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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3 Relação entre representantes da Administração Superior e a Coordenadoria de

4.3.1 Relações Estabelecidas

A existência de um bom relacionamento dos gestores com o setor de Comunicação, especialmente em uma estrutura grande como a de uma universidade pública, é fundamental para o sucesso da comunicação organizacional. No caso da UFC, as entrevistas indicaram que a relação estabelecida dos integrantes da Administração Superior com a CCSMI é considerada boa.

O Entrevistado 1 relata que está sempre tendo o cuidado em estabelecer o diálogo com a CCSMI. Um dos instrumentos que ele usa para se comunicar é o e-mail. Ele explica:

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Tudo que eu vejo que é importante eu dissemino. Na mesma hora, já passo um e- mail. E uma coisa que eu acho rica é o retorno rápido da CCSMI. Porque eu acho que quem trabalha com comunicação tem que dar resposta rápida. Eu acho que isso é muito positivo. Não sei se é só comigo. Acho que não porque a gente vê vários segmentos publicando, principalmente na nossa página. (ENTREVISTADO 1, integrante da Administração Superior da UFC).

Além da relação através do e-mail, o Entrevistado 1 afirma que também mantém contato direto com o coordenador do setor. Nesses casos, além de atuar na divulgação de informações, a CCSMI é procurada para tirar dúvidas, dar opinião sobre quais são as melhores estratégias para divulgação direta de determinados eventos a serem realizados e orientação para produção de material gráfico.

Esse contato direto com o gestor da área foi observado em oito dos nove entrevistados. O Entrevistado 2 explica que a relação direta com o coordenador se dá por uma questão hierárquica. Ele afirma: “Eu me uso da hierarquia. A primeira coisa que eu faço é tentar falar com o coordenador do setor.” O mesmo ocorre com o Entrevistado 9: “Tem lá uma menina, mas é porque eu não gravo o nome das pessoas. Mas, via de regra, eu procuro o coordenador do setor. Eu tenho mais contato, mais intimidade no sentido de informar e ser informado.”.

A questão da proximidade também é abordada pelo Entrevistado 3 sobre a relação com a CCSMI:

Muito tranquila e bastante informal, como eu sou. [...] E direto com o coordenador. Sempre com ele. Seja pra tratar da nossa mídia interna, seja pra tratar da externa, quando sai alguma coisa que a universidade precisa se posicionar. Geralmente por e- mail e, quando é uma coisa que pode gerar uma crise, a gente vai para o telefone e resolve. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 5 mostrou um certo incômodo em fazer esse contato diretamente com o coordenador do setor. Ele acredita que isso sobrecarrega o gestor da comunicação e afirma o seguinte:

Normalmente, eu pessoalmente aciono o coordenador do setor. E o coordenador com muita paciência me distribui para onde eu deveria ter falado. [...] Na verdade, o meu caminho é um atalho. Não é o caminho correto. O caminho não é ligar para o gestor maior da área de comunicação para querer dar uma notícia. (ENTREVISTADO 5, integrante da Administração Superior da UFC).

O único entrevistado que demonstrou ter contato e saber os nomes de outros profissionais da CCSMI foi o Entrevistado 6. Por conhecer melhor a equipe, ele diz que se sente à vontade para reclamar de problemas e dar sugestões. Ele cita:

Muitas vezes eu ligo e digo: “Olha, não é possível, aconteceu isso hoje, mas não tinha ninguém ou ninguém noticiou!”. Eu faço muito isso porque, primeiro, eu tenho

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muita liberdade com o coordenador do setor. Tinha com o antigo coordenador. Tenho uma proximidade muito grande com as pessoas da comunicação. Gosto muito. (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da UFC).

Durante as entrevistas, foi possível perceber que a relação é baseada em muito respeito pelo papel do setor dentro da UFC. É o que pode ser percebido na fala do Entrevistado 2: “Eu respeito a hierarquia porque o coordenador sabe o que fazer. Eu mesmo não sei como é que faz lá dentro. Não tenho como opinar nem como decidir nada. Absolutamente não.” Essa também é a postura do Entrevistado 3:

Vou dar um exemplo: sábado à noite eu recebi de um colega uma informação importante. Imediatamente, eu passei um e-mail para o coordenador. “Gostaria que fosse avaliada a possibilidade de divulgar isso na nossa página”. Aí ele tem a liberdade... Eu não posso dizer “divulgue!”. Não sei se... Quem tem que avaliar são eles. Eles avaliam. Entram em contato com o professor para colher mais informação. Isso foi no sábado, na segunda-feira estava na página. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Apesar de a relação ser considerada boa por todos, nem sempre a comunicação acontece. O Entrevistado 2 destaca que, muitas vezes, presos em um cotidiano cheio de atividades e pressão, a ação de divulgar é esquecida. Para ele, um dos grandes responsáveis por isso é a personalidade dos professores.

Mas, de modo geral, como eu disse no início, a cultura nossa não é de fazer isso. Nós somos muito introspectivos no nosso caminhar, no nosso dia a dia, entende? E, às vezes, passa. Passa. Uma informação muito interessante que poderia ser veiculada acaba perdendo o time. Já passou, não tem mais sentido colocar, embora, de modo geral, as coisas que acontecem na Universidade possam ser ditas em qualquer tempo e elas sempre sejam atuais. Mas alguns aspectos, uma decisão, por exemplo, que atinge a comunidade acadêmica, se começou a funcionar e não deu a divulgação, já deu... Tá feito, não tem mais o que discutir. Isso aqui e acolá acontece. (ENTREVISTADO 2, Integrante da Administração Superior da UFC).

A partir desse exemplo, é preciso destacar um aspecto que surgiu espontaneamente na fala de oito dos nove entrevistados: a reatividade da CCSMI. De uma maneira geral, eles avaliam que a Coordenadoria de Comunicação precisa ter mais iniciativa no relacionamento com os outros setores da UFC. Para o Entrevistado 7, “a gente precisa sempre estar provocando. Assim, se a gente não tomar a iniciativa, me parece que a Comunicação não chega, não vem. Então, a gente está sempre caçando porque, se você não for atrás, não aparece”.

O Entrevistado 2 também apontou essa questão como uma característica vivenciada pela UFC. Para ele,

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A gente conhece o caminhar do dia a dia na parte acadêmica, sabe que está acontecendo coisas maravilhosas e que pouca gente sabe. Se aquele professor, se aquele grupo não toma iniciativa de informar, em geral, a comunicação institucional não chega lá, por um motivo ou por outro. Eu não estou aqui criticando, não. Já disse que considero muito boa, mas pode melhorar. (ENTREVISTADO 2, Integrante da Administração Superior da UFC).

A opinião também é compartilhada pelo Entrevistado 1, que acredita que a CCSMI precisa estar mais atenta a questões importantes da Universidade que precisam ser de conhecimento do público. Para ele,

Vocês sabem que tem projeto de pesquisa que já está concluindo aí... Isso era importante ver. Nós temos vários projetos que são aprovados por órgãos, como o CNPq, Capes... Tá perto de acabar o projeto? Dá uma ligadinha. “Olha, aquele projeto que você ganhou há dois anos? Tem algum resultado? Como é que foram os resultados? Você não queria que a gente fizesse uma matéria?” Então, eu acho que seria uma forma de tanto internamente a CCSMI estar disseminado o que o professor está fazendo em termos de pesquisa, de extensão, como também de divulgar para a imprensa maior. (ENTREVISTADO 1, Integrante da Administração Superior da UFC).

A mesma crítica é feita pelo Entrevistado 8. Ele ressalta:

Muitos eventos importantes não têm fotógrafo, não têm jornalista para repercutir. Parece que a CCSMI precisa ser sempre acionada. Ela não tem fôlego pra ela mesma ser a “descobridora”. Não é que o evento esteja escondido. Ele foi divulgado e tudo mais. Mas, se ela não for chamada para estar em um evento que está divulgado até na página da UFC, ela não vai. Muitas vezes eu digo assim para o cerimonial da UFC: “Peça um fotógrafo para ir para aquela reunião muito importante.”. Liga e vai. Mas a notícia estava lá. O reitor vai fazer isso. Se não chamasse, iria? Iria não. É falta de fôlego? Talvez. É falta de gente... Não sei. (ENTREVISTADO 8, Integrante da Administração Superior da UFC).

Para dois dos entrevistados, uma atitude mais ativa da CCSMI poderia gerar como consequência a consolidação da rotina de comunicar. “Porque aí ela vai gerar, não diria uma obrigação, mas uma vontade de informar. Um hábito. Tudo no mundo que eu faço eu informo”, explica o Entrevistado 9.

Para o Entrevistado 4, no momento em que a comunicação se tornar mais ativa, o comportamento dos gestores sobre a área também vai mudar. Para ele, “a comunicação tem que ser mais agressiva. Eu tenho que saber que a Comunicação vai me telefonar: ‘Professor, o senhor quer explicar melhor? Saiu uma notícia...’. Então, aquela coisa passa a ser um negócio do dia a dia e eu não sinto isso aqui”.

Nessa mesma linha, o Entrevistado 6 também enfatiza:

Sinto muita falta de um acompanhamento mais próximo das ações que são desenvolvidas dentro da Universidade como um todo. Tem coisas das nossas agendas que eu não sei se a comunidade tem conhecimento delas, dos

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desdobramentos que elas têm, da importância que elas têm. A gente viaja muito. A gente tá muito ausente. E eu não sei... Eu tenho certeza que a comunidade não sabe o motivo dessas viagens, quais são os desdobramentos delas, qual a influencia que isso tem para a vida da Universidade. (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 3 acredita que o fato de a CCSMI atuar de maneira predominantemente reativa, recebendo mais informação do que indo buscar, gera uma desigualdade na produção de conteúdo. Para ele, algumas unidades já descobriram o caminho da informação e estão sempre presentes nos veículos de comunicação da UFC “enquanto outras, mais tímidas, mais distantes, por não possuírem a compreensão da importância da publicação daquilo que fazem, ainda não têm espaço”. Por isso, para ele, seria necessário que a CCSMI estabelecesse relações com todos os setores, o que permitiria a democratização das informações.

A reflexão o Entrevistado 6 vai ao encontro da ideia de que o setor de Comunicação deve ter sempre iniciativa. Ele analisa:

Eu acho que precisava incluir nesse trabalho da Comunicação um processo de busca ativa pelo que está acontecendo dento da Universidade, e não uma passividade, que hoje é o que acaba surgindo. É aquela pessoa que vai promover um evento, que tá promovendo alguma coisa, aquela unidade acadêmica, ou aquele professor... Ele se preocupa em passar para a equipe de comunicação alguma informação. E acho que a gente tinha que fazer o contrário. Eu acho que a gente deveria todo dia estar ligando para os diretores, ligando para as unidades, sabendo o que está acontecendo. (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da UFC).

A reflexão sobre o relacionamento estabelecido entre a Administração Superior da UFC e a CCSMI é importante porque é a partir dela que pode se conhecer qual o papel desempenhado pela comunicação dentro da Instituição, se ela ocupa uma função acessória ou importante no tecido da organização (NEVES, 2009). Ou, dentro da concepção de Oliveira (2002), se a comunicação desenvolve uma dimensão instrumental ou estratégica.

De uma maneira geral, é possível perceber nas falas destacadas que a dimensão de comunicação que ainda prevalece na UFC é a instrumental. A maioria dos gestores reconhece a importância da Comunicação, mas não a percebe como parte do processo. É apenas no final de cada iniciativa que ela é lembrada para cumprir o seu papel: divulgar, ou seja, fazer com que o público tome conhecimento do que ocorre na UFC. Até mesmo a crítica que é feita vai nessa direção, isso é, a CCSMI deve ser mais ativa no processo de busca por informação sobre o que ocorre na UFC.

Um dos entrevistados destacou a importância de a CCSMI ir além do trabalho de divulgação. Apesar de reconhecer que ele mesmo não se lembra da Comunicação em seu

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cotidiano, o Entrevistado 4 acredita que o ideal seria “que todo gestor, quando pensasse em fazer alguma coisa, tivesse na cabeça dele a comunicação. Isso aí eu não vejo ainda no sangue dos gestores.”. Ele vai além e acha que a CCSMI deveria tentar implantar essa “cultura de comunicação” nos professores, especialmente nos mais jovens. Ele destaca:

Existe uma realidade que vocês têm que saber que é a seguinte... A Universidade tem dois tipos de público: o público mais antigo, que eu faço parte, e um grupo de 700 professores que deve ter cinco, seis anos na Universidade. Eles foram contratados pelo REUNI18. Se eu fosse mais objetivo, eu procuraria esse público jovem. Eu já estou viciado no sentido de que dificilmente tenho mais chances de mudar a cultura de comunicação. Mas esse público é novo! Esse público, vocês podem atingir e eles vão ser os futuros gestores. Então, vai estar no sangue deles essa questão da comunicação. (ENTREVISTADO 4, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 6 defende que, para conseguir dar resultado, a comunicação deve ser priorizada. E, para isso acontecer, é fundamental que ela seja incorporada no dia a dia do gestor: “Eu acho que, em toda ação, toda, a gente tem que tomar determinada medida: como é que eu vou comunicar isso? A quem eu vou comunicar? Com que finalidade?”. Para ele, esse precisa ser um exercício mais sistemático porque, ao fazer isso, evitam-se problemas, minimiza mal-entendidos e maximiza resultados.

Apesar de reconhecer a importância da Comunicação, o Entrevistado 7 confessou ter dificuldade de fazê-la acontecer no seu cotidiano de gestor. “A gente sabe que precisa da comunicação, mas não consegue encaixar bem na dinâmica do trabalho, que é muito complexa. Na hora em que a gente coloca os pés aqui dentro não para, então, a gente termina deixando pra depois”, afirma.

Na busca por solucionar esse problema, ele acredita ser fundamental que a relação dos gestores com a Comunicação seja fortalecida através da descentralização dos servidores especialistas na área. Ele afirma o seguinte:

Porque, quando uma reunião de duas horas termina, a gente tem outras coisas pra resolver e, no caso, essa pessoa sai pra dar seguimento às coisas, por isso que eu acho importante ter uma pessoa perto, porque ela está focada naquilo. Está percebendo coisas que a gente não está e, o que é mais importante, ela já sai da reunião pra fazer as coisas acontecerem. (ENTREVISTADO 7, integrante da Administração Superior da UFC).

18 O Reuni foi instituído pelo Decreto Presidencial 6.096, de 24 de abril de 2007, com o objetivo de dar às instituições condições de expandir o acesso e garantir condições de permanência no Ensino Superior. O Plano adotou uma série de medidas para retomar o crescimento do ensino superior público, criando condições para que as universidades federais promovessem a expansão física, acadêmica e pedagógica da rede federal de educação superior (BRASIL, 2007).

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A mesma opinião é compartilhada pelo Entrevistado 8. Ele defende que a Comunicação é tão importante que não pode depender apenas da lembrança do gestor, devendo estar presente, de forma descentralizada, na estrutura orgânica dos setores mais importantes da Universidade através de núcleos da CCSMI. Dessa forma, a CCSMI estaria mais presente e a comunicação seria fortalecida. Ele afirma:

Eu estou tentando fazer a minha relação com a comunicação não depender de mim, não depender da minha vontade, da minha lembrança. Como é que eu posso fazer isso? Instalando na estrutura orgânica da pró-reitoria um setor de comunicação e colocando neste setor de comunicação alguém da área de comunicação. Então, pra mim, não pode depender de mim – ou do meu substituto seguinte – ser mais sensível ou menos sensível. Tem que ser algo que faça parte da estrutura. (ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

Apesar dessa discussão sobre a importância da comunicação estar mais incorporada ao dia a dia dos gestores, apenas o Entrevistado 3 demonstrou já ter no seu cotidiano o setor de Comunicação como um aliado indispensável. Para ele, isso ocorre não apenas na hora de divulgar as informações, mas durante todo o processo em que a decisão está sendo discutida. “Até dois anos atrás, a gente sempre estava perdendo a batalha da informação. E aí nós percebemos que informar depois não resolvia o problema”, afirma.

De acordo com ele, a sensibilização para a importância da CCSMI foi ficando mais evidente, especialmente nos casos que poderiam gerar impactos negativos na comunidade acadêmica e na sociedade em geral.

Acho que nós aprendemos com isso e vamos procurar intensificar mais. Uma coisa que passamos a fazer que nós não fazíamos antes é, em toda reunião da equipe, chamar a Comunicação para acompanhar, pra ir absorvendo os temas, muitas vezes, complexos e polêmicos que nós estamos discutindo. O pessoal não divulga nada. Eles vão pegando a informação e encontrando a forma de fazer a gestão daquela informação no momento certo. Isso tem melhorado muito o impacto de algumas decisões que são polêmicas. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Em sua análise, o Entrevistado 3 destaca duas situações na história recente da Universidade em que o papel desempenhado pela CCSMI foi fundamental para o bom desenrolar do processo. O primeiro caso foi durante a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), instituída pelo Decreto nº 7.082, de 27 de janeiro de 2010, para viabilizar a reestruturação dos hospitais universitários federais através do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) (BRASIL, 2010). Ele cita:

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Eu vou dar um exemplo de sucesso nosso. A UFC foi a única universidade do Brasil, a única, que não teve dificuldade de aprovar a adoção a Ebserh. Nós não tivemos conflito. Nós não tivemos Consuni invadido. Não tivemos. Nós tivemos manifestação na medida correta. A indignação das pessoas expressa na forma de uma manifestação que é perfeitamente legítima. Mas por que isso? Porque um ano e meio antes eu chamei aqui a equipe e disse: vamos preparar a comunidade para a questão da Ebserh. Vamos até a exaustão da informação. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Outro caso difícil citado pelo Entrevistado 3 foram as resoluções de carga horária e de progressão funcional dos docentes da UFC19. De acordo com o professor,

Foi um trabalho extraordinário da Comunicação, por um lado, apresentando os aspectos positivos, em contraponto à Adufc, que estava no papel dela, que colocava os pontos negativos. Mas aí, nesse caso, nós vencemos a batalha da comunicação. [...] Agora, só continuando o exemplo da comunicação, essas resoluções, que nós aprovamos também sem qualquer manifestação mais violenta, nós colocamos na página da Universidade durante um ano. [...] Ninguém pode dizer que não viu, que não participou. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Outro ponto destacado por ele diz respeito a um assunto já abordado anteriormente, que é a transparência. Ele acredita que um bom trabalho de comunicação estimula o debate da sociedade, permitindo que as pessoas tenham acesso à informação bem antes das decisões serem tomadas. Ele analisa:

Nas vezes em que nós colocamos a comunicação para antecipar, o que poderia ser lá na frente um problema, nós conseguimos êxito. Porque o argumento sempre de quem é contra é de que foi feito às escondidas, que não houve transparência, palavra muito usada. Isso aqui na UFC não conta porque tudo foi feito. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Na análise da relação estabelecida com a CCSMI, o Entrevistado 3 afirma que a participação da comunicação foi fundamental para o sucesso dos processos. Ao detalhar como se deu a relação, ele destacou o cuidado tido pelo setor de Comunicação em frear certos comportamentos mais intempestivos da Administração Superior e aguardar o momento certo para divulgar determinados assuntos e, antes, ir preparando o público.

Ao longo das entrevistas, foi possível constatar que todos os entrevistados enfatizaram que a Comunicação é algo fundamental para a UFC, mas que acham que ela não é ainda uma preocupação presente entre os seus outros colegas gestores da Universidade, com algumas poucas exceções. A fala do Entrevistado 8 sintetiza bem essa opinião:

19 As duas resoluções administrativas tratam sobre carreira docente e foram aprovadas em outubro de 2014. A primeira aborda os critérios e procedimentos para progressão e promoção funcional dos professores. A segunda trata de regime de trabalho e carga horária docentes. As novas normas entraram em vigor em 1º de fevereiro de 2015.

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Se você pergunta para muitos gestores sobre a importância da comunicação, 100% deles vão dizer que é muito importante. Mas, quando eu digo que eles não acham realmente isso, eu estou falando de engajamento. Eu digo “não” por quê? Porque eu não sinto engajamento ou as pessoas têm menos paciência ou menos fôlego para lutar pela comunicação. (ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

Essa reflexão aponta para a percepção de que a comunicação institucional ainda tem um longo caminho a percorrer para ser considerada como estratégica dentro da UFC. De uma forma geral, é possível perceber que a comunicação ainda não está integrada à gestão da organização e que ela não é vista dessa forma pela maioria dos integrantes da Administração Superior entrevistados.

Ao serem vistas como estratégicas, as relações estabelecidas dos gestores com o setor de comunicação se transformam. Para Oliveira e Paula (2007), o desenvolvimento de um

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