• Nenhum resultado encontrado

Quadro 4.4 - Rede Nacional de Pesquisa/RNP

“...exemplo de transferência de tecnologia que o setor de ciência e tecnologia e universidades já fizeram para a sociedade brasileira é a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), com a interligação de todos os computadores de instituições de pesquisa e universidades, em setembro do ano passado, essa rede foi aberta ao

setor privado, ao comércio e à indústria, e a rede é hoje conhecida como Internet-Brasil” (Israel Vargas – ex-ministro da C&T).

Os principais instrumentos de divulgação das informações científicas e tecnológicas são as bibliotecas, as publicações, a assistência técnica (na área tecnológica), a assistência orientada (na área tecnológica), os audiovisuais, os cursos de extensão, os seminários, os workshops temáticos e a Internet (publicações virtuais, homepages, etc.).

A ‘popularização’ de conhecimentos relevantes para o desenvolvimento sustentável e proteção do ambiente é um dos principais condutos de contribuição da ciência e tecnologia para a promoção da conscientização pública e para o fortalecimento da participação das comunidades. Dentre os instrumentos de popularização destacam-se:

• instrumentos vinculados ao sistema educativo;

• jornalismo científico em diversos meios de comunicação: rádio, TV, revistas, jornais;

• cursos, treinamentos e palestras em articulação com comitês comunitários e outros de mais amplo acesso aos segmentos sociais;

• campanhas promocionais e parte instrutiva de campanhas de mobilização (boletins, folhetos, etc.);

• extensão de acesso à Rede Mundial de Computadores (Internet).

A

VALIAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A avaliação científica, baseada nos critérios de excelência, é essencial para garantir a qualidade dos trabalhos de pesquisa e a realização de objetivos e propósitos das atividades de C&T, qualquer que seja o princípio orientador da política de C&T. O desenvolvimento sustentável não pode dela prescindir.

As avaliações ex-post, tradicionalmente mais freqüentes no campo de C&T, têm apresentado limites, sobretudo devido ao seu caráter estático. Esse tipo de avaliação mantém sua importância como instrumento de conhecimento dos processos atinentes ao campo específico das políticas, das ações, dos mecanismos e dos instrumentos avaliados e também como fonte de subsídios para ações futuras, seja para continuidade dessas políticas e ações, seja para proposição ou implementação de outras iniciativas.

O desempenho das atividades de avaliação está estreitamente relacionado à clareza de seus objetivos, com a definição do contexto em que ocorrem e com os recursos e mecanismos que lhes são necessários e adequados. Uma gerência adequada da fase de implementação é de grande importância para garantir os resultados esperados. Assim, já não cabe mais falar exclusivamente de

‘avaliação’, mas de ‘gestão estratégica’, em ciência e tecnologia, compreendendo um conjunto integrado de fases: elaboração das propostas, planejamento, implementação, controle e avaliação. Em outras palavras, isso significa a necessidade de uma avaliação ex-ante, durante e ex-post.

A gestão estratégica em ciência e tecnologia adota a abordagem compreensiva, considerando as interações com o contexto da instituição, do programa ou outro recurso de mudanças ao longo do processo de implementação das atividades. A avaliação compreensiva abrange os aspectos estratégico, gerencial e operativo, seus conteúdos, influências e impactos nos vários contextos sobre os quais atua. O monitoramento contínuo assume papel fundamental para que a avaliação seja um instrumento de gestão e fonte alimentadora do processo decisório, perdendo o caráter exclusivo de auditoria voltada para prestação de contas, como um simples instrumento de legitimação físico-financeira dos gastos realizados. Para isso, é fundamental que a gestão estratégica e o processo de avaliação que lhe é próprio tenham legitimidade na instituição sobre a qual são exercidos.

No Brasil, cabe realçar a importância das atividades do CCT para o desenvolvimento e a integração das atividades de prospectiva tecnológica

(foresight), avaliação tecnológica (assessment) e A&A (monitoring e evaluation).32 Particularmente o Estudo Prospectivo da Ciência e Tecnologia no Brasil, em fase de contratação pelo CCT, pretende “dentificar as tecnologias-chave para o desenvolvimento socioeconômico do país nos próximos dez anos e delinear estratégias para que o sistema de C&T possa proporcionar, de maneira rápida e eficiente, as respostas mais adequadas às demandas identificadas” (CCT, 1998).

Finalmente, cabe ressaltar que o PADCT, em sua fase atual, estabeleceu

‘Acompanhamento, avaliação e informação’ como um de seus componentes, ressaltando a necessidade de desenvolvimento dos indicadores de C&T e um processo contínuo de avaliação de suas atividades.

Essas iniciativas são importantes para se criar a cultura de tomar decisões com base em informações fundamentadas, de forma especial nos resultados dos trabalhos prospectivos e nas avaliações de atividades em curso ou já finalizadas.

Do ponto de vista do desenvolvimento sustentável, a gestão estratégica – compreendendo atividades de programação, de monitoramento e de avaliação –, é um instrumento que não pode ser dispensado, para garantir sua condição de princípio norteador da política e das estratégias de C&T, bem como para a adequação dos seus instrumentos.

C

OOPERAÇÃO INTERNACIONAL

:

ATIVIDADE E INSTRUMENTO DE

C&T

A Agenda 21 e outros documentos destacam a natureza global do processo de desenvolvimento sustentável, ainda que as respostas aos problemas necessitem estar territorialmente delimitadas. Por essa razão, a cooperação internacional é imprescindível.

Muitas vezes, o gerenciamento de problemas ambientais necessita de ações bilaterais e multilaterais entre países ou blocos regionais.

O Brasil tem de fazer do conhecimento e da gestão de seus recursos ambientais um ponto prioritário na agenda das negociações internacionais. Isso é particularmente urgente no caso da Amazônia. A sua grande atratividade para o mundo impõe imensos desafios ao Brasil no tocante à normatização da pesquisa e à negociação dos projetos e dos direitos sobre os resultados das pesquisas.

Impõe também grandes desafios estratégicos e operacionais de defesa dos interesses nacionais e regionais nas parcerias e nas negociações com programas internacionais.

A Agenda 21 ressalta as seguintes necessidades com relação à cooperação internacional:

• fomentar novas parcerias;

• aperfeiçoar a cooperação técnica;

• estabelecer alianças entre atores;

• estabelecer novos vínculos entre as redes de especialistas nas diversas áreas da ciência.

Para a Agenda 21, as parcerias mundiais devem refletir um diálogo permanente e construtivo, buscando uma economia mundial mais eficiente e eqüitativa, com interdependência das nações, tendo o desenvolvimento sustentável como item prioritário da agenda internacional. Mas não devemos esquecer que, sobretudo nas recomendações para ação, o documento tem um claro viés na direção do ‘apoio internacional’. As ‘parcerias’ são apresentadas sem deixar claras as assimetrias nas condições e nas possibilidades dos ‘parceiros’.

Para garantir condições adequadas de negociação, é necessário que os países mais pobres e de menor avanço científico e tecnológico venham a ser

32 A Presidência da República criou um sistema de acompanhamento de programas governamentais, tendo na Casa Civil uma coordenação de acompanhamento das ações prioritárias do governo. Mas esse é um acom-panhamento físico-financeiro, para efeito de acompanha-mento macro do governo, que não substitui nem atende às exigências de uma avaliação compreensiva e ‘construtiva’, de forma a promover um processo decisório mais compreensivo e renovadas proposições para a formulação de políticas setoriais.

efetivos parceiros. Isso requer capacidade negociadora para alcançar acordos que venham a se consubstanciar em instrumentos de uma efetiva cooperação.

Com relação à transferência de tecnologia, a própria Agenda 21 destaca a necessidade de :

• aumento da capacidade econômica, técnica e administrativa para uso eficiente e o desenvolvimento posterior da tecnologia transferida;

• esforços comuns de longo prazo das empresas e dos governos;

• treinamento sistemático e continuado;

• fortalecimento institucional e técnico em todos os níveis.

A cooperação internacional deve contribuir para promover novos conhecimentos e novas tecnologias, tornando os países parceiros na inovação.

Nesse sentido, é importante a participação de pesquisadores e técnicos em redes técnico-científicas internacionais, bem como a ampliação do acesso a informações e a promoção de intercâmbio entre pesquisadores, engenheiros e outros técnicos.

Buscando associações para desenvolver pesquisas na área de desenvolvimento sustentável, sem abrir mão da liderança e do controle da agenda, os países avançados estabeleceram, em 1991, o Global Environmental Facility (GEF), explicado no Quadro 4.5, a seguir.

Uma dimensão que assume papel relevante para a cooperação internacional é a regional, tanto no que se refere aos blocos como às questões transnacionais.

No NAFTA consideram-se a integração econômica e as tentativas de resolução de questões ambientais como um aprendizado do processo de tomada de decisão em áreas conflitivas, como a economia e o meio ambiente, em favorecimento do desenvolvimento sustentável. A União Européia (UE) também destaca a promoção do desenvolvimento sustentável em nível internacional, um dos objetivos prioritários de suas atividades em ciência e tecnologia. Tem como instrumentos de financiamento: o STD programe, o PP-G7 (fortalecimento institucional e apoio à pesquisa), créditos do GEF, créditos internacionais e outros.

Tomando a Agenda 21 como plano de ação, a UE ressalta também a necessidade de parcerias e uma estrutura de compromissos e cooperação em nível internacional.