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QUANDO DEUS FEZ SILÊNCIO

No documento Ravi Zacharias - Por Que Jesus é Diferente (páginas 161-187)

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a peça de Robert Bolt, baseada na vida de Sir Thomas More, intitulada Um homem para todas as estações, há um momento profundamente tocante quando More é levado diante de um tribu- nal provisório. O juiz e o júri estão furiosos porque ele não aceita participar de um esquema para apoiar o rei numa decisão imoral.

Ameaçando-o com a sentença de morte, eles o pressionam para que se una a eles. Mas More fica em silêncio diante de todos, re- cusando concordar. Eles sabem o que significa sua resposta sem pala- vras, mas continuam a ameaçar, tentando fazê-lo quebrar seu silêncio e falar algo. Calmo, More não diz nenhuma palavra.

Em dado momento, um dos juízes lhe diz: —Então seu silêncio deve ser interpretado como uma negação da afirmação que busca- mos, pois é isso que significa para o povo.

Sir Thomas More replicou, medindo bem as palavras: — O mundo pode interpretar como bem entende. Esta corte deve inter- pretar de acordo com a lei.

Eles finalmente desistiram. Não conseguiram dobrá-lo. No entan- to, More pagou com a própria vida seu compromisso com a verdade. Os melhores novelistas e teatrólogos têm uma boa razão para basear suas narrativas no solo da injustiça. Desde o tempo de Sócrates e Platão, os filósofos têm colocado extremo valor na virtude da jus- tiça, em qualquer sociedade civilizada. Aristóteles chegou a dizer

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que a justiça era a pedra angular de toda a ética. Por quê? Porque a justiça é a guardiã da verdade; quando a verdade morre, a justiça é enterrada junto com ela. O silêncio que cerca tal tragédia pode bem ser o silêncio oferecido aos algozes, um momento sombrio de verdade.

Provavelmente Thomas More viu seu precedente em Jesus, que ficou em pé diante de um tribunal similar e foi acusado, entre ou- tras coisas, de traição contra o rei. Quando Jesus foi levado diante de Pôncio Pilatos e de seus acusadores, seu comportamento foi fas- cinante. Seu silêncio deixou os inquiridores profundamente nervo- sos. Eles esperavam vencê-lo numa batalha de palavras. Não foi por acaso que a conversa, supostamente tratando sobre a justiça, acabou numa discussão sobre a verdade.

A sequência de eventos que levaram Jesus diante de Pilatos mos- tra como o crime organizado também tem um legado antigo. A covardia, traição, falsidade, intriga, assassinato - todas as paixões que povoam os enredos das novelas de suspense — tomam vida na dura realidade da mais histórica demonstração de injustiça da histó- ria, quando a verdade estava sendo julgada.

Os líderes religiosos queriam Jesus fora do caminho. Todavia, estavam divididos entre dois sistemas jurídicos: a lei judaica e a lei de Roma. Por mais que tentassem, não conseguiam obter uma base moral sobre a qual matar Jesus. No entanto, mesmo que conseguissem cons- truir o cenário da justificativa moral, não tinham autoridade para executá-lo, como era sua intenção. Muitas vezes, quando a lei moral protege o inocente, uma lei cerimonial é invocada para se alcançar os fins imorais.

Ao afirmar ser igual a Deus, Jesus cometeu uma ofensa imper- doável aos olhos dos líderes judeus. Evidentemente, tal afirmação não tinha nenhuma gravidade num tribunal romano, desde que não ameaçava César. Dizem que, no mundo greco-romano, na mente popular todas as religiões eram consideradas igualmente verdadei- ras; para os filósofos, todas eram falsas; para os magistrados, todas eram úteis.

Resumindo, Roma não tinha simpatia pela religião judaica. A única esperança do sumo sacerdote e seus partidários era apresentar

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o crime de Jesus como um desafio contra César e como traição. Não se importavam com o imperador romano mais do que este se im- portava com eles. No complô, porém, Roma iria ajudar.

Apanhado no meio de todos esses elementos estava o fraco go- vernador romano, Pôncio Pilatos. O especialista em Antigo Testa- mento Dennis Kinlaw notou com astúcia que a velha Sra. Pilatos jamais visualizou o nome do filho entrando para a história — citado nos credos cristãos. Sem dúvida, nem ele mesmo imaginou que aquele julgamento espetacular entraria permanentemente para os anais da história da civilização.

De tudo o que Jesus disse, o que mais maravilhou Pilatos foi seu silêncio. A Bíblia diz: "Os principais sacerdotes o acusavam de mui- tas coisas. Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar" (Mc 15:3-5).

A cena nos dá um olhar crítico de como Jesus lidava com o incómodo dos céticos e com a raiva dos religiosos contra ele. Ele já fora submetido a uma série de eventos extenuantes. Primeiro foi preso, ao ser traído por Judas Iscariotes, em troca de um punhado de moedas; foi levado à presença de Anás, sogro do sumo sacerdote Caifás. Depois de interrogá-lo, Anás enviou-o para o genro Caifás, o qual astutamente tentou justificar a crucificação, citando a Escritu- ra que era imperativo que "um morresse por muitos".

Caifás, por sua vez, enviou-o a Pilatos; o sumo sacerdote não sabia que o governador fora advertido pela esposa para não se incriminar envolvendo-se naquele terrível complô. Ao descobrir que Jesus era galileu, Pilatos usou este fato como desculpa para evitar julgar a questão, enviando-o ao rei Herodes. Pilatos, porém, não podia evitar seu encontro com o destino. Herodes, depois de escar- necer de Jesus, enviou-o de volta ao governador.

Jesus ficou como um objeto, passando de mão em mão, en- quanto as palavras e intenções iam tomando forma para subverter a verdade — tudo em nome da moralidade. Quando Pilatos terminou de interrogá-lo, disse às autoridades religiosas: "Apresentastes-me este homem como agitador do povo; mas, tendo-o interrogado na

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vossa presença, nada verifiquei contra ele dos crimes de que o acusais. Nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar. E, pois, claro que nada contra ele se verificou digno de morte. Portanto, após castigá-lo, soltá-lo-ei" (Lc 21:14-16). Assim, Pilatos mandou açoitá- lo, tentando acalmar a turba.

Este era o momento que os líderes da sinagoga esperavam, e den- tro da vontade divina, era o momento para o qual toda a história vinha se movendo e mediante o qual seria marcada para sempre. H á muito mais a ser dito aqui, mas nos concentraremos na conversa entre Jesus e Pilatos.

AS LINHAS D E ABERTURA

Conforme veremos, o texto bíblico não começa com o silêncio de Jesus. Começa com uma breve interlocução com Pilatos, até que Jesus se recusou a responder a algumas perguntas. Portanto, seria prudente primeiro olharmos para as respostas que ele deu, porque seu silêncio é compreendido à luz das palavras que proferiu.

A primeira pergunta de Pilatos foi bem direta: "És tu o rei dos judeus?"

Era uma pergunta bem específica. Pilatos preferia manter a ques- tão como um assunto interno entre os judeus. Dessa forma, possivel- mente poderia evitar a responsabilidade. Os sacerdotes, por outro lado, sabiam que, se quisessem ter autoridade legal para executar Jesus, tinham de incluir Roma no problema. Com esses propósitos entrecruzados, começou o julgamento.

Jesus respondeu à pergunta de Pilatos sobre sua condição de rei com outra pergunta: "Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disse- ram outros a meu respeito?"

Pilatos rebateu: "Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os

[teus] principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizes-

te?" (veja Jo 18:33-35, ênfase acrescentada).

Evidentemente, Pilatos ficou irritado com a pergunta, mas era óbvio que não a compreendeu. O que Jesus queria mostrar era que se tratava de uma pergunta capciosa - a mera curiosidade cerimonial. Responder a uma questão para a qual não se busca honestamente

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uma resposta é apenas prolongar a charada. Jesus estava se aproxi- mando de Pilatos para lhe mostrar que na verdade sua atitude não era diferente daqueles que tinham trazido as acusações. O significa- do desta pergunta é que o confronto não era exclusivo de uma nação ou de um povo. Todo o mundo estava envolvido. Seus acusadores estavam deliberadamente surdos à sua resposta, enquanto Pilatos es- tava desempenhando o papel de seu cargo, sem nenhum respeito pela verdade por trás dos seus julgamentos. Deus estava no banco das testemunhas; a humanidade fazia suas intrigas jurídicas.

Aqui surge uma lição imediata. Ouvimos tantas críticas por par- te dos céticos sobre o que eles muitas vezes classificam como "fé de segunda mão". A ideia implícita é que muitas pessoas acreditam em Deus só por causa do contexto do nascimento, do histórico familiar ou alguma outra circunstância. Se tal crítica é justificada (e sem dúvidas muitas vezes é), por que não mostramos a mesma desconfian- ça para a "dúvida de segunda mão"? Se é possível que a crença de uma pessoa seja meramente um eco da fé de outrem, será que tam- bém não há hipocrisia na incredulidade?

Será que se tratava de uma busca sincera por parte do governa- dor romano, ou era apenas uma encenação, parte do procedimento, refletindo uma verdadeira indisposição de ouvir? Esse era o ponto de Jesus.

Em muitas ocasiões, já ouvi pessoas empilhando valentemente perguntas sobre perguntas, questionando a fé cristã. Os argumentos começam a soar ocos quando as palavras são de outras pessoas e as ideias são emprestadas de algum intelectual. Não quero insinuar aqui que os argumentos ou as perguntas não tenham validade. Que- ro apenas afirmar que, muitas vezes, as assim chamadas razões para se refutar a verdade são tão misturadas com os preconceitos indivi- duais que é difícil fazer uma distinção entre a pergunta e os desejos ocultos de quem a faz.

Há algum tempo, eu estava ensinando numa universidade sobre o assunto "Ética e a invasão do Cyber Espaço''. Soube que fora convi- dado por ser teísta, para que houvesse pelo menos um orador que

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propusesse uma base transcendente para os julgamentos éticos! Foi uma conferência fascinante.

Depois da aula, sentamo-nos para almoçar juntos, convidados pela diretoria da faculdade e pelos líderes estudantis. Durante a re- feição, uma professora disse algo assim: "Toda esta conversa sobre moralidade objetiva parece elevada e cheia de peso filosófico. Para mim, a questão básica é simples: Como evitar que os estudantes 'colem' nas provas?"

Enquanto respondia à pergunta, eu também a lembrei de que estava se concentrando nos sintomas e ignorando a causa.

No final do almoço, um grupo de estudantes me cercou e fez uma enxurrada de perguntas. Uma aluna disse em voz baixa: —Eu realmente tenho um problema. Minha professora me pediu para vir participar da sua palestra e refutar o que você dissesse. A verdade, porém, é que, depois de ouvir seus argumentos, descobri que concor- do com você.

— Bom, então por que não escreve isso?

— Não! Se eu concordar com seu raciocínio, corro o risco de não me formar. A professora tinha certeza de que eu discordaria de você e queria que eu rebatesse com veemência. Estou precisando de nota e não posso deixar de me formar.

— Você tem certeza de que o sua professora puniria você apenas por concordar com a minha posição sobre ética?— perguntei.

— Tenho certeza.

— Esta professora estava presente no almoço? — Sim — foi a resposta hesitante.

— Quem é ela?

Houve um silêncio embaraçoso e depois uma admissão ainda mais incomoda — Aquela que perguntou como podia impedir os alunos de 'colar'.

Um pouco distante da genuína fome pela verdade. Eu duvido seriamente se um professor desse tipo realmente deseja que os alu- nos aprendam a não trapacear ou quer apenas que aprendam a pen- sar como ela, mesmo que signifique uma vida inteira de fingimento - dúvida de segunda mão.

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Tenho certeza de que existem dezenas de milhares de estudantes que saem das faculdades com a mente treinada a não acreditar em Deus e não aceitar nenhum argumento ou evidência em contrário. O pai do racionalismo moderno é o filósofo francês René Descartes. Seu dito: "Penso, logo existo" — ressoa pelas salas de filosofia. Partin- do desta abordagem fundamentalmente racionalista da existência, os céticos extrapolaram e criaram seu próprio ditado: "Eu duvido, portanto sou um intelectual". Para muitos, tal incredulidade na ver- dade segue um particular intelectual em vez de enfrentar as questões do intelecto.

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Jesus tinha plena consciência do efeito contagiante da dúvida. Foi por isso, em parte, que manteve silêncio. Pilatos, claro, rapidamente se esquivou de qualquer envolvimento pessoal nos procedimentos, insistindo que se tratava de uma questão interna da comunidade judaica, a qual para começar iniciara todo o problema. Jesus então tratou de levar o governador a ver que de fato tinha interesse na questão, porque seu reinado não tinha nada a ver com o governo de uma nação ou de uma cultura, mas tinha tudo a ver com o governo do coração.

Jesus disse: "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui" (Jo 18:36).

Apanhado um pouco de surpresa, Pilatos exclamou: "Logo, tu és rei?"

Foi neste ponto que veio a resposta definitiva: "Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar teste- munho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (v. 37).

Imediatamente notamos que foram feitas três afirmações dra- máticas.

Primeiro, o reino de Jesus não era assistido por poderio bélico ou diplomático. Seu governo não é territorial ou político. A história

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prova que a propagação do evangelho por meio da espada ou da coer- ção não leva a nada, a não ser à má interpretação da sua mensagem.

Podemos ter certeza de que Jesus não estava falando sobre paci- fismo ou guerra. Estava estabelecendo uma distinção clara entre a forma de crescimento do seu reino e a forma como as nações terrenas estabelecem o controle. Estava mostrando um ponto significativo a um procurador com motivos políticos. Seu reinado não pode ser e não será estabelecido pela força ou pela ameaça. Só este fato teria dado a Pilatos razão suficiente para ir além da superfície do que esta- va acontecendo. Na verdade eram as nações deste mundo que esta- vam no banco das testemunhas, e Deus que estava julgando. Pilatos devia saber imediatamente que não era nenhum César que estava em pé diante dele. Era alguém com um tipo de autoridade totalmente diferente.

Correndo o risco de ser repetitivo, neste ponto gostaria de con- tar um exemplo que compartilho em outro livro. Faço isso porque quero levar esta questão um pouco mais adiante.

Alguns anos atrás, um general russo me convidou para falar num debate com os diretores de diferentes departamentos do Centro de Estratégia Geo-política de Moscou. Desde o começo, a atmosfera na sala era fria e antagónica, e as pessoas tinham uma expressão dura no rosto. Um por um, os ataques eram dirigidos contra a religião de modo geral e sobre o cristianismo em particular, com sua história marcada pelo derramamento de sangue. Tentei responder a cada ques- tão, mas percebi que a discussão não estava progredindo, porque eles continuavam revirando o passado da cristandade.

Subitamente o ambiente tornou-se tenso. Um dos oficiais, com a voz alterada, virou-se para mim e disse: — Q u a n d o eu era criança, lembro que um soldado alemão entrou em nossa casa e matou mi- nha avó a tiros. No seu coldre estava escrito: 'Deus é por nós'. Isso foi o que a religião fez pelo nosso país!— ele acusou.

Ele estava certo. Talvez não se lembrasse, ou nem soubesse, que a inscrição no coldre não foi feita pelos nazistas, mas era equipamento remanescente dos dias do Kaiser. Quando a máquina militar nazista começou a sofrer seriamente com a falta de equipamentos, apelaram

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para as sobras de uma época que já terminara. Além disso, desde o tempo do imperador Constantino, o símbolo da cruz tem sido tão repetidamente gravado em armas de guerra e ódio que a mensagem de Cristo foi interpretada pelo que Nietzsche chamou de "a vontade do poder".

Eu fiz uma pausa e admiti ao oficial que concordava parcial- mente com suas palavras.

Ele ficou surpreso e aos poucos foi baixando a guarda. Então eu disse: — N o entanto, general, você sabe que Jesus não veio para esta- belecer um governo sobre as pessoas usando a força. Ele nem mes- mo falou sobre sistemas políticos. Ele veio para reinar nos corações, e não para estabelecer um poder político. Ele pede para viver em você e não para controlar seu país.

Depois disso, fui adiante e compartilhei com eles meu testemu- nho pessoal. Fiquei com vontade de citar as palavras de Alexander Solzhenitsyn, que a linha fina entre bem e mal não corre por estados e ideologias, mas passa pelo coração de cada ser humano. Não o fiz, porém, temendo que a simples menção do nome causasse uma dis- cussão política.

Quando terminei, os oficiais ficaram quietos, refletindo; alguns deles relutantemente assentiam com a cabeça, em sinal de concor- dância. O general que me convidara tinha um olhar calmo e triun- fante, como se dissesse: "Bem, cavalheiros, vocês e eu jamais esperávamos esta resposta".

Perguntei-lhes o que os setenta anos de marxismo tinha feito pelo povo. Lembrei-lhes o vazio na vida dos jovens russos, os quais estavam vivendo num país praticamente sem leis.

Da mesma forma súbita que o assunto tinha sido trazido à baila, o teor da conversa mudou de repente. Creio que é irónico que a cidade de Moscou carregue as cicatrizes da brutalidade do nazismo e das campanhas militares de Napoleão. Há memoriais do que os nazis- tas fizeram e marcas de onde Napoleão chegou em sua tentativa de derrotar a Rússia. Seus nomes simbolizam terror e guerra para o grande Império Soviético. As memórias ainda vivas das selvagerias fa- zem o povo russo encarar com ceticismo qualquer poder que ameace.

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M e s m o assim, n u m a declaração espantosa sobre Jesus C r i s t o , Napoleão disse algo que praticamente supera todos os outros líderes políticos. Transcreverei sua citação na íntegra, p o r causa da sua in- crível sabedoria. Gostaria de ter conhecimento dessas palavras q u a n d o m e encontrei c o m aqueles generais. N a p o l e ã o expressou esses pen- samentos q u a n d o estava exilado na Ilha de Santa Helena. Ali, o con- quistador da Europa civilizada teve t e m p o de refletir sobre a medida de suas realizações. C h a m o u o conde M o n t h o l o n e lhe p e r g u n t o u : "Você p o d e m e dizer q u e m foi Jesus Cristo?" O conde evitou u m a resposta. Napoleão a r g u m e n t o u :

Bem, então eu lhe direi. Alexandre, César, Carlos Magno e eu mesmo temos fundado grandes impérios; mas do que dependem essas criações do nosso génio? Dependem da força. Só Jesus fun- dou seu império sobre o amor, e até hoje milhões de pessoas estão dispostas a morrer por ele... Creio que entendo um pouco a natu- reza humana; e lhe digo: todos eles eram homens, assim como eu sou homem: ninguém mais é como ele; Jesus Cristo era mais do que um homem... Tenho inspirado multidões com uma devoção e entusiasmo tão grandes que morreriam por mim... mas para que fizessem isso era necessário que eu estivesse presente visivelmente com a influência elétrica dos meus olhares, minhas palavras e mi- nha voz. Quando eu olhava para os homens e lhes falava, acendia a chama da devoção em seus corações... Só Cristo teve sucesso em elevar a mente do homem para aquilo que é invisível, trans- cendendo as barreiras do tempo e do espaço. Através de 1.800 anos, Jesus Cristo faz a exigência mais difícil do que qualquer outra; ele pede aquilo que um filósofo muitas vezes procura em vão nas mãos dos seus amigos, ou o pai na mão dos filhos, a noiva na mão do esposo e o irmão na mão do outro. Ele pede o coração humano; deseja possuí-lo inteiramente. Exige a entrega incondi- cional; e sua exigência é atendida. Maravilhoso! Desafiando o tempo e o espaço, a alma humana, com todos os seus poderes e faculda- des, é anexada ao império de Cristo. Todo aquele que crê sincera- mente nele experimenta este amor memorável e sobrenatural para com ele. Este fenómeno é inexplicável; está totalmente fora do

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