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3 REFÚGIO NO BRASIL: POLÍTICA NACIONAL E ÓRGÃOS DE

3.2 O REFÚGIO E A NOVA LEI DE MIGRAÇÃO

Após a demonstração que tratou da regulamentação trazida pela lei brasileira sobre o refúgio, a matéria a ser descrita é a nova Lei de Migração, no tocante aos pontos que versam sobre (e convergem para) a temática dos refugiados.

Até o surgimento da Lei nº 13.445, de 2017, a situação jurídica dos estrangeiros era regida pela Lei nº 6.815, de 1980 (Estatuto do Estrangeiro) (BRASIL, 2017a).

O período de vigência do referido estatuto teve início durante a época do Regime Militar, sendo assim, o foco era na segurança nacional, já que as migrações internacionais eram entendidas como uma ameaça à ordem do país (OLIVEIRA, 2017).

A atual redação da lei em questão sofreu alguns vetos, e o decreto que a regulamenta (Decreto nº 9.199) conta com mais de trezentos artigos (BRASIL, 2017b).

O que se busca a partir de agora é entrelaçar o teor do Decreto nº 9.199, de 2017, e da Lei nº 13.445, de 2017, a fim de melhor compreender como está configurado o instituto do refúgio no país, de um modo geral.

A lei não dispõe apenas sobre os direitos e deveres do migrante, como também do visitante, e trata tanto do ingresso quanto da estada no Brasil. Além disso, indica princípios e instruções para as políticas públicas para o emigrante (BRASIL, 2017a).

De início, uma conceituação é feita para que seja possível, com as distinções existentes em cada caso de deslocamento, caracterizar os migrantes.

São definidos os imigrantes, emigrantes, residentes fronteiriços e visitantes, como apresentado na sequência:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.

§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se: I - (VETADO);

II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil;

III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior;

IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho;

V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional;

VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro.

§ 2º (VETADO).

Art. 2º Esta Lei não prejudica a aplicação de normas internas e internacionais específicas sobre refugiados, asilados, agentes e pessoal diplomático ou consular, funcionários de organização internacional e seus familiares. (BRASIL, 2017a).

No Decreto consta a figura do refugiado e o que se entende por ano migratório (BRASIL, 2017b).

Com relação a asilados, refugiados, agentes e pessoal diplomático ou consular e os funcionários (e familiares) de organização internacional, serão observadas as normas internacionais e internas que são próprias aos temas (BRASIL, 2017a).

Fica estabelecido que ao imigrante não pode ser obrigada a prova documental impossível ou descabida que prejudique ou impossibilite o exercício dos seus direitos. Tais

direitos estão assegurados por lei. Cabe aos órgãos da administração pública federal verificar procedimentos e normativos internos para o cumprimento do disposto (BRASIL, 2017b).

O fundamento para indeferir o visto, residência ou mesmo impedir a entrada no país não pode ser ligado à religião, etnia, nacionalidade, pertinência a grupo social ou posição política (BRASIL, 2017b).

Os princípios e diretrizes que orientam a Política Migratória Brasileira estão elencados de maneira ampla. Observados e, ao que parece, a fim de resguardar o que foi fixado a respeito de Direitos Humanos, em matéria de tratados e convenções e em outras vertentes importantes.

No caso do Brasil, o que for incorporado ao ordenamento jurídico referente aos Direitos Humanos, desde que com a devida aprovação, ocupa lugar ao lado de emendas constitucionais.

[...] os tratados e convenções sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos. [...] são equivalentes às emendas constitucionais, conforme estabelece o art. 5º, §3º da Constituição. (BRASIL, [201-]).

Integram o artigo 3º da Lei de Migração vinte e duas dessas orientações. Um dos princípios alude exatamente ao respeito ao preceituado em tratado e a afirmação de que os Direitos Humanos são universais, indivisíveis e interdependentes está incluída nesse rol. (BRASIL, 2017a).

Está presente disposição acerca da não criminalização da migração, assim como acerca do repúdio à xenofobia, e providência quanto ao tema, ao racismo e a todas as formas de preconceito (BRASIL, 2017a).

Está garantida a não diferenciação pelos mecanismos que possibilitaram a recepção do indivíduo no país, o recebimento humanitário e, não só o incentivo ao ingresso de forma regular, como a regularização de documentos (BRASIL, 2017a).

O migrante tem direito à reunião familiar, conforme dispositivo da Lei de Migração, e a oportunidades e tratamento igualitário para si e seus familiares, além da inserção, por meio de políticas públicas, seja relacionada ao trabalho, ao convívio social ou a atividades lucrativas (BRASIL, 2017a).

Do mesmo modo que ao nacional, ao migrante é possibilitado o acesso “[...] a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social” (BRASIL, 2017a).

A promoção e a divulgação de direitos e deveres do migrante são fundamentos listados na lei. Da mesma forma, a interação com a sociedade desde a elaboração até a aplicação, e ponderação a respeito das políticas migratórias, bem como o incentivo à participação do migrante. Ademais, fica definido: “migração e desenvolvimento humano no local de origem, como direitos inalienáveis de todas as pessoas” (BRASIL, 2017a).

Outro ponto de destaque é a defesa e o cuidado total quanto aos direitos das crianças e adolescentes que migram. O brasileiro que estiver no exterior tem igualmente o direito à proteção (BRASIL, 2017a).

No Brasil será promovido, em conformidade com o que está definido na lei, “o reconhecimento acadêmico e do exercício profissional” (BRASIL, 2017a).

Está incluído no artigo 3º, princípio indicando que ações relativas à expulsão ou deportação coletivas são repudiadas (BRASIL, 2017a).

Constante no artigo mencionado acima, estão também os preceitos que envolvem o Estado e sua atuação, no que for relativo à Política Migratória Brasileira, relacionados da seguinte forma:

VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil;

[...]

XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, mediante constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas;

XV - cooperação internacional com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos migratórios, a fim de garantir efetiva proteção aos direitos humanos do migrante;

XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e articulação de políticas públicas regionais capazes de garantir efetividade aos direitos do residente fronteiriço;(BRASIL, 2017a).

Diante da extensão do rol que regula os pilares da Política Migratória no país, é possível presumir que a preocupação que se teve foi a de abarcar os direitos dos migrantes e, junto a isso, concentrar na figura do Estado, o poder de implementar o formato sugerido. Na prática, mesmo com aparato normativo que disciplina a temática, e com os órgãos responsáveis cumprindo com a sua missão, o que se percebe é que a Política Migratória está no caminho que leva para uma definição. E, se assim não for, a promulgação da Lei de Migração e outras disposições relevantes permitem que se pense que, ao menos, um olhar humanitário está sendo voltado aos migrantes.

O artigo 4º da Lei de Migração traz as garantias que viabilizam/oportunizam ao migrante, por assim dizer, mais que uma expectativa de vida plena (BRASIL, 2017a).

O imigrante deve ter conhecimento quanto “[...] as garantias que lhe são asseguradas para fins de regularização migratória.” As taxas mencionadas na Lei serão dispensadas, com a devida declaração de hipossuficiência econômica, que deve atender ao padrão definido pela norma (BRASIL, 2017a).

É igualmente possibilitado o completo acesso à justiça e o auxílio jurídico, de forma gratuita, àqueles que atestarem a falta de recursos, bem como o “acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória” (BRASIL, 2017a).

São assegurados ao migrante em território nacional, da mesma maneira que aos cidadãos brasileiros, os direitos à vida, à igualdade, à segurança, à liberdade e à propriedade, todos esses invioláveis (BRASIL, 2017a).

Incluídos nessa série estão “direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos”, “direito à liberdade de circulação em território nacional”, “direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro e seus filhos, familiares e dependentes”, “direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória” e “medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e de violações de direitos” (BRASIL, 2017a).

Os migrantes possuem, ainda, “direito a abertura de conta bancária”, “direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e economias pessoais a outro país, observada a legislação aplicável” e “direito de sair, de permanecer e de reingressar em território nacional, mesmo enquanto pendente pedido de autorização de residência, de prorrogação de estada ou de transformação de visto em autorização de residência” (BRASIL, 2017a).

Contemplam o quadro de direitos dos migrantes: “direito de reunião para fins pacíficos”, “direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos”, “direito de acesso à informação e garantia de confidencialidade quanto aos dados pessoais do migrante, nos termos da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011” (BRASIL, 2017a).

Fica também estabelecido que juntamente com o prescrito na Lei, deverá ser seguido o que a Constituição Federal impõe, observado o teor do artigo mencionado (artigo 4º) e englobados os direitos com previsão em tratados de que seja parte o Brasil (BRASIL, 2017a).

Os documentos de viagem e o que é referente aos vistos têm espaço logo no início da norma, no artigo 5º da Lei de Migração.

Art. 5º São documentos de viagem: I - passaporte;

II - laissez-passer;

III - autorização de retorno; IV - salvo-conduto;

V - carteira de identidade de marítimo; VI - carteira de matrícula consular;

VII - documento de identidade civil ou documento estrangeiro equivalente, quando admitidos em tratado;

VIII - certificado de membro de tripulação de transporte aéreo; e

IX - outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado brasileiro em regulamento. § 1º Os documentos previstos nos incisos I, II, III, IV, V, VI e IX, quando emitidos pelo Estado brasileiro, são de propriedade da União, cabendo a seu titular a posse direta e o uso regular.

§ 2º As condições para a concessão dos documentos de que trata o § 1o serão previstas em regulamento. (BRASIL, 2017a).

Relativamente aos casos que se caracterizam como migrações forçadas, o artigo 20, no entanto, define: “a identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, de reconhecimento de apatridia e de acolhimento humanitário poderá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o imigrante dispuser” (BRASIL, 2017a).

O artigo 6º dispõe que “o visto é o documento que dá a seu titular a expectativa de ingresso em território nacional” (BRASIL, 2017a).

O artigo 7º determina as formas pelas quais pode haver a concessão do visto. “O visto será concedido por embaixadas, consulados-gerais, consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão competente do Poder Executivo, por escritórios comerciais e de representação do Brasil no exterior” (BRASIL, 2017a).

Os tipos de visto estabelecidos na Lei são: visto de visita, visto temporário, visto diplomático, visto oficial e o de cortesia (BRASIL, 2017a).

O Decreto nº 9.199/2017 traz alguns esclarecimentos sobre o tema:

Art. 6º O solicitante poderá possuir mais de um visto válido, desde que os vistos sejam de tipos diferentes.

§ 1º A autoridade consular, ao conceder o visto, consignará, no documento de viagem do interessado, o tipo e o prazo de validade, e, quando couber, a hipótese de enquadramento do visto.

§ 2º No momento da entrada do portador do visto no território nacional, a Polícia Federal definirá a situação migratória aplicável, de acordo com os objetivos da viagem declarados pelo portador do visto. (BRASIL, 2017b).

Ainda em análise ao Decreto Regulamentador, encontra-se um capítulo específico destinado aos refugiados. Entre as indicações acerca do procedimento a ser seguido, a de que o reconhecimento da condição de refugiado será pautado pelo Estatuto do Refugiado e pela aplicação das “[...] garantias e os mecanismos protetivos e de facilitação da inclusão social

decorrentes da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados [...] e da Lei no 13.445, de 2017”, enquanto tal procedimento estiver sendo realizado. Na sequência do texto (artigos 120 e 121) observam-se diretivas já convencionadas em outro diploma, a Lei de Refúgio (BRASIL, 2017b).

O artigo 122 dispõe que “solicitações de refúgio terão prioridade de avaliação e decisão na hipótese de existir contra o solicitante procedimento do qual possa resultar a aplicação de medida de retirada compulsória” (BRASIL, 2017b).

O que surge é a figura do Decreto nº 9.277, de 2018 (artigo 119, §2º), que determina a entrega de Documento Provisório de Registro Nacional Migratório, no momento da solicitação de refúgio, juntamente com protocolo emitido pela Polícia Federal (BRASIL, 2018c).

A Lei de Migração, assim como o Decreto que a regulamenta, faz menção à reunião familiar. Destaca-se o artigo 37 da Lei, que estabelece:

Art. 37. O visto ou a autorização de residência para fins de reunião familiar será concedido ao imigrante:

I - cônjuge ou companheiro, sem discriminação alguma;

II - filho de imigrante beneficiário de autorização de residência, ou que tenha filho brasileiro ou imigrante beneficiário de autorização de residência;

III - ascendente, descendente até o segundo grau ou irmão de brasileiro ou de imigrante beneficiário de autorização de residência; ou

IV - que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda. Parágrafo único. (VETADO).

(BRASIL, 2017a).

A reunião familiar, prevista no artigo 2º da Lei de Refúgio, é regulada pela Resolução Normativa n° 27, do CONARE, compreende a possibilidade dos familiares do refugiado, atualmente por uma perspectiva ampla do grau de parentesco, juntarem-se a ele no país onde buscou refúgio, bem como o procedimento de solicitação (BRASIL, 2018f).

Art. 2º Os efeitos da condição de refugiado serão estendidos aos seguintes familiares, desde que se encontrem em território nacional:

I – Cônjuge ou companheiro(a);

II – Ascendentes e descendentes, de acordo com o Art. 1.591 do Código Civil; III – Demais integrantes do grupo familiar na linha colateral até o quarto grau, de acordo com o Art. 1.592 do Código Civil, que dependam economicamente do refugiado; e IV – Parentes por afinidade, conforme o Art. 1.595 do Código Civil, que dependam economicamente do refugiado.

Art. 3º O familiar beneficiado por esta Resolução Normativa não terá direito a estender a sua condição a quaisquer outros familiares.

Art. 4º Considerar-se-á, para efeito de dependência econômica, a comprovação da manutenção, parcial ou integral, dos familiares elencados nos incisos III e IV do Art. 2º.

§ 1º A dependência econômica também poderá ser reconhecida quando o refugiado for dependente do membro familiar.

§ 2º Presume-se a dependência econômica do irmão e do enteado menor de 18 anos, ou até os vinte e quatro anos de idade, se comprovadamente estudante de educação básica ou superior.

Art. 5º O requerimento de extensão dos efeitos da condição de refugiado deverá ser apresentado, pelo refugiado, perante a Polícia Federal, na companhia do familiar para o qual deseja que sejam estendidos os efeitos de sua condição. (BRASIL, 2018f).

Nas instruções que fazem parte da Resolução Normativa nº 27, está a diferenciação entre reunião familiar e a extensão da condição de refugiado.

Reunião Familiar: Procedimento que garante que membros da família de um refugiado que se encontrem fora do território nacional possam com ele se encontrar no país de refúgio.

Extensão dos efeitos da condição de refugiado: Procedimento que garante que os efeitos da condição de refugiado sejam estendidos a outros membros de sua família, desde que se encontrem em território, nacional, nos termos do Art. 2º da Lei 9.474/1997 e da Resolução no 27/2018 do Conare. (BRASIL, 2018f).

Apesar de distintos, um instituto leva ao outro, pois a extensão da condição de refugiado é consequência direta da reunião familiar.

Quando se trata de retirada compulsória, fica definido que, “são medidas de retirada compulsória: a repatriação; a deportação; e a expulsão (BRASIL, 2017b).

Com relação aos refugiados, está previsto na Lei de Migração: “a aplicação deste Capítulo observará o disposto na Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, e nas disposições legais, tratados, instrumentos e mecanismos que tratem da proteção aos apátridas ou de outras situações humanitárias” (BRASIL, 2017a).

Relembrando o que foi mencionado no início do capítulo, os refugiados (e solicitantes), em virtude do temor que os levou a buscar refúgio, contam com proteção que os impede de serem devolvidos ao país onde havia riscos à integridade do indivíduo.

A mesma lógica, por assim dizer, aplica-se aos casos de extradição que estejam associados aos refugiados. Conforme preceituado pela lei citada, “não se concederá a extradição quando: [...] o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo territorial” (BRASIL, 2017a).

Quanto à obtenção do visto temporário ao imigrante, um pressuposto para que a concessão seja processada é a intenção de firmar residência no Brasil por tempo determinado. Entre as circunstâncias que podem resultar nessa autorização estão a reunião familiar e a acolhida humanitária, que será tratada na sequência. Ainda, conforme estipulado, o visto poderá ser concedido caso “o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos e outras hipóteses definidas em regulamento” (BRASIL, 2017a).

Art. 14. O visto temporário poderá ser concedido ao imigrante que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por tempo determinado e que se enquadre em pelo menos uma das seguintes hipóteses:

I - o visto temporário tenha como finalidade: a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; b) tratamento de saúde;

c) acolhida humanitária; d) estudo;

e) trabalho; f) férias-trabalho;

g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário;

h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural;

i) reunião familiar;

j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado; II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos;

III - outras hipóteses definidas em regulamento. (BRASIL, 2017a).

Para melhor compreensão, uma definição sobre o visto temporário para fins de acolhida humanitária é mostrada:

[...] autorização de residência é concedida ao imigrante que pretenda trabalhar ou residir e se estabelecer temporária ou definitivamente no Brasil, desde que satisfaça as exigências de caráter especial, previstas na Lei de Migração e seu regulamento. para pessoas que precisam fugir dos países de origem, mas que não se enquadram na lei do refúgio. A legislação também contempla migrantes que vêm ao Brasil para tratamentos de saúde e menores desacompanhados. (BRASIL, [2018?]).

Exemplo do que foi dito pode ser percebido no caso dos migrantes sírios, pelo teor da Resolução Normativa nº 17, de 2013, que foi prorrogada até 2019 (Resolução nº 20/2015 e Resolução nº 25/2017). Mostra-se aqui de forma fragmentada.

Art. 1º Poderá ser concedido, por razões humanitárias, o visto apropriado, em conformidade com a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, e do Decreto 86.715, de 10 de dezembro de 1981, a indivíduos afetados pelo conflito armado na República Árabe Síria que manifestem vontade de buscar refúgio no Brasil.

Parágrafo único. Consideram-se razões humanitárias, para efeito desta Resolução Normativa, aquelas resultantes do agravamento das condições de vida da população em território sírio, ou nas regiões de fronteira com este, como decorrência do conflito armado na República Árabe Síria.

Art. 2º O visto disciplinado por esta Resolução Normativa tem caráter especial e será concedido pelo Ministério das Relações Exteriores. (ACNUR, [2014?]).

Recentemente, por meio de Portaria Interministerial, os haitianos também foram beneficiados com o visto temporário por acolhida humanitária. A Portaria é apresentada igualmente de forma resumida: “dispõe sobre a concessão do visto temporário e da autorização de residência para fins de acolhida humanitária para cidadãos haitianos e

apátridas residentes na República do Haiti (Portaria Interministerial nº 10, de 6 de abril de 2018)” (BRASIL, 2018g).

Meses depois, mais de três mil haitianos foram beneficiados:

Mais três mil haitianos receberam autorização de residência no Brasil. A decisão do Departamento de Migrações (Demig) do Ministério da Justiça foi publicada no Diário Oficial da União [...]

A concessão de residência para o grupo foi a pedido da Defensoria Pública da União (DPU) a título de acolhida humanitária. Esse é o segundo pedido coletivo da DPU com deferimento pelo Departamento de Migrações. O primeiro grupo, de mil