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READEQUAÇÃO DE INSTITUIÇÕES ESTADUAIS AO MODELO DE GESTÃO POR RESULTADOS TODOS POR PERNAMBUCO

7 ESTADO BRASILEIRO E SUAS REFORMAS ADMINISTRATIVAS

8 CAMINHOS TRILHADOS PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, INFORMAÇÃO, POLÍTICA E PODER

8.2 READEQUAÇÃO DE INSTITUIÇÕES ESTADUAIS AO MODELO DE GESTÃO POR RESULTADOS TODOS POR PERNAMBUCO

A criação da atual SEPLAG simbolizou a relevância que o governo deu aos três pilares que a sustentam: planejamento, orçamento e gestão. Essa secretaria assumiu a responsabilidade pela construção do PPA, elaboração e execução do orçamento, por viabilizar um planejamento de médio e longo prazos que refletisse a estratégia central do governo. E, ainda, por construir um modelo de governança por resultado que permitisse gerir a máquina pública estadual, envolvendo os atores dos níveis estratégico, tático e operacional do estado.

O papel da SEPLAG foi fundamental para integrar as diferentes fases de implantação do modelo e unir as instituições estaduais em torno da filosofia da gestão por resultados. Coube a esta secretaria coordenar a implementação do modelo Todos por Pernambuco, integrando as atividades de planejamento, orçamento, monitoramento e intervenção com uma forte liderança do Núcleo Central do Governo (NCG), composto pelo governador e pelas secretarias do poder executivo. Igualmente, foi substancial para auxiliar o modelo de gestão a enfrentar três desafios principais: a) alcançar resultados para a população pernambucana; b) garantir a coesão entre as secretarias e demais unidades estaduais e; c) incentivar a responsabilidade dos gestores públicos com os objetivos estratégicos do governo.

De acordo com o entrevistado nº 1 do nível estratégico: “Existe uma diferença sutil entre PPA e planejamento estratégico. O PPA é tudo que o Governo pretende fazer. O planejamento estratégico é tudo que o Governo prioriza”. Então, o desafio se constitui também em expressar nos instrumentos determinados pela legislação federal, o alinhamento da estratégia e do orçamento.

A figura 5 e 6 ilustram a estrutura organizacional da SEPLAG e das suas secretarias executivas, e permitem verificar o quanto a condução do modelo de gestão por resultados é intrínseca a sua existência. A estrutura se dá por funções e

sistemas, agindo para cumprimento das ações programáticas do governo constantes no PPA, na LOA e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Figura 5 – Macrofluxo da sistemática de interação entre pessoas e departamentos organizacionais da SEPLAG

Fonte: Imagem extraída do website da SEPLAG, em 14 de junho de 2016. http://www.seplag.pe.gov.br/web/inst/institucional-macrofluxo

A estrutura básica por sistemas é representada pelas Secretarias Executivas e pela Superintendência, que são administrativamente subordinadas ao Secretário de Planejamento e Gestão e, tecnicamente, ao Núcleo de Gestão, sendo parte do Sistema de Planejamento e Gestão do Estado21. Essa configuração da SEPLAG, por funções, é representada pelo seguinte organograma (Figura 6).

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Figura 6 - Organograma da SEPLAG

Fonte: Imagem extraída do website da SEPLAG, em 14 de junho de 2016. http://www.seplag.pe.gov.br/web/inst/institucional-macrofluxo

A criação dessa secretaria é peça fundamental no sucesso do modelo de governança por resultados Todos por Pernambuco. É a partir desta secretaria que as técnicas gerenciais são testadas e divulgadas, promove-se o desenvolvimento do sistema de indicadores, monitoramento e avaliação, a consequente contratação de novos servidores com perfil de gestor governamental de planejamento, orçamento e gestão, e, por fim, a realização de parcerias com outras instituições públicas (universidades, institutos de pesquisa, por exemplo) e privadas para fins de aprendizado, benchmarking e divulgação do modelo de gestão.

Destaca-se, em especial, para a finalidade deste estudo a criação dos núcleos setoriais de gestão por resultados inseridos nas secretarias de Segurança Pública, Educação e Saúde, a fim de promover o monitoramento dos seus respectivos pactos. Estes núcleos respondem à Secretaria Executiva de Gestão por Resultados (SEGPR). Segundo o entrevistado nº 1 do nível estratégico:

“Os Núcleos de Gestão por Resultado foram pensados lá na gênese do modelo. O modelo foi desenhado para funcionar através de

sistemas. [...] um de gestão administrativa, um sistema de controle interno e um sistema de planejamento, orçamento e gestão. Para esses três sistemas estava previsto, na origem da lei ou na pureza metodológica do modelo, o funcionamento através de núcleos setoriais, os quais seriam representações destas três Secretarias, Planejamento e Gestão, Administração e Controle Interno. Esses núcleos setoriais são representações das Secretarias dentro das Secretarias fim. E também com a função de assessoria ao Secretário, visando à resolução de problemas. Principalmente problemas na execução de prioridade.” Entrevistado nº 1.

Destacou-se o trecho “execução de prioridade” para evidenciar que esses atores desempenham funções diretamente associadas aos objetivos estratégicos do governo. Além disso, os analistas dos Núcleos contribuem para a execução do modelo de gestão, com intuito de garantir que ele seja compreendido pelos gestores regionais e até mesmo pelas equipes no front das áreas de Educação, Saúde e Segurança Pública, as quais constituem os pactos. E agem como consultores para os secretários do poder executivo, incrementando ferramentas de gestão e capacidade analítica.

Em síntese, a SEPLAG é a condutora da implantação, aperfeiçoamento e disseminação do modelo de governança por resultados. É responsável por manter o funcionamento do Ciclo de Gestão de Políticas Públicas conforme ilustrado na Figura 5. Assim, como algumas práticas administrativas oriundas do universo empresarial foram incorporadas à administração pública estadual, outras práticas de caráter simbólico também foram adotadas. Por exemplo, os servidores da SEPLAG vestem paletó e gravata a fim de romper com o imaginário popular de servidor público ineficiente. O vestuário foi uma escolha estratégica para criar a ideia de eficiência, por vezes, associada apenas ao contexto das empresas privadas.

Outra evidência da relevância dada à SEPLAG, agora de caráter estrutural, foi a reforma do prédio que abrigou a nova sede da Secretaria. Essa sede foi planejada, em estrutura e conceito, para oferecer às secretarias estaduais um ambiente apropriado ao funcionamento do Ciclo de Gestão e o Instituto Gestão-PE. Conta com salas apropriadas para as reuniões de monitoramento de políticas públicas, formação continuada dos APOGs e secretarias executivas da SEPLAG. O mobiliário foi disposto em estações integradas de forma a facilitar o fluxo de trabalho. Quanto às inovações arquitetônicas, a cobertura do prédio conta com a geração de energia

renovável e área verde, sistema de refrigeração ecológico e uso racional de água e energia22.

Assim, o governo com essa imagem transmite para as demais instituições públicas estaduais a ideia de rompimento com estruturas administrativas anteriores e demonstra a capacidade governativa de alcançar os objetivos propostos para a população pernambucana por meio do slogan “Um novo Pernambuco para todos – Melhor para trabalhar e melhor ainda para viver.”

A criação do Instituto Gestão-PE também foi uma opção estratégica, pois desenvolve, no ambiente interno do Estado, atividades relacionadas à produção, aquisição, consolidação e difusão de conceitos, metodologias e práticas modernas no campo da gestão pública, visando a obtenção de resultados. No ambiente externo ao Estado, promove “o debate em torno da Administração Pública de Excelência, estimulando a pesquisa, a troca de experiências, a geração de conteúdo científico, o desenvolvimento e a fruição de conceitos e de boas práticas de gestão pública entre os diversos atores envolvidos com o tema, dentro e fora de Pernambuco”.23

O estado tem a prerrogativa e os meios de exercer tais poderes sob a justificativa de agir em prol da população que contribuiu financeiramente em troca da prestação de serviços. Então, sob esse argumento o governo empreende ações e usa das diversas manifestações de poder para alcançar fins sociais e políticos. Nesse contexto, a readequação da SEPLAG expressa o exercício dos poderes estrutural e simbólico tanto pelo governador como da própria Secretaria. Essas ações observadas à luz do referencial teórico de poder ajuda a entender como se materializa o exercício de tais poderes no âmbito estadual.