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Foram quatro as razões que determinaram a escolha desta problemática: (i) o gosto pela leitura de revistas digitais; (ii) a convicção de que, pelas características deste Media, estamos perante um produto que pode fidelizar leitores com o fim de adquirirem/atualizarem conhecimento; (iii) a escassez de estudos académicos, na área da educação, onde as revistas digitais são analisadas como recurso educativo; (iv) a pertinência do tema na especialidade de tecnologias da informação e comunicação.

A ideia subjacente a esta temática foi o resultado de uma reflexão sobre a forma como as revistas digitais se poderão tornar um recurso educativo. Sabemos que o consumo de revistas digitais é crescente. O número de revistas impressas com edições online é notório e o número de digitalonly começa a ter o seu lugar no espaço editorial. Apresentamos, como fundamento desta afirmação, alguns dados recolhidos em Abril1 de 2016 pela The Magazine Publishers of America (MPA), associação de editores de revista dos Estados Unidos. Os inquéritos à população e os relatórios mensais de

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6 audiências apontam para um crescimento das plataformas digitais, quer em complementariedade com o formato impresso, quer unicamente em suporte digital.

Magazine Media 360° is a newly created industry metric that captures demand for magazine media content by measuring audiences across multiple platforms and formats (including print+digital editions, websites and video) to provide a comprehensive and accurate picture of magazine media vitality. Magazine Media 360° uses data from leading third-party providers and currently covers approximately 145 magazine media brands from over 30 companies, representing 95% of the reader universe. The data is released monthly via The MPA Magazine Media 360° Brand Audience Report. (MPA, Magazine Media 360o FAQ, para. 1)

Na figura 1: Magazine Media 3600 Audience Mix, comparando o mês de abril de 2015 com o de 2016, verifica-se um crescimento na audiência de revistas de 3,9 %; porém, a soma de revistas impressas e digitais ostenta uma ligeira descida, correspondendo a 6%, a revista em dispositivos móveis apresenta uma subida de 6%, as revistas em vídeo sobem 1% e as revistas online descem 1%. Como o relatório de audiências não fornece os dados da revista impressa e da digital em separado – as assinaturas são em simultâneo - não podemos verificar se o resultado se deve à descida de subscrições da revista impressa.

7 Figura 1: Magazine Media 3600 Audience Mix – april 2016

Fonte: Adaptado de www.magazine.org/magazine-media-360/audience-mix-infographics

Complementamos esta informação com os dados da figura 2, onde certificamos que as audiências da mesma edição da revista: impressa + digital, online, digital e em vídeo, não se posicionam necessariamente no mesmo ranking. Duas chamadas de atenção: nem todas as revistas estão disponíveis nas plataformas identificadas, pelo que a visualização tem de atender a este facto; os leitores demonstram preferência por diferentes plataformas, de acordo com algumas marcas de revistas. A título exemplificativo relatamos o caso da revista People que surge no Top 10 nas quatro plataformas. Na impressa + digital aparece em 1º lugar, na Web em 6º, nos dispositivos móveis em 4º, em vídeo em 3º lugar, no conjunto das quatro plataformas está em 2º lugar. Se analisarmos o crescimento de audiências a situação desta revista é diferente. Se observarmos as quatro plataformas constatamos que a revista People não aparece no Top 10 de nenhuma delas.

8 Figura 2: Magazine Media 3600 Brand Audience Report

Fonte: www.magazine.org/sites/default/files/Top-10-April%202016.pdf

A Associação Portuguesa para o Controlo da Tiragem e Circulação também apresenta relatórios sobre as tiragens e publicações de revistas, contudo em Abril de 2016, data em que atualizámos a recolha destes dados, não encontrámos disponível, em acesso aberto, os números de audiências das edições impressas, digitais e online pelo que nos privamos de apresentar o Top 10 nacional.

Se é certo que estamos no campo dos Media, também é indubitável que a educação/formação deve utilizar recursos da sociedade digital para melhorar e, simultaneamente, motivar as práticas educativas. Conhecer o tipo de leitores em que nos estamos a tornar permite desenhar produtos adaptados a uma determinada população, produtos que possam contribuir para uma aprendizagem que vá de encontro ao desenvolvimento de competências pessoais, académicas e profissionais.

9 As aptidões ao nível da literacia digital são fundamentais para todos os sujeitos, independentemente de estarem na vida ativa, de serem estudantes ou simplesmente cidadãos interessados na comunicação virtual.

A quantidade de informação disponível é considerável e o tempo de leitura é escasso. Continuamos a ter o mesmo tempo diário mas a quantidade de conteúdos aumenta notavelmente, razão pela qual é tão importante desenhar produtos que correspondam a um determinado objetivo de aprendizagem. Como a investigação académica está em permanente evolução, estas questões não são alheias às ciências da educação (Coutinho 2006; Costa 2007), da informação e da comunicação. Os estudos efetuam-se e produzem-se resultados.

Sendo um tema ancorado em tecnologia digital recente - as primeiras revistas digitais, concebidas para serem lidas em dispositivos móveis, só surgiram em 2010 -, não nos deparámos com muitos estudos que facilitassem a revisão da literatura. Todavia a investigação em educação não é também procurar novos temas, explorá-los e apresentá-los à sociedade?

A investigação é uma tentativa sistemática de atribuição de respostas às questões. Tais respostas podem ser abstratas e gerais, como é muitas vezes o caso na investigação fundamental, ou podem ser com frequência altamente concretas e específicas, como acontece na demonstração ou na investigação aplicada (Tuckman, 2012, p. 48).

Confrontados com a escassez de estudos nesta área temática "revistas digitais como recurso educativo", apoiámo-nos em investigações de problemáticas afins, mas com a

10 persuasão de que estávamos perante um recurso que merecia ser analisado. Na investigação científica, os desafios são uma constante, fortalecendo o seu fascínio e a sua atração.