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Qual a visão dos docentes sobre informatização da rede municipal

4.2 Análises das entrevistas

4.2.3 Qual a visão dos docentes sobre informatização da rede municipal

Para os professores Paulo Vega, César Antares e Júlio Antares a informatização das escolas representou um avanço, porém fazem restrições em relação à escolha pela utilização de software livre, destacando que essa opção representou um atraso e mais uma dificuldade para a adaptação por parte dos professores ou ainda simplesmente uma economia injustificada. A professora Márcia Polaris compartilha com eles a opinião sobre a escolha pelo software livre e acrescenta que por este ser “diferente” do que usa em casa, é muito ruim, porém em relação à informatização da rede municipal considera que a PBH fez a sua obrigação.

Para as professoras Ana Vega e Dora Polaris tanto a informatização das escolas quanto a escolha pelo software livre representam um melhoria para as escolas. Para Dora Polaris faltou interesse dos professores da escola para dar continuidade ao processo de formação, investindo em sua própria aprendizagem, uma vez que todos tiveram chance de participar do curso na própria escola. Ana Vega compartilha da mesma opinião considerando que se os professores se mostrassem mais receptivos ao software livre veriam que é bem similar ao software proprietário.

Na opinião do professor Paulo Vega ainda há um longo percurso a ser percorrido no sentido de criar as condições para que os professores se apropriem realmente dos computadores nas escolas municipais. Isso porque, segundo ele, o fato dos professores não possuírem habilidades e nem formação adequada para lidar com a tecnologia pedagogicamente e principalmente por estarem submetidos ao padrão dominante do software proprietário, eles não conseguirão lidar com sistema operacional Libertas.

O professor César Antares compartilha da mesma opinião de Paulo Vega e coloca o sistema operacional Libertas como um sistema pobre, pouco difundido, problemático e ainda enaltece o sistema proprietário com sendo a “linguagem universal”

a Prefeitura tem oferecido instrumento a única crítica que eu coloco é que o sistema operacional é que é pobre, é de pouco domínio devia ser o Windows®. Porque no primeiro momento comprou os equipamentos testou, mas você viu aí ele (Linux) é muito problemático ele dificulta a linguagem universal ainda é o Windows®, então eu acho que era a oportunidade da prefeitura comprar o Windows® e instalar nas máquinas o Windows®, mesmo que fosse o milênio ou o XP®. Acho que deveria fazer dessa forma (César – professor da EJA da Escola Antares).

Com uma opinião contrária à dos dois professores, a professora Ana Vega defende o uso do software livre assegurando que o mesmo é muito mais seguro, extremamente amigável e representou um avanço na diminuição de problemas com vírus e spam44 de pornografia que eram freqüentes nos computadores da sala de informática nos tempos em que estes eram instalados com o software proprietários

no laboratório, igual eu te falava no começo(sic), ele era o Windows® tem muita coisa legal, mas só que por exemplo: vírus. Direto, eu chegava com os meninos, eles abriam o navegador e ... mulher pelada...(sic) coisas assim, de pornografia, isso era direto, praticamente toda semana acontecia isso. E fora os vírus, os programas tinha que reinstalar tudo todo dia tinha problema (Ana – professora do EF da Escola Vega).

Ana Vega relata ainda estar tão acostumada e habituada com software livre que não usa mais o computador de sua casa, porque nele está instalado o software proprietário. Para ela muitos professores ainda resistem em utilizar o software livre, porque não fizeram o curso

44 Na verdade a professora está se referindo a Pop up windows [ing] pequena janela, geralmente de conteúdo

publicitário, eventualmente com recursos multimídias, que se abre imediatamente no navegador de internet quando uma página é solicitada. Visto que, spam significa mensagens não solicitada enviadas por correio eletrônico a um grande número de destinatários contendo correntes, publicidade, material pornográfico, propostas de enriquecimento fácil, pedidos de ajuda para pessoas necessitadas ou desaparecidas ou ainda histórias absurdas tidas como lendas da internet. Dicionário de Informática disponível em <http://www.dicweb.com/> Acesso em 23 mai 2008

básico para aprender a usá-lo, e completa “é tudo tão similar que só pode ser mesmo por desconhecer o software que eles colocam tantas resistências, quando você passa a usar e conhecer o software livre não quer mais saber de ser “pirata”” (Ana – professora do EF da Escola Vega).

Na opinião da professora Márcia Polaris a informatização das escolas da PBH não representou um avanço tão significativo. Para ela a PBH apenas cumpriu a sua obrigação “fez o que tinha que ser feito isso, porque atualmente as TIC fazem parte do cotidiano da vida das pessoas e as escolas têm mais é que se adaptarem e acompanharem a sociedade em que estão inseridas” (Márcia – professora do EF da Escola Polaris).

Outros aspectos que apareceram em destaque na entrevista em relação à informatização das escolas referem-se ao aspecto estrutural da informatização. Questões como a lentidão da rede e a demora no atendimento e manutenção dos equipamentos que é realizada pela PRODABEL só pioram a opinião dos docentes a respeito da informatização. Ainda muitas vezes imputam ao software livre a responsabilidade pelos problemas de configuração da rede e dos equipamentos. Por diversas vezes, durante o período de observação pode-se constatar essa situação: os professores que não conseguiam ler um disquete no drive45 associavam a falha técnica de configuração e montagem do drive como sendo uma falha do software livre.

Para Júlio Antares uma única prestadora de serviço não é suficiente para atender à demanda das escolas. Ele aponta para a necessidade de se repensar os processos de manutenção, de modo que a solução seja rápida no sentido de se evitar que os computadores fiquem parados por um longo tempo. “A prefeitura tem uma prestadora de serviço só que não é suficiente, essa coisas limitam nosso trabalho, por exemplo, travou a impressora a escola fica parada até o técnico vir, então dificulta um pouco podia ser melhor” (Júlio – professor da EJA da Escola Antares).

Já para Paulo Vega a questão se agrava ainda mais quando o problema situa-se em um hardware “se demora mesmo quando é problema de software e quando é de hardware ainda é mais demorado, ainda mais complicado, quando a escola que tem que comprar, placa, processador, memória, aí pode esquecer”. E completa “se você tem um laboratório com 15 computadores e 10 estão funcionando. Com 5 computadores a menos, se você contar que 5

45 Palavra de origem inglesa que significa acionador – trata-se de uma unidade periférica eletromagnética que

permite a leitura e gravação de disquetes. Disponível em: <http://www.portaldigitro.com.br/pt/ tecnologia_glossario-tecnologico.php?index=L> Acesso em: 12 mai 2008

computadores têm dois alunos por cada computador são 10 alunos que vão ficar na sua cola reclamando isso todo dia, então é o problema, é a manutenção, é sério mesmo” (Paulo – professor da EJA da Escola Vega).