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CAPÍTULO I – A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA RITALINA

CAPÍTULO 4 RELATO AUTOETNOGRÁFICO

Nesta seção, terei como base uma narrativa pessoal focada em minha experiência com a Ritalina como ―aprimorador cognitivo‖ para, dessa forma, incluir esse aspecto como parte da análise produzida na dissertação. O relato será orientado metodologicamente pela autoetnografia, que se trata de um gênero autobiográfico de escrita e pesquisa em que é feita a tentativa de conectar as descrições pessoais às determinações socioculturais (Ellis & Bochner, 2000). Através do uso de autoetnografia, pesquisadores podem usar suas experiências, junto às dos outros participantes, para complementar as suas pesquisas. Para realizar tal procedimento adequadamente, é necessário analisar a própria história a partir das mesmas lentes usadas para interpretar o mundo dos outros participantes (SMITH, 2005).

Mesmo que o método etnográfico pressuponha a descrição da experiência do pesquisador em campo, retratando um encontro entre diferentes subjetividades, a abordagem aqui utilizada apresenta algumas particularidades. Na autoetnografia, o foco está nas sensações experienciadas pelo pesquisador, balanceando o rigor metodológico com uma redação do texto marcada por emoção e criatividade. É assumidamente um diálogo entre arte e ciência e desloca a distinção entre sujeito e objeto. Nesse sentido, a escrita não é marcada pelas formas tradicionais de redação do texto científico, que por vezes apelam para a impessoalidade ou distanciamento, mas sim incita o uso de coloquialismos, linguagem sentimental e em primeira pessoa.

O surgimento e desenvolvimento da autoetnografia podem ser localizados entre o final dos anos setenta e início dos oitenta, a partir do trabalho de pesquisadores como David Hayano (1979) que utilizou o termo em referência a estudos em que o antropólogo era um membro bastante inserido no grupo pesquisado e possuía, em vista disso, uma visão íntima dessa realidade. Outras referências pioneiras são: o livro de David Sudnow (1978), em que o autor explora a sua experiência de se tornar um pianista de jazz, e a produção de Patricia e Peter Adler (1987) sobre como os pesquisadores podem documentar as suas experiências e emoções junto aos outros participantes. Posteriormente, alguns trabalhos, que analisavam experiências pessoais do pesquisador, passam a ser compreendidas como autoetnográficas, como algumas narrativas pessoais feministas (KREIGER, 1991) e indígenas (GONZALEZ &

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KRIZEC, 1994), narrative ethnography (ABHU-LUGHOD, 1993), self-ethnography (VAN MAANEN, 1995), autobiographical ethnography (REED-DANAHAY, 1997) ou reflexive

ethnography (ELLIS & BOCHNER, 1996).

No caso da presente pesquisa, a influência da minha subjetividade ocupou um papel importante em seu processo, tendo em vista que muitas das hipóteses formuladas estavam relacionadas com experiências particulares que tive. Ao longo da descrição das interações virtuais dos usuários do medicamento, senti certo incômodo por estar analisando este fenômeno sem mencionar a relação que eu possuía com a droga. De forma semelhante ao que foi explicitado por Viviane Vergueiro (2015), a posição de pesquisador me colocava em um distanciamento desconfortável em relação às minhas vivências. Isso por que a forma como analisava alguns aspectos dessa experiência e as conclusões que chegava estavam influenciadas pelas situações que passei sob o efeito da droga.

Ao mesmo tempo, ao fazer as leituras da produção teórica das ciências humanas sobre os usuários de Ritalina, percebi que não compartilhava de determinados aspectos da interpretação corrente. Embora tenha encontrado estudos excelentes que, inclusive, nortearam esta dissertação, considerei que, por vezes, as descrições do efeito do metilfenidato ou das pessoas com TDAH eram problemáticas. Uma das formas que assumiam acabava construindo um discurso negativista que exacerbava o efeito placebo, o potencial de dependência ou fazia comparações sensacionalistas com substâncias como a cocaína e anfetamina. Outra forma insistia na caracterização dos portadores do transtorno enquanto vítimas das enganações do conluio entre a indústria farmacêutica e a psiquiatria. A percepção dos efeitos da Ritalina no meu corpo e o contato com os sujeitos com déficit de atenção me permitiu questionar essas interpretações.

Porém, mesmo ciente que minha narrativa poderia proporcionar alguma contribuição, senti um óbvio desconforto e principalmente insegurança por relatar o uso ilícito de psicoativos em uma pesquisa científica. Se realizar pesquisas sobre usuários dessas substâncias já acarreta alguns constrangimentos, que dirá a autoidentificação enquanto um membro desse grupo. Porém, desde que consumi alguns comprimidos de Ritalina, foi frequente a tentação de relatar isso em pesquisa e de pensar analiticamente sobre essa experiência. E foi apenas nas etapas finais da confecção da dissertação que tomei a decisão, em diálogo com a orientação, de que seria oportuno relatar essas vivências em vista das implicações positivas para sustentar as análises aqui produzidas.

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Além dessas incertezas, foi também um fator de insegurança o fato de que o próprio método autoetnográfico é constantemente alvo de críticas por unir uma escrita artística, próprio ao gênero autobiográfico, com a análise cultural da etnografia. Alguns antropólogos, por exemplo, são bastante reticentes quanto à legitimidade desse outro método, tendo em vista que a etnografia já abarca necessariamente a reflexividade sobre a presença do pesquisador em campo (VERGUEIRO, 2015). Assim, já imaginava que seriam prováveis alguns enfrentamentos no que compete à aceitação dessa abordagem pelos critérios de produção de conhecimento da academia.

Essa parte da pesquisa foi bastante inspirada no livro ―Testo Yonqui‖ de Paul Preciado (2008), em que este intelectual queer administra doses de testosterona em gel e, a partir dessa experiência, ancora suas reflexões sobre as transformações nas técnicas de governo sobre o corpo na contemporaneidade. Posso perceber as suas considerações sobre a produção de subjetividade do farmacopoder – que produz sujeitos com base nas drogas que eles consomem – em alguns momentos da minha relação com a Ritalina. De forma semelhante ao que ele escreveu, tento produzir aqui um ensaio corporal ou uma ficção autopolítica. A minha utilização do metilfenidato não é parte central da dissertação, mas constitui um elemento importante que deve ser mencionado como narrativa da construção da pesquisa.

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Desde que consumi aproximadamente trinta comprimidos de Ritalina ao longo do período de mestrado acabei adquirindo o hábito de escrever em estado de alerta. Havia uma sensação de ansiedade e angústia que descarregava escrevendo com urgência e em fluxo, sem pensar muito nos resultados da própria escrita. Atribua esse estado à ação do estimulante que potencializa a concentração de dopamina nas fendas sinápticas, deixando-me em estado de euforia. Sentia como se meu pensamento estivesse se movendo em alta velocidade e, algumas vezes, precisava me levantar e caminhar um pouco. Nos momentos em que as ideias não vinham e eu não conseguia escrever, sentia certa angústia que provavelmente era intensificada pela ansiedade. Passado o frenesi, revia pacientemente o que havia produzido, revisando, assim, o texto.

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Portanto, concretamente, essa substância fez parte das condições que possibilitaram esse trabalho e assim deve constar nos caminhos metodológicos que explicam como exatamente desenvolvi a presente pesquisa. Seria mais confortável se eu omitisse a presença desse agente e evitasse o inconveniente de vincular uma pesquisa científica ao terreno abjeto do uso não prescrito de drogas. Porém, é mais preciso e criterioso demonstrar as condições objetivas de realização de uma pesquisa, independente das rejeições morais que isso pode acarretar. É próprio ao cientista seguir as conexões lógicas que a empiria fornece, utilizando as metodologias consideradas adequadas e sustentando os resultados adquiridos, mesmo que encontre fortes resistências e até mesmo aversão. É intrigante como se convencionou que a Ritalina é uma droga que produz obediência e que, sob o efeito dessa substância, as pessoas entrariam automaticamente em um estado de letargia e exprimiriam comportamentos necessariamente contidos e apáticos. Em um momento de avaliação do meu trabalho durante o mestrado, um colega leitor afirmou que possivelmente também seria produzida uma escrita metódica e ―quadrada‖, ou seja, comportada, a partir do estímulo da Ritalina. Esse meu colega não está sozinho. Há uma produção discursiva que gerou uma imagem bastante estática dessa droga, desconsiderando que a substância em si não poderia causar sozinha tantos efeitos desastrosos. O significado das experiências com substâncias psicoativas não pode ser inferido somente a partir das características farmacológicas, tendo em vista que é também dependente das expectativas individuais e do contexto social em que essa utilização ocorre. Porém, no caso do metilfenidato, a despeito dessas variáveis, é constantemente reiterada a relação de obediência, resignação e docilidade.

Pensando nisso, lembro que o escritor Jack Kerouac produzia seus textos utilizando frequentemente um inalante de anfetamina, quimicamente próximo ao metilfenidato. Segundo Nikolas Rasmussen (2006), foi a partir do efeito desse estimulante que o autor beatnick produziu sua forma particular de escrita, classificada como prosa espontânea e marcada pelo fluxo livre e sem muitos filtros. Movido muitas vezes por esse inalante denominado Benzedrina, e inspirado na velocidade das improvisações do Jazz, Kerouac produziu importantes obras voltadas para temáticas como viagens de carona, drogas, pobreza, promiscuidade, espiritualidade e música. Foi considerado um escritor subversivo e representante da geração Beat – um grupo de escritores que influenciou a cultura americana após a segunda guerra. Curiosamente, esse inalante possui a mesma substância do primeiro

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medicamento utilizado para tratar crianças com problemas comportamentais por Charles Bradley em 1937 (STROHL, 2011).

Penso em como ironicamente o efeito de uma droga pode estar em aberto, dependendo de variáveis importantes, como o contexto social subjacente. O metilfenidato foi pensado e utilizado de formas muito diversas ao longo de sua história, sendo considerado inofensivo, perigoso, útil, redentor e até genocida ao longo dos cerca de cinquenta anos de sua existência clínica. Então, pergunto: o que faz exatamente com que um medicamento seja concebido de forma tão diversa ao longo do tempo? Como ele passa a ser simplificado e relacionado apenas a uma determinada terapêutica? Faz sentido atribuir a essa substância a capacidade de normalizar os seus usuários? Quais são as forças que disputam a verdade da Ritalina e quais os mecanismos utilizados para impor esses regimes de verdade?

Eu passava no período por algumas dificuldades no mestrado. Não conseguia me concentrar no que os professores falavam em sala de aula, nem dar conta da leitura dos textos das disciplinas que eu estava cursando. Sentia-me cansado e impaciente. Estar dentro de uma sala de aula era sufocante e, por isso, frequentemente saía para os corredores, até mesmo quando algumas vezes já tinha chegado atrasado. Ao mesmo tempo, passava por dificuldades naquela que ainda era a minha pesquisa. Além de não ter concentração nas aulas, não conseguia ler e escrever no ritmo que tinha quando na graduação e isso me deixava aflito.

Foi nesse contexto que um amigo de outro curso de humanas me falou da existência de um medicamento que me ajudaria a estudar. Segundo ele, seria possível permanecer lendo durante horas seguidas sem apresentar cansaço e a escrita fluiria instantaneamente, preenchendo com facilidade várias laudas. Ele falava de forma muito empolgada e prometia efeitos incríveis, mostrando que usar essa substância era um claro diferencial. Argumentava, assim, que as pessoas que não a consumiam não podiam ―competir‖ com aquelas que fazem o uso. Ele estava se referindo à Ritalina e seu potencial em pessoas com altas cargas de estudo.

Já havíamos consumido várias outras substâncias psicoativas, mas isso ocorria em contextos relacionados a momentos de prazer e diversão, ou seja, apenas de forma recreativa. Esse era mais um momento em que analisávamos a possibilidade de usar alguma droga nova, porém, nesse caso, a experiência tinha o intuito de garantir o desempenho ideal diante das

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exigências de produtividade da universidade. Portanto, estávamos em busca de efeitos em esferas profissionais e acadêmicas ao invés de um uso recreativo.

Eu estava um pouco nervoso por nunca ter usado essa droga e apreensivo com o que poderia acontecer. Já tinha ouvido de algumas pessoas que a Ritalina era uma droga muito forte e que era preciso ter muito cuidado com sua utilização sem a mediação de um médico. O fato de ser um medicamento de tarja preta também contribuiu para me deixar preocupado com os efeitos adversos ou o potencial aditivo. Por outro lado, senti certa desconfiança do relato excessivamente empolgado feito pelo amigo em questão. Como uma substância poderia produzir tamanha capacidade intelectual? Como seria possível adquirir ―inteligência‖, no sentido de uma ativa e ágil capacidade cognitiva, de forma imediata e não através de um processo acumulativo ao longo do tempo?

Por fim, meu amigo comentou que tinha contato com um médico que poderia prescrever a receita em seu nome e dividiríamos o preço do remédio e os comprimidos pela metade. Após ele ter pegado a receita, fomos a uma farmácia e adquirimos uma caixa de Ritalina com sessenta comprimidos.

Eu estava pesquisando desde a graduação sobre o manual de diagnósticos da Associação de Psiquiatria dos Estados Unidos e tinha interesse em analisar a arbitrariedade das categorias psiquiátricas, pensando nos efeitos sociais e políticos dessa classificação do comportamento em termos de doença mental. Eu tinha em mente refletir sobre diagnósticos como ―Disforia de Gênero‖ e o histórico preconceito do DSM com a transexualidade que, claramente, seriam passíveis de problematização. Mas não conseguia ter tanto estímulo com essa temática, provavelmente por que propus a leitura de um manual enorme e de conteúdo maçante.

Quando descobri que teria acesso ao metilfenidato, pensei que essa seria uma oportunidade para inserir uma questão mais instigante na minha pesquisa. O fato de que teria acesso ao metilfenidato, seguraria a caixa em minhas mãos, leria o texto da bula e consumiria a substância, me fez crer que teria contato com uma perspectiva bastante particular. Isso me trouxe um estímulo adicional para me engajar com as obrigações do mestrado, pois achei que facilitaria uma reflexão que buscasse ser diferenciada sobre as controvérsias em torno da

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Ritalina. Instigava-me a possibilidade de produzir conhecimento deslocando um binarismo central da produção científica: a separação entre sujeito e objeto. Portanto, pensei que essa experiência poderia facilitar uma abordagem metodológica rica e pouco utilizada nos estudos sociológicos sobre o saber psiquiátrico e suas tecnologias.

Além disso, o distanciamento entre pesquisador e sujeitos pesquisados, nomeados frequentemente como objetos, já vinha sendo bastante criticada desde minha graduação. Porém, a possibilidade de centrar as pesquisas em nossas subjetividades, relatar minuciosamente experiências pessoais e tomá-las como foco analítico, não foi algo mencionado como possível. Parto do princípio de que esses relatos não são prejudiciais para garantir a objetividade de um trabalho, mas, pelo contrário, contém em si uma potencialidade de gerar reflexões sobre um campo estrutural mais amplo em que o pesquisador se insere.

Outro fator que contribuiu para adotar a autoetnografia foi o fato de que vinha lendo já havia alguns anos a obra de Paul Preciado e estava seduzido por suas pesquisas, principalmente a obra anteriormente mencionada em que este filósofo consome testosterona em gel e teoriza sobre essa sua experiência. ―Testo Yonqui‖ foi um dos primeiros livros que me incitou a pensar sobre a realidade social e me fez crer na possibilidade de fazer pesquisa com rigor teórico e, ao mesmo tempo, investindo em propostas metodológicas ousadas. Tive uma melhor noção de que seria possível utilizar também uma linguagem que fugisse daquela mais ortodoxa sem que isso debilitasse a análise produzida. Instiguei-me com a possibilidade de fazer algo parecido a partir do meu consumo de Ritalina.

Tomei um comprimido pela manhã de uma sexta-feira pouco antes de começar a ler. Em poucos minutos, tive a impressão de que minha cabeça estava inchando e comecei a me sentir num forte estado de euforia e bem-estar. Os efeitos da droga não me pareciam tão intensos e não havia nenhuma alteração na percepção sensorial ou diminuição da autonomia do corpo, apenas me sentia mais disposto e com o pensamento um pouco mais acelerado. Quando foquei nos estudos, consegui deter minha atenção por um longo período no texto e parecia que absorvia o conteúdo mais facilmente. Também sentia a impressão de que o que lia sob efeito de Ritalina ficava mais fixo na memória. Esse medicamento funcionava como um

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energizante para as atividades cognitivas, tendo em vista que eu podia permanecer lendo durante muito mais tempo do que se não a utilizasse.

Quando não estava sob o efeito do estimulante, sempre senti necessidade de fazer algumas paradas periódicas no estudo. Mais ou menos a cada meia hora eu dava uma olhada no nas redes sociais, via algum vídeo pequeno, ou fazia caminhadas fora de casa, enfim, procurava alguma atividade prazerosa que pudesse me distrair durante alguns minutos. Enquanto consumia Ritalina continuava por horas na mesma tarefa e não sentia necessidade de nenhuma dessas paradas, nem mesmo para me alimentar ou beber água. Contudo, apenas quando o nível de agitação pelo uso da Ritalina era alto, precisava dar breves pausas. Percebi que guiado pela substância a relação com meu corpo era diferenciada, pois me posicionava e permanecia com uma postura ereta, com pouca necessidade de sair desse estado.

Durante esse primeiro fim de semana de uso, estava me preparando para a participação em uma aula sobre Karl Marx para graduandos em ciências sociais, que aconteceria na segunda-feira. A partir da experiência na sexta, consumi um comprimido no sábado alguns minutos após o almoço. Já havia percebido que ingeri-lo após essa refeição era mais proveitoso para mim, tendo em vista que nesse momento sentia muito sono e pouca disposição para estudar. Depois que o estimulante começava a fazer efeito qualquer sinal de cansaço desaparecia e eu estava pronto para começar a estudar. Nessa tarde, li vários textos, mais até do que havia planejado, e que não necessariamente tinham alguma ligação com a aula que eu deveria participar na segunda. Os efeitos notados na cognição e a capacidade recém adquirida de ler várias páginas em pouco tempo, possibilitou-me finalizar uma série de textos que vinha acumulando.

Em alguns momentos, eu me sentia bastante excitado e, de modo inesperado, não conseguia me concentrar, provavelmente, esse estado era produzido no momento de pico dos efeitos do metilfenidato. Somente nessas horas eu me levantava da cadeira e tentava fazer qualquer outra coisa, porém, eram breves momentos, pois logo voltava para a leitura que eu estava realizando. Continuei durante esse dia lendo e fazendo anotações sobre a obra e vida de Marx, ainda li alguns zines sobre vegetarianismo e um livro sobre a história dos movimentos sociais na Europa no século XIX. Comecei por volta de uma hora da tarde e quando me dei conta já era noite, porém continuei nesse processo até por volta das 21 horas e fui dormir.

No domingo, tomei mais um comprimido depois que almocei e continuei trabalhando com o mesmo material, porém, tentando me deter mais no que realmente interessava para o

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meu compromisso. Consegui finalizar a leitura de partes de algumas biografias e de resenhas dos principais livros de Marx e comecei a estruturar a apresentação da minha fala para a manhã do outro dia. Nesse momento, já considerava bastante prazerosa a ação estimulante da Ritalina, mas, com o passar das horas, ia me sentindo cada vez mais exausto e com uma dor de cabeça crescente. Quando se aproximava por volta do início da noite, era bastante dificultoso continuar lendo e só a ideia de ter que continuar por muito mais tempo me provocava certo mal-estar. Estudei até 19h, abri uma cerveja, e comecei a escutar uma lista de discos que havia separado para ouvir.

Cheguei à universidade na segunda às 07h30min, e, como ainda estava muito cansado, tomei outro comprimido. Consegui, assim, disposição para rever a apresentação, acrescentar mais algumas coisas e me preparar para a aula que seria às 09h30min. Fiquei bastante ansioso por ter que falar em público sob o efeito da Ritalina, tendo em vista que meu pensamento estava bastante acelerado e possivelmente poderia me comunicar de forma atropelada. Apesar disso, senti depois que consegui apresentar normalmente o conteúdo, talvez apenas em alguns momentos me expressando muito rápido.

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