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Relação pais e filhos: afetividade

6.1. OS ALUNOS ADOLESCENTES DA ESCOLA MENOTTI E SUAS

6.1.1. Relação pais e filhos: afetividade

Quadro 1 – Características sócio-familiares39

Quadro 1- Características sócio-familiares da escola Menotti40

RESIDÊNCIA PAI MÃE

NOME IDADE NASCIMENTO LOCAL DE NASCIMENTO POSIÇÃO DE

BAIRRO TIPO RESID. FORMAÇÃO OCUPAÇÃO FORMAÇÃO OCUPAÇÃO

Carolina 14 anos São Paulo – SP Filha única Paraíso

Apartamento de 10 cômodos

03 Engenharia Civil Consultor de Empresas Assistente Social Gerente de Vendas

Fernanda 14 anos São Paulo – SP 2ª filha (irmão de 20 anos) Paraíso

Apartamento de 09 cômodos

04 Engenharia Elétrica Proprietário de empresa Ed. Física

Professora e personal

trainer Lucas 14 anos São Paulo – SP 1º filho (irmão

de 11 anos) Perdizes Apartamento de 09 cômodos 04 Engenharia Mecânica Engenheiro Administração de Empresas Administradora de empresa

Guilherme 14 anos São Paulo – SP 2º filho (irmão de 18 anos) Moema

Apartamento de 10 cômodos

04 Medicina Cardiologista Direito Profissional liberal

A maioria dos sujeitos entrevistados mora com a família, numa família estrutural: pai, mãe e filho. Os pais exercem atividade remunerada.

Nas entrevistas pudemos observar que a relação com os pais são diferentes: para uns é extremamente boa, para outros problemática. Diziam que os pais eram bons, conversavam com eles; outros se queixavam dizendo que os pais não tinham tempo para eles. Alguns jovens comentaram nas entrevistas que, em vista do pouco tempo disponível, pela profissionalização das mães, elas tinham pouco tempo disponível para eles, como podemos observar na fala do aluno:

Minha mãe, ela... ela é professora de educação física e personal trainer... ela dá aula numa escola... ela trabalha alguns dias da semana o dia todos, outros ela fica em casa... ela trabalha... agora ela trabalha quarta o dia todo... agora eu não vejo mais ela... sinto falta... a faxineira fica comigo... ela trabalha muito. (sic)

(Fernanda, oitava série).

Olha, minha mãe trabalha muito, muito mesmo até demais... eu gostaria que ela ficasse mais comigo, em cãs... eu me dou bem com ela... a gente gosta de conversar... eu só vejo ela no final de semana e algumas noites... (sic) (Lucas, oitava série).

Ao mesmo tempo em que eles se queixam e dizem que por causa do trabalho as mães têm pouco tempo para eles, por outro lado valorizam essas atividades mesmo quando dizem que ficam com empregadas:

Minha relação com meus pais é muito boa, eles são separados, mas a minha relação com eles é muito boa mesmo... eu gosto muito da minha mãe e do meu pai... sabe, meus pais são separados, mas eles se dão super bem... eles não são casados de novo, não tem outra família... eu vejo meu pai todo dia, à noite ele vai na minha casa, vê minha mãe, eles continuaram amigos numa boa, normal... eles são amigos... mas eu me dou melhor mesmo com a minha mãe, eu também fico mais com ela, ela trabalha o dia todo, o resto do dia eu fico... eu fico com ela... a empregada na minha casa, eu e meu irmão ajudamos muito... eu tive uma empregada, mas ela saiu que ia ajudar a mãe na Bahia... faz seis meses que ela saiu e eu ajudo minha mãe... eu fico mais mesmo é com a minha mãe... eu acho que ela trabalha, mas é importante... (sic) (Guilherme, oitava série).

Ao mesmo tempo em que se queixam de abandono, relatam uma preocupação e controle por parte dos pais:

Eu acho que não... eu acho que antigamente não era assim... as famílias, o tipo de família era diferente... eu acho que os pais eram mais rígidos, mais bravos... meu irmão mesmo fala que na minha idade, o papai não deixava eu dormir na casa de amigo, agora você já só liga e dorme na casa das amigas... fala que tudo bem, os pais hoje permitem mais... eu acho bom, o jeito que eu sou criada é bom, mas acho que o jovem precisa ter mais limites... meus pais dão esses limites.eles se preocupam comigo, né... ter mais respeito... eu acho que os pais deixam fazer mais coisas hoje porque a vida também é outra, né... mas muitos jovens não têm respeito por ninguém... a importância da família na nossa idade é enorme. (sic) (Fernanda, oitava série)

Observamos a partir das entrevistas com os alunos que para eles a família é a primeira e principal instituição social responsável pelo seu desenvolvimento na medida em que auxilia em suas escolhas e orienta-os diante de obstáculos impostos no decorrer da vida. A família desempenha um importante papel na construção de sentidos pessoais, pois é um espaço privado em que se estabelecem as primeiras relações sociais, e é será essa família de classe média que optará, conforme dissemos anteriormente, pelas escolhas dos seus jovens. Ela tentará prolongar ao máximo o tempo de permanência do jovem na escola, bem como influenciará nas suas escolhas profissionais, garantindo-os dessa forma, sua permanência também nessa classe social.

Segundo Nogueira (1998), são os pais pertencentes às classes médias e superiores que obtêm um máximo de rentabilidade de seus investimentos educacionais, “graças à possibilidade de acesso às informações sobre o sistema de ensino, à importância que atribuem à busca dessas informações, à capacidade que manifestam de discernir entre elas” (p. 54), mas também graças ao verdadeiro monitoramento que exercem sobre a vida escolar do filho, o que lhes permite apreciar, a cada momento e, com razoável precisão, o desempenho e as chances escolares dele.

A maioria dos sujeitos entrevistados habita em imóveis próprios, em regiões privilegiadas da cidade, porém não discriminam colegas que moram em bairros distintos. Assim, as famílias da escola Menotti poderiam ser consideradas como integrantes dos segmentos superiores das classes médias, sendo algumas originárias da elite.