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MESA-REDONDA | PIONEIROS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL – PERSONAGENS, INSTITUIÇÕES E PRÁTICAS

Resumo das Mesas-Redondas

MESA-REDONDA | PIONEIROS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL – PERSONAGENS, INSTITUIÇÕES E PRÁTICAS

Sarah Couto César e a institucionalização da Educação Especial no Brasil

Márcia Denise Pletsch Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional

A institucionalização da Educação Especial ocorreu durante o regime da dita- dura, com a criação do Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp). O objetivo deste texto é apresentar e discutir o papel de Sarah Couto César, que foi a primeira diretora-geral do Cenesp, na articulação política para insti- tucionalizar a Educação Especial nos diferentes estados brasileiros. Igual- mente, pretende refletir sobre os acordos internacionais com a Usaid na es- truturação das propostas do Cenesp para formação de professores- pesquisadores da área. Em termos metodológicos, usaremos documentos e registros realizados por meio de entrevistas com Sara Couto César, os quais integram o banco de dados do Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional. Os resultados foram estruturados a partir de duas premissas centrais. A primeira é de que a compreensão da institucionalização da Edu- cação Especial, no Brasil, somente é possível se analisada de forma articula- da com as mudanças sociais e econômicas, bem como com os interesses de grupos sociais dominantes. A segunda é de que somente avançaremos ao analisar a Educação Especial e sua constituição em diálogo com a Educação em geral. Nesse sentido, apresentamos os dados focando: a) as propostas de educação de professores/pesquisadores para a Educação Especial; b) as influências internacionais para a elaboração de políticas na área, como os

acordos MEC/Usaid e da ONU; c) o papel de Sara Couto César à frente do CENESP.

Palavras-chave: Educação Especial - Cenesp - Sara Couto César

O Brasil e as origens da educação especial como campo de conhecimento compartilhado

Mônica de Carvalho Magalhães Kassar Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Entre final do século XIX e início do século XX, organizou-se um campo de conhecimento que recebeu várias denominações, até a atual “educação es- pecial”: pedagogia dos anormais (FONTES, 1933), pedagogia dos deficientes (WÜRTH, 1939), pedagogia especial, ortopedagogia, pedagogia curativa (ROSENBLUM 1961), educação de excepcionais (BRASIL, 1961). Esse cam- po especializou-se em educar crianças que, por diversos aspectos, afastaram -se do que se considerou “normal” em diferentes momentos históricos e orga- nizações sociais. Na educação brasileira, a população-foco de ações diferen- ciadas foi identificada e classificada de modos distintos desde as primeiras atenções profissionais e normatizações que a eles se referiram: crianças idio- tas (BILAC, 1905/2008), débil de espírito (PIZZOLI, 1914), anormais (PINTO, 1928), débeis físico e mental (SÃO PAULO, 1933), excepcional (BRASIL, 1961), alunos com deficiências (BRASIL, 1971). Como área de conhecimento, essa pedagogia parece organizar-se de forma mais sistematizada no início do século XX, de modo que, em 1937, foi criada a “Sociedade Internacional para a Educação da Criança Excepcional” pelo pedagogo suíço Heinrich Hansel- mann. A partir dessa iniciativa, em 1939, Hanselmann e Therese Simon orga- nizaram o I Congresso Internacional da Educação da Criança Excepcional (HANSELMANN; SIMON, 1940), em que participaram pesquisadores, princi-

palmente dos campos da psicologia e da medicina/pediatría, e representantes de mais de trinta países. O Brasil enviou como representante Thiago Würth, “professor de deficientes”, que estava à frente da Escola Pestalozzi na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. O propósito deste trabalho é identificar a posição do representante brasileiro nessa organização inicial e de traçar pos- síveis derivações dessa participação na organização da educação especial no Brasil. Para o desenvolvimento da pesquisa, estão sendo consultados do- cumentos produzidos no período investigado (final do século XIX e início do século XX), em especial as atas e registros relativos à ocorrência do I Con- gresso Internacional da Educação da Criança Excepcional, produzidos e pu- blicados em Genebra, local do congresso, e no Brasil pelo participante envia- do.

Palavras-chave: educação especial - anormais - excepcionais

Anísio Teixeira e Helena Antipoff: diálogos no campo da história da educação especial no Brasil

Fernando Gouvêa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Laboratório de História da Educação Latino-Americana

Esta exposição tem os seguintes objetivos: compreender a trajetória do inte- lectual mediador Anísio Teixeira como um criador de instituições públicas de ensino e pesquisa; analisar a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Edu- cacionais, os seus objetivos e a sua estrutura; entender a dinâmica de funcio- namento do Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Minas Gerais; desvelar as articulações entre o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Minas Gerais e o Instituto Superior de Educação Rural (ISER) e, por fim, examinar as parcerias institucionais estabelecidas por Anísio Teixeira e Hele-

na Antipoff nos anos 1950 a 1960. Evidentemente, trata-se de uma aborda- gem sucinta, haja vista a natureza de um resumo. Entre as diversas insti- tuições de ensino e pesquisa criadas por Anísio Teixeira e seus colaborado- res, é necessário destacar o Instituto de Pesquisas Educacionais, em 1933, e a Universidade do Distrito Federal, em 1935, no cargo de Diretor-Geral de Instrução Pública do Distrito Federal. Após dez anos de afastamento, retornou à gestão das questões educacionais no cargo de Secretário de Educação da Bahia e criou a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência na Bahia e o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola Parque), ambas em 1951, o mesmo ano de criação da Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de ní- vel Superior (CAPES) na função de Diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). Nesse cargo, fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), em 1955, com o objetivo de fundamentar a recons- trução educacional do país em bases científicas. Assim, o CBPE foi estrutura- do em divisões. A saber, Divisão de Aperfeiçoamento do Magistério, Divisão de Documentação e Informação Pedagógica, Divisão de Estudos e Pesquisas Educacionais e Divisão de Estudos e Pesquisas Sociais. Cabe destacar que na estrutura organizativa do CBPE havia os Centros Regionais de Pesquisa Educacional. Tais Centros foram implantados em São Paulo, Bahia, Recife, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com o foco nas pesquisas e estudos de caráter regional. O Centro Regional de Minas Gerais, sob a direção de Mário Casasanta, estava localizado em Belo Horizonte, no Instituto de Educação, e possuía as mesmas divisões do CBPE. A partir de 1958, ocorreram as parce- rias entre o Centro Regional de Minas Gerais e o ISER, especificamente, na participação de profissionais do Centro no Curso Normal Regional e na cons- trução de um setor de Pesquisas da Comunidade no âmbito do ISER sob a coordenação do antropólogo Oracy Nogueira. Por fim, o cotejamento dos Bo- letins Mensais do CBPE e dos documentos do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff possibilitará o aprofundamento das afinidades eleti-

vas, das redes de sociabilidades e dos diálogos entre Anísio Teixeira e Hele- na Antipoff, ambos como expressões da “feliz” junção de pensamento e ação e, mais ainda, intelectuais mediadores na produção e na difusão do conheci- mento, bem como na criação de instituições de ensino e pesquisa.

Palavras-chave: Anísio Teixeira - Helena Antipoff - História da educação es- pecial no Brasil, anos 1950 e 1960

MESA REDONDA | PESQUISAS HISTÓRICAS NO MUSEU HELENA