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Relações referenciais entre os Sujeitos de Estruturas Coordenadas

Capítulo III – Comportamento referencial de sujeitos em frases coordenadas e

5. Discussão dos resultados e consequências relativamente à estrutura das frases

5.2.2. Relações referenciais entre os Sujeitos de Estruturas Coordenadas

Considerando de novo os dados do pré-teste, também nestas estruturas se pode assumir que, em construções em que o segundo sujeito é nulo e o primeiro realizado, existe movimento across-the-board, que sugere que o sujeito omitido é uma cópia c- comandada pelo sujeito realizado em posição elevada na estrutura coordenada.

(199) Configuração com sujeitos extraídos across-the-board em frase coordenada adversativa

ConjP = TP

TP Conj’ = T’

Sujeito realizado … Conj = T TP

mas Sujeito cópia …

Retoma-se agora o gráfico referente às construções testadas com sujeitos realizados no segundo termo coordenado.

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Gráfico 20 – Referência do sujeito em Estruturas Coordenadas Adversativas

Os resultados da tarefa realizada com sujeitos realizados mostram que quando o segundo sujeito é realizado sob a forma de uma expressão referencial (PL_DP), os juízos dos informantes mostram maior oscilação, porém a interpretação preferida é a disjunta, o que evidencia a presença de uma relação de c-comando do sujeito primeiro do primeiro termo coordenado sobre o do segundo e de efeitos do Princípio C.

Assim, os dados referentes a construções em que o segundo sujeito é omitido, e também os que mostram efeitos do Princípio C, apontam para que as representações das construções adversativas sejam integradas. Contudo, face aos resultados obtidos para a coordenação aditiva, é de notar que a interpretação de disjunção nas adversativas não é tão expressiva.

Nas construções adversativas, há uma preferência expressiva pela correferência com pronomes realizados no segundo termo coordenado, independentemente de o antecedente no 1º termo coordenado ser um PL ou um DP. Assume-se que esta preferência indica que a coordenação opera ao nível do CP (cf. (200) (ii)).

Considerando a variação de interpretações na condição PL_DP, colocam-se, por isso, como hipóteses: (i) que os falantes, a par da interpretação de coordenação integrada, admitem a possibilidade de existência de uma coordenação menos integrada, que poderá estar relacionada com o nível a que se processa a coordenação – neste caso, os termos coordenados podem ser projeções que incluem o próprio sujeito (CP em vez de TP); ou

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 PL_PL DP_PL PL_DP

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(ii) que poderá existir uma interpretação de coordenação não integrada parentética, sendo que, neste caso, o núcleo parentético cancela os efeitos de c-comando do primeiro termo coordenado (a frase hospedeira). Esta interpretação poderia inclusivamente explicar o facto de as estruturas adversativas por vezes serem graficamente antecedidas pela colocação de vírgula (veja-se Cunha e Cintra (1984: 643)).

Assim, os dados obtidos em relação às estruturas coordenadas adversativas mostram que a configuração estrutural condiciona o tipo de constituinte que pode surgir em posição de sujeito. Desta forma, para que as configurações reflitam estas preferências, apresentam-se, de seguida, duas estruturas que dão conta destas interpretações.

(200) Representações estruturais das estruturas coordenadas adversativas

(i) Coordenadas Adversativas (c-comando do primeiro sujeito sobre o segundo)

ConjP = TP

TP Conj’ = T’

Sujeito … Conj = T TP

mas Sujeito …

(ii) Coordenadas Adversativas (ausência de c-comando do primeiro sujeito sobre o segundo) ConjP = CP1 CP1 Conj’ = T’ TP Conj = T CP2 Sujeito … mas TP Sujeito …

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(iii) Coordenadas Adversativas (ausência de c-comando do primeiro sujeito sobre o segundo) – Representação parentética

CP CP ConjP … TP CP Conj’ Sujeito … Ø Conj CP mas … TP Sujeito …

5.2.3. Relações referenciais entre os Sujeitos de Estruturas

Coordenadas Disjuntivas

Os dados obtidos no pré-teste, referentes às construções coordenadas disjuntivas, mostram-nos que, em estruturas em que o segundo sujeito é nulo, a única interpretação possível será a de correferência dos sujeitos.

Tendo em conta estes resultados, apresenta-se em (201) a representação estrutural de uma frase com coordenação disjuntiva, admitindo que Movimento ATB ocorreu.

(201) Configuração com sujeitos extraídos across-the-board em frase coordenada disjuntiva

ConjP = TP

TP Conj’ = T’

Sujeito realizado … Conj = T TP

ou Sujeito cópia …

Retomando o gráfico referente às estruturas com sujeitos realizados, verifica-se um comportamento distinto daquele que as restantes coordenadas apresentam. Nestas frases, diferentemente das aditivas e das adversativas, não se verifica uma tendência marcada para se verificarem efeitos do Princípio C, o que é visível pelos resultados

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obtidos no contexto PL_DP, uma vez que um número significativo de falantes admite interpretações de correferência entre os sujeitos.

Gráfico 21 - Referência do sujeito em Estruturas Coordenadas Disjuntivas

No conjunto de condições testadas para as estruturas coordenadas disjuntivas, os informantes mostram preferência por interpretações de correferência, sendo que apenas na condição PL_DP aceitam maioritariamente ambas as interpretações (correferente e disjunta).

De notar que, face a estruturas com a condição PL_PL, em construções DP_PL, há um ligeiro decréscimo pela escolha da leitura correferente. Este resultado não é esperado, uma vez que as expressões referenciais têm um maior potencial referencial do que os pronomes. Tendo em conta que não se esperaria que tal interpretação ocorresse, é necessário considerar a intervenção de outros fatores nos juízos dos sujeitos.

Considerando, tal como referido para as frases coordenadas adversativas, que existe oscilação nos juízos dos informantes na condição PL_DP, consideram-se estas leituras como possíveis, se se assumir: (i) que a oração que funciona como segundo termo coordenado é interpretada como uma reformulação da predicação do primeiro termo coordenado, justificando-se assim um valor de ênfase / focalização; ou (ii) que há estruturas em que a coordenação é interpretada como não integrada, podendo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 PL_PL DP_PL PL_DP

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inclusivamente existir um valor parentético que, possivelmente, impede que se verifiquem os efeitos de c-comando do primeiro termo coordenado sobre o segundo.

De seguida, apresentam-se as configurações estruturais para este tipo de construção, assumindo que, em construções com a condição PL_DP, a não preferência por leituras de disjunção poder-se-á dever ao facto de os informantes interpretarem construções disjuntivas como alternativas que serão, mais facilmente, colocadas à mesma pessoa.

(202) Configurações estruturais das frases coordenadas disjuntivas

(i) Coordenadas Disjuntivas (c-comando do primeiro sujeito sobre o segundo)

ConjP = TP

TP Conj’ = T’

Sujeito … Conj = T TP

ou Sujeito …

(ii) Coordenadas Disjuntivas (ausência de c-comando do primeiro sobre o segundo) ConjP = CP1 CP1 Conj’ TP Conj CP2 Sujeito … ou TP Sujeito …

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(iii) Coordenadas Disjuntivas (ausência de c-comando do primeiro sujeito sobre o segundo) – Representação parentética

CP CP ConjP … TP CP Conj’ Sujeito … Ø Conj CP ou … TP Sujeito …

Note-se que, para os falantes que apenas admitem uma interpretação de disjunção, a representação estrutural é tal como se apresenta em (i), para aqueles que interpretam os sujeitos como correferentes, consideram-se como possíveis as configurações em (ii) e (iii); e para os falantes que admitem simultaneamente a leitura de disjunção e a de correferência, existe uma situação de ambiguidade na sua gramática e estão disponíveis as duas estruturas.