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Trabalho: transformações e desemprego

No documento Territorio Sociedade v3 Pnld2018 Pr (páginas 162-164)

Capítulo 7 Sociedade e economia

3. Trabalho: transformações e desemprego

E DESEMPREGO

A partir da Revolução Industrial, ocorreu uma maior diferenciação entre as categorias profissionais: operários, comerciantes, pequenos artesãos, camponeses, maquinistas, bancários e outros que compunham o perfil dos trabalhadores que ini- cialmente movimentaram a sociedade industrial. Isso se deveu às mudanças no modo de produção, como a introdução de fábricas e do maquinário, alterando também as relações desses profissionais com suas atividades originais. As profissões ligadas aos serviços tiveram crescimento, embora inferior àquelas ligadas diretamente à indústria.

Atualmente, existem milhares de categorias profissionais com os mais diversos graus de especialização e qualificação. As novas tecnologias substituíram por máqui- nas, computadores e robôs não só trabalhadores, mas também várias categorias profissionais, contribuindo para aumentar o desemprego.

No entanto, é importante lembrar que o desemprego em larga escala, associado a determinados processos de mudança na atividade produtiva ou a crises econômi- cas, não é um fenômeno exclusivo do mundo globalizado, tendo ocorrido em outros momentos da história: na Europa do século XIX, com a Segunda Revolução Industrial, e no mundo todo, com a crise de 1929.

o desemprego estrutural, também denominado tecnológico, ocorre quando as inovações tecnológicas aplicadas aos processos de produção de mercadorias (figura 3), às diversas modalidades econômicas do setor de serviços e à venda de mercadorias, ao mesmo tempo que provocam a elevação da produtividade, reduzem a necessidade de trabalhadores.

Há circunstâncias em que ocorre o desemprego con- juntural. Ele é provocado por crises econômicas, moti- vadas por fatores internos ou externos. Algumas crises podem se prolongar e causar efeitos negativos na econo- mia e na sociedade. Foi o caso da crise que teve início

em 2007-20085, responsável pela ampliação do número

de desempregados em todo o mundo, atingindo tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento.

dESEMPrEgo no Mundo

A taxa de desemprego (ou taxa de desocupação) é calculada pela razão entre a população à procura de emprego e a PEA (população economicamente ativa). Uma taxa de desemprego de 10%, por exemplo, indica que, do total da PEA, 90% estão efetivamente empregados (população ocupada) e 10% estão em busca de trabalho.

Para que haja aumento na oferta de vagas é necessário principalmente que a economia cresça num ritmo que acompanhe o ingresso de novas pessoas no mer- cado de trabalho. No entanto, o uso de tecnologia nos processos de produção pode desenvolver a economia sem gerar oferta de trabalho. Sobretudo nos países que apresentam elevado número de desempregados, é imprescindível que os governos criem políticas para incentivar investimentos. Para a população desempregada é necessário que se ofereçam auxílios, como cesta básica, seguro-desemprego, auxí- lio transporte e cursos de requalificação profissional, de modo que essa parcela da população possa se recolocar no mercado de trabalho formal.

5 Sobre a crise financeira veja Capítulo 3 do Volume 2.

fIlME O corte De Costa-Gravas. França/Bélgica/Espanha, 2005. 122 min. Há dois anos desempregado, executivo consciente da incompetência do governo em trazer de volta sua vida normal decide agir de modo perigoso e ilegal para conseguir de volta seu antigo cargo.

Figura 3. Máquinas enchem embalagens de leite em indústria de Sydney (Austrália), 2016.

BRENDoN tHoRNE/BlooMBERg vIA gEtty IMAgES

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Desde que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) passou a ser uma agência da oNU (1946), o desemprego em valores absolutos no mundo nunca che- gou a valores tão elevados (figura 4), atingindo indiscriminadamente os países em desenvolvimento e os desenvolvidos.

figura 4. Mundo: número de desocupados, em milhões de pessoas – 2005-2015 220 160 200 180 Milh›es de pessoas 2007 2006 2011 2012 2013 2005 2008 2009 2010 2014 2015 187,6 180,0 169,8 177,0 197,7 195,1 193,8 196,2 198,6 196,4 197,1

JovEnS no MErCado dE TraBalho

Segundo a oIt, em 2015 havia 73,4 milhões de jovens (de 15 a 24 anos) desem- pregados no mundo, mais de 37% do total do planeta. Eles são os primeiros a perder o emprego em situações de crise econômica e os últimos a entrar no mercado de trabalho quando a economia se recupera.

os jovens enfrentam vários desafios, como a falta de experiência e a dificuldade de encontrar o primeiro emprego, a necessidade de conciliar estudo e trabalho, a dificuldade de conseguir estágio e de investir em outros cursos que aprimorem a sua formação pro- fissional. Portanto, investimentos em educação e qualificação profissional são algumas das ações necessárias à promoção do ingresso dos jovens no mercado de trabalho, já que a falta de oportunidades tem sido importante razão da tensão social experimentada em vários países do mundo, como foi o caso dos países do oriente Médio e da áfrica

do Norte, durante a Primavera árabe6. A segurança e a estabilidade dos fundos de

previdência social, alimentados pela população ativa e ocupada na economia formal, é outro argumento para a ampliação da oferta de vagas aos mais jovens (figura 5).

figura 5. Mundo: desemprego juvenil – 2001-2015

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 201

2 201

3

2014* 2015*

Desemprego juvenil (em milhões) Taxa de desemprego juvenil (em %)

Desempr eg o juv enil (em milhões) 64,0 68,0 66,0 80,0 72,0 74,0 76,0 78,0 70,0 10,5 10,0 13,5 11,5 12,0 12,5 13,0 14,0 11,0 T axa de desempr eg o juv enil (em %) 1 2,9 1 3,4 1 3,1 1 3,0 13,0 1 2,5 11,7 1 2,2 1 2,9 13,0 12,9 13,0 13,0 13,0 1 3,1 75,1 78,5 77,9 78,0 78,7 75,9 70,5 72,9 76,6 75,6 74,4 74,3 73,9 73,3 73,4

6 A Primavera Árabe foi discutida no Capítulo 2 do Volume 2.

Organização Internacional do Trabalho (OIT) Criada pelo Tratado de Paz assinado em Versalhes, em junho de 1919, após a Segunda Guerra Mundial passou a ser a primeira agência especializada da ONU, em 1946.

lEITura

Adeus ao trabalho? De Ricardo Antunes. Cortez, 2015.

Neste livro o autor procura apreender a forma de ser da classe trabalhadora na sociedade contemporânea e as transformações no mundo do trabalho.

De acordo com o relatório Emprego no mundo e visão social 2016, havia 197,1 milhões de pessoas desempregadas em 2015 em todo o mundo, 27,3 milhões a mais do que existia no início da crise global, em 2007. As projeções preveem a deterioração das perspectivas de emprego nos próximos cinco anos.

Fonte: OIT. Emprego no mundo e visão

social 2016. p. 12. Disponível em:

<www.ilo.org>. Acesso em: fev. 2016.

* Estimativas.

Fonte: OIT. Tendências globais

do trabalho juvenil 2015, p. 18.

Disponível em: <www.ilo.org>. Acesso em: fev. 2016.

BIS

SoNIA v

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