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Capítulo II | Dimensão Investigativa

Anexo 4 Reflexão VI da Prática Pedagógica em contexto de Jardim de Infância

Iniciámos o mês de Dezembro com a leitura do livro “Sonho de Neve” com o objetivo de envolver as crianças num ambiente natalício. Através da leitura desta história pretendia abordar alguns conhecimentos relacionados a esta festividade, bem como à estação do ano que se aproxima, o Inverno. Neste sentido, procedi à leitura do livro ao mesmo tempo que mostrava as suas ilustrações às crianças.

As Orientações Curriculares do Ministério da Educação (2002), referem que existem três aspetos centrais a ter em conta sobre o contacto e o desenvolvimento de competências da leitura: “comportamentos e estratégias do leitor; contacto com diferentes suportes de leitura, incluindo o livro; e o desenvolvimento do prazer, gosto e da vontade de ler.” Quanto aos comportamentos e estratégias, o educador tem um papel de referência, pois o modo como “lê para as crianças e utiliza diferentes tipos de texto constituem exemplos de como e para que serve ler.” Assim, a forma como lemos é muito importante para conquistarmos futuros leitores, por isso, devemos ter atenção ao interesse que damos à leitura, bem como à nossa fluência e o “modo como conseguimos mobilizar os conhecimentos anteriores sobre o assunto” que nos vão permitir compreender e transmitir a mensagem escrita. (Mata, 2008) Por este motivo, ao ler o livro tive em consideração algumas estratégias que acho que são fundamentais para envolver as crianças: a postura, o olhar, a voz e os movimentos dos lábios. Desde muito cedo que as crianças observam estas características do ato de ler e que, quando cativadas, vão imitando nas suas brincadeiras, como foi visível durante a semana no cantinho da leitura. Depois de ler a história a maioria das crianças queria ver o livro. Mas como não tínhamos mais tempo, chegámos ao consenso de colocar o livro no cantinho da biblioteca e aí poderiam vê-lo sempre que quisessem. Isto leva-me a crer que as crianças se interessaram pelo conto o que me deixou motivada para também querer continuar a trabalhar este livro nas próximas intervenções pois, através dele poderemos trabalhar uma série de conteúdos importantes para o desenvolvimento das aprendizagens destas crianças, abordando desta forma todas as áreas de conteúdo propostas nas Orientações Curriculares do Ministério da Educação.

No dia seguinte, convidei as crianças a mimar uma história que eu ia contar. Deste modo, à medida que ia narrando, as crianças faziam de conta que eram as personagens da história e procediam com gestos às ações apresentadas. Nesta proposta, as crianças demonstraram alguma dificuldade em expressar-se através dos gestos, pois tinham tendência para imitar os colegas. De qualquer forma foi um jogo muito divertido e as crianças demonstraram-se capazes de enfrentar este novo desafio. Tal como Sousa (2003) afirma, é através destes jogos que “a criança tem inteira liberdade para expressar todos os devaneios da sua imaginação, da forma que o desejar, não apenas representando-os, mas incarnando-os e «vivenciando-os» verdadeiramente” além disso, “Este é apenas um meio para que ela se expresse e desenvolva as suas capacidades criativas” (…) deste modo, os jogos dramáticos devem “constituir sempre uma atividade alegre, engraçada, que diverte e dá prazer.”

Depois de mimarmos a história sentámo-nos na manta para falarmos um pouco deste conto e, eis que surgiu a ideia de construirmos uma árvore de Natal, pois o agricultor da nossa história também tinha construído uma. Afinal o Natal estava a chegar e nós não tínhamos nenhuma árvore na nossa sala. Mas surgiu um problema. Como poderíamos construir essa árvore? Depois de ouvir as muitas sugestões das crianças, o Rato (umas das personagens inseridas no projeto de sala) apareceu com umas caixas que disse que ia deitar para o lixo porque não precisava delas. Nesta altura, uma das crianças disse

13 logo que podíamos construir uma árvore com essas caixas e, dialogando chegámos a um consenso: decidimos construir a árvore de natal com as caixas que o rato trouxe e colar papelinhos de cor verde para fazer-de-conta que eram as folhas. De acordo com as Orientações Curriculares (2009) “A participação das crianças no planeamento e avaliação da organização do grupo relaciona-se com a contribuição do grupo e de cada criança para a construção do processo educativo. Prever o que se vai fazer, tomar consciência do foi realizado são condições da organização democrática do grupo, como também o suporte da aprendizagem nas diferentes áreas de conteúdo.”

No decorrer desta tarefa as crianças mostraram interesse na construção da árvore, pois queriam cortar mais papelinhos verdes, demonstrando-se assim motivadas e atentas. A maioria das crianças já manipula bem a tesoura sem ajuda, no entanto algumas ainda revelam dificuldades. O espaço e os recursos foram adequados.

Depois de terminar esta proposta fizemos uma reflexão sobre o decorrer desta proposta - “a avaliação realizada com as crianças é uma actividade educativa, constituindo também uma base de avaliação para o educador. A sua reflexão, a partir dos efeitos que vai observando, possibilita-lhe estabelecer a progressão das aprendizagens a desenvolver com cada criança.” (OCEPE, 2009) - e tal como na tarefa anterior, por consenso decidimos trabalhar em pequenos grupos. Assim “as crianças têm oportunidade de confrontar os seus pontos de vista e de colaborar na resolução de dificuldades colocadas” e como só tínhamos uma árvore, e não uma árvore de natal, pensámos no que faltava para ser uma árvore de natal. Deste modo, chegámos à conclusão que teríamos de arranjar bolas, luzes, sinos… Por isso, fizemos estes adornos com diversos materiais (massas, arroz…) e colámos na nossa árvore. “(…) o recorte e colagem são técnicas de expressão plástica comuns na educação pré-escolar. (…) A expressão plástica implica um controlo da motricidade fina que a relaciona com a expressão motora.”

A maioria das crianças revelaram interesse nesta proposta, porém algumas mostraram- se pouco entusiasmadas porque ao colarem as massas e o arroz nos seus adornos desenhados em papel, sentiam-se incomodadas com a cola nas suas mãos, pedindo de imediato para lavá-las. As crianças realizaram as colagens de forma autónoma e a seguir foram desafiadas a pintar o seu adorno com spray dourado e/ou prateado. Estas mostraram-se muito entusiasmadas, oferecendo-se logo para o fazer, talvez por ser um material pouco utilizado.

Durante esta semana saliento a importância da participação das crianças no planeamento das propostas educativas, pois permite ao grupo beneficiar das capacidades e competências de cada criança, num processo de partilha que facilita a aprendizagem e desenvolvimento de todas as crianças. Além disso destaco também a importância de trabalhar em pequenos grupos, pois permite-nos identificar mais facilmente as dificuldades sentidas por cada criança e os progressos que cada uma vai fazendo.

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