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Parte III Hipóteses de Investigação e Considerações Metodológicas

Hipótese 2: O Nível de Mapa Estratégico influencia positivamente a Semelhança dos

2. Considerações Metodológicas

2.2 Ambiente da Experiência sobre a Abordagem BSC

2.2.1 Investigação Baseada em Simulação

2.2.1.1 Razões de Opção

Pesquisas anteriores evidenciam um impacto do BSC na performance económica mas raramente explicam de forma concreta a razão de tal efeito. Na presente pesquisa, pretende-se investigar o impacto do BSC na performance através do efeito desta abordagem na aprendizagem dos gestores, conforme sugerido pelos respectivos autores (Kaplan e Norton, 2001a).

Para testar empiricamente e estatisticamente o impacto da abordagem BSC na aprendizagem dos gestores e na performance de longo prazo das organizações, seria necessário dispormos de informação de empresas acerca da forma como realmente o BSC foi implementado e utilizado ao longo dos últimos anos, e da evolução do grau de aprendizagem dos gestores e da performance.

Mas também é indispensável obter informação de todas as variáveis independentes que podem de alguma forma ter influenciado a evolução, ao longo do tempo, da aprendizagem e performance das empresas objecto de pesquisa.

As pesquisas anteriores sobre o impacto do BSC na performance apresentam muitas limitações na recolha, controlo e tratamento da informação. Alguns trabalhos baseiam-se essencialmente em questionários enviados a empresas (por exemplo Hoque e James, 2000; Sandt et al, 2001; Ittner et al, 2003b; Maiga e Jacobs, 2003; Hendricks et al ,2004; Braam and Nijssen, 2004). O problema inerente a este método, é que normalmente não existe um controlo perfeito sobre as variáveis, nomeadamente se as empresas efectivamente utilizam o BSC na forma como reportam. Algumas razões da eventual imprecisão desta informação, relacionam-se por exemplo com a efectiva disponibilidade da informação questionada ou com obrigações dos respondentes relativas a confidencialidade.

Contudo, mesmo que se obtivesse a informação desejada e fidedigna de um conjunto alargado de empresas sobre a forma como, ao longo do tempo, as empresas utilizam o BSC ou outro

sistema de planeamento estratégico, assim como os resultados da performance de longo prazo, continuaríamos a lidar com o problema da complexidade do mundo empresarial de hoje, em que uma multiplicidade de variáveis e efeitos dinâmicos afectam a performance das organizações. A recolha e controlo de todas as variáveis independentes que podem afectar de alguma forma a performance de uma dada empresa, é praticamente impossível.

Por exemplo, uma empresa pode ter implementado o BSC, mas, no mesmo período, pode ter simultaneamente implementado inúmeros outros programas na expectativa de melhorar a performance (redesenho de processos de negócio, filosofia ABC, gestão de qualidade total, etc...). Isto é, certamente que a mudança de sistema de controlo de performance estratégica não constitui um acto isolado na gestão das empresas. Muitas outras iniciativas podem ter acontecido nessas empresas ao longo do espaço de tempo em análise, que eventualmente tenham influenciado a aprendizagem e a performance. Nesta situação, não podemos saber qual das iniciativas é responsável pelo comportamento observado na performance.

Adicionalmente, podemos igualmente considerar que a mudança de performance é principalmente originada, não por iniciativas específicas de gestão, mas por muitas outras variáveis da envolvente externa da empresa

No ambiente empresarial actual, os utilizadores do BSC com poder e capacidade para definir e implementar a estratégia, são os gestores de topo.

Uma alternativa às metodologias utilizadas nas pesquisas que têm tratado este tema, as quais foram suportadas em questionários e/ou entrevistas, consiste numa abordagem experimental em laboratório onde sujeitos que assumem o papel de “gestor de topo”, interagem com um ambiente empresarial simulado especificamente criado para a investigação em causa.

Grobler (2001) em relação à utilização de simuladores como instrumentos de investigação refere: “The most prominent reason for using simulators in research is “ecological validity”. Unlike in classical experiments, subjects can - with the help of simulators - be confronted with a real-world problem in a context which is as complex as reality. Because simulators are, however, only a “virtual reality”, experiments can still be conducted within a laboratory (i. e. controlled) setting. Furthermore, simulators allow experimentation without being confronted with real world consequences. They make experimentation possible and useful, when in the

real world situation such experimentation would be too costly or - for ethical reasons - not feasible; or where the decisions and their consequences are too broadly separated in time. Other reasons for the use of simulators are the possibility to replicate the initial situation, and the opportunity to investigate extreme conditions without risk.” (Grobler, 2001, p13).

Contrariamente às pesquisas anteriores, esta metodologia proporciona a vantagem de podermos controlar todas as variáveis independentes e dependentes, o que permite obter uma maior segurança na análise dos resultados.

Adicionalmente, as variáveis do modelo de hipóteses em estudo tornam extremamente difícil, ou mesmo impossível, conduzir esta investigação num sistema real. Uma metodologia baseada em experiências laboratoriais revela-se como a possível e a mais apropriada.

De facto, o presente estudo empírico envolve a exteriorização da estrutura dos modelos mentais dos gestores e comparação desta com a estrutura relevante do sistema empresarial externo, e o registo e análise do impacto das decisões. A operacionalização de uma experiência deste tipo num sistema real, apresenta inúmeras dificuldades que a tornam inviável, nomeadamente pelas seguintes razões:

(a) o processo de tomada de decisão em gestão empresarial desenvolve-se em ciclos de retorno, pois os decisores necessitam ter acesso à informação acerca dos resultados das acções. A condução de experiências sobre um sistema real é extremamente complexo, especialmente quando as decisões e as suas consequências estão separadas por períodos longos de tempo (Pidd, 2003b, p13);

(b) a informação disponível nos sistemas reais é ambígua e imperfeita, provocando confusão nos sujeitos (Isaacs e Senge, 1994), o que prejudica a formação e exteriorização da estrutura dos modelos mentais;

(c) os objectivos da presente pesquisa implicam a replicação das condições da experiência, ou seja, a estrutura do sistema simulado e as condições iniciais repetem-se em cada jogada. Esta característica muito dificilmente se conseguiria obter se a experiência incidisse sobre sistemas reais (Pidd, 2003b, p13);

(d) a estrutura relevante do sistema real não é seguramente conhecida, pelo que, mesmo que extraíssemos os modelos mentais dos gestores, não estaríamos em condições de medir a sua semelhança relativamente ao sistema real.

Face às considerações anteriores, nomeadamente devido à impossibilidade do presente estudo ser conduzido num sistema real, a metodologia adoptada consiste no desenvolvimento de experiências laboratoriais de simulação.