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Capítulo VI- Estágio Pedagógico em Contexto de Educação Pré-Escolar

6.8. Reflexão Final

Arealização de uma reflexão alusiva à prática pedagógica sucedida em contexto de EPE torna-se essencial e necessária para a tomada de consciência de todo o trabalho desenvolvido, das relações estabelecidas e de todas as aprendizagens envolvidas neste processo.

É de conhecimento geral que a entrada de uma nova personagem numa sala de EPE é inicialmente marcada por alguma apreensão e desconfiança por parte do grupo ou de algumas crianças em específico por ser alguém estranho, até então, às vivências e rotina do grupo. Porém, a habitual receção de estagiários fez com que as crianças se mostrassem desde início recetivas à minha presença.

O contacto primitivo com o grupo, nas semanas de observação, possibilitaram o conhecimento o grupo e os seus interesses e dificuldades e apresentou-se como um momento imprescindível à inserção no grupo de crianças da sala da pré-2 e na equipa pedagógica da sala que acolheu-me como uma colega e auxiliou-me em todos os momentos, durante a prática pedagógica realizada. Para além disso, foi neste momento que se estabeleceram relações de amizade e confiança com as crianças, favoráveis ao sucesso e à dinâmica de toda a prática e que se realizaram pré-atividades que proporcionaram um à-vontade maior para a realização das restantes atividades no período de prática pedagógica. Os diálogos com a educadora cooperante denotaram-se de especial relevância pois foi nestes momentos de partilha que interiorizei as diretrizes do modelo pedagógico adotado para a sala- o MEM. Visto que nunca havia mantido contacto com este modelo, o conhecimento da implicação do modelo na rotina, nas atividades e no espaço da sala foi indispensável. Compreendeu-se desde início a existência de determinados instrumentos reguladores das aprendizagens e da autonomia do grupo no que concerne à tomada de decisões acerca das atividades que eram desenvolvidas e nas tarefas diárias inseridas na rotina do grupo.

Neste seguimento de ideias, as OCEPE (Ministério de Educação, 1997) esclarecem as noções de autonomia na EPE, referindo que não se trata apenas de saber fazer mas que:

passa também por uma apropriação do espaço e do tempo que constitui a base de uma progressiva autonomia, em que vai aprendendo a escolher, a preferir, a tomar decisões e a encontrar critérios e razões para as suas escolhas e decisões. (p.53)

Desta forma, numa sala que percorre o modelo pedagógico do MEM deve haver por parte do educador um papel de dinamizador e mediador de toda o processo de aprendizagem porém, toda a aprendizagem deve ser feita pelas crianças e de acordo com as suas motivações. No entanto, apesar da exposição dos conteúdos que pretendiam trabalhar por parte do grupo, o trabalho desenvolvido baseou-se nos pressupostos das OCEPE e nos objetivos da LBSE, conjugando as opiniões das crianças e do grupo em geral com os objetivos que se pretendiam alcançar. A heterogeneidade existente no grupo levava à existência de momentos de trabalho em grande e em pequeno grupo, de modo a contemplar as exigências de cada uma das crianças. Toda a prática pedagógica incidiu, não só nas atividades planeada mas também nas atividades livres e da rotina diária do grupo, constituindo momentos únicos de constante aprendizagem e evolução profissional pois são nestes momentos em particular que se criam relações de afinidade com o grupo, tão importantes para o sucesso e qualidade de um estágio.

No que diz respeito às atividades planeadas, observou-se uma grande envolvência por parte do grupo e de cada criança em especial. De todas as atividades, o trabalho de projeto e as atividades de culinária, para além de terem proporcionado uma panóplia de aprendizagens nas crianças, foram as que despertaram mais receio em realizar pois tratava-se de algo que nunca havia executado com um grupo de crianças contudo, decorreram positivamente e também me desencadearam várias aprendizagens. Estas e outras atividades partiram sempre dos interesses do grupo e do que era planeado por estes nas reuniões de concelho realizadas à sexta-feira. Desta forma, as atividades provocaram nas crianças grande motivação para realizá-las, o que facilitou o desenrolar de todas elas. Relativamente ao grupo da sala da pré-2, verificou-se que estes já evidenciavam a autonomia que é pretendida nestas idades e neste modelo pedagógico. A capacidade de resolução dos problemas por parte do grupo era visível, embora fosse dificultada pela presença de uma criança que, por gerar atitudes conflituosas e distanciar-se dos restantes colegas, necessitava de mais atenção por parte dos adultos presentes na sala. Posto isto, as relações interpessoais foram alvo de pesquisa aprofundada e da implementação de estratégias com vista à atenuação das problemáticas encontradas nesta área.

Uma vez que a família é um agente importante na vida educativa das crianças, é importante a existência de uma relação entre a escola e as famílias. Com efeito, esta interação era visível neste nível de ensino e, ao inverso do 1.º CEB, o contacto com as famílias era realizado diariamente nos momentos de acolhimento e ao fim do dia. Outro dos momentos que se evidenciou este contacto foi com a realização de um projeto com a

comunidade educativa que envolveu todas as salas de 1.º CEB, da EPE e as famílias deste último nível de ensino.

No geral, as atividades decorridas na sala da pré-2 proporcionaram momentos de interação e de conhecimento com e para o grupo, contribuindo para a geração de novas aprendizagens para ambos os lados. Esta prática pedagógica possibilitou ainda, de certa forma, o alcance dos objetivos pessoais delineados antes do início do estágio. O contacto com o modelo pedagógico do MEM ocasionou aprendizagens extras pois foi uma aventura nova que, sem dúvida alguma, colocaria em prática em outros contextos. A presença de uma colega estagiária na outra sala de EPE foi uma mais-valia, pois possibilitou um constante apoio e incentivo ao longo de todo este estágio.

Capítulo VII- Estágio Pedagógico em Contexto de 1.º Ciclo do Ensino