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Revistas Digitais Como Recurso Educativo

Capítulo 2 – Enquadramento Teórico

2.6. Revistas Digitais

2.6.6. Revistas Digitais Como Recurso Educativo

Ir ao encontro das necessidades de cada leitor é a aspiração dos editores de revistas, pretensão que se intensifica quando estamos no âmbito educativo/formativo. Esta possibilidade encontra-se cada vez mais próxima da prática comum. Os registos informáticos que permitem identificar a forma como lemos e, consequentemente, as nossas necessidades e gostos de leitura, facilitam a conceção de publicações personalizadas, tornando-as verdadeiros recursos educativos na aprendizagem ao longo da vida. As teorias pedagógicas que defendem o ensino adaptado a cada indivíduo não são novidade, mas o desenvolvimento tecnológico e a gestão da informação tornaram esta hipótese cada vez mais próxima da realidade. É a chamada "personalização" (Canavilhas, 2012) como se pode ler em alguns estudos desenvolvidos no Institute For The Future (IFTF).

Com o desenvolvimento tecnológico que facilita a personalização do conteúdo, cada leitor pode ter a sua própria revista, de acordo com os seus interesses/necessidades, uma verdadeira "escola" para a aprendizagem ao longo da vida. Ressaltamos, no entanto, que o próprio leitor já pode fazer esta seleção de conteúdo ao pesquisar na internet assuntos do seu interesse.

Analisando os estudos de alguns investigadores na área do jornalismo de revista e considerando o conceito de recurso educativo como qualquer meio que contribui para

127 promover aprendizagens, facilmente concebemos que todos os formatos mediáticos podem ser explorados para este fim. Por exemplo, Scalzo refere que “Estudando a história das revistas, o que se nota em primeiro lugar não é uma vocação noticiosa do meio, mas, sim, a afirmação de dois caminhos bem evidentes: o da educação e o do entretenimento” (2014, p.13). Narra ainda que as revistas “Ajudaram na formação e na educação de grandes parcelas da população que precisavam de informações específicas, mas que não queriam – ou não podiam dedicar-se aos livros… As revistas vieram para ajudar na complementação da educação, no aprofundamento de assuntos, na segmentação, no serviço utilitário que podem oferecer a seus leitores” (Scalzo, 2014, p.14).

As revistas cativam, os temas proporcionam reflexão, concentração e experiências de leitura diversificadas. As revistas surgem para falarem com os leitores (Freire, 2016) são eles a base da segmentação, a base de um nicho de mercado. Como afirmam Natansohn & Cunha (2010), o fenómeno da convergência tecnológica e cultural permite a produção e distribuição de material em várias plataformas e suportes multimediáticos e propicia formas (simultâneas) de consumo e de agregação social, gerando novos protocolos de participação e práticas culturais. Desta forma, pensar, nas revistas digitais, pensar nos dispositivos móveis, é pensar em sítios de comunidades e redes sociais. "É no ambiente de convergência cultural que se produzem modos de consumo comunitário, que se manifestam na criação de comunidades digitais específicas, onde os mobiles podem passar a ser protagonistas principais." Lê-se na citação de Natansohn & Cunha (p. 160).

128 A título de resumo, realçamos alguns dos pressupostos a ter em conta no desenho de revista digital como recurso educativo.

Princípios:

Uma revista digital não é uma versão online da versão impressa. Envolve conteúdo em distintos formatos.

 A revista digital é na sua essência interativa construída a partir das potencialidades de uma plataforma digital.

 As revistas digitais são desenhadas para chamar a atenção de leitores digitais e não para serem impressas e lidas em papel. As páginas são formatadas para serem lidas num ecrã.

Traços distintivos:

 Tem um tratamento estético atraente podendo ser um fator motivador para a sua leitura e consequente aquisição de conhecimentos dos seus leitores.

 São concebidas para permitirem uma interação com o leitor. A ação do leitor pode ser uma extensão à própria revista, à semelhança do que se passa nas redes sociais, blogues, fóruns, grupos de discussão.

 Cada número é uma edição autónoma.

Potencialidades:

 Identificar perfis de leitores para divulgação de conteúdos.

 Atrair a atenção dos leitores através de formas criativas de narrar histórias.

129  Alertar através de notificação os utilizadores quando existem atividades que

acompanham ou que se enquadram no seu perfil de leitor.

 Complementar sob a forma de uma plataforma de alojamento de vídeos de produção própria, conteúdos veículados na versão impressa ou online.

 Interagir com o leitor, de modo a poder torná-lo um elemento participativo do campo editorial.

Trabalho Colaborativo:

 É um recurso de trabalho colaborativo entre leitores com os mesmos interesses de aprendizagem. A perspetiva apresentada por um leitor pode influenciar a leitura subsequente e assim por diante.

 Possibilita a criação de comunidades ligadas às revistas, as quais podem ser administradas por leitores ou pela própria revista. A pertença à comunidade de uma revista tem por função revelar caraterísticas identitárias e evidenciar gostos e interesses. Podemos estar perante uma escola de cultura contemporânea, onde se socializam conhecimentos, se geram processos de identificação e identidade.

 Possibilita a participação através de canais abertos – redes sociais, blogues, fóruns, entre outros.

 Os utilizadores podem ser convidados à prática de divulgação de informação relacionada com as rubricas da revista.

Economia:

 E não menos importante, devido a um custo de produção e distribuição que a médio prazo se torna mais reduzido, as revistas digitais apresentam-se como

130 uma boa opção para determinadas práticas educativas, nomeadamente as que envolvem processos de partilha e a divulgação de conteúdos noutros países.

Fruto de uma intensa reflexão, reconsideramos o conceito de revista digital como um produto que motiva a leitura, que através dos diferentes géneros de escrita permite a pluralidade e a diversidade de perspetivas, que apresenta saberes relevantes para a vida, nomeadamente para a profissional, e que, ao fazê-lo em pequenas unidades, com narrativa multimédia, permite a gestão do tempo de cidadãos ativos e a criatividade na aplicação do conhecimento à prática.

Síntese do Capítulo

Neste capítulo dedicado à revisão da literatura apresentámos a argumentação para deduzir e justificar as questões e hipóteses da investigação empírica. Expusémos

131 informação que permite compreender que com o desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação emergem novos ambientes de aprendizagem e acentua-se a necessidade de aprendizagem ao longo da vida. Os recursos educativos abertos disponíveis na Web aceleram a diluição das fronteiras entre aprendizagem formal, não formal e informal. Na sociedade digital da informação e do conhecimento é fundamental saber pesquisar a informação, analisá-la e utilizá-la de forma adequada. A informação deixou de ser escassa confrontando-se os leitores com novas preocupações, nomeadamente, a abundância da informação e novas competências para a gerir. Novidades nos recursos mediáticos proporcionam outras formas de acesso ao conhecimento, sendo um desses recursos as revistas digitais. Discutiu-se o conceito de revista digital e o contributo como mediador de aprendizagem. As revistas digitais afiguram-se como um recurso para estabelecer o diálogo entre os leitores e o conhecimento.