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1 DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E INTERESSES

2.2 Características e classificação dos agrotóxicos

2.2.3 Quanto à ação e grupo químico

Outra classificação enquadra os agrotóxicos e produtos afins de acordo com a sua finalidade de uso e ao grupo químico correspondente.

Tipo de Ação (classe) Principais Grupos Químicos Exemplos (produtos/substâncias)

Inseticidas (controle de insetos, larvas e formigas)

Organofosforados

Azodrin, Malathion, Parathion, Nuvacron, Tamaron, Hostathion, Lorsban, Rhodiatox Carbamatos Carbaryl, Furadan, Lannate,

Marshal

Organoclorados Aldrin, Endrin, DDT, BHC, Lindane

Piretróides (sintéticos) Decis, Piredam, Karate, Cipermetrina

Fungicidas (combate aos fungos)

Ditiocarbamatos Maneb, Mancozeb, Dithane, Thiram, Manzate

Organoestânicos Brestan, Hokko Suzu Dicarboximidas Orthocode, Captan

Herbicidas

(Combate à ervas daninhas)

Bipiridílios Gramoxone, Paraquat, Reglone, Diquat

Glicina substituída Roundup, Glifosato Derivados do ácido

fenoxiacético Tordon, 2-4-D, 2-4-5-T Dinitrofenóis Bromofenoxim, Dinoseb,

DNOC

Pentaclorofenol Clorofen, Dowcide-G Rodenticidas/Raticidas

(combate aos roedores/ratos)

Hidroxicumarinas Cumatetralil, Difenacum Indationas Fenil-metil-pirozolona,

pindona Moluscocidas

(combate aos moluscos)

Inorgânicos (aquáticos) Sulfato de cobre

Carbamatos terrestres Aminocarb, Metiocarb, Mexacarbato

Nematicidas(combate aos nematóides)

Hidrocarbonetos

halogenados Dicloropropeno, DD Organofosforados Diclofention, Fensulfotion

Acaricidas (combate aos ácaros)

Organoclorados Dicofol, Tetradifon Dinitrofenóis Dinocap, Quinometionato

Fumigantes (combate às bactérias do solo) Hidrocarbonetos Halogenados Brometo de metila, Cloropicrina Geradores de Metil-

isocianato Dazomet, Metam

- Formaldeídos

(PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003).

De acordo com as autoras SILVA; CAMPOS e BOHM (2013, p.50), os químicos organoclorados, organofosforados e carbamatos estão relacionados ao desequilíbrio ambiental que atualmente se observa, pela sua capacidade de contaminação e destruição da fauna e flora. Além disso, dentre os inseticidas, os organofosforados, piretróides, carbamatos e organoclorados são os mais agressivos aos seres vivos, porém os mais usados.

Os carbamatos agem da mesma forma que os organofosforados, porém com toxicidade baixa a longo prazo. Nos animais, afeta o sistema nervoso central. Inclusive a inibição das colinesterases é reversível11.

O uso dos organoclorados está proibido tanto no Brasil como em outros países devido seu poder de contaminação e destruição ambiental, devido sua capacidade de persistência e acumulação. Foi o veneno mais usado na primeira fase dos agroquímicos, até 1970.

Os piretróides surgiram a partir da modificação em laboratório das piretrinas naturais extraídas do crisântemo. Começaram a ser usados a partir o final dos anos 70, e foram eficientes no controle da malária. Seu potencial de contaminação é menor que os organofosforados. Mesmo assim podem causar danos à saúde dos animais, inclusive humanos. (SILVA; CAMPOS; BOHN, 2013, p. 50-51).

11

Os químicos organofosforados agem sobre as enzimas que decompõe a acetilcolina, que é uma substância produzida pelos neurônios (unidade básica do sistema nervoso e cérebro) com a função de levar informações de um neurônio a outro através de impulso nervoso. Após o impulso, as enzimas eliminam a substância para que a informação emitida seja dada como recebida. Como os agroquímicos atuam na inibição da enzima, o impulso continua sendo emitido. Dentre outros sintomas, nos mamíferos provoca a falência múltipla dos músculos respiratórios e depressão do sistema nervoso central. (WIKIPÉDIA, 2014).

Conforme Paulo Petersen (2015), dos 50 princípios ativos mais usados no Brasil, 22 já estão banidos em outros países.

O Decreto nº 4.074/2002, no art. 7º, inciso II, incumbe ao Ministério do Meio Ambiente “a avaliação ambiental dos agrotóxicos, seus componentes e afins, estabelecendo suas classificações quanto ao potencial de periculosidade ambiental”. Essa atribuição foi outorgada ao Ibama desde a primeira regulamentação da lei, em 1990. Atualmente, a previsão está no Decreto nº 6.099, de 26/4/2007, que atribui ao Instituto “as atividades de análise, registro e controle de substâncias químicas, agrotóxicos e de seus componentes e afins, conforme a legislação em vigor” (REBELO et al., 2010, p.24).

Conforme artigo publicado no site do Ibama (2010), o controle das substâncias usadas é feito a partir de relatórios semestrais recebidos das empresas que comercializam os agrotóxicos. Dessa forma é possível estimar o consumo em determinada região e no país. Os herbicidas, inseticidas e fungicidas, são os grandes campeões em vendas.

Conforme a mesma fonte, os onze princípios ativos mais consumidos no Brasil no ano de 2009, os quais equivaleram a 76,45% do total de ingredientes ativos usados listados em ordem decrescente conforme o ranking nacional foram:

a) glifosato e seus sais: autorizado para produtos empregados em 26 culturas, tóxico para ecossistema aquático, “pouco a medianamente persistente no solo, pouco móvel e apresenta muita a elevada absorção no solo” (RABELO et al., p.34). É o ingrediente ativo mais comercializado na classe dos herbicidas, representando 76% do mercado. E o Estado que mais consome é o Rio Grande do Sul, seguido pelo Paraná. A classificação toxicológica, na maioria das marcas é Classe III. Estudos apontam como altamente cancerígeno, além de interferir na fertilidade. Comercializado pela Monsanto com o nome Roundup.

b) cipermetrina: age no controle de insetos e formigas, com autorização para dezesseis culturas. É altamente tóxico para o ecossistema aquático e abelhas. Relacionado à morte de neonatais e malformações congênitas. “Além de muito persistente, muito bioacumulável e transportável, este ingrediente ativo também é muito tóxico para aves.” (RABELO et al., p.36). A classificação toxicológica na maioria das marcas é Classe II. O Estado do Rio Grande do Sul é o 5º maior consumidor do país.

c) óleo mineral: principal produto dos “afins”, dos agrotóxicos, estando autorizado para ser usado em 14 culturas, além de participar como auxiliar de outras formulações como inseticida, fungicida, acaricida e espalhante adesivo. “É altamente persistente e tóxico para organismos aquáticos. Em geral, é pouco tóxico para os organismos não alvo, pouco transportável e pouco bioacumulável” (RABELO, 2010, p. 37). A maioria dos produtos está enquadrada na Classe III de toxicologia. O Estado do Rio Grande do Sul é o 5º maior consumidor do país.

d) óleo vegetal: também é do grupo dos produtos “afins”. Autorizado para aplicação em culturas de citros, e participa como auxiliar de outras formulações

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É considerado pouco tóxico, enquadrado na Classe IV. O Rio Grande do Sul ocupa o 7º lugar como Estado consumidor do produto.

e) enxofre: substância inorgânica que age no tratamento de ácaros, insetos e fungos, estando autorizado para aplicação em 43 culturas. “É altamente persistente e afeta a ciclagem de carbono e de nitrogênio. Porém, para os demais parâmetros, o ingrediente ativo, em geral, é pouco tóxico” (RABELO, 2010, p. 38). Enquadrado, geralmente, na Classe IV de toxicologia. O Estado do Rio Grande do Sul é o 9º maior consumidor do país.

f) 2-4-D: Autorizado para uso em 11 culturas, age como herbicida, geralmente enquadrado na Classe III de toxicologia. “É avaliado como altamente transportável, muito persistente e muito tóxico para organismos aquáticos. É pouco tóxico para organismos do solo e para aves e abelhas” (RABELO, 2010, p. 40). O Estado do Rio Grande do Sul é o 3º maior consumidor do país.

g) atrazina: função de herbicida, com autorização para aplicação em 7 culturas. “É altamente persistente, altamente tóxica para aves e abelhas e muito tóxica para organismos aquáticos” (RABELO, 2010, p. 41). Geralmente enquadrados na Classe II de toxicologia. O Rio Grande do Sul é o 4º maior consumidor brasileiro.

h) metamidofós: age no controle de insetos e ácaros, com autorização para ser aplicado em 7 culturas. “Este ingrediente ativo é altamente transportável, muito persistente, muito tóxico para organismos do solo e altamente tóxico para aves e abelhas” (RABELO, 2010, p.

41). Os produtos estão distribuídos nas Classes II e III de toxicologia. O Rio Grande do Sul é o 4º maior consumidor brasileiro.

i) acefato: autorizado para ser aplicado em 15 culturas, no combate aos ácaros e insetos. “É altamente transportável, altamente tóxico para aves e abelhas, é pouco bioacumulável, tóxico para organismos aquáticos e pouco tóxico para organismos do solo” (RABELO, 2010, p. 45). Os produtos, na sua maioria estão enquadrados na Classe II de toxicologia. O Rio Grande do Sul é o 6º maior consumidor brasileiro.

j) carbendazim: sua ação é de fungicida, com autorização para aplicação em 4 culturas e 3 espécies de sementes. Este ingrediente ativo é altamente persistente, muito tóxico para organismos aquáticos, tóxico para aves e abelhas e pouco bioacumulável (RABELO, 2010, p. 46). Os produtos estão distribuídos nas Classes II e III de toxicologia. O Rio Grande do Sul é o 7º maior consumidor brasileiro.

l) paraquat: classificação toxicológica I – extremamente tóxico, e muito perigoso ao ambiente, devido alta volatilidade e persistência. Aplicado na pós-emergência da planta e utilizado como dessecante em diversas culturas. Pode ser absorvido por via ocular, digestiva e respiratória, causando falência aguda de órgãos e fibrose pulmonar progressiva. Não possui antídoto e a grande maioria das intoxicações levam a óbito. No Estado gaúcho, sua comercialização é vedada porque o país de origem já baniu o produto. A ANVISA está reavaliando sua autorização no Brasil. (RIO..., 2014)