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2.2 (Re) construindo rede de sociabilidade: “entre parentes, compadres e vizinhos”

A trajetória social dos/as camponeses/as assentados/as na Fazenda Santa Clara se entrecruza em vários momentos de suas vidas; quando discutem a importância da terra para a reprodução social do grupo doméstico, nas ativi-

dades da roça, na reciprocidade entre os vizinhos, sobretudo entre aqueles que possuem a mesma identidade por origem. De acordo com Woortmann (1990), a trajetória camponesa não é linear. Um movimento que se dirige a uma di- mensão da modernidade pode ser, ele mesmo, necessário para que haja outro movimento, o de reconstruir a tradição. Transita-se pela ordem econômica para realizar, como fim, a ordem moral e, com ela, a campesinidade. Norbert Elias afirma que a pessoa.

vive e viveu, desde pequena, numa rede de dependências que não é possível modificar ou romper pelo simples giro de um anel mágico, mas somente até onde a própria estrutura dessas depen- dências permita; vive num tecido de relações móveis que a essa altura já se precipitaram nela como seu caráter pessoal (ELIAS, 1994, p. 22).

Entre as famílias de camponeses da Fazenda Santa Clara existe uma inter- dependência gerada a partir de laços de convivências anteriores ao assenta- mento. Essa interdependência, utilizada por Elias (2001), é de fundamental importância na definição do conceito de configuração, que se refere aos laços de dependência, sejam eles de propriedade, trabalho seja de afeto, que vincu- lam os indivíduos. Na análise das configurações, os indivíduos singulares são apresentados da maneira como podem ser observados: como sistemas pró- prios, abertos, orientados para a reciprocidade, ligados por interdependências dos mais diversos tipos e que formam entre si figurações específicas, em virtu- de de suas interdependências.

Dessa forma, entendo que os camponeses assentados devem ser obser- vados nas configurações específicas das quais fazem parte e nas quais eles se reconhecem e se relacionam entre si. Todos os camponeses assentados e ocu- pantes, ao narrarem suas trajetórias, ligavam passagens consideradas impor- tantes aos outros camponeses da célula em que estão morando ou das células vizinhas. Essa ligação foi observada, nas narrativas, sobretudo, em dois mo- mentos: quando se referem à migração temporária ou definitiva pelas quais passaram e/ou passam; e quando identificam nos vizinhos, parentes e redes de reciprocidade construídas ao longo de suas vidas. Sendo-lhe atribuída signifi- cação especial nesse momento em que a vinda em grupos para o assentamento significa demonstração de solidariedade.

Quando decidimos sair da nossa comunidade [...] a gente veio em grupo, uns vieram dando apoio aos outros, e a gente disse: “Bem vamos prá lá! Se não der certo a gente volta, se der certo

a gente fica”. Assim, viemos em quinze famílias entre parentes, amigos e compadres. Primeiro, ocupamos uma célula, que não deu certo ficar porque era ruim para plantar, terreno arenoso e cheio de altos e baixos. Vendo que estava difícil trabalhar no nos- so lote, a empresa resolveu colocar algumas famílias em outras células, mas a gente fez um pedido: para onde um fosse todos os outros fossem também porque já estávamos acostumados a viver todo mundo junto. Aí, a empresa resolveu colocar todos no mes- mo lugar. Se a senhora observar, todo mundo aqui é parente, ou por sangue, ou parente de compadre e dos casórios. Casamento aqui é o que não falta para esse povo todo virar parente. Aqui se alguém falar mal de um é a mesma coisa de falar mal de todo mundo (L. de Souza).

Observei que L. de Souza exerce deliderança na célula em que mora, por- tanto, as famílias o reconhecem como líder. Durante nossa convivência, ele de- clarou que o pai era um líder na comunidade onde moravam, e que ele “herdou essa capacidade de organizar as pessoas e de ter o respeito delas”. Ao chegarem ao assentamento da Fazenda Santa Clara, os demais moradores da célula o escolheram como líder, sendo atribuído agora um novo papel a esse camponês assentado, o de mediador dos interesses do grupo junto à empresa. A propósi- to, considerando com Norbert Elias que

Essas configurações que se dão em torno dos indivíduos são permeadas por relações de poder, sempre em equilíbrio instável. Sendo assim, a individualidade e o comportamento de um indi- víduo são incompreensíveis sem o conhecimento do desenvolvi- mento de sua posição social no interior da estrutura de poder da sociedade na qual está inserido (ELIAS, 2001, p. 43).

A sociabilidade entre essas famílias dos camponeses manifesta-se de várias formas e em vários espaços: entre as mulheres, os espaços legitimados são a cozinha e o terreiro das casas, que se encontram sempre limpos e com cadeiras disponíveis para as visitas; entre os jovens, o espaço existe em torno do campo de futebol no centro das células; entre os homens mais velhos, nas vendas ou bares; e, entre as crianças, em torno do centrinho, um espaço construído para reuniões e manifestações culturais dos camponeses, mas que foi eleito pelas crianças como local de brincadeiras. Conforme já discutido no capítulo I, nas terras da Fazenda existe um espaço comum a todos, o núcleo.

Os centrinhos de algumas células, após reformados pelos próprios morado- res, foram destinados à realização de encontros de religiosos católicos e evan- gélicos. Embora nem sempre o uso do centrinho para cultos evangélicos seja

aprovado por todos os moradores, a exemplo de uma das células em que me hospedei, onde os moradores resistiam à reabertura do centrinho para cultos evangélicos, e ainda não tinham encontrado uma forma de gerenciar o sur- gimento de outras religiões dentro da célula. Essas dificuldades levaram os representantes das igrejas evangélicas que moram no assentamento a articular os cultos no núcleo administrativo da fazenda aos domingos, no espaço de cultura e lazer destinado aos funcionários.

Os camponeses assentados referem-se a seus lugares de origem como co- munidade, que, para eles, é sinônimo de “lugares que existe amizade, ajuda dos vizinhos e parentes, muita gente da mesma família e os compadres”. Esse último aparece sempre de forma marcante na vida familiar dessas famílias es- tudadas. De forma mais articulada, Sabourin (2009) define comunidade rural como um local marcado por um sistema de vida baseado no parentesco, na interdependência econômica, princípios baseados em sistemas de pertenci- mento e reciprocidade. Essas características, identificadas pelos camponeses quando se referem aos seus lugares de origem, são modelos reproduzidos pe- los grupos nos seus modos de vida no assentamento. Essas redes de sociabili- dade e práticas de reciprocidade não foram abandonadas nessas células para as quais as famílias vieram em grupos, pelo contrário, observei uma tendência em ampliá-las através dos casamentos e apadrinhamentos.

É recorrente nas práticas cotidianas dessas famílias a tentativa de repro- dução dos valores de solidariedade; ou seja, introduzem aquelas famílias que não possuíam laços de parentesco nem de vizinhança ou de pertencimento ao mesmo grupo de origem, através das relações de compadrio. Em Woort- mann (1995), a relação de compadrio é apontada enquanto forma de ampliar as relações de parentesco. A construção de um parentesco é selada dentro dos rituais da Igreja. Nesse sentido, para os camponeses das células estudadas, tor- nar-se compadre/comadre significa a construção de uma coesão maior dentro do grupo, sobretudo nos momentos de tomada de decisões que interferem na reprodução social do grupo doméstico e favorecem as trocas de dias de traba- lho, como “noção de reciprocidade entre iguais, aquelas que contribuem para reforçar a ‘comunhão’, a solidariedade, através da comunicação que cria laços sociais” (BOURDIEU, 1996, p. 86). Para esse tipo de colaboração, alguns cam- poneses chamam de “serão” ou “riosca”; esses termos são utilizados depen- dendo do lugar de origem geográfica da família. Quando são do município de Canto do Buriti, chamam de riosca, ou quando são de Elizeu Martins, chamam por serão.

Observei a existência de outra forma de fortalecer os laços de colaboração e tornar alguém de fora em alguém de dentro. Esse processo é legitimado pelos casamentos que ocorrem dentro da Fazenda Santa Clara. O rapaz de fora que se casa com uma moça de dentro, e geralmente vai morar na mesma célula em que moram os pais da moça. Existem vários relatos de negociação dos cam- poneses assentados para que os filhos que constituem famílias continuem na mesma célula e se tornem parceiros da empresa; às vezes, não é possível torna- rem-se parceiros e a empresa cede uma casa na célula para o novo casal14. Entre

as cinco famílias, são comuns os arranjos para acomodar os novos integrantes nas mesmas células em que moram. Por exemplo, uma família da célula C casou uma filha e não tinha como mantê-los na mesma célula. Souberam que em outra célula um rapaz estaria casando e que gostaria de ir para a célula em que a noiva morava. Assim, fizeram a troca e permaneceram nas suas células de origem. É comum eles se organizarem no sentido de estarem sempre nas mesmas células ou nas mais próximas.

Manter os filhos e netos na mesma célula significa continuar participando da vida dos filhos e acompanhar de perto o desen- volvimento dos netos. Aqui nessa célula moram os meus filhos que são meu sangue mais próximo, meus irmãos também moram aqui com meus sobrinhos e suas esposas, mas essa história de vi- ver sempre junto nem sempre é só de flores não. Tenho um irmão que morava na casa aqui ao lado, e no ano de 2008 foi embora para Brasília, por desavença de família. A vida com parente que é do seu sangue num espaço tão pequeno como essa célula, não é fácil, imagina com pessoas estranhas! Aqui, a gente conta no dedo as famílias que não vieram com a gente. Nessa nossa célula viemos em bando15, quase todo mundo da mesma comunidade. Acho que hoje temos poucas famílias que não são de lá, aqui na célula, mas que nesses últimos tempos estão fazendo parte da família, ou casando os filhos de uns com os filhos dos outros, sendo compadre da gente que o respeito é o mesmo. E assim, vamos lavando a vida, aqui, na união que era na nossa comuni- dade. Meu irmão, lá, era o que tomava a frente das coisas e aqui o povo também quis ele para ser o líder da célula (E. da Silva).

De acordo com Oliveira (1998), na medida em que os camponeses se au- todenominam vivendo em um ambiente comum, através da ação das redes sociais, são reconhecidos externamente como tal. Sempre que se tratar do con- ceito de comunidade rural camponesa, deve ser abandonada a tendência de 14 Esta relação não está presente no contrato de parceria.

tratar a comunidade como realidade social imutável. Para tanto, o termo é entendido enquanto entidade simbólica cujo sistema de valores se apoia em laços sociais baseados no parentesco, vizinhança e amizade, proporcionando aos seus membros um senso de identidade e pertencimento, um determina- do local. É esse senso de pertencimento e de reciprocidade praticado entre os parentes, compadres e vizinhos que legitima entre agricultores assentados a ideia de pertencer a uma comunidade, que hoje eles se dizem pertencer a uma célula.

As categorias família, parente, aparentados quando tomados em conjunto se opõem a estranhos, mas, tomados isoladamente, diferenciam graus de so- lidariedade internamente à categoria parente em seu sentido mais genérico (WOORTMANN, 1987). A categoria mais importante é a família, pois é entre seus membros que se realiza a maior parte das relações de parentesco, e é ela que define o mais alto grau de “obrigação”. Assinale-se que as cinco famílias do assentamento definem família como aquelas pessoas do mesmo sangue, indo até o reconhecimento dos primos de segundo grau como família. Conforme a noção de grupo doméstico estudado por Woortmann (1997), os depoimentos, enfatizando o supramencionado, a categoria família aparece quando se refe- rem a pessoas do mesmo sangue, alcançando até os primos de segundo grau, enquanto os primeiros são chamados de “primos carnais”, no que diz respeito aos demais primos distantes, de terceiro e quarto grau. É comum os demais serem agrupados sob o rótulo classificatório generalizador de primo, sem es- pecificação de grau de consanguinidade.

Vale esclarecer que as intrigas no interior da família são constantes nas cé- lulas que possuem um número maior de pessoas por eles consideradas da fa- mília. E. da Silva descreve a relação entre seus familiares como complicada; em sua concepção, um não compreende a vida do outro, como, por exemplo, nas doenças. E recorda-se de um episódio que marcou sua vida no assentamento, qual seja: uma briga entre ela e sua cunhada. Em seu relato, deixa claro que a ausência do sangue a isenta do pertencimento à sua família. Certamente isto ocorre nos momentos de conflito, haja vista que, quando estão em harmonia ou precisando se fortalecer enquanto grupo, todos constituem uma família. “Meu irmão foi embora intrigado comigo, não procurou entender os motivos da briga, ficou do lado da mulher dele que não é do sangue dele e ficou contra o sangue dele” (E. da Silva).

Os camponeses, sempre que se referem às famílias de suas células, as de- finem como unidas. Em algumas células, ainda é marcante a troca de serviço

entre as famílias, dentro do mesmo modelo de trocas praticadas nas suas co- munidades de origem, conforme explica L. de Souza: “Todos os anos por conta da dificuldade de pagar trabalhador, os homens da comunidade se uniam para fazer as roças em serão.16 Passava às vezes vinte dias, um dia para cada roça”

(L. de Souza).

A ajuda entre as famílias sempre esteve presente na comunidade de origem dos Costa, Moura e Souza. E eles continuam esta prática nos novos espaços de sociabilidade do assentamento, estimulando entre os camponeses trocas de serviços dentro e fora das células.

Aqui, sempre que uma família precisa da ajuda dos amigos, pa- rentes ou da própria família, todo mundo está disposto a ajudar com a troca de dias de serviço. Quem pode pagar até paga, mas não é uma proposta de quem está indo ajudar, sempre quem faz é o dono do serviço. Quem sai pra ajudar sabe que vai para depois ser ajudado, e não por pagamento em dinheiro ( P. de Costa).

Em todas essas relações sociais aqui apontadas, há geração de reciproci- dade horizontal nas formas de confiança, solidariedade, compartilhamento e redistribuição. Essas formas de reciprocidade se apresentam claramente nos grupos organizados a partir de relações de parentesco, vizinhança e ou com- padrio. Assim, nesses grupos, destacam-se alguns tipos de relações de reci- procidade que Sabourin (2004) define como característicos da agricultura de origem camponesa: as formas de ajuda mútua na produção e de organização local e interfamiliar.

Essa presença de ajuda mútua foi observada também na realização de cons- truções, reformas ou reparos dentro do assentamento. Em uma manhã de sá- bado, ao acordar, observei que estavam acontecendo algumas reformas e/ou ampliações em determinadas casas da célula. Fui até uma dessas casas e cons- tatei que o jovem que estava fazendo o telhado de um cômodo recém-cons- truído era um vizinho que trocava de serviço para quando fosse reformar sua casa já não precisar contratar pedreiros. Um faz o serviço de pedreiro e o outro de marceneiro. Notei também a movimentação de outro camponês que estava reformando a casa, pegando telhas que estavam na frente da casa em que eu visitava. Ao perguntar por que aquele senhor estava pegando as telhas, eles me 16 Serão, de acordo com o camponês, é o mesmo que trabalhar em grupo com uma duração de aproxima-

damente vinte dias de trabalho consecutivo. Por exemplo, vinte homens passam um dia em cada roça, fazem toda a limpeza e seguem para a roça do outro companheiro. Assim, todas as roças são limpas em um prazo de vinte dias.

responderam: — “aqui a gente procura comprar em parceria, porque sai mais barato para os dois lados, a gente divide as despesas com o frete e compra uma quantidade maior. É assim que o povo da roça sobrevive, dona”. Dessa forma, muitos dos “benefícios” nessa célula são realizados através da troca de serviços e até de compras conjuntas.

As trajetórias das cinco famílias demonstraram que a existência de redes de reciprocidade entre as que migraram em grupos foi e é central na sua re- produção social no assentamento da Fazenda Santa Clara. Foi demonstrado também que, ao virem para o assentamento, todos eles estavam conscientes da perda de autonomia na produção e nos espaços físicos de circulação e uso de novas habitações. No entanto, foi de forma individual e coletiva, espontânea e organizada, cotidiana e esporádica que as famílias manifestaram resistência na retomada de sua autonomia para garantir a reprodução social dos grupos.

Assim sendo, foi possível compreender que as redes de sociabilidade são tecidas permanentemente com novas estratégias de inclusão daquelas famílias que não pertencem à mesma origem geográfica, e que se conheceram a partir da chegada no assentamento, como o caso da família Moura. As famílias que moram nessa célula são de origens geográfica diversas, e estão tecendo redes de relações a partir dos casamentos promovidos entre os filhos/as e se arti- culando para trazerem membros da família que se encontravam nos centros urbanos do país e que sempre quiseram voltar, mas não tinham casa nem terra. É frequente essa mobilidade das famílias entre as células, de modo a se orga- nizarem e a se adaptarem em um ambiente constituído a partir dos/as filhos/ as casados e dos parentes que estão chegando para morar no assentamento. Geralmente as famílias fazem trocas em que, de acordo com as benfeitorias na casa e no quintal, um dos lados “volta dinheiro”, ou as negociações ocorrem quando a mudança é conveniente para as duas famílias. No caso da família Moura, quando a filha mais velha veio morar no assentamento, as famílias conseguiram fazer a troca entre as casas sem “voltar dinheiro”, de modo que as famílias ficassem na mesma célula; lado a lado.

As trajetórias das famílias Costa e Souza são marcadas por uma migração - se comparada às das famílias Macedo, Silva e Moura - que pode ser consi- deradamenos intensa pela quantidade de vezes que migraram e o número de cidades em que moraram. Essas experiências vivenciadas pelas famílias Costa e Souza representaram para os/as migrantes o desejo de não mais sair da roça. Ao narrar esse desejo, argumentam que toda vez que viajavam, “quando estava lá, queria estar aqui”. Descobriram na migração que estar lá e estar aqui é não

estar em nenhum lugar. Sobre essa dualidade de sentimentos vivenciados pe- los migrantes, Martins (1986) chama a atenção para o seguinte fato:

Ser migrante temporário é viver tais contradições com duplici- dade; é ser duas pessoas ao mesmo tempo, cada uma construída por específicas relações sociais, historicamente definidas; é viver como presente e sonhar como ausente. É ser e não ser ao mesmo tempo, sair quando está chegando, voltar quando está indo. É ne- cessitar quando está saciado. É estar em dois lugares ao mesmo tempo e não estar em nenhum. É até mesmo, partir sempre e não chegar nunca (MARTINS, 1986, p. 45).

Para as famílias Silva, Macedo e Moura, a migração temporária ocorria pela necessidade material de comprar terra e casa nos seus lugares de origem. A cada migração, esses/as camponeses/as levavam consigo a esperança de “jun- tar dinheiro” para comprar um pedaço de terra e uma casa para viver na roça. No entanto, a falta de qualificação para o trabalho urbano dificultava o acesso a empregos com melhores remunerações. Esses camponeses sempre que mi-

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