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As Reações Pecaminosas

Louis P Priolo

1. As Reações Pecaminosas

Desprezar a repreensão: “Não

quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão.” (Pv 1.30)

Recusar a repreensão: “O caminho

para a vida é de quem guarda o ensino, mas o que abandona a repreensão anda errado.” (Pv 10.17) • Odiar a repreensão: “Disciplina

rigorosa há para o que deixa a vereda, e o que odeia a repreensão morrerá.” (Pv 15.10)

Se não treinarmos nossos ouvidos para escutarem as repreensões de Deus, correremos o risco de reagir incorretamen- te. Considere as seguintes maneiras não- bíblicas, mas bastante comuns, de reagir à

repreensão. De quantas delas você fez uso nas últimas semanas?

Pressupor que Deus não pode usar a pessoa que o está confrontando, visto que ela também tem deficiências próprias.

Em 1 Reis 13, lemos sobre um profeta desconhecido que recebeu uma ordem do Senhor para ir a Betel e levar uma mensagem ao rei Jeroboão com uma instrução um tanto inusitada: “Não coma pão nem beba água nem volte pelo mesmo caminho por onde foi”. Quando o profeta entregou a mensagem a Jeroboão, o rei estendeu a mão ordenando que o profeta fosse preso. Imediatamente, porém, sua mão estendida ficou paralisada e o rei não conseguia recolhê-la. Naquele momento, Jeroboão mudou de idéia e suplicou: “Interceda junto ao Senhor, o seu Deus, e ore por mim para que minha mão seja curada”. O homem de Deus orou por ele e a mão do rei foi restaurada. Então Jeroboão convidou o profeta para ir à sua casa comer e receber uma recompensa. A resposta foi: “Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão, nem beberia água neste lugar. Porque assim me ordenou o SENHOR pela sua palavra, dizendo: ‘Não comerás pão, nem beberás água; e não voltarás pelo caminho por onde foste’”.

No caminho de volta, o homem de Deus parou para descansar debaixo de um carvalho. Lá, outro profeta, mais velho, que tinha ouvido sobre o que havia acontecido em Betel, procurou o homem de Deus e o convidou para tomar uma refeição em sua casa. O convite foi declinado com o mesmo argumento, mas o ancião foi mais insistente: “Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do SENHOR, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que coma pão e beba

água”. E as Escrituras acrescentam que ele mentiu.

Pense nisso: um homem de Deus mentindo para outro homem de Deus. Uma mentira que representava enganosamente o próprio Deus -– um engano deliberado, premeditado e explícito para contradizer a palavra de Deus e levar outro homem à desobediência. Você acha que Deus poderia se servir de tamanho vilão para comunicar uma repreensão? Vejamos: “Estando eles à mesa, veio a palavra do SENHOR ao profeta que o tinha feito voltar; e clamou ao homem de Deus, que viera de Judá, dizendo: Assim diz o SENHOR: Porquanto foste rebelde à palavra do SENHOR e não guardaste o mandamento que o SENHOR, teu Deus, te mandara, antes, voltaste, e comeste pão, e bebeste água no lugar de que te dissera: Não comerás pão, nem beberás água, o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais. Depois de o profeta a quem fizera voltar haver comido pão e bebido água, albardou para ele o jumento”.

Deus, certamente, usou um homem com grandes falhas de caráter para repreender um de seus santos, e não há razão para acreditarmos que Ele não faria o mesmo hoje. “Mas você não acabou de explicar que a Bíblia diz que devemos tirar a trave do próprio olho antes de tentar re- mover o cisco do olho de nosso irmão?” Sim, mas as falhas de caráter na vida de quem o repreende não podem ser usadas como desculpa para você recusar uma repreensão.

Pensar que, se a pessoa que o está confrontando tem uma atitude errada ao fazê-lo, não é preciso lhe dar ouvidos.

Você lembra da passagem onde Simei amaldiçoou o rei Davi? “Tendo chegado o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um

homem da família da casa de Saul, cujo nome era Simei, filho de Gera; saiu e ia amaldiçoando. Atirava pedras contra Davi e contra todos os seus servos, ainda que todo o povo e todos os valentes estavam à direita e à esquerda do rei. Amaldiçoando- o, dizia Simei: Fora daqui, fora, homem de sangue, homem de Belial; o SENHOR te deu, agora, a paga de todo o sangue da casa de Saul, cujo reino usurpaste; o SENHOR já o entregou nas mãos de teu filho Absalão; eis-te, agora, na tua desgraça, porque és homem de sangue.” (2 Sm 16.5-8)

O rei Davi, seguramente, deu ouvido a esse insulto desrespeitoso e rude. Um de seus homens até se ofereceu para acabar com aquele sujeito de má índole e grosseiro: “Então, Abisai, filho de Zeruia, disse ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar e lhe tirarei a cabeça” (2 Sm 16.9). Davi não somente levou Simei a sério, mas considerou a repreensão como vinda diretamente do próprio Deus: “Respondeu o rei: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Ora, deixai-o amaldiçoar; pois, se o SENHOR lhe disse: Amaldiçoa a Davi, quem diria: Por que assim fizeste? Disse mais Davi a Abisai e a todos os seus ser- vos: Eis que meu próprio filho procura tirar- me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o SENHOR lhe ordenou. Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia. Prosseguiam, pois, o seu caminho, Davi e os seus homens; também Simei ia ao longo do monte, ao lado dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras e terra contra ele” (2 Sm 16:10-13).

Você deve olhar além da atitude reprovável da pessoa que o está

confrontando e determinar, pelas Escrituras, se a repreensão é legítima ou não. Isso não significa que, antes ou após examinar à luz da Palavra de Deus a repreensão recebida, você não possa repreender a pessoa pela atitude errada que ela teve. Na verdade, se a pessoa se diz cristã e age de maneira pecaminosa, você deve confrontá-la. O ponto funda- mental, contudo, é que Deus pode usar soberanamente a repreensão que você recebeu (não importando a má atitude da pessoa que o confrontou) para direcioná- lo de volta à Sua Palavra. Com a Bíblia na mão (ou na memória), e em oração, você deve considerar a legitimidade de cada admoestação.

Considerar a repreensão pequena demais para merecer sua atenção.

Alguns dos conflitos matrimoniais mais intensos ocorrem a partir de questões aparentemente irrelevantes. Nos aconselhamentos, é comum as pessoas começarem o relato dessas ‘pequenas coisas’ com um pedido de desculpas:

• Você pode achar que isso é uma coisa muito pequena, mas... sinto-me realmente incomodada quando ele usa roupas esfarrapadas em casa. • Sei que não deveria me incomodar

com uma coisa tão pequena, mas... detesto quando ela deixa suas chaves em qualquer lugar da casa e depois me pergunta se eu as vi.

• É provável que eu esteja sendo sensível demais, mas... fico tão magoada quando ele mantém os olhos fixos na TV enquanto estou tentando conversar com ele.

• É provável que você ache que isso uma bobagem, mas... tivemos uma briga feia essa semana por eu não querer beijá-la antes dela escovar os dentes.

Deus se preocupa com nossa maneira de lidar com as pequenas coisas: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito” (Lc 16.10). Portanto, você deve considerar não a insignificância da ofensa, mas sua pecaminosidade. Se você é repreendido por uma transgressão à Lei de Deus, a repreensão é válida independentemente do tamanho da transgressão. Você não pode desconsi- derá-la por achá-la insignificante.

Deixar de identificar a atitude que há por trás das palavras e ações às quais a pessoa está reagindo.

Quando alguns samaritanos não deram uma boa acolhida ao Senhor (Lc 9.51-56), Tiago e João reagiram de maneira vingativa: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?”. A repreensão do Senhor atingiu diretamente a inconveniência daquelas palavras, bem como a precipitação da ação proposta por eles, focando o âmago do problema — a atitude vingativa: “Vós não sabeis de que espírito sois”.

Quando um homem sábio é repreendido por aquilo que ele disse ou fez, ele examina sua vida e olha além do problema aparente para determinar se há por trás atitudes ou estilos de vida habituais que precisam ser substituídos para condizerem com a Bíblia.

É bem possível que esse conceito seja muito pouco praticado no lar, entre marido e esposa, pais e filhos. Nossas mentes costumam trabalhar como um computador; armazenando constantemente informa- ções e classificando-as em categorias. Quando ficamos sujeitos a um determinado número de atos dolorosos ou desagradá- veis praticados por um membro específico da família, um alarme dispara e nosso computador exibe o arquivo de ofensas e

suas respectivas categorias (por exemplo, formas específicas com que meu marido tem me negligenciado ao longo dos anos). O arquivo de ofensas atualizado fica ao vivo e a cores, bem na tela de nossas mentes: “n° 121: não me ajuda em casa, mesmo sabendo que estou cansada”. A Bíblia nos proíbe de manter listas desse tipo, mesmo que sejam mentais, pois 1 Coríntios 13.5 afirma que o amor “não se ressente (não mantém registro) do mal”.

O conhecimento de que essa dinâmica é comum ao ser humano deveria nos motivar a procurar as categorias de atitudes pecaminosas que podem ter desencadeado uma cena semelhante na mente da pessoa que nos repreendeu. Veja se você consegue identificar as atitudes que estão por trás da seguinte seqüência de repreensões:

A esposa repreende o marido por: • deixar suas meias no chão antes de

se deitar à noite;

• não limpar a pia depois de se barbear pela manhã;

• deixar os copos vazios espalhados pela casa.

A mãe repreende o filho adolescente por:

• contar vantagens sobre seu desempenho escolar;

• não dar de bom grado informações essenciais sobre certas atividades ilegais de seus amigos;

• esconder contrabando em seu quarto. O marido repreende a esposa por: • gastar mais do que o combinado na

compra de um item supérfluo; • comer mais do que o necessário; • fofocar sobre a esposa do pastor.

A atitude subjacente na primeira seqüência de repreensões é a falta de consideração. Na segunda seqüência, o adolescente tem um problema de

desonestidade. Na terceira, falta à esposa disciplina ou domínio próprio. Se aprender a “ler nas entrelinhas”, você estará melhor preparado para responder a quem o confrontar e poderá se livrar de repreensões semelhantes no futuro.

Justificar (desculpar) seu comportamento.

Talvez uma de minhas tarefas mais importantes como conselheiro bíblico seja identificar e corrigir as muitas desculpas que os aconselhados dão para justificar seu comportamento irresponsável (pecamino- so). Aqui estão algumas das mais comuns, acompanhadas das respostas corretivas típicas:

- Aconselhado: “Eu não consigo.”

- Conselheiro: “Como cristão, você

não pode dizer ‘não consigo’. A Bíblia diz que você pode fazer o que lhe é pedido porque Cristo o capacita a obedecer. Por favor, não diga ‘não consigo’; diga ‘eu quero’ ou ‘eu não quero’”.

- Aconselhado: “Cachorro velho não

aprende truques novos.”

- Conselheiro: “Isso pode ser verdade

para cães, mas você não é um deles. Você é um cristão e Deus diz que você pode mudar em qualquer idade. Portanto, você deve mudar todo comportamento incompatível com o caráter do Senhor Jesus Cristo”.

- Aconselhado: “Se eu contasse a

verdade aos meus pais, eles ficariam muito magoados.”

- Conselheiro: “Dizer a verdade aos

seus pais pode, sim, magoá-los, mas não tanto quanto se eles o pegarem falando uma mentira. Dizer a verdade pode magoar por algum tempo, mas falar uma mentira causa uma mágoa mais longa e intensa. Essa é uma

razão pela qual Deus o proíbe de mentir.”

- Aconselhado: “Você não pode

esperar que eu faça isso, pois não tive um modelo em quem me espelhar nos anos de formação.”

- Conselheiro: “Você pode não ter tido

um bom modelo de comportamento na sua criação. Mas agora que é um cristão, você tem um modelo: o Senhor Jesus. Deus espera que você aprenda a fazer isso porque Ele ordenou que você o fizesse. Deus não lhe pede nada sem antes prometer que Ele lhe dá sabedoria, habilidade e até mesmo o desejo de fazê-lo (cf. Fp 2:13).”

- Aconselhado: “Sei que deveria ter

feito minha tarefa de casa, mas estive tão ocupado durante a semana que, simplesmente, não tive tempo.”

- Conselheiro (abrindo a gaveta de sua

mesa como se fosse pegar alguma coisa): “Eu não tenho um pó mágico para soprar sobre você e fazê-lo mudar instantaneamente. Não é assim que Deus trabalha em vidas. Ele transforma o seu comportamento de dentro para fora, à medida que você trabalha em seu crescimento cristão com temor e tremor. Mudança é difícil para você e para mim. Porém, há algo mais difícil que é deixar de mudar! O caminho do transgressor é duro. A escolha é sua: trabalho duro durante algum tempo ou um caminho duro pela vida toda. O que você prefere?”

Na parábola da grande ceia, Jesus identificou três categorias de desculpas que as pessoas usavam quando não queriam obedecer a Deus: “Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos.

À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado. E outro disse: Casei- me e, por isso, não posso ir” (Lc 14:16- 19).

Categoria de desculpas número um: bens materiais. Um pedaço de terras foi usado pelo primeiro convidado como desculpa para não comparecer à ceia. Para nós também pode ser conveniente concentrarmos-nos de tal maneira em nossos bens materiais que deixemos de cumprir certas responsabilidades bíblicas. Categoria de desculpas número dois: trabalho. Na verdade, o que o segundo convidado estava querendo dizer era: “Não comparecerei à sua ceia, pois prefiro trabalhar”. Categoria de desculpas número três: família. “Casei-me e prefiro estar com minha esposa.” Por mais importante que a família seja aos olhos de Deus, ela não deve ser usada para descartar oportunidades ministeriais legítimas.

Quando outros apontam seus pontos cegos, é fácil esconder-se atrás de uma dessas três categorias de desculpas. Mas você deve se guardar, a todo custo, de usar quaisquer desculpas como meio de desconsiderar a repreensão.

Lançar mão de um dos seguintes atos instintivos de vingança para com quem o confrontou:

a. Amuar-se: permitir que suas mágoas o impeçam de responder adequa-damente. b. Dispensar um “tratamento de silêncio”. c. Lembrar à pessoa que ela também não é perfeita.

d. Transferir a culpa: culpar a outra pessoa de tê-lo provocado a uma reação pecaminosa.

e. Ameaçar: chantagear, incutindo medo e usando de intimidação para que a outra pessoa ‘esqueça’ as acusações.

f. Ter um acesso de raiva.