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Relações emocionais interativas Modelo Touchpoints

Capitulo III – Propostas curriculares para creche

1. Relações emocionais interativas Modelo Touchpoints

É um modelo de intervenção desenhado para criar relações entre os prestadores de cuidados de saúde, os educadores, creches, as equipas de intervenção precoce e os pais. Este visa construir relações com o objetivo integral das interações entre pais e profissionais em diferentes situações: nas aulas de preparação para o parto, durante as visitas ao consultório ou domiciliárias, nas creches, etc.

Princípios e pressupostos dos touchpoints – do paradigma à prática

A concetualização do modelo touchpoints foi beber a várias fontes. Foram privilegiados seis modelos teóricos que constituem o modo de entender a criança, a coerência das suas representações e a natureza das suas necessidades relacionais.

O primeiro, foi o modelo de Bronfenbrenner e Crouter que viabiliza, com uma coerência exemplar, os papéis da Pessoa-P- nesta componente estão especialmente integrados os sistemas interiores que, por exemplo, no bebé regulam os seus estádios, o seu stresse, as suas interações. Cada pessoa é o que é o seu genoma. A descodificação do genoma humano terá sido uma surpresa para muitos e, para outros, foi a confirmação do que é na transação, nomeadamente entre genes e as circunstâncias pessoais que reside o mistério da diferença; os dos Processos-P- fundamentalmente relacional; os do Contexto-C- representa o contexto em que cada pessoa vive o que quer dizer a sua cultura, as suas relações, o seu modo de vida, a sua identidade - e os do Tempo-T- que representa o tempo e com ele as transições, enfim, o evoluir, o desenvolvimento.

O seguinte, o modelo proposto por António Damásio, estruturalmente fundamentado na neurofisiologia com a correspondente evidência imagiológica, mapeia a estrutura da consciência humana e, nela, o sentido que cada um constrói de si próprio, num pressuposto de sentimentos desenvolvidos a partir de emoções, em grande parte inatas, que por sua vez, são reguladas por uma hemóstase biologicamente organizada e que é intrínseca para cada criança e para cada jovem.

130 O terceiro, o modelo de Edward Tronik. Neste, o princípio é o de cada pessoa possui um sistema auto-organizado que consagra os seus próprios estádios de controlo e de coerência, naturalmente reforçados e expandidos quando da convergência de uma comunicação diádica, mutuamente significativa e, por isso, influente.

Um outro modelo que contribui para estruturar as grandes linhas traçadas por Brazelton e a sua equipa, foi o de Daniel Stern. Ele explica o desenvolvimento relacional designadamente o da mãe-filho, no contexto de uma dinâmica de intersubjectividade, entendida como processo estrutural do desenvolvimento afetivo. Através da intersubjectividade passámos a compreender melhor os fundamentos da vulnerabilidade individual, em função de modo como cada criança sente ou “lê” o que lhe acontece na sua vida ao nível da relação.

O modelo de Bowlby e Ainsworth, constitui outro suporte ao “Touchpoints”, é o que podemos designar de sistema relacional de segurança, derivado primeiramente da teoria da vinculação de Bowlby, Ainsworth e colaboradores. A procura de um sistema de segurança, que alicerça as relações de cada pessoa ao longo do seu ciclo de vida, deriva deste modelo e é também, sobre ele que tem sido proposto, como evidência, um sistema de controlo a partir das relações da criança quer com familiares quer com outros significativos.

Como já referimos nos capítulos anteriores, a teoria da vinculação proposta por Bowlby (1969) influenciou fortemente os estudos clínicos e experimentais sobre a “natureza” das interações que constituem a base e alimentam os laços afetivos entre os bebés e as mães levados a cabo nos anos 70 e 80. Nalguns aspetos, a teoria é profética e determinística e os investigadores tentaram cada vez mais, identificar os indicadores que revelam, numa criança de poucos meses ou anos, o estabelecimento de uma vinculação “segura” em relação à mãe ou, pelo contrário, dificuldades de vinculação. Foi o caso do trabalho experimental de Ainsworth (1979, Ainsworth e Bell, 1969; Ainsworth, Bell e Slayton, 1971), segundo Brazelton, B. (2005).

No entanto, o processo utilizado por Ainsworth e por outros investigadores em busca de continuidades temporais no desenvolvimento das crianças na primeira infância pode revelar- se bastante pertinente se se basear em abordagens precisas, tão completas quanto possível, das capacidades “iniciais” do bebé, isto é, por altura do nascimento, as capacidades do feto não são aqui debatidas. A avaliação disponível mais funcional, que é também multifactoral, é talvez aquela fornecida pela Escala de Avaliação Comportamental do Bebé Recém-nascido

131 (NBAS) de Brazelton (Als e Brazelton, 1975; Als, Lester, Tronick e Brazelton, 1979, 1982; Als, Tronick e Brazelton, 1977, 1981; Brazelton, 1972ª, 1973b,1979,1981; Nugent, Lydic, 1986; Gomes Pedro, 1988).

O sexto é um modelo educativo, o de Berry Brazelton, que associa o Touchpoints à

Intervenção, resultando na Educação. Está imbuído dum propósito preventivo em termos de

intervenção familiar, designadamente de motivação parental. A família é o ecossistema mais significativo da criança, no meio do qual a criança aprende a reconhecer a sua identidade e também a aprender a ajustar-se às condições de vulnerabilidade condicionadas pelo seu destino social.

O processo de formar uma família é para Brazelton, um dos pontos mais cruciais a investir em termos de intervenção precoce, tendo em vista a continuidade do desenvolvimento. Toda a ontogenia do comportamento anti-social refere-se à forma pela qual cada individuo constrói as suas relações mais significativas, sendo estas as que ele primeiro estabelece com os seus pais e com os seus primeiros prestadores de cuidados. Sabemos que o bebé constrói de facto a partir das suas primeiras relações, modelos interpretativos de si próprio e dos outros, que exercem uma influência marcante nas suas futuras transações sociais. Não é apenas a relação precoce entre a mãe e o bebé que vai influenciar todo o desenvolvimento posterior, mas é principalmente, a experiência, ou melhor, a interpretação das transações iniciais, especialmente com a mãe, o que vai condicionar o futuro desenvolvimento emocional, através das expetativas que cada criança vai construindo sobre si própria e sobre os outros. Se as primeiras experiências do bebé são contingentes, ou seja, de respeito e empatia, ele revê-se a si próprio como merecedor e mediador de amor à medida que se torna uma criança, mais tarde um jovem e, depois um adulto. Pelo contrário, crianças que vivenciam rejeições, desadequações ou comportamentos inadequados por parte dos pais, irão rever-se a si próprios como não resilientes, carentes de sentido de pertença e, consequentemente, não se sentirão competentes nem habilitados a assumirem-se como pais ou como significativos para outros. A partir dos dois ou três anos, a criança envolve-se em novas relações interpessoais, progressivamente mais complexas, especialmente quando se integra no sistema escolar.

Este modelo valoriza a importância dos educadores, pois eles representam os apoios fundamentais da “teia de aranha ”, tal como os fios da teia estão tecidos em constante

132 dependência uns dos outros, também as relações que o bebé vai estabelecendo se organizam em função de experiências ou pilares de suporte. Os educadores contribuem para a fundamentação dos sistemas referenciais para a criança nas suas múltiplas transações, contribuindo para que as suas relações evoluam para um infinito de novas descobertas e de novos desafios. A ação decisiva de um educador será assim, a de contribuir para que essas descobertas progressivas signifiquem algo de consistente no desenvolvimento moral e social de cada criança (Gomes-Pedro, 2005).

No contexto das diferenças individuais, cada criança tem o seu próprio ritmo e os seus próprios limites de aceitabilidade e de retroação, em cada descoberta. A regulação do seu fluxo interacivo no jogo e em outras formas de comunicação têm de ser o grande objetivo da intervenção dos educadores, casa a caso. Cada educador tem de ser sensível ao ecossistema de cada família e só ser interventivo quando necessário. Este é um princípio fundamental para assegurar o equilíbrio entre o sistema familiar e o educativo.

Os conteúdos enunciados no Quadro 3, ainda que sumariamente, ajudam a explicar os ainda misteriosos mecanismos que conferem maior ou menor sentido de coerência a cada bebé, criança e a jovem.

Quadro 3 - Relações emocionais interativas

O que são”touchpoints?

É um modelo do desenvolvimento infantil perspetivado em torno de momentos-chave. Enfatiza a prevenção através dos cuidados antecipatórios e da construção de relações de aliança entre os pais e os profissionais.

Princípios e pressupostos dos “Touchpoints”- do paradigma à prática

o O que são “touchpoints”

o O paradigma do desenvolvimento o O paradigma relacional

o Princípios orientadores o Mudança de paradigma

133 Estes momentos chave ou “touchpoints” ou “pontos de referência” – tradução do conceito para português -, são universais, correspondem às fases previsíveis que ocorrem precisamente antes de um surto de crescimento rápido em qualquer linha do desenvolvimento - motor, cognitivo ou emocional-, quando durante em breve espaço de tempo, se verifica uma alteração no comportamento da criança. Os pais deixam de poder contar apenas consigo próprios; frequentemente a criança tem regressões em diversas áreas e torna-se difícil compreendê-la; os pais perdem o seu próprio equilíbrio e ficam alarmados. Ao longo dos anos, Berry Brazelton descobriu que estes períodos de regressão previsíveis podem tornar-se oportunidades para ele ajudar os pais a compreenderem os filhos. Cada etapa alcançada leva a um novo sentido de autonomia. Quando encarados como normais e previsíveis, estes períodos regressivos são oportunidades para compreender melhor a criança e para apoiá-la no seu crescimento, mais do que motivos de desânimo. As potencialidades e vulnerabilidades particulares da criança, assim como o seu tipo de temperamento e de reações, podem emergir nessa altura. É o momento ideal para compreender a criança como indivíduo.

Segundo o autor, nenhuma criança apresenta uma linha de desenvolvimento de progresso contínuo. O desenvolvimento motor, o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento emocional parecem todos seguir uma linha irregular com altos e baixos e fases estacionárias. Cada nova tarefa que o bebé aprende traz novas exigências – requer toda a sua energia, bem como a dos outros membros da família. Quando, por exemplo, um bebé de um ano está a aprender a andar, todos são afetados. Levanta-se e senta-se durante a noite, agarrando-se às grades da cama, ficando completamente desperto após cada ciclo de sono leve, chorando várias vezes durante esse período Isto perturba o sono de toda a família e o pediatra sabe que esta é uma situação inevitável. Durante o dia, o bebé chora frustrado cada vez que o pai, a mãe ou um irmão passam por ele, se lhe voltarem as costas, desata num choro frenético. Quando uma criança está aprender a andar, afeta o sossego de todos os que a rodeiam, mas quando finalmente aprende a fazê-lo, torna-se uma pessoa diferente, satisfeita pela sua auto- valorização. Verifica-se uma acalmia generalizada a nível familiar. A fase seguinte do desenvolvimento será passada a consolidar e a enriquecer esta última conquista. Uma criança que principia a andar, aprenderá seguidamente a fazê-lo segurando um brinquedo, a voltar-se enquanto caminha, a agachar-se, a subir escadas. Nesta fase, a criança não costuma ter alterações de humor tão imprevisíveis. A tensão desapareceu – até surgir uma nova fase crítica.

134 Brazelton (2005), refere que o pediatra que está interessado em ter um papel ativo junto das famílias, cada uma destas fases críticas e as regressões que as precedem, constituem para ele “touchpoints”: “Quando os pais, preocupados, me procuram, posso partilhar com eles o que vou observando no comportamento da criança, sabendo que vão ouvir o que tenho para lhes dizer. A compreensão deste comportamento torna-se a linguagem comum. Pode-se usar a nossa experiência com a família para os ajudar a descobrir as suas ansiedades” (p.11). Apontando a razão do problema e as suas consequências previsíveis no desenvolvimento da criança, o profissional está apto a compartilhar as suas preocupações de um modo positivo e útil. Os pais têm tendência a encarar com ansiedade qualquer regressão que os filhos possam ter e a tentar controlar esse comportamento. Numa fase em que a criança anda à procura de um novo sentido de autonomia, eles acabam por provocar uma tensão ainda maior, o que pode reforçar qualquer comportamento de desvio e torná-lo num hábito padrão. Estes “touchpoints” são oportunidades para evitar que essas dificuldades se tornem um círculo vicioso. É nessas alturas que o profissional pode aconselhar aos pais comportamentos diferentes, pois se as suas próprias estratégias terminaram em insucesso ou ansiedade, estão prontos a procurar alternativas. Quem está por fora da situação é que pode sugeri-las, antes que a família se deixe aprisionar numa sensação de fracasso.

Os pais erram não por não quererem saber, mas porque se preocupam excessivamente. A paixão gera determinação e esta pode dispensar juízos de valor. Se os pais conseguirem compreender a necessidade imperiosa que o filho tem em estabelecer o seu próprio padrão autónomo, conseguirão romper um círculo vicioso de reações e conflitos. A aprendizagem dos pais é feita à custa de erros – e não de êxitos. Quando alguma coisa corre mal, eles têm que rever a situação, de modo a poder remediá-la. Os erros cometidos aumentam e apoderam-se de nós; os êxitos não. As recompensas pelas “escolhas acertadas” são profundas e gratificantes; é motivo de orgulho poder dizer: “Olhem, fui eu que fiz isso!” De qualquer modo, a atitude dos pais pode não ser tão criticável quanto a atmosfera emocional em que a sua ação se desenvolve.

Por outro lado, o temperamento individual dos bebés, ou os seus estilos de interação com o mundo e a aprendizagem que deste fazem, podem influenciar grandemente o modo como prestam atenção e absorvem os estímulos orientadores dos pais. Desde que nascem, os seus temperamentos também influenciam profundamente as reações daqueles. Se, por um lado, não podemos encarar o recém-nascido como tendo já um temperamento determinado, por outro,

135 também não é apenas o meio ambiente que irá moldar a criança. Por causa destas diferenças individuais inatas, sugere-se que as práticas sejam adaptadas a cada criança.

Berry Brazelton refere que quando discute como os pais o conceito “touchpoints” e lhes descreve o papel que um pediatra, uma enfermeira ou um médico de família podem ter na interpretação das regressões e surtos de desenvolvimento, isto quando se dirige a grupos, muitos dizem que os seus próprios médicos estão mais interessados em registar o crescimento das crianças do que em tratar as doenças delas. Neste ensino, que se baseia em grande parte no modelo médico que dá uma maior importância à doença, existem duas falhas que considera graves. Uma delas é o pouco mérito que se atribui à análise e ao fortalecimento da relação. São os pediatras que têm a oportunidade única de ouvir os jovens pais e de ajudar o nascimento de novas famílias.

A segunda falha no ensino da Pediatria, diz respeito ao conhecimento do desenvolvimento da criança. Este campo tem-se desenvolvido de forma notável, com novas pesquisas em áreas como o desenvolvimento cognitivo, a ligação pais-filho, as capacidades do recém-nascido, as influências genéticas e o temperamento. Acontece que o ensino pediátrico não tem acompanhado estes avanços. Compreender os problemas e desafio com que todas as crianças se defrontam em cada idade confere aos pediatras uma perspetiva única da individualidade de “cada” criança. Ficam então mais aptos a transmitir estas observações aos pais, numa “linguagem” compartilhada que consolida a relação pais-médico. Brazelton (2007) descobriu que os pais que sabem que o pediatra compreende o filho deles, aceitam melhor qualquer espécie de dificuldades ou frustrações no trabalho conjunto. Vêm-no como um aliado na procura de um ambiente mais propício para o desenvolvimento dos filhos. Dividem com ele erros e as preocupações e formam uma equipa.

Conhecer o mapa de desenvolvimento em cada uma das suas vertentes - motora, cognitiva e emocional, são condições essenciais para o profissional da relação. Para aqueles que sabem apreciar as forças poderosas e universais que estão por trás da luta da criança para aprender a andar, ou aquele conflito apaixonado entre um “sim” ou um “não” que origina tantas birras durante o segundo ano de vida, o cuidar e educar tornam-se uma paixão.

Em suma, os “touchpoints” são períodos previsíveis de desorganização ao longo do desenvolvimento infantil que podem perturbar as relações familiares, mas que podem também

136 constituir oportunidades para os profissionais se aliarem aos pais. Assenta em dois paradigmas: o Paradigma do Desenvolvimento e o Paradigma Relacional.

O paradigma do desenvolvimento

O desenvolvimento não é linear nem contínuo, caracterizando-se por movimentos regressivos, surtos evolutivos e pausas. Enfim, o desenvolvimento é multidimensional e os surtos evolutivos numa determinada área do desenvolvimento frequentemente causam alterações noutras áreas. Neste sentido, a desorganização numa área do desenvolvimento pode desorganizar outras, por exemplo a nível funcional, no caso de um bebé de seis meses que está na fase de exploração, por este fato, a rotina do sono, a alimentação e a sua atenção entram também em desequilíbrio. Por sua vez, as regressões no comportamento das crianças podem levar à desorganização dos pais. Berry Brazelton designa este momento a “Desorganização Normal do Sistema Pais-Criança”, quando inicia a marcha desencadeia desequilíbrios ao nível do humor, do sono e da interação. O touchpoints nesta fase: valoriza a

desorganização.

Os cuidados antecipatórios do profissional podem facilitar a resposta parental. Têm grande relevancia os seguintes: Partilha na descrição do comportamento da criança;

previsão/antecipação individualizada e colaborativa; possibilidade de negociação de planos e conselhos; centrar-se no comportamento da criança como ponto de partida; perceber o significado do comportamento da criança para os pais e perceber o que está presente na

cabeça dos pais, ou seja, aquilo que Selma Fraiberg designa “Fantasmas do Berço”. São experiências importantes do passado que dominam o comportamento dos pais. Estes fantasmas influenciam as tendências e o comportamento dos pais. Estas são experiências que os pais tiveram com os seus próprios pais ou com desafios passados reminiscentes daquele que enfrentam com o seu próprio filho. As tendências dominam o nosso comportamento muito mais completamente se não estivermos conscientes delas. Trazê-las para o plano da consciência dá-nos uma hipótese de escolha: conformarmo-nos com a tendência ou resistir- lhe. Os fantasmas do berço de cada um dos pais diferem uns dos outros e é melhor que sejam enfrentados abertamente, para que cada pai possa apoiar o outro em áreas tão importantes como a disciplina, a alimentação, os padrões de sono e o controlo das necessidades fisiológicas.

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Os momentos touchpoints

Correspondem a períodos que ocorrem durante os três primeiros anos de vida em que os esforços de desenvolvimento da criança resultam numa rutura pronunciada da vida familiar. São uma espécie de mapa do desenvolvimento infantil que pode ser identificado e antecipado pelos pais e educadores (ver Figura 1). Foram identificados treze touchpoints ou pontos de

referência nos três primeiros anos, vamos enunciá-los resumidamente.

Figura 1 - “Touchpoints” ou Pontos de Referências para Intervenção

Fonte: Brazelton, T.B. e Stanley L. Greenspan (2002, p.231). A criança e o seu mundo – requesitos essenciais para o crescimento e aprendizagem. Lisboa: Editorial Presença

O primeiro, acontece com o início na gravidez, designado pré-natal, cujo destaque vai para o bebé ideal - os bebés imaginados, magoados e reais, são elementos ativos da vida interior dos pais. São prova do seu compromisso emocional com o bebé, de alterações na opinião que têm de si próprios e da ansiedade sobre as exigências do futuro.

O segundo ponto de referência corresponde ao momento do nascimento: o recém-nascido

o bebé real. As caraterísticas específicas do bebé - sexo tamanho, cor, temperamento - são

descobertas e ganham significado à medida que os pais começam a substituir a criança idealizada na sua imaginação pela criança real que acabam de receber.

Ta1

Tb1

Ta2

138 O touchpoints das três semanas é caracterizado pelo “poço” de energia. O bem-estar emocional dos pais está particularmente vulnerável por esta altura. As mães estão ainda a recuperar do parto e podem estar a sofrer de depressão pós-parto. As exigências do bebé são grandes, mas a sua incapacidade de interagir ainda não está bem definida.

Pelas seis a oito semanas, ocorre outro touchpoints, com a seguinte designação: o bebé

gratificante. O bebé começa a tornar-se mais sociável. A sua crescente capacidade de

estabelecer relações com o mundo – maiores períodos de vigília, atenção visual, sorrisos – dá aos pais a oportunidade de interagirem com a criança para além das exigências da prestação de cuidados.