adequação de textos básicos elaborados a partir de conhecimentos fundamentados e em articulação com instituições setoriais nos respectivos temas;

• comitês comunitários (inclusive em articulação com entidades como Igrejas, associações de pais e mestres, entre outras);

• estratégias de mobilização, combinadas ou não com incentivos;

• extensão (cursos informativos, formativos, educação continuada, etc.);

• canais de controle social;

• divulgação de conhecimentos.

A pesquisa e o desenvolvimento requerem a consolidação e a manutenção de uma base científico-técnica forte. Isso compreende:

• a ampliação e o fortalecimento das capacidades e dos potenciais científicos e de pesquisa;

• avaliações científicas como base de políticas e estratégias;

• cooperação em atividades e programas interdisciplinares;

• geração de conhecimentos autóctones e locais;

• participação social, comunicação e interação com outros setores;

participação nos processos de transferência de tecnologia e no apoio à solução de problemas do setor produtivo.

A Agenda 21 destaca como atividades primordiais no campo da pesquisa para o desenvolvimento sustentável a realização de programas e redes de observação e pesquisa para aumento do conhecimento científico voltado à compreensão das dinâmicas de sustentabilidade do planeta. Naturalmente, essa capacidade está condicionada à integração das ciências físicas, econômicas e sociais; à promoção de novos instrumentos de análise, prognósticos, monitoramento e avaliação de impactos.

No que se refere à tecnologia, a Agenda 21 parece assumir a transferência de tecnologia como o meio primordial de suprimento das necessidades dos países menos avançados. Não obstante a sua importância, trata-se de um reducionismo inadequado. É preciso considerar que as necessidades relacionadas à geração, à transferência, à difusão e à utilização de tecnologias para o desenvolvimento sustentável demandam atividades de pesquisa e desenvolvimento, bem como estratégias, mecanismos e instrumentos.

O apoio à P&D tem sido viabilizado por meio de auxílios, bolsas, incentivos, empréstimos, contratos de pesquisa, entre outros. Tradicionalmente, esses instrumentos foram, quase sempre, disponibilizados pelas agências de fomento na forma de apoio direto a indivíduos, projetos e cursos. Ao longo do tempo ocorreram mudanças, e esse financiamento direto, isolado e particularizado vem perdendo peso.

Emergem novos instrumentos ou, muito freqüentemente, novas formas de utilização dos instrumentos tradicionais para P&D. Destacam-se, dentre outros, os programas, as redes técnico-científicas, o apoio institucional, editais por problemas e, mais direcionados para a tecnologia, as incubadoras, os projetos e as redes de inovação. Cada vez mais se avança em direção a estratégias de apoio integrado e institucional, vinculadas a programas, à solução de problemas ou outros objetivos definidos de acordo com as necessidades identificadas. Nesse cenário abre-se um novo campo de possibilidades para adequação da atividade e de seus instrumentos às demandas do desenvolvimento sustentável.

P

ROGRAMAÇÃO

,

PROGRAMAS E REDES

Não há como se falar dos instrumentos sem relacioná-los à estratégia que orienta sua utilização, sobretudo quando se trata de instrumentos que, por sua própria natureza, pressupõem uma estratégia específica de organização dos atores, condições, atividades e objetivos de uma ação dada, como é o caso dos programas e das redes.

Embora esses se destaquem, não é possível enquadrar todas as atividades de C&T em programas. Na verdade, até mesmo os instrumentos, em suas formas mais particulares e diretas, como bolsas e auxílios, podem permanecer em uso fora de uma estrutura de programas, embora orientados pelas prioridades decorrentes da programação.

Os programas buscam organizar atividades multidimensionais ou multidisciplinares (muitas vezes consubstanciadas em projetos) visando a objetivos convergentes, bem como promover maior integração de vários instrumentos de incentivo e apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico.

Um modelo de programa que se tem fortalecido e adequado a uma nova visão das relações entre ciência, técnica e sociedade corresponde aos ‘programas tecnológicos’.30 Organizados especificamente em função das atividades de ciência e tecnologia, vêm criando redes de conexão entre instituições e atividades diferenciadas. São instrumentos de gestão pública de P&D que visam a ‘uma produção conjunta de conhecimentos de base e de bens destinados a satisfazer a uma demanda’, proporcionando uma ‘elaboração coletiva’ dos saberes pertinentes e dos bens legítimos.

Quanto à sua natureza, os programas tecnológicos podem ser setoriais ou difusores, tendo como características um engajamento formal no tempo, inserção no meio concorrencial existente e desenvolvimento de competências para a produção de novos produtos.

Os programas tecnológicos buscam incitar atores heterogêneos e em competição a identificarem coletivamente os espaços geopolíticos particulares, as competências estratégicas no futuro e a desenvolverem ações para adquirir e valorizar essas competências. Isso leva à organização das ‘redes técnico-científicas’, que podem ser ‘redes de pesquisa’, ‘redes de inovação’, ‘redes de informação’ ou outras.

As redes técnico-científicas contribuem de for-ma importante para evitar a atomização das atividades de ciência e tecnologia e dos seus resultados, bem como para maximizar a utilização de recursos e promover uma retroalimentação contínua entre os diversos atores envolvidos nas questões às quais se dirige o programa ou projeto.

No Brasil, a organização de atividades de C&T em programas tem se fortalecido desde o início da década de 1980. Além do Programa de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas – RHAE – e do Programa de Agronegócios, anteriormente analisados, destaca-se o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – PADCT.

O PADCT é considerado o mais importante e abrangente programa de desenvolvimento científico e tecnológico do país. Em sua fase III, incorpora uma nova estratégia de organização do programa, abarcando atividades, atributos e novas formas de utilização dos instrumentos. Isso pode significar um passo na direção do desenvolvimento sustentável, na medida em que se postula a promoção de cooperação, por meio de parcerias e plataformas, nos projetos regionais, nas atividades de monitoramento e avaliação e na informação, entre outros.

A partir do PADCT II, foi introduzido o sub-programa Ciências Ambientais – CIAMB –, que tem como objetivo fundamental “...Induzir a geração e a consolidação da base científica e tecnológica necessária à efetiva inserção da dimensão ambiental no processo de desenvolvimento nacional, visando torná-lo sustentável”. Esse subprograma estabeleceu núcleos temáticos e demandas prioritárias apresentados na Tabela 4.1.