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e o senso comum é fundamental para

preparar os estudantes a tomar posições e

agir de forma ativa na sociedade.

Atingir esse objetivo é possível, por exemplo, por meio da leitura de textos, promoção de debates que confrontem as diferentes posições em jogo, produção de um jornal ou campanha de conscientização. É necessário que a atividade mobilize tanto a dimensão do conhecimento, quanto do desenvolvimento do processo

cognitivo. Dentre os comandos úteis que podem orientar essas tarefas, estão: identificar as informações relevantes, prever as posições dos diferentes agentes sociais de acordo com seus interesses, utilizar as técnicas argumentativas e critérios legitimados socialmente para aprovar uma determinada medida, refletir sobre as consequências da medida adotada para os

diferentes grupos sociais e criar formas inéditas de apresentar o problema ou solucioná-lo.

Da mesma forma, para que os estudantes

compreendam a relação dos meios de comunicação de massa com a vida cotidiana e a indústria

cultural, que difunde estilos de vida e consumo, e relacionem as tecnologias às novas formas de interação e interatividade que moldam a sociedade nos dias de hoje, será importante desenvolver atividades que tenham como objeto ou tema os elementos da cultura conhecidos pelos estudantes. A produção audiovisual é um bom exemplo

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(novelas, seriados, programas humorísticos, telejornais), pois servem de objetos que são familiares aos estudantes. Eles podem avaliar se esses “produtos” levam à alienação da população ou reforçam suas identidades sociais e promovem novas formas de ação coletiva.

Trabalhos de pesquisa, em que os estudantes “arregaçam as mangas” e vão a campo representam a forma mais eficiente de “aprender fazendo”. Como exemplo, podemos pensar que ao determinar os objetivos da atividade, o professor poderá avaliar se ao chegar ao produto final seus estudantes serão capazes de: recordar como desenvolver uma entrevista, esquematizar a estrutura de um programa de televisão ou telejornal, realizar entrevistas, relacionar opiniões individuais com interesses coletivos, julgar se a linha editorial de um noticiário é de fato neutra e desenhar um projeto de difusão de notícias e cultura justo e adequado aos valores sociais modernos.

Nesse sentido, o uso das novas tecnologias, tema da terceira habilidade aqui discutida, pode fazer parte de qualquer pesquisa. O seu ensino também poderá ser objeto de problematização sociológica. Assim, os estudantes aprendem a trabalhar não apenas as dimensões metacognitivas e procedimentais, mas também as de caráter conceitual e factual. Por exemplo, no processo de aprender a utilizar ferramentas digitais, o professor poderá avaliar se, ao final do processo, seus estudantes estarão aptos a: listar os principais interesses das diferentes identidades dos grupos sociais em sua escola, sintetizar as posições políticas dos grupos que disputam o grêmio estudantil, responder a questões comuns sobre um dilema social específico ou sobre o uso de uma ferramenta digital de trabalho colaborativo, selecionar as propostas mais factíveis de

organização dos tempos livres na escola, verificar a veracidade de informações disponíveis na rede mundial de computadores e desenvolver um registro diário de atividades da turma. Assim, os estudantes são levados a realizar atividades sobre as quais o professor pode avaliar objetivos educacionais que combinam diferentes níveis de conhecimento e desenvolvimento cognitivo. Consequentemente, o professor poderá trabalhar o ensino do conhecimento “tradicional” ao mesmo tempo em que contempla os temas mais atuais. E, ainda, será capaz de incorporar os avanços tecnológicos disponíveis na escola e os colocar à serviço da construção de uma educação emancipatória capaz de ampliar as oportunidades de seus estudantes e permitir que continuem seus estudos ou iniciem sua vida profissional seguros dos seus conhecimentos e da sua capacidade de continuar aprendendo. A formação de cidadãos autônomos contribui para tornar mais real o ideal de uma sociedade mais justa na qual os jovens poderão assumir efetivamente um papel de protagonismo e destaque.

Solange Morgado da Silva, Professora de Ciências Humanas - Um espaço ampliado, ilimitado, dilatado: a escola é um lugar privilegiado para o exercício e a formação da cidadania. É nessa linha de pensamento que a educadora Solange Morgado da Silva desenvolve seu trabalho. “Dentro da instituição de ensino, ocorrem não só as relações de aprendizado científico, como também de crescimento pessoal entre educadores e estudantes”, defende.

A vocação levou Solange a escolher a formação na área de educação. Hoje, é especialista em Metodologia da História e da Geografia, com atuação na Rede Estadual de Ensino. Há 18 anos, ela enfrenta os desafios do magistério.

“Precisamos resgatar a importância do papel do professor, tanto pelos estudantes quanto pela sociedade. Esse não reconhecimento constitui um dos pontos principais para que os estudantes desenvolvam uma postura de não valorização dos estudos escolares”.

Outros fatores também influenciam no processo de aprendizagem, como a educação familiar e os atrativos midiáticos fora do ambiente escolar. Para a educadora, parte dos professores ainda está se adaptando às novas tecnologias e tentando inseri-las na prática pedagógica.

Solange acredita que a avaliação externa norteia o trabalho didático dos professores, uma vez que revela o desempenho dos estudantes. A instituição escolar onde atua atende 104 estudantes, com uma equipe de seis professores. “Com o sistema avaliativo, podemos analisar os resultados alcançados com base nos descritores e replanejar os conteúdos e a metodologia”.

Para a área de conhecimento que leciona, o maior desafio é a percepção, interpretação e reescrita, por parte do alunado, do conteúdo mediado. Por isso, ela não poupa criatividade nas formas de articular os assuntos da disciplina: intensifica as atividades de produção textual, com literatura de cordel, paródias, poesias, e trabalha com leitura de imagens e mapas, cinema mudo, atividades de mímica, confecção de painéis e cartazes.

CRIATIVIDADE EM BENEFÍCIO DO