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CAPÍTULO 3 – ASPECTOS GERAIS DO PCP

3.2 Reflexões sobre o Planejamento e Controle da Produção

FERNANDES (2003a) define produção como sendo qualquer conjunto de processos (cada um destes compostos por um conjunto de atividades)

executados para se atingir determinados objetivos; em geral, transformar recursos em bens e ou serviços lucrativos.

Neste contexto, outra definição de extrema valia é o sistema de produção industrial definido por MACCARTHY & FERNANDES (2000), como sendo o conjunto de elementos (humanos, físicos, ou procedimentos gerenciais) inter relacionados que são projetados para gerar produtos finais cujo valor supere o total dos custos incorridos para obtê-los. Em outras palavras: sistema de produção é tudo aquilo que transforma input em output com valor inerente (SIPPER & BULFIN, 1997). A estas definições acrescenta -se um ponto importante salientado por FERNANDES (2003a): num sistema de produção pelo menos um objetivo de desempenho da produção deve ser atingido.

Os sistemas de produção podem ser classificados de diversas maneiras. São apresentadas duas diferentes classificações para os sistemas de produção: uma classificação baseada no tipo de output obtido e no tipo de fluxo de produção e uma segunda proposta multidimensional baseada em doze variáveis. Além destas, existem outras formas de classificar os sistemas de produção (MACCARTHY & FERNANDES (2000) discutem uma série de classificações de sistemas de produção). Este capítulo apresenta uma classificação baseada na forma de resposta do sistema de produção ao cliente. A literatura em Gestão da Produção apresenta basicamente quatro diferentes formas de um sistema de produção responder à demanda: Make

pedido), Make to Order (fabricação sob encomenda) e Engineering to Order (projeto sob encomenda). Na figura 6 notam-se estas quatro formas básicas de resposta à demanda, dividindo o Make to Order em Make to Order 1 e 2, conforme estes adquiram ou não seus suprimentos sob encomenda. Estas políticas de resposta à demanda são relacionadas aos PEGEMs, dando um enfoque estratégico a tais políticas. Ainda na figura 6, GODINHO (2004) apresenta as estratégias que definem o tamanho e os tipos de lead time dos sistemas de produção (portanto definido também o tempo de resposta de tais sistemas).

Após a definição de Produção como sendo um sistema de produção industrial, e apresentação de como este sistema pode reagir à demanda, define-se o que se entende por Planejamento e Controle de Produção, bem como apresentar sua estrutura. Estas funções foram tratadas primeiramente de forma conjunta; depois foi desmembrada em duas: Planejamento da Produção (PP) e Controle da Produção (CP), para então o CP ser focado.

As atividades de Planejamento e Controle de Produção envolvem uma série de decisões com o objetivo de definir o que, quanto e quando produzir e comprar, além dos recursos a serem utilizados (CORREA et al, 2001). Estas decisões seguem uma estrutura hierárquica apresentada por FERNANDES (2003a), mostrada na Figura 7.

Transformação Distribuição

Fabricação Montagem Distribuição

Suprimentos Fabricação Montagem Distribuição

Suprimentos Fabricação Montagem

Suprimentos Suprimentos Fabricação Montagem Distribuição Distribuição Legenda: Make to Stock TR=LD Assembly to Order TR=LM+LD Make to Order 1 TR=LF+LM+LD Make to Order 2 TR=LS+LF+LM+LD Engineering to Order TR=LP+LS+LF+LM+LD

Etapas realizadas para pedido

Etapas realizadas para estoque

Ponto de formação dos estoques

TR Tempo de resposta LD Lead time de distribuição LM Lead time de montagem LF Lead time de fabricação

LS Lead time de obtenção dos suprimentos LP Lead time de projeto

Figura 6: As formas de resposta à demanda dos sistemas de produção. Fonte: GODINHO (2004).

Gestão de Vendas de Médio Prazo Gestão Financeira de Médio Prazo Planejamento Agregado da Produção Planajamento da Capacidade de Médio Prazo Plano Desagregado da Produção Capacidade Instalada Controle do suprimento de Itens com lead

time de suprimento longo Controle da Produção Estrutura de produtos Carteira de pedidos Roteiros de fabricação

Caso make to stock

(entrada: plano desagregado ou previsão de demanda de curto prazo)

Casos make to order e

engineering to order

Figura 7: A estrutura do PCP.

Fonte: FERNANDES (2003).

Tanto GODINHO (2004) quanto FERNANDES (1991) defendem a teoria de que o Planejamento da Produção está relacionado com as atividades de médio prazo (em geral de 3 a 18 meses) e assim, toma

decisões de intenção, na forma agregada, em termos de: a) o que produzir, comprar e entregar; b) quanto produzir, comprar e entregar; c) quando produzir, comprar e entregar; d) quem e / ou onde e / ou como produzir. Para FERNANDES (2003a), estas decisões de intenção são tomadas com bastante antecedência para que não ocorram imprevistos no futuro. Ainda de acordo com aquele autor, estas decisões são baseadas principalmente em previsões.

O Controle da Produção (CP), segundo GODINHO (2004), pode ser definido como a atividade gerencial responsável por regular (planejar, coordenar, dirigir e controlar), no curto prazo (geralmente até três meses), O fluxo de materiais em um sistema de produção por meio de informações e decisões para execução. Esta definição foi construída a partir das definições de CP de FERNANDES (1991) e BURBIDGE (1990).

A estrutura do processo decisório do Controle da Produção foi então definida segundo FERNANDES (2003a):

Reações, reprogramações e (re)decisões em função dos imprevistos e / ou execução / programação ruins, a partir do feedback de informações Ordens urgentes e inesperadas

1. Programa Mestre de Produção (MPS) 2. Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e Compra (Ordering System) 3. Programação de Operações (Schedulling) Acompanhamento dos níveis de produção e estoques o real é igual ao programado ? Relatórios Não Sim

Volta a programar somente para o próximo período Entradas: carteira de pedidos, previsão de demanda de curto prazo, plano desagregado da produção, lista de materiais, roteiros de fabricação, etc.

Figura 8: A estrutura do Controle da Produção. Fonte: FERNANDES (2003).

FERNANDES (2003a), mostra na figura 8 as três grandes funções do CP, que são:

§ Programa Mestre de Produção (MPS), tendo sido definido por FERNANDES (1991) como sendo um plano de curto prazo que estabelece quais produtos e em que quantidades deverão ser fabricadas num determinado período de tempo;

§ Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra (SICOPROC), como sendo uma nova nomenclatura proposta por FERNANDES (2003b) para o termo inglês Ordering System. Para este termo, adotaremos a definição do mesmo autor. Assim sendo,

Ordering System é um conjunto de informações que programa as

necessidades em termos de componentes e materiais, e/ou controla o momento de liberação e/ou execução das ordens de compra e produção;

§ Programa de Operações, como sendo a seqüência ou prioridade das tarefas nas máquinas. Esta função tem como objetivo ordenar as tarefas nas máquinas, especificando o momento de início e fim das operações de cada tarefa.

3.3 Os Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e Compra