• Nenhum resultado encontrado

Rede e hierarquia urbanas

No documento Territorio Sociedade v3 Pnld2018 Pr (páginas 96-100)

Capítulo 4 Urbanização mundial

5. Rede e hierarquia urbanas

As cidades estão ligadas entre si por uma estrutura de transportes e meios de comunicação, formando uma rede articulada, integrada, em que se estabelecem fluxos de mercadorias, pessoas, capital e informações, havendo dessa forma uma polari- zação entre as aglomerações urbanas que se relacionam continuamente (figura 12).

A rede urbana é constituída por cidades de pequeno, médio e grande portes, as quais cumprem a função dominante nessa rede de fluxos. Portanto, as relações entre elas são hierárquicas, pois algumas exercem papel central, estando no topo

da hierarquia urbana2, como as metrópoles e as cidades globais, que irradiam e

recebem grande parte desses fluxos.

A hierarquia urbana refere-se aos papéis ocupados pelas cidades na organização socioeconômica e espacial, considerando, por exemplo, a capacidade de concentra- ção dos fluxos e a extensão da área de influência de cada cidade, numa rede urbana. Assim, temos, além das metrópoles, que podem ser nacionais e regionais, os centros regionais, os centros sub-regionais, as cidades locais e as vilas.

Com o processo de modernização do território brasileiro, o geógrafo Milton Santos apontava que, a partir do final do século XX, as relações entre as cidades com diferentes papéis ocupados numa rede urbana não se dava a partir de uma hierarquia rígida, ou seja, da vila para a cidade local, desta para o centro regional, deste para a metrópole regional e desta para a metrópole nacional. Há desse modo, relações diretas, por exemplo, da cidade local para a metrópole nacional ou do centro regional para ela.

Figura 12. Mundo: internet (servidores e redes – 2013)

OCEANO OCEANO OCEANO ÍNDICO OCEANO ATLÂNTICO

PACÍFICO OCEANOPACÍFICO

GLACIAL ÁRTICO 0º

0º EQUADOR

MERIDIANO DE CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO

GREENWICH TRÓPICO DE CÂNCER TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO Por 1.000.000 de habitantes Número de servidores De 0,1 a 0,9 De 1 a 9 De 10 a 54 De 73 a 278 De 312 a 741 Sem dados

A espessura dos fluxos é proporcional à capacidade de interligação disponibilizada pelos operadores (mais de 300 em 2005)

BRASIL ESTADOS UNIDOS CANADÁ CHINA ÍNDIA JAPÃO AUSTRÁLIA N 0 2.500 km

Fonte: FERREIRA, Graça M.L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 55.

Note que os fluxos entre os servidores, que partem sobretudo das cidades e chegam a elas, são mais intensos entre os países desenvolvidos.

2 Sobre a hierarquia urbana das cidades brasileiras, veja o Capítulo 5 deste volume.

SONIA V

AZ

95

METRÓPOLES E CIDADES GLOBAIS

As metrópoles são cidades populosas, adaptadas à economia globalizada. Em geral, preservam suas tradições, sua arquitetura e seu patrimônio histórico, caso principalmente das cidades europeias. Costumam ter as melhores instalações urbanas, concentram as principais universidades e bancos do país, além de sediar as maiores empresas nacionais e transnacionais. Constituem o mais importante centro de consumo, poder político, inovação e difusão cultural. Nelas também se concentra uma vasta gama de serviços especializados e de estabelecimentos comerciais diversificados.

As metrópoles são polos cuja influência se estende sobre cidades de uma vasta região geográfica. Constituem grandes centros de atração de investimentos e estão articuladas com as cidades globais, podendo, em alguns casos, ser classificadas como tais. No entanto, sua importância e capacidade de polarização geralmente estão restritas ao território nacional.

Segundo Milton Santos, também deveriam estar associadas ao conceito de metró- pole características como direitos humanos e cidadania (direito a moradia, educação, saúde, emprego, segurança etc.), o que limitaria esse conceito a algumas cidades dos países desenvolvidos.

Várias metrópoles tornaram-se cidades globais a partir da década de 1990, fruto do processo de globalização inclusive nos países classificados como emergentes.

A participação do país na economia global depende muito da ampliação das funções das grandes cidades, de modo que estas se tornam centros de negócios e passam a articular-se com os principais polos econômicos mundiais e, ao mesmo tempo, com o mercado nacional. Portanto, elas são o principal elo do país com o exterior, em razão de seu dinamismo econômico (sobretudo o setor dos serviços) e de sua infraestrutura diversificada e moderna, com eficientes equipamentos de telecomunicações (telemática), portos e aeroportos, redes de hotéis, importantes centros de compras etc. (figura 13).

Nos países mais integrados à economia globalizada, as conexões com a econo- mia mundial são feitas principalmente a partir das cidades globais. Elas possuem uma dimensão econômica e política, pois promovem a regulação das operações financeiras de mercados e empresas, além de serem consideradas centros de poder político nacional e internacional.

Figura 13. Zurique (Suíça) é uma importante cidade glo- bal, sede de grandes institui- ções financeiras e de diversas empresas. Na imagem, vista noturna da cidade em 2014.

Centro de Estudos  da Metrópole (CEM) www.fflch.usp.br/ centrodametropole/ O site do CEM traz um banco de dados sobre temas relativos a questões das cidades, como demografia, desigualdade, educação, saúde etc., além de disponibilizar pesquisas recentes sobre as metrópoles brasileiras e os mapas temáticos. SITE NA T ALIY

Para se ter ideia de sua relevância econômica, cabe ressaltar que, atualmente, as 30 maiores cidades globais abrigam 4% da população mundial e são responsáveis por 16% da riqueza produzida no mundo inteiro. Veja, no mapa, as 25 maiores (figura 14).

Figura 14. Mundo: as 25 principais cidades globais – 2015

OCEANO OCEANO OCEANO ÍNDICO OCEANO ATLÂNTICO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO GLACIAL ÁRTICO

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0º

0º EQUADOR

MERIDIANO DE TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

TRÓPICO DE CÂNCER

CÍRCULO POLAR ANTÁ RTICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO

GREENWICH 1a18 Nova York a Boston* 12a Chicago 7a Los Angeles 23a San Francisco* 23a WASHINGTON D.C.* 3 a TÓQUIO 18a BEIJING* 10a Toronto* 10aESTOCOLMO* 2a LONDRES 14a HELSINQUE* 9a VIENA 22a Gênova 23a MOSCOU* 18a OSLO* 5a PARIS 16a DUBLIN* 6a CINGAPURA 4a Hong Kong 16a Osaka* 14a Sydney* 13a Zurique 8a SEUL 18a Shangai* Capital de país Cidade * Ocupam a mesma posição N 0 2.500 km

Fontes: SASSEN, Saskia. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010; The World’s Most Economically Powerfull Cities 2015. Disponível em: <www.citylab.com>. Acesso em: fev. 2016.

Cidades globais

“Na atual fase da economia mundial, é precisa- mente a combinação da dispersão global das ativi- dades econômicas e da integração global, mediante uma concentração contínua do controle econômico e da propriedade, que tem contribuído para o papel estratégico desempenhado por certas grandes cida- des, que denomino cidades globais […]. Algumas têm sido centros do comércio mundial e da atividade bancária durante séculos, mas, além dessas funções de longa duração, as cidades globais da atualidade são: (1) pontos de comando na organização da economia mundial; (2) lugares e mercados fundamentais para as indústrias de destaque do atual período, isto é, as finanças e os serviços especializados destinados às empresas; (3) lugares de produção fundamentais

para essas indústrias, incluindo a produção de ino- vações. Várias cidades também preenchem funções, equivalentes em escalas geográficas menores, no que se refere a regiões transnacionais e subnacionais.

Ao lado dessas novas hierarquias globais e regionais das cidades há um vasto território que se tornou cada vez mais periférico e cada vez mais excluído dos grandes processos econômicos que alimentam o crescimento econômico na nova eco- nomia global. Uma multiplicidade de centros manu- fatureiros e cidades portuárias, outrora importan- tes, perderam suas funções e encontram-se em declínio, não só nos países menos desenvolvidos como também nas economias mais adiantadas. Este é mais um significado da globalização econômica.”

SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998. p. 16-17.

1. Por que a dispersão mundial das atividades econômicas reforça a importância das cidades globais?

2. Que relação o texto estabelece entre a globalização econômica e a hierarquia das cidades?

SONIA V

AZ

97

1. Leia o texto e faça o que se pede. Significados da cidade

“A cidade é o lugar do trabalho (da máquina sendo operada, da caixa registradora funcionando, da rua sendo varrida), mas também do lazer (a praça do interior, o clube, o espaço dos esportes [...]). A cidade é o lugar da produção (a fábrica, a chaminé e mais poluição), e do consumo (o shopping, o calçadão, e imagens de outdoors que nos informam, nos estimu- lam, nos invadem). A cidade é o lugar do ir e vir (ruas, avenidas, viadutos, ônibus cheio, trânsito parado), e do estar (prédios, casas, barracões, e até parece que não há lugar para todo mundo...). É o lugar da ordem (horários para sair e para chegar, filas, normas, poli- ciamento) e da contraordem (o supermercado saque- ado, o trem depredado ou o piquete para a greve).”

SPOSITO, Maria Encarnação B. A urbanização no Brasil. CENP, Secretaria de Educação de São Paulo, Série Argumento, s.d. p. 63.

a) Além dos elementos apontados no texto, quais

outros você acrescentaria para caracterizar uma cidade? Justifique.

b) Tomando por base o texto, caracterize a cidade

onde você vive ou o centro urbano mais próximo. Comente também as possibilidades que ela oferece para o exercício da cidadania.

c) Com base em seus conhecimentos, reescreva o

texto “Significados da cidade”, alterando o seu título para “Significados do campo” e fazendo as adaptações necessárias.

2. Relacione o processo de urbanização com a Revolu-

ção Industrial.

3. Defina urbanismo. Aponte as razões de o urbanismo

ter surgido nas cidades europeias no século XIX.

4. Observe a imagem e, a partir dela, explique o conceito

de lugar.

Placa instalada em Brasília (DF), por ocasião da Copa do Mundo de 2014.

Faça no caderno

• (Enem 2009)

Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens ele- trônicos, o automóvel produzido pela indústria for- dista promoveu, a partir dos anos [19]50, mudanças significativas no modo de vida dos consumidores e também na habitação e nas cidades. Com a mas- sificação do consumo dos bens modernos, dos ele- troeletrônicos e também do automóvel, mudaram radicalmente o modo de vida, os valores, a cultura e o conjunto do ambiente construído. Da ocupação do solo urbano até o interior da moradia, a trans- formação foi profunda.

MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado).

Uma das consequências das inovações tecnológicas das últimas décadas, que determinaram diferentes

formas de uso e ocupação do espaço geográfico, é a instituição das chamadas cidades globais, que se caracterizam por

a) possuírem o mesmo nível de influência no cenário

mundial.

b) fortalecerem os laços de cidadania e solida-

riedade entre os membros das diversas comu- nidades.

c) constituírem um passo importante para a dimi-

nuição das desigualdades sociais causadas pela polarização social e pela segregação urbana.

d) terem sido diretamente impactadas pelo processo

de internacionalização da economia, desencade- ado a partir do final dos anos 1970.

e) terem sua origem diretamente relacionada ao

processo de colonização ocidental do século XIX.

No documento Territorio Sociedade v3 Pnld2018 Pr (páginas 96-100)