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5 REGULAMENTAÇÃO DE GÁS DE FOLHELHO NOS EUA

5.4 A aplicação dos regulamentos estaduais

5.4.2 Violações regulatórias

Alguns órgãos estaduais encarregados de executar as regulamentações ambientais têm apresentado dificuldades para administrar o ritmo e o volume de empreendimento de poços (SORAGHAN, 2011). No Texas, somente em 2010, 2.157 licenças de perfuração foram emitidas para o gás de folhelho, (RRC, S.D.) e entre 2010 e 2011, a Comissão de Qualidade Ambiental do Texas recebeu aproximadamente 535 queixas associadas com o desenvolvimento de Barnett Shale (WISEMAN, 2012). Na Pensilvânia, o número de poços perfurados na Marcellus Shale disparou de 195, em 2008 (PA DEP, S.D.), para 1.751, em 2011 (PA DEP, S.D.).

O registro de violações regulatórias também é frequente e inclui uma variedade de ações por parte dos operadores de poço, algumas das quais parecem representar um risco imediato para a segurança pública e para o ambiente enquanto outras não. Em uma revisão de dados da Louisiana, Michigan, Novo México e Texas, as violações mais comuns foram: falhas na obtenção de autorização ou apresentação de relatórios, falhas no corte de ervas daninhas em torno de cabeças de poço ou sinalização inapropriada, construção ou manutenção inadequada de poços superficiais e derramamentos de superfície de vários materiais de perfuração (WISEMAN, 2012). A Tabela 7 fornece uma visão geral dos resultados.

Tabela 7- Violações mais comuns nos sítios de gás de folhelho e tight por percentual do total de violações Louisiana 2009-2011 Michigan 1999-2011 New Mexico 2000-2011 Texas* 2008-2011 Licenças e relatórios 9,5% 0% 7,8% 32,3% Construção e manutenção de lagoas de contenção 33,2% 0,2% 1,3% 4,8% Sinalização e rotulagem 23,7% 32,5% 18,2% 1,6% Manutenção do sítio 0,9% 22,4% 0% 0% Derrame de superfície: água produzida 0,5% 0,2% 33,8% 0% Derrame de superfície: substâncias não identificadas 3,3% 24,5% 5,2% 0%

Fonte: Adaptado de WISEMAN, 2012

*Pensilvânia e Colorado não entraram na análise por ausência de dados.

Conforme mostra a tabela 7, as violações em relação a requisitos de sinalização e de rotulagem foram as violações mais comuns compartilhadas entre os estados analisados. Estas violações incluíram identificação inadequada ou falta de identificação do local do poço e ausência de sinais de alerta, entre outros (WISEMAN, 2012).

A maior parte das violações documentadas no Texas pertence ao licenciamento e aos relatórios. As violações consistiram em falhas na obtenção de licenças necessárias antes da perfuração de poços de fraturamento; reprovação dos programas de revestimento de superfície, e problemas na apresentação de relatórios de conclusão sobre o processo de perfuração e fraturamento hidráulico, no prazo de noventa dias após a completação de um poço (WISEMAN, 2012).

Quase todos os problemas de manutenção local em Michigan envolviam a vegetação que crescia perto da cabeça do poço que precisava ser removida. Os inspetores de Michigan ocasionalmente também identificaram máquinas não utilizadas em sítios do poço que precisariam ser removidas (WISEMAN, 2012).

A construção e a manutenção de lagoas de contenção, bem como os derrames de superfície (de flowback ou de outras substâncias) são violações com efeitos ambientais

potencialmente graves e foram comumente relatadas na Louisiana, em Michigan e no Novo México. Na Louisiana, as violações mais frequentes estavam relacionadas a válvulas de vedação. Alguns tanques de óleo não estavam equipados com o travamento ou com o dispositivo de vedação adequado. Vários níveis de poluentes como o selênio ou arsênico em poços de reserva excederam níveis regulamentares quando os poços foram testados fechados. Além disso, a equipe observou inadequação na borda livre e acumulação excessiva de água produzida, óleos usados e lixo em lagoa de contenção de reserva (WISEMAN, 2012).

Todos os incidentes em Michigan envolveram derrames de fluidos desconhecidos que contaminaram o solo, geralmente na cabeça do poço (WISEMAN, 2012).

No Novo México, por exemplo, uma inspeção revelou uma lagoa de contenção não autorizada contendo resíduos acima do nível de forro do poço, que resultou em uma multa de US$ 5.000 (WISEMAN, 2012). Permitir a retenção do conteúdo em uma lagoa de contenção acima do nível do forro pode causar infiltração no solo ou em corpos hídricos próximos (WISEMAN, 2012). Curiosamente, os registros do Novo México, muitas vezes documentam a quantidade de líquidos liberada em um derramamento e quanto é recuperado; por exemplo, num caso um congelamento levou ao derramamento de 120 barris de água produzida, dos quais apenas 10 barris foram recuperados (KANSAL, 2012).

Além dos vazamentos de lagoas de contenção, talvez a maior preocupação seja a elevada porcentagem de violações associadas a derrames de superfície ocorridos em vários estados (WISEMAN, 2012). Esses derrames surgiram a partir de uma série de incidentes, incluindo o mau funcionamento de tanques, no Novo México, que liberou água produzida, e um tanque transbordante que derramou 142 barris de água produzida, dos quais apenas 70 foram recuperados5 (WISEMAN, 2012).

Na Louisiana, o operador utilizou tanques destinados a substâncias de fraturamento para armazenar água produzida; um erro de aferição causou um estouro, e a água produzida migrou para uma área pantanosa6 (WISEMAN, 2012).

Incidentes na Pensilvânia também envolvem uma série de derrames, incluindo vazamento de materiais perigosos de um poço de superfície (PA DEP, 2012) e o vazamento de água produzida de estruturas de contenção, que escoou da plataforma de perfuração e entrou em águas de superfície (PA DEP, 2012a).

A partir do conjunto dessas violações estaduais é possível abordar várias questões. Cada estado tende a ter uma categoria diferente de violação “mais comum”, o que sugere uma

5 PERMIT N° 30-039-25947, INCIDENT N° nDGF0100955815

série de possíveis razões para a variância: incluindo os tipos de operadores que atuam em um determinado estado (supondo, por exemplo, que os operadores maiores, com mais experiência causem menos violações), diferenças no foco e na capacidade das agências, clima e outros fatores locais (assumindo que os estados com mais precipitação podem enfrentar mais derramamento a partir dos poços de armazenamento), a falta de testes ou monitoramento de equipamentos adequados para identificar problemas como a contaminação do solo e da água ou a poluição do ar (WISEMAN, 2012). Notavelmente, todas as violações mais comuns incluídas na Tabela 7 são facilmente identificáveis através de uma pesquisa rápida do sítio. As violações documentadas não contêm muitas menções de violações regulatórias que são mais difíceis de detectar, como a contaminação do ar e das águas subterrâneas. Isso pode ser porque esses tipos de violação ocorrem com menos frequência ou pode ser que as agências reguladoras não estão detectando essas violações atualmente (WISEMAN, 2012).

Segundo Wiseman (2012), os estados não devem esperar que as suas agências sobrecarregadas monitorem adequadamente milhares de novos poços - e novas tecnologias - com o pessoal existente.

As agências e a legislatura devem considerar soluções criativas para captação de recursos, tais como a Pensilvânia, que aumentou as taxas de licença para garantir que as agências tenham antes de tudo a capacidade de inspecionar (WISEMAN, 2012). Embora este ponto seja frequentemente observado, não pode ser subestimado.

Outra fonte de variação entre os estados, discutidas a seguir, envolve a gama de ações de execução em resposta a essas violações, cujas implicações são importantes para o financiamento das agências estaduais (que são parcialmente financiadas através de taxas e multas) e a interiorização do setor dos custos com o meio ambiente, criados por perfuração e fraturamento hidráulico (WISEMAN, 2012).