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Quanto à cooperação internacional

4.18 – Desenvolver capacidade de negociação tanto mais necessária em um contexto no qual as amplas possibilidades de celebração dos acordos de cooperação internacional, objeto de amplo debate durante a CNUMAD-92, aparentemente não estão sendo implementadas pelas nações mais avançadas.

As cooperações que estão sendo celebradas envolvem, na maioria dos casos, o

levantamento, a preservação (in situ ou ex situ) e, particularmente, a coleta de material genético derivado da diversidade biológica dos países em desenvolvimento. Mais recentemente, a propriedade intelectual sobre processos metabólicos faz parte do repertório da negociação (posição na matriz: C, CP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios : PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico-científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

4.19 – Empreender estudos de avaliação dos resultados da cooperação, sendo que é relevante a atenção aos resultados da cooperação e do investimento e sua conversão em tecnologias ambientalmente mais saudáveis e/ou limpas. Embora o setor público continue sendo a maior fonte de financiamento da P&D, sua participação tem diminuído. Estudos recentes têm indicado que o setor público de pesquisa continua tendo um papel significativo na geração de tecnologias poupadoras de recursos naturais, embora sua comercialização e transferência para o setor produtivo seja negligenciada. Esses mesmos estudos têm revelado que o apoio financeiro à P&D para geração de tecnologias limpas, tanto nos países avançados como naqueles em desenvolvimento, tem produzido resultados positivos. No entanto, apenas uma pequena proporção daquelas tecnologias geradas pelo setor público é patenteada, comercializada ou transferida para o setor produtivo, por vários motivos que devem ser corretamente identificados e entendidos. O que se sabe, no entanto, é que isso dificulta e encarece a adoção de tais tecnologias (posição na matriz: C, CP e MP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios: PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

4.20 – Realizar o monitoramento sistemático das ações das principais agências internacionais de financiamento que, tradicionalmente, têm contemplado projetos de cooperação internacional em diferentes áreas, para saber se e de que forma a agenda das mesmas tem contemplado a cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável (posição na matriz: C, CP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios: PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

4.21 – Analisar as experiências de blocos regionais, como o NAFTA e a União Européia, tanto no que se refere aos instrumentos de cooperação como às estratégias de tratamento dos recursos transfronteiriços, visando a lançar luzes sobre as decisões e as formas de promoção do desenvolvimento sustentável em nível do Mercosul e do Pacto Amazônico (posição na matriz: C, CP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios: PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

4.22 – Estabelecer uma Agenda de prioridades para o desenvolvimento sustentável em nível do Mercosul, com ênfase no gerenciamento dos recursos

hídricos e na avaliação conjunta dos impactos das grandes obras, como hidrovias, estradas regionais e usinas hidrelétricas (posição na matriz: C, CP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios: PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

4.23 – Estabelecer uma Agenda de prioridades para a cooperação internacional relacionada à Amazônia, com especial atenção a programas como o PP-G7 e o PROBIO, regulamentações relacionadas à pesquisa com produtos naturais, negociações sobre direitos de propriedade intelectual e industrial de conhecimentos e produtos regionais. É fundamental integrar essa cooperação em uma política nacional para a região, consolidando-a como um real instrumento de promoção do avanço científico e tecnológico para o desenvolvimento sustentável (posição na matriz: C, CP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios: PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

4.24 – Estabelecer sistemas de informação sobre fontes internacionais – bilaterais e multilaterais – de financiamento da cooperação (posição na matriz: C, CP).

Atores: EF, EE, LF, LE, UP, EP, EPr, OSG e OI.

Meios: PPA; PNMA; gestão estratégica em C&T – prospecção, avaliação, monitoramento de políticas, programas e atividades de cooperação; programas de apoio à pesquisa e à inovação tecnológica, redes técnico-científicas internacionais; programas de formação de recursos humanos no exterior;

programas de cooperação internacional para pesquisa e formação de recursos humanos no Brasil (PP-G7, SHIFT e outros); cooperação bilateral e multilateral.

Matriz parcial das recomendações – C&T para processos produtivos

Prazo Estratégia Curto Prazo Médio Prazo

LongoPrazo

1-2 Anos 3-5 Anos > 5 Anos

(Cp) (Mp) (Lp)

A Conscientização Social 4.7, 4.11, 4.13, 4.14 4.13

Informada

B Democratização do Processo Decisório

C Implantação da Gestão 4.2, 4.3, 4.5, 4.6, 4.9 4.13, 4.19

Estratégica de C&T 4.10, 4.11, 4.14, 4.15 4.16, 4.17, 4.18, 4.19 4.20, 4.21, 4.22, 4.23

4.24

D Geração, Absorção, Adaptação, 4.1, 4.4, 4.7, 4.12, 4.13 4.1, 4.13

Inovação e Difusão de Conhecimento

L

EGISLAÇÃO DE

C&T

Desde que deixou de ser concebida como um dos principais objetivos da Doutrina de Segurança Nacional do período militar, a política nacional de C&T tem sido orientada pelas metas da modernização tecnológica e da competitividade internacional. A legislação correspondente tem regulado os critérios que presidem a produção de competência, a disseminação de conhecimento e a inovação da C&T nacional.

Na qualidade de fator estratégico do desenvolvimento sustentável, impõe-se à política nacional de C&T uma revisão dos atos normativos que regulamentam sua formulação e execução. O que está em questão é a formulação de uma legislação em C&T capaz de permitir uma maior interação do saber científico e tecnológico com a sociedade e, com efeito, estimular a disseminação das informações, de modo a melhorar a qualidade da participação social nos assuntos pertinentes à política nacional de C&T e no próprio processo de desenvolvimento nacional.

Por política nacional de C&T compreende-se a constituição e o desenvolvimento de competências e habilidades nacionais para a geração e a absorção de conhecimentos. Sob essa ótica, a política nacional de C&T corresponde a um sistema de constituição, manutenção e renovação da infra-estrutura de pesquisa; dos grupos de pesquisadores; do setor empresarial, na motivação em correr o risco da inovação; do setor operário, na qualificação e estímulo à apropriação de conhecimento; e de professores qualificados e motivados a difundir o seu conhecimento.

Conforme reafirmado diversas vezes neste documento, a política de C&T não é setorial, uma vez que está implicada em todos os setores de políticas públicas.

O próprio objeto da política de C&T só existe como parte integrante de políticas públicas determinadas.

A literatura apresenta diversas tipologias de organização de políticas públicas de C&T.34 É elucidativo distinguir as políticas implícitas – que induzem atividades científicas e tecnológicas sem terem sido formuladas com esse fim – das políticas explícitas – formuladas com a finalidade direta de interferir na competência científica e tecnológica.

A gestão ambiental abarca, ao mesmo tempo, os dois tipos de políticas públicas de C&T. Por um lado, depende decisivamente da geração e da renovação de competência, sem as quais não tem como progredir. Deste lado, a gestão ambiental incorpora, implicitamente, objetivos da política de C&T. Por outro lado, a gestão ambiental também produz diretamente os seus próprios recursos tecnológicos, assumindo objetivos explícitos da política de C&T.

A legislação nacional em C&T espelha as indefinições sobre o lugar da política de C&T no campo das políticas públicas em favor do desenvolvimento sustentável. Ainda não há uma sistematização exaustiva que confronte as legislações sobre a intervenção do Estado na promoção do desenvolvimento e na difusão do conhecimento. A tentativa nesse sentido, apresentada no Anexo 1, acusa que são poucas as leis em que esse atributo não esteja implícito e, em muitas, há um explícito componente de política de C&T.

Tomemos como referência duas leis: Lei no 8.723, de 1993, sobre a redução na emissão de poluentes por veículos automotores, e Lei no 8.974, de 1995, a Lei da Biossegurança. A primeira induz uma mudança tecnológica nos veículos automotores e na qualidade dos combustíveis. Contém, assim, elementos implícitos de política tecnológica. A segunda estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia genética, o que corresponde a uma medida de política explícita de C&T, posto que regulamenta diretamente a pesquisa acadêmica e os centros tecnológicos concernentes.

Nelson (1993: 518) alerta que não há uma fronteira nítida de delimitação das políticas explícitas de C&T a partir da qual possam ser excluídas as políticas implícitas. Em que pese a pertinência da recomendação do autor de que a legislação em C&T seja tratada como o conjunto dos atos normativos que dispõe explícita e implicitamente sobre a formação de competência científica e tecnológica, o contexto deste trabalho impõe estreitos limites a esse desafio de integração.

Deste lugar, o foco dessa análise centraliza-se na legislação explícita de C&T, particularmente nos atos normativos elencados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Refere-se aos atos normativos do Congresso Nacional e do Poder Executivo.

34 Ver, especialmente, Nelson (1993), Mowery (1994) e, para uma discussão conceitual incorporando a experiência relacionada, Bastos e Cooper (1995).

A política explícita de C&T, a partir do início dos anos 1970, promoveu uma separação entre a produção científica e a produção tecnológica. Os atos normativos do período refletem essa separação.

A estratégia de desenvolvimento tecnológico do período centrou-se na tese da superação da dependência tecnológica, a partir da concentração de esforços em projetos prioritários e na geração de pólos de competência irradiadores de capacitação ao conjunto da sociedade (Schwartzman, 1995). O Programa Nuclear Brasileiro e a Política Nacional de Informática, ambos amparados por uma legislação longa e intrincada, espelham a estratégia setorial e seletiva da política tecnológica protecionista.

No palco do neoliberalismo, protecionismo estatal para desenvolvimento científico e tecnológico passou a ser uma expressão indesejável, e a política da competitividade dos mercados mundiais assumiu a condição de norte da política nacional de C&T. Assim, o novo Código de Propriedade Industrial, os programas de qualidade e produtividade e os programas de capacitação de recursos humanos em áreas estratégicas (RHAE) já refletem a nova estratégia de desenvolvimento tecnológico geral e indiscriminada, em contraste com a estratégia setorial e seletiva.

A orientação generalista da estratégia de desenvolvimento científico não prioriza os campos científicos a serem capacitados. Parte da premissa de que o apoio a pesquisadores, individuais ou institucionais, independentemente do campo do saber, é suficiente para produzir a competência requerida pelos padrões internacionais e, conseqüentemente, atender às necessidades do avanço do conhecimento e do desenvolvimento nacional.

Os debates sobre Orçamento Geral da União, realizados anualmente no Poder Legislativo Federal, são foros normativos centrais da estratégia federal de desenvolvimento científico, já que a alocação de recursos públicos orçamentários é fundamental ao desenvolvimento da pesquisa individual e institucional, aos acordos de cooperação técnica internacional e conseqüente autorização de contratos de crédito externo. Complementarmente, a política nacional de C&T tem, nos fundos constitucionais dos estados, a principal fonte normativa de apoio à sua descentralização.

Além do conjunto de atos normativos relativos ao conteúdo da política pública explícita de ciência e tecnologia, a legislação em C&T também se refere ao processo pelo qual as intenções políticas se traduzem em normas jurídicas de procedimentos e meios de cumprimento às intenções, como também às sanções contra o descumprimento.

O enfoque processual da legislação em C&T permite destacar procedimentos fundamentais da tomada de decisão que resultam em atos normativos, tanto no Legislativo como no Executivo. Dois procedimentos básicos merecem atenção. O primeiro refere-se ao acesso às informações, o insumo básico de formulação das medidas normativas em C&T, cuja qualidade determina a justeza e a temporalidade da norma. O segundo refere-se à exposição do processo decisório à vontade da sociedade, isto é, às possibilidades de a sociedade organizada encontrar os canais para influenciar no conteúdo das normas.

Na dinâmica concreta dos acontecimentos, os dois procedimentos estão freqüentemente imbricados. A participação social é fonte riquíssima de informação na definição dos atos normativos. A eficácia da participação nas matérias de C&T depende, em grande medida, da capacidade de interlocução dos agentes. Esta, por sua vez, é decisiva na qualidade das informações e na clareza dos decisores quanto aos efeitos e às possibilidades dos conhecimentos científicos e tecnológicos no desenvolvimento nacional.

O compromisso com o desenvolvimento sustentável inscreve grandes desafios à legislação orientadora da política de C&T. Provavelmente o maior deles esteja em como incorporar as futuras gerações como sujeitos do direito, ainda que elas não existam presentemente e não tenham voz para influenciar o processo legislativo.

A interação entre a política de C&T e a sociedade, na perspectiva da sustentabilidade, requer a revisão e a formulação de atos normativos,

incorporando novos conteúdos favorecedores de mudanças ao processo de tomada de decisão.

A formação histórica brasileira forjou a dissociação ideológica entre as noções de nação e sociedade, o que incidiu diretamente na limitação dos espaços de exercício da cidadania (Martins, 1998). Os pesquisadores e os tecnólogos são grupos sociais vítimas dessa ideologia, que os aprisiona e reforça o seu isolamento ante os problemas mais ardentes da sociedade. As razões da persistência do princípio da neutralidade científica talvez expliquem as resistências dos cientistas e dos tecnólogos em se verem como sujeitos contribuintes ou adversários da sustentabilidade do desenvolvimento.

O recente enfraquecimento da idéia de nação trouxe, como conseqüência, o robustecimento da fragmentação dos interesses sociais. Neste palco, pesquisadores e tecnólogos tendem a tornar-se mais um grupo social a defender seus interesses corporativos, particularmente em relação à alocação dos recursos públicos.

Considerando que a redefinição do papel do Estado deve implicar a superação do patrimonialismo, do assistencialismo e do intervencionismo do aparelho burocrático nas políticas públicas, diante das exigências à prestação de serviços para uma sociedade mais crítica em relação aos espaços de exercício da cidadania (Martins, 1998), as políticas públicas de C&T ainda esperam uma legislação que articule: objetivos modernizantes e sustentabilidade, elevação da qualidade e diversificação da competência dos conhecimentos, em função de sua relevância social.

Quadro 4.7 – O conflito entre interesses científicos e sociais na