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6 MARCO REGULATÓRIO DA INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL NO BRASIL

6.2 Regulação estadual

A Constituição Federal de 1988 garantiu aos estados-membros brasileiros a exclusividade na exploração dos serviços locais de gás canalizado. Até aquela data, apenas três companhias operavam neste negócio, todas estatais: a Cia. Estadual de Gás – CEG, no

Rio de Janeiro, a Companhia de Gás de São Paulo – COMGÁS e a Companhia de Gás de Minas Gerais – GASMIG. Nos demais estados, a Petrobras apresentava-se verticalizada em toda cadeia, suprindo o setor industrial.

Com a competência monopolista dos estados para as atividades ligadas à distribuição de gás definidas pela Carta Magna, vários estados começaram a desenvolver empresas estaduais de distribuição, operando mediante outorga de concessão (PINTO JR., 1988), com assinatura de contratos firmados entre os estados da Federação, na qualidade de poderes concedentes e as empresas estatais ou privadas incumbidas da exploração dos citados serviços públicos(GONÇALVES, 2010).

A partir de meados da década de 1990, diversos estados criaram, através de leis estaduais, suas empresas de prestação de gás canalizado. Atualmente, existem no país 27 concessionárias estaduais de serviços locais de gás canalizado. Apenas os estados do Acre, Roraima e Tocantins não concederam a atividade. A maioria dos estados tem apenas de uma área de concessão, enquanto São Paulo tem três e o Rio de Janeiro, duas.

A Figura 17 mostra as concessionárias acima mencionadas em suas respectivas áreas de concessão.

Figura 17- Localização geográfica das áreas de concessão no Brasil

A maioria das concessionárias dos serviços locais de gás canalizado segue um modelo de composição acionária, denominada “tripartite”, constituído pela participação majoritária do estado-membro, que detém 51% mais uma ação do capital votante, da Petrobras Gás S.A.; a GASPETRO, subsidiária integral da Petrobras, que controla 24,5% das ações com direito a voto e outro acionista privado, que tem a propriedade dos 24,5% restantes do capital votante (GONÇALVES, 2010). Não adotam esse sistema os estados do Amazonas, de Mato Grosso, do Pará, de Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul, do Rio Grande do Norte, do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Paraná, de Santa Catarina, do Rio de Janeiro, de São Paulo.

No estado do Amazonas, a GASPETRO não participa da CIGÁS; os estados do Mato Grosso e do Para são os únicos acionistas de suas respectivas concessionárias - MTGÁS e GÁS DO PARÁ; as concessionárias de Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Norte contam com a participação dos estados e da GASPETRO; no Espírito Santo coube à Petrobras Distribuidora S.A. - BR, subsidiária integral da Petrobras a concessão dos serviços locais de gás canalizado; em Minas Gerais o controle da concessionária GASMIG pertence a uma sociedade de economia mista mineira - a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG); no Paraná, a Companhia Paranaense de Energia – COPEL, também sociedade de economia mista, é proprietária de 51% do capital votante da concessionária local, a COMPAGÁS; em Santa Catarina, atua a sociedade de economia mista catarinense - SCGÁS; nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo as concessionárias são empresas privadas (GONÇALVES, 2010).

Em 1995, a Emenda Constitucional nº 5 alterou a redação do § 2º do Art. 25 da Constituição Federal de 1988 e passou a permitir que a exploração dos serviços locais de gás canalizado fosse realizada diretamente, como era feito até então, ou através de concessões a empresas estatais ou privadas, a grande novidade da Emenda (GONÇALVES, 2010). No mesmo ano, as leis 8.987/95 (Lei das Concessões) e 9.074/95 disciplinaram a delegação dos serviços públicos, mediante concessões e permissões, de forma a atender as determinações constitucionais, em seus diversos aspectos, tais como: contratuais, políticas tarifárias, direitos e deveres dos usuários, obrigações da concessionária/permissionária quanto à qualidade dos serviços prestados, prorrogação das concessões, entre outros.

Neste contexto de nova sistemática constitucional alguns estados constituíram agências reguladoras ou passaram a dotar órgãos reguladores pré-existentes, de repartições dedicadas às atividades relacionadas com os serviços locais de gás canalizado.

Com as mudanças introduzidas no arcabouço constitucional pela Emenda nº 5, de 1995, bem como o Programa Nacional de Desestatização, instituído pela Lei nº 9.491 de 9 de

setembro de 1997, dois estados optaram pela privatização de suas respectivas concessionárias de serviços locais de gás canalizado. O Rio de Janeiro, estado pioneiro, criou duas áreas de concessão, outorgadas à CEG e à CEG RIO, ambas privatizadas conjuntamente em julho de 1997 (GONÇALVES, 2010).

Seguindo na mesma direção, o estado de São Paulo, após o Decreto nº 43.889, de 10 de março de 1999, ao aprovar o Regulamento de Concessão e Permissão da Prestação de Serviços Públicos de Distribuição de Gás Canalizado no Estado e possibilitar a divisão do território estadual em diversas áreas de concessões, privatizou a COMGÁS em 14 de abril de 1999. Essa privatização foi outorgada com a celebração do Contrato nº CSPE/01/99, em 31 de maio do mesmo ano, a concessão da Área Leste, integrada pelas regiões administrativas de São Paulo, São José dos Campos, Santos e Campinas, compreendendo 177 municípios (GONÇALVES, 2010).

Posteriormente ocorreu a publicação de novas normas federais para as atividades de produção e importação de gás natural. A ANP editou, em 29 de setembro de 2011, as Resoluções nº 51 e nº 52, conforme previa os artigos 64 e 66 do Decreto 7.382/2010, a fim de regulamentar o registro de autoprodutores, autoimportadores e de contratos de comercialização de gás natural por agentes interessados, a nível nacional. Na sequência, os estados editaram os seguintes regulamentos (MEDEIROS, S.D.):

• Amazonas, Decreto nº 31.398, de 27/06/ 2011: Regulamenta as condições do contrato da prestação de serviços de distribuição de gás para consumidor livre, autoprodutor e autoimportador no estado do Amazonas.

• Espírito Santo, Resolução ASPE nº 004, de 15/06/2011: Comercialização, Consumidor Livre, Autoprodução e Autoimportação;

• Maranhão, Lei nº 9.102, de 23/12/2009, e do decreto nº 27.021, de 10/11/2010, Comercialização, Consumidor Livre, Autoprodução e Autoimportação;

• Rio de Janeiro, Deliberação AGENERSA Nº 257 e 258, de 24/06/2008, Usuários Livres. Atualmente, fase de Audiência Pública para disciplina da Autoprodução e Autoimportação;

• São Paulo, Deliberações ARSESP nº 230 e 231, de 26/05/2011, disciplinou a prestação dos serviços de distribuição a Usuários Livres, Autoprodução e Autoimportação; e

• Deliberação ARSESP nº 296, de 19 de janeiro de 2012, aprova o Termo de Compromisso a ser firmado entre a ARSESP e o Comercializador.