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PARTE II – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

1. Fase do desenho da investigação Revisão da literatura

4.7. QUESTÕES ÉTICAS

A realização do nosso estudo implicou a observância de princípios éticos inerentes à investigação. Deste modo solicitámos permissão ao Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, EPE, que, na pessoa da Enfermeira Directora, autorizou o desenvolvimento do estudo na Unidade Dor (ver Anexo III).

Também toda a equipa de saúde da Unidade Dor foi envolvida nas diversas etapas, tendo sido salvaguardadas as questões éticas, nomeadamente no assegurar a informação, explicitação de objectivos de estudo e forma de colaboração para a participação na investigação. Neste papel foi decisivo, embora fizesse parte da dinâmica da equipa, a regularidade das reuniões da equipa e um ambiente de trabalho de cooperação activa e comunicação formal e informal fácil.

Todos os participantes do estudo deram o seu consentimento oral para a sua participação. A todos foi assegurada a confidencialidade dos dados e o anonimato.

Foi também assegurada a protecção dos participantes relativamente aos dados obtidos. Assim, os dados sócio-demográficos dos profissionais no que se refere a – idade, sexo, habilitações literárias, tempo de profissão - foram definidos em classes latas, para

salvaguardar o anonimato, visto a dimensão do grupo ser pequeno e serem facilmente reconhecidos.

Definimos como classes: menos de 39 anos; de 40 a 49 anos; mais de 50 anos. Relativamente aos anos de experiência profissional definimos como classes: menos de 10 anos; de 10 anos a 20 anos e mais de 20 anos de profissão.

Todos os participantes foram informados que podiam recusar colaborar no estudo, ou desistir no seu percurso, sem que existissem quaisquer consequências para si ou para os seus familiares.

Também para garantir a liberdade de expressão do doente/familiar na avaliação do grau de satisfação em relação à eficácia da consulta telefónica da Unidade Dor, esta foi feita por uma estudante de enfermagem. O doente/familiar pôde exprimir o mais livremente possível a sua opinião, acerca da resposta obtida face ao problema colocado na consulta telefónica e ao tempo de espera na resposta ao mesmo. A estudante foi preparada para este papel de co-investigadora e sempre que nesta avaliação o doente/familiar colocou dúvidas, a estudante chamava a enfermeira. Este mesmo encaminhamento foi garantido a todos os doentes, sempre que se identificavam os problemas no contexto dos inquéritos por entrevista via telefone. Foi garantido aos doentes/familiares a resolução e/ou encaminhamento dos problemas colocados no decurso da investigação.

A colaboração da estudante foi garantida, tendo sido previamente informada dos objectivos do estudo, procedimentos a adoptar antes, durante e após as entrevistas e registos a efectuar. Foi ainda treinada para respeitar as questões éticas inerentes à investigação, a responder a situações imprevistas, que podiam surgir decorrentes da comunicação por contacto telefónico, nomeadamente, insatisfação por parte de doentes/ familiares, familiares em situação de luto, pessoas com problemas do foro psiquiátrico ou em grande sofrimento físico e/ou psíquico.

Da nossa parte, como investigadora, esteve garantida a nossa presença sempre que necessário para esclarecimento de dúvidas, assegurar ética nos procedimentos e orientação pedagógica ao longo do processo. Foi também informado o Director da Escola Superior de

Enfermagem, responsável pela estudante em ensino clínico, de forma a poder potencializar aprendizagem realizada neste estudo pela estudante.

Assegurou-se sempre o consentimento do doente/familiar em participar, bem como a confidencialidade nas respostas. Certificávamo-nos se, ao telefonar, o respeito pelo tempo e pelas pessoas era garantido e nesse sentido inquiríamos se não estávamos a interferir de forma negativa na realização de actividades de vida do doente/família. Caso acontecesse, perguntávamos e negociávamos novo horário (Carmo & Ferreira, 1998). Também a iniciativa do contacto telefónico para a avaliação da satisfação foi sempre da nossa, para que o encargo financeiro não fosse do doente/família. Caso o doente/familiar nos contactasse, a nossa entrevista era adiada, para garantir a adequada resolução do problema colocado, respeitar o sofrimento do doente/familiar e garantir o distanciamento temporal em relação à consulta telefónica, de forma a permitir a liberdade de expressão e avaliação da mesma.

Apesar do rigor ético e metodológico que procurámos imprimir aos procedimentos, alguns doentes/familiares (3) procuraram posteriormente confirmar a autenticidade da realização das entrevistas telefónicas, pois não estavam familiarizados com a estudante como colaboradora no estudo. A estranheza em não serem as enfermeiras da Unidade Dor a telefonar, como é usual, foi o que os deixou de alguma forma inseguros. Este aspecto alerta-nos para, em estudos futuros, ponderar as escolhas de procedimentos metodológicos e a técnicas de colheita de dados, a utilizar nos doentes/famílias da Unidade Dor.

Refere-se ainda, que a entrevista telefónica ao doente e família foi realizada através do equipamento telefónico da Unidade Dor, bem como o encargo financeiro suportado pelo serviço.

A avaliação da satisfação dos doentes/familiares da Unidade Dor é uma das preocupações das responsáveis do serviço (directora e enfermeira responsável), definido como um dos objectivos da Unidade Dor para 2009, de acordo com o Plano Estratégico

decidido para o Hospital Garcia de Orta, pelo que não se nos colocou nenhuma reserva na utilização deste recurso.

Preocupou-nos respeitar o princípio da beneficência em relação aos participantes: profissionais, doentes e familiares e também colaboradores. Ainda que para alguns dos participantes não sejam imediatamente observáveis e sentidos os benefícios, acreditamos que estes poderão advir do processo de mudança desencadeado por este estudo, numa melhoria da prática ao doente/família com dor crónica através da consulta telefónica na Unidade Dor.

Os doentes/familiares serão informados dos resultados da avaliação da satisfação, relativamente à consulta telefónica, num documento informativo a realizar pela equipa da Unidade Dor. Será entregue pela secretária de unidade da Unidade Dor, no momento de efectivação da consulta e pelas enfermeiras, quando o doente se dirigir directamente ao Hospital Dia. Para além da observância das questões éticas na partilha dos resultados, asseguramos a confiança dos doentes/familiares, principalmente daqueles que, como atrás foi mencionado, mostraram alguma desconfiança inicial relativamente à realização do inquérito por telefone.

Com os participantes profissionais da Unidade Dor foram partilhados os resultados da investigação formalmente, em reunião multidisciplinar.

Apresentados e justificados os passos metodológicos, apresentamos seguidamente os resultados deste estudo.