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3 METODOLOGIA

5.4 Recursos Humanos (seleção e capacitação)

A Carreira Policial Federal, estruturada em cargos de Delegado de Polícia Federal, Perito Criminal Federal, Agente de Polícia Federal, Escrivão de Polícia Federal e Papiloscopista Policial Federal, e o Plano Especial de Cargos da Polícia Federal foram criados pela Lei nº 10.682/2003.

O Plano Especial de Cargos da Polícia Federal é composto pelos cargos de provimento efetivo, regidos pela Lei no 8.112/1990, que não estavam organizados em carreiras e que pertenciam ao quadro de pessoal da PF em 21 de março de 2003, mediante enquadramento dos servidores, de acordo com as respectivas atribuições, requisitos de formação profissional e posição relativa em tabela, constante no anexo da referida Lei.

Tanto a Carreira Policial Federal como os Cargos de Provimento Efetivo são regidos pela Lei nº 8.112/1990 (Estatuto do Servidor Público Civil Federal), e dependem de aprovação em concurso público para que ocorra a investidura nos cargos, de acordo com o artigo 37, inciso II, da Constituição Federal de 1988.

A Academia Nacional de Polícia, subordinada à DGP, tem como principal função a formação e atualização dos servidores policiais federais. Nos últimos anos, ela tem se destacado também pela realização de cursos direcionados a outras forças nacionais e estrangeiras de segurança pública.

Desde 2000, a PF usa o Plano de Capacitação e Desenvolvimento de Recursos Humanos, atualmente disciplinado pela IN no 08/2004-DG/DPF, para levantar as necessidades de capacitação das unidades, e oferecer cursos e treinamentos. A tabela abaixo possibilita uma visão referente aos eventos de capacitação na PF:

Tabela 1 - Número de eventos de capacitação, quantidade de servidores capacitados, total de efetivo e relação entre o total de servidores capacitados e o efetivo total, de 2002 a 2010.

Ano Número de eventos

Total de servidores

capacitados Total do efetivo %

2002 58 2.709 7.351 37

2003 118 1.548 7.413 21

2004 50 3.700 8.282 45

2006 265 2.623 9.690 27

2007 97 5.200 10.403 50

2008 135 6.061 11.087 55

2009 - 12.353 11.335 109

2010 - 11.273 11.595 97

Fonte: Relatórios de Atividades, 2002 a 2008, e Relatórios de Gestão, 2009 e 2010.

A partir do ano de 2009 houve um incremento considerável de cursos de capacitação oferecidos na modalidade à distância, facilitando e ampliando a participação dos servidores.

Ao término de um evento de capacitação, o servidor faz uma avaliação crítica, com o objetivo de aperfeiçoamento contínuo dessa ação. Entretanto não é feito nenhum tipo de avaliação do serviço prestado pelo servidor antes e depois da capacitação, o que impede de concluir se tais ações conferem realmente maior qualidade ao serviço público.

A evolução da quantidade de servidores da PF entre 1995 e 2012 encontra-se na figura abaixo:

Gráfico 1: Evolução do Efetivo da Polícia Federal

Fonte: Relatório Anual do Sistema de Criminalística, 2012.

O aumento do efetivo decorreu do ingresso de novos servidores admitidos nos concursos públicos de 1993 (com posse em 1995 e 1996), 1997, 1998, 2000, 2001 e 2004, implicando diretamente no aumento da produtividade do órgão conforme as tabelas:

5309 6167 6249 6357 7051 7052 6915 7351 7413 8282 8960 9690 10403 11087 11335 11595 11334 11081 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Tabela 2 - Número de inquéritos instaurados (IPL), relatados e em andamento na PF, de 1998 a 2012.

Ano IPL

instaurado

IPL

relatado IPL em andamento

1998 33.607 26.373 53.766 1999 35.085 27.928 53.739 2000 42.726 26.468 65.748 2001 44.436 30.130 73.022 2002 36.011 28.280 73.059 2003 50.220 33.103 87.567 2004 56.390 31.222 109.077 2005 66.492 42.700 118.947 2006 71.997 45.539 137.963 2007 79.732 51.985 156.091 2008 94.230 62.502 169.282 2009 71.372 67.012 159.865 2010 71.033 88.940 119.240 2011 67.859 81.924 95.079 2012 70.773 58.430 100.460

Fonte: Dados extraídos do Sistema Nacional de Procedimentos da PF em junho de 2013.

Tabela 3 – Quantidade apreendida de cocaína e maconha.

Ano Cocaína (kg) Maconha (kg)

1998 5.843 29.167 1999 5.709 62.309 2000 4.739 159.073 2001 8.325 145.908 2002 9.144 190.723 2003 9.501 168.076 2004 7.199 153.875 2005 15.656 151.044 2006 13.387 161.302 2007 16.510 196.830 2008 19.617 187.109 2009 20.807 150.585 2010 27.109 154.235

Fonte: Relatórios de Atividades e de Gestão da PF, de 1998 a 2010.

Outro indicador importante do desempenho da PF nesse período é a diminuição do desmatamento na Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) através da intensificação de ações policiais na região:

Tabela 4 – Desmatamento na Amazônia Legal Ano Área (km2) 2004 27.772 2005 19.014 2006 14.286 2007 11.651 2008 12.911 2009 7.464 2010 7.000 2011 6.418 2012 4.571 Fonte: PRODES/INPE – 2012

Os policiais federais que tomam posse em primeira investidura, a partir da apresentação para exercício, sem prejuízo e cumulativamente ao Estágio Probatório, fazem o Estágio de Primeira Investidura de que trata a Portaria n° 732/2000 - DG/DPF.

O Estágio de Primeira Investidura tem por escopo sedimentar no policial federal, conteúdos básicos para bem compreender a missão da PF nos contextos histórico, político, institucional, social e ético, as competências constitucionais e infraconstitucionais, a organização da carreira que integra, os direitos que a lei lhe assegura, os deveres e obrigações estatutárias, as atribuições e os compromissos éticos e morais do servidor público e do policial federal, a organização estrutural, as competências das unidades, as atribuições dos dirigentes e chefias, as normas gerais da administração e os regulamentos internos da unidade de lotação, as manifestações de culto à tradição no órgão, os Símbolos da PF e os Valores Éticos e Morais do Policial Federal que embasam a formação de seu homem de polícia.

O sentimento do dever e o decoro impõem, ao policial federal, procedimento irrepreensível, idoneidade moral inatacável, com observância dos seguintes preceitos de ética trazidos pela Portaria nº 1204/1999-DG/DPF:

I – Exercer, com eficiência e probidade, os misteres de seu cargo; II – Respeitar a dignidade da pessoa humana;

III – Ser justo e imparcial nos julgamento e atos e na apreciação do mérito dos subordinados;

IV– Empregar todas as suas energias em benefício do serviço; V – Desenvolver, permanentemente, o espírito de cooperação;

VI – Ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada;

VII – Cumprir seus deveres de cidadão;

VIII – Proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular;

IX – Conduzir-se, mesmo fora do serviço ou inatividade de modo a preservar o respeito e o decoro da função policial;

X – Zelar pelo bom nome da Polícia Federal e de cada um de seus membros obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos de hierarquia, da disciplina e da ética do policial federal.

A PF não possui um código de conduta próprio, contudo obedece ao Código de Conduta da Alta Administração Federal. O código foi aprovado em 2000 pelo Presidente da República e sofreu sua 4ª revisão e atualização em 20096 na qual foram agregadas as normas complementares e a legislação correlata com vistas a facilitar a consulta de seus destinatários ou de quaisquer interessados, além de divulgar melhor as normas e posições adotadas pela Comissão de Ética Pública.

O objetivo maior dessas legislações é garantir que servidores da Alta Administração Pública tenham um elevado padrão de comportamento ético capaz de assegurar a lisura e a transparência dos atos praticados na condução da coisa pública. Os demais servidores públicos devem seguir tais exemplos, estando sujeitos a normas diversas fixadoras de condutas exigíveis, tais como o Estatuto do Servidor Público Civil, a Lei de Improbidade e o próprio Código Penal Brasileiro. Quando se fala em conflito de interesses, o servidor público poderá se guiar pela Resolução Interpretativa nº 08/20037, que dispõe sobre o modo de preveni-lo.

A criação de regras e padrões de conduta ética para os servidores públicos retoma valores e princípios, gerando assim um estímulo de respeito aos cidadãos e afasta eventuais dúvidas sobre a conduta ética do comportamento no serviço público.

Outras legislações importantes são o Decreto nº 1.171/1994, que aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, o Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública e o Decreto 6.029/2007, que consolida o Sistema de Gestão de Ética do Poder Executivo Federal.

Entretanto o fato de existirem leis que determinam a conduta ética dos servidores públicos, é comum se ver exatamente o inverso. A imprensa noticia diariamente a falta de

6 Em: http://etica.planalto.gov.br/.arquivos/legislacao/livro-do-codigo-de-conduta-2009-atualiz-em-06-de- maio.pdf 7 Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/codigos/codi_Conduta/resolucao8.htm

ética de servidores públicos, resultando em um cenário de corrupção atualmente inaceitável pela população brasileira.

A corrupção é um mal em si, pois diminui os investimentos públicos em saúde, educação, segurança, habitação, previdência, além de outros programas sociais. O dinheiro público serve para corromper servidores públicos, enriquecer pessoas e para financiar campanhas eleitorais. Os servidores públicos e os políticos têm muita facilidade em praticar o tráfico de influência com vistas a obter favores ou tratamento preferencial.

A cultura de impunidade que impera no Brasil, fruto da justiça morosa e da dificuldade de punir os ricos, é um dos principais problemas que dificultam o combate à corrupção. Soma-se a essa realidade o foro privilegiado que gozam os políticos.

O Banco Mundial mostra, em relatórios sobre assuntos de governança, o índice que mede a eficiência do Brasil no combate à corrupção. Em 2006 atingiu seu pior nível: 47 numa escala de 0 a 100 (sendo 100 a avaliação mais positiva). O índice mede a percepção dominante entre Organizações Não Governamentais (ONGs) e agências internacionais de análise de risco, sobre a corrupção vigente num determinado país.

De acordo com a organização contra a corrupção Transparency International8, em 2012 o Brasil ocupou a 69ª pior posição entre 176 países no índice de percepção de corrupção (índice que mede quão corrupto o setor público de um país é percebido). Na mesma pesquisa, a instituição “polícia” é apresentada como a terceira mais propícia a ser afetada pela corrupção, no entendimento do público, perdendo apenas para os partidos políticos e para o poder legislativo.

Figura 2 – Percepção de quanto é corrupta uma instituição pública. Fonte: Sítio http://www.transparency.org/country#BRA_PublicOpinion

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Os relatórios do Banco Mundial também apontam algumas ações positivas adotadas pelo governo brasileiro. A condenação de políticos envolvidos no escândalo do “Mensalão” foi uma decisão histórica que trouxe credibilidade ao sistema judicial perante a comunidade estrangeira. A possibilidade dos cidadãos poderem propor legislação ao Congresso Nacional, a aprovação da Lei da Ficha Limpa para prevenir a corrupção no Legislativo, a criação da plataforma eletrônica Portal da Transparência, e a Lei de Acesso à Informação, que garante o acesso dos cidadãos brasileiros aos documentos públicos dos governos federal, estadual e municipal, possibilitando maior transparência na prestação de contas públicas, são outros pontos positivos percebidos nas atitudes do governo brasileiro contra a corrupção.

Contudo ainda há muito por se fazer. As regras de financiamento de campanhas políticas devem ser obedecidas. A transparência nos governos precisa ser melhorada através da divulgação em tempo real de seus orçamentos e gastos. Aqueles que praticam o tráfico de influência precisam ser responsabilizados com rigor. Somente a aplicação rigorosa e tempestiva da lei assegurará a integridade no governo e na política do Brasil.